JUDAÍSMO E SUAS SEITAS DO 1º SÉCULO



JUDAÍSMO (hebraico yahadút, vem de Yehudá [Judá] - grego Iudaismós), termo empregado por volta 160 aEC, a parti da dinastia asmonéia assim, mais que uma doutrina religiosa, refere-se ao conjunto dos costumes, tradições e cultura do povo judeu. Oriundo da antiga religião Mosaica, primeira religião monoteísta difundida com sucesso entre um povo; fundada pelo pretenso Patriarca Moisés (suposto líder governante que detinha totais poderes militares, civis, jurídicos e religiosos), quando da passagem do Êxodo (fuga do Egito no ano de 1250 aEC [-se é que existiu-]), no Monte Sinai, instituiu o 1º conjunto de leis com a finalidade de regular o comportamento, disciplinando a moral e o bom costume do povo hebreu (gente rude, humilde e inculta), "ao receber Os Dez Mandamentos de Javé," (o único deus, segundo consta, por ele próprio adotado).
No reinado de João Hircano (dinastia asmoneia no século II aEC), diante a condução política do governo, os judeus divididos, o judaísmo oscilando muito, possibilitou-se a formação de três correntes reli¬giosas divergentes, ou seja, grupos com características sociais e políticas diferentes, os Saduceus, os Fariseus e os Essênios. Apesar de conflitantes, tais grupos, não eram considerados heréticos.
No 1º século EC a religião judaica estava dividida em seitas e, tinha como pilares básicos, duas instituições religiosas fundamentais, a mais importante, O TEMPLO DE JERUSALÉM, local de culto dominado pelos Sacerdotes, onde, até os judeus que viviam fora da Palestina, se reuniam por ocasião das celebrações das grandes festas anuais. Reconstruído pelo Rei Herodes (o Grande), pois até 16 anos aEC encontrava-se muito deteriorado, em ruínas. Centro Religioso, Político, Econômico e Judiciário, que geria questões internas dos judeus; a autoridade suprema "o Sumo-sacerdote" de influência em todo território palestino, presidia o "Sinédrio (espécie de Tribunal que se reunia no Templo) julgava e condenava crimes religiosos, porém, a execução de "sentenças capitais" era de competência exclusiva do agente do poder governamental vigente local. Os três maiores eventos celebrados anualmente que movimentava o Templo, ficaram conhecidos como festas de peregrinação, "A Festa da Páscoa," "A festa Pentecostes" e "A Festa das Tendas."
Outra instituição fundamental do judaísmo, "as SINAGOGAS" (espécies de Igrejas), Centros Religiosos que funcionavam como núcleos de educação e formação cultural do povo judeu, espalhados pela Palestina. Criadas e controladas pelos "mestres Escribas" (profissionais especialistas na interpretação das Escrituras, os Doutores da Lei [aos poucos substituídos pelos "professores Rabis"]), Fariseus.
As diferentes SEITAS reconhecidas eram marcadas por convicções divergentes, causa de muitas discordâncias, porém admitidas como porções autênticas do judaísmo, funcionavam mais ou menos como partidos políticos. Os judeus mantinham vivo o "espírito nacionalista judaico," permanecendo unidos em "Javé," através de aspectos religiosos comuns, conservando os antigos preceitos de adoração contidos na TORÁ, os mais abrangentes, e ainda, as práticas de obediência a rígidos códigos morais, de higiene e de hábitos alimentares das tradições judaicas, por exemplo, preservação da circuncisão; guarda do sábado, como o dia sagrado de descanso; oração pela manhã, a tarde e ao anoitecer; o não se alimentar da carne de porco, peixe só com escamas e nadadeiras; de qualquer animal para alimentação, teria que retirar todo sangue; o estudo da próprio Torá (conjunto das Leis mosaica, conhecido como "Pentateuco," os cinco livros da 1ª parte da bíblia judaica ); e etc. E por outro lado, o ódio e o desprezo à indesejada dominação romana tornou-se outro aspecto preponderante de união judaica.
Dentre as "seitas" mais importantes, duas disputavam o poder religioso.
-SADUCEUS (Sadoquistas) vem de Sadok (nome do mais importante sacerdote de Davi), conservadores, nacionalistas e ortodoxos. Grupo de grande influência, controlado pelos Sacerdotes, composto predominantemente pelos indivíduos da camada mais alta da sociedade, proprietários de terras e a elite dos comerciantes, deles provinham os Anciãos, importante parte dos que controlavam a justiça no Sinédrio, presidido pelo Supremo Sacerdote do Templo. Os Sacerdotes, responsáveis pelos cultos no Templo, acreditavam estar mais próximo de deus, daí considerarem-se puros; segundo Josefo, muito rígidos ao julgar ofensores, preocupados com a ordem pública, impunham a Lei de acordo escrita na Torá (Pentateuco). Opositores dos Fariseus rejeitavam as tradições orais e a concepções de novas crenças; não aceitavam o messianismo, contestavam a existência dos anjos, espíritos e demônios, negavam a vida após a morte, afirmavam que a alma morre com o corpo, não acreditavam na ressurreição, baseados na falta de tais preceitos escritos na Torá. Simpáticos ao helenismo, não aceitavam qualquer doutrina, caso não pudesse ser provada pela razão; acreditavam que deus não intervinha nos atos da vida, quer sejam bons ou maus, entendiam que Javé não tinha objetivo por trás dos acontecimentos da história.
Quando o Templo foi destruído entre 66 e 70 EC na Guerra judaica, os Sacerdotes espalharam-se, perderam suas funções, desapareceram, e junto com eles a Seita dos Saduceus.
