intelectuais na hora do almoço
- Que bom estarmos mais uma vez almoçando juntos. ? Comentou Rogério.
- Mas hoje você não parece estar muito bem ? Disse o amigo filósofo.
- De fato, não estou muito bem hoje. Meus pacientes me deixam louco.
- Por que não procura um psiquiatra?
- Já tenho um que me acompanha há três anos. Acabei de ligar, mas a secretária informou que ele teve um surto e está internado.
- Lamento. ? Disse o filósofo enquanto se deliciava com um gole de vinho.
Carlos Marx entra na conversa:
- Você devia ir para sua fazenda e descansar um pouco. Veja o meu caso. Lidar com trabalhadores de fábrica e esses movimentos me deixam depressivo. O que faço então? Vou à casa de um amigo empresário, conversamos, bebemos, falamos de mulheres. Pronto! Saio novo em folha.
- Talvez tenha razão ? Disse o psicanalista com voz meio embargada
Antônio, por sua vez, parecia alheio à conversa dos amigos. Apenas comentou:
- Hoje eles capricharam, esse pernil de porco tá uma delícia.
Enquanto mastigavam houve pausa. Apenas o som dos talheres nos pratos e dos goles sonoros de Antônio. Por fim, o filósofo quebra o silêncio.
- Vou te dizer uma coisa. Esse negócio de depressão não me pega. Tenho um conhecido que é Pai-de-Santo e que me dá conselhos. Tenho uma esposa submissa que não me dá trabalho, além do mais, gosto de filmes.
- Pessoal, vou indo. Vou pegar uma piscina daqui a pouco. ? Disse Carlos Marx, sem prestar atenção no que o amigo acabara de dizer.
- É. Também tenho que ir ? Falou o filósofo olhando para o amigo psicanalista.
Antônio, limpando a boca, levantou-se e saiu sem dizer nada.
Rogério ficou só durante algum tempo. Depois pediu a conta e um copo d?água. Estava na hora de tomar seu Diazepam.
Autor: Carlos Barros
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