-FARISEUS (de parushim = separatistas), a maior e mais ramificada das seitas; liberalistas e populares, apoiados na maioria dos grandes "mestres Escribas," fundadores das Sinagogas, considerados homens piedosos, gozavam de grande prestígio, suas idéias exerciam grande influência na população. Contra o helenismo, se opunham aos Saduceus; acreditavam na ressurreição, na vida após a morte, na existência de anjos e demônios; adeptos do messianismo, dentro do conceito político, aguardavam fervorosamente o messias. Acreditavam que "a purificação da alma" (alcançada pela obediência à Lei e as práticas de orações) e a "purificação do corpo" (alcançada por rituais da tradição) constituíam o suficientemente para alcançar as recompensas divinas. Considerando-se mais puros, evitavam contato com "pecadores" (violadores da Lei, principalmente os eternos impuros, sem acesso ao Templo ou as Sinagogas, segundo criam, o corpo servia de morada aos demônios, enquadravam-se neste grupo, os aleijados, cegos, surdos-mudos, epiléticos..., tais estados refletiam a desobediência divina).
Após a Guerra judaica (70 EC) os Fariseus permaneceram ativos, passaram a dirigir o judaísmo, espalharam o messianismo pelo Oriente Médio, fizeram oposição aos Cristãos romanos, e são os precursores do Judaísmo atual.
-ESSÊNIOS ou "filhos da luz," pequena seita sem muita influência, fundada por um sacerdote dissidente, uma espécie de ordem monástica, formavam uma comunidade em torno de 4000 pessoas, a maioria vivia isolada como monge, numa espécie de mosteiro, próximo ao Mar Morto, em Qumram. No momento da adoção, selavam-se votos de pobreza, prometia-se aos seus paras nada contar da seita ou escondê-los algo; sem luxo, trabalhando nas hortas e tecendo linho a fim de prover a própria comunidade, onde os bens eram comuns a todos. Entretanto, muitos que viviam fora daquela comunidade, constituíam normalmente as suas famílias. O dirigente denominava-se "Mestre da Justiça;" austeros, mais ou menos apolíticos, viviam sob rígidas regras e, muitos rituais; severos opositores detestavam os Saduceus; suas doutrinas assemelhavam-se as dos Fariseus; praticavam periodicamente o batismo por imersão, para purificação; rejeitavam sacrifícios de sangue; aguardavam, ao invés de um, dois "messias" distintos, um seria rei e, o outro supremo sacerdote, ao reafirmarem a soberania sobre a terra, aniquilaria os hereges da sua própria raça juntamente com o resto do mundo, somente eles, os Essênios, "os legítimos eleitos de Javé," permaneceriam vivos. Veneravam um "supremo Mestre espiritual," um sacerdote dissidente que, depois se tornou membro da seita, viveu a mais ou menos 1 século aEC, o lendário CRESTUS, traído por Judas, foi executado. Para alguns estudiosos o nome Crestus, deu origem à palavra Cristo (embora haja versão diferente) ou propositadamente confundidos, junto a alguns rituais essênios copiados, contribuiu na formação ou divulgação do Cristianismo Romano de Paulo no século II EC.
Foram extintos na Guerra judaica contra os romanos no ano 68 EC.
-ZELOTES (assim chamados pelo "zelo excessivo" ao cumprimento da Lei), grupo radical de caráter revolucionário militarizado, defendiam a Lei à ponta de espadas, originado na Galileia, a partir de Judas de Gâmala, quando incitou os judeus a uma revolta contra a ocupação romana no ano 6 EC. Compostos principalmente por pequenos camponeses e outros indivíduos da camada mais pobre da sociedade. Foram eles quem mais se envolveram em ações diretas contra os romanos, por quem eram perseguidos e considerados criminosos violentos. Grupo religioso de extremo sentimento nacionalista professava um messianismo de caráter radical, estavam convencidos de que só conseguiriam a independência política através do enfrentamento ao inimigo por confronto armado. Embora opostos ao helenismo, prezavam o Templo. Tinham a convicção religiosa de que só Deus poderia ser o seu Senhor.
Extintos após a Guerra judaica no ano 70 EC.
-SICÁRIOS, vem de "sica," faca romana (semelhante a um punhal), usavam-na para executar traiçoeiramente estrangeiros ou a quem julgavam serem seus defensores. Grupo radical, ramificação dos zelotes; considerados pelos romanos terroristas adestrados, matavam os inimigos a golpes na barriga, escapavam facilmente, fugindo tranquilamente em meio a multidão.
-HERODIANOS, originados na Galileia do início do 1º século EC, seus dirigentes pertenciam à corte de Herodes Antipas. Mais políticos que religiosos, acomodados e conformados com a dominação estrangeira, apoiavam a política do governo. Grandes opositores dos zelotes; camuflados, caracterizavam-se por capturar quem consideravam agitadores políticos na Galileia.
-NAZARENOS (do hebreu Notzrim ? derivado de neitzer, significa = broto ou rebento [nenhuma ligação com a Cidade de Nazaré]) pequena seita conhecida também no 1º século EC como "O Caminho," muito popular em Samaria; suas doutrinas assemelhavam-se as dos fariseus. Remonta de uma tradição de mais de 100 anos aEC, surgiu a partir da lendária história de Yeishu bem Pandeira, conhecido como Yeishu ha-Notzri (nome hebreu para Jesus de Nazaré), acusado de feitiçaria foi apedrejado. Em seguida tornou-se o idolatrado "Mestre espiritual" dos Nazarenos. Foi esta seita, segundo estudiosos, embora bastante modificada, inspirou a base ou constituiu a principal das seitas judaicas a contribuir na formação do Cristianismo romano de Paulo no 2º século EC, transformando o mestre em Messias (Yeishu ha-Notzri em Jesus Cristo).
Por Marbrasil.

Autor: Marcos Brasiliano


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