intelectuais na hora do almoço



Rogério, Marcos, Carlos Marx e Antônio são amigos desde infância, mas cada um seguiu seu caminho profissional. Depois de muitos anos, se reencontraram e não deixaram a rotina de almoçarem juntos todos os dias. Homens inteligentes. Intelectuais em suas áreas específicas. Rogério tornou-se psicólogo e um psicanalista reconhecido. Marcos era filósofo e autor de vários livros, além de ser professor universitário. Carlos Marx, um intelectual marxista, era engajado em movimentos sociais, chegou a receber prêmios internacionais. Antônio, por sua vez, era autor de vários livros sobre o direito dos animais. Eis então, um encontro de alto nível.
- Que bom estarmos mais uma vez almoçando juntos. ? Comentou Rogério.
- Mas hoje você não parece estar muito bem ? Disse o amigo filósofo.
- De fato, não estou muito bem hoje. Meus pacientes me deixam louco.
- Por que não procura um psiquiatra?
- Já tenho um que me acompanha há três anos. Acabei de ligar, mas a secretária informou que ele teve um surto e está internado.
- Lamento. ? Disse o filósofo enquanto se deliciava com um gole de vinho.
Carlos Marx entra na conversa:
- Você devia ir para sua fazenda e descansar um pouco. Veja o meu caso. Lidar com trabalhadores de fábrica e esses movimentos me deixam depressivo. O que faço então? Vou à casa de um amigo empresário, conversamos, bebemos, falamos de mulheres. Pronto! Saio novo em folha.
- Talvez tenha razão ? Disse o psicanalista com voz meio embargada
Antônio, por sua vez, parecia alheio à conversa dos amigos. Apenas comentou:
- Hoje eles capricharam, esse pernil de porco tá uma delícia.
Enquanto mastigavam houve pausa. Apenas o som dos talheres nos pratos e dos goles sonoros de Antônio. Por fim, o filósofo quebra o silêncio.
- Vou te dizer uma coisa. Esse negócio de depressão não me pega. Tenho um conhecido que é Pai-de-Santo e que me dá conselhos. Tenho uma esposa submissa que não me dá trabalho, além do mais, gosto de filmes.
- Pessoal, vou indo. Vou pegar uma piscina daqui a pouco. ? Disse Carlos Marx, sem prestar atenção no que o amigo acabara de dizer.
- É. Também tenho que ir ? Falou o filósofo olhando para o amigo psicanalista.
Antônio, limpando a boca, levantou-se e saiu sem dizer nada.
Rogério ficou só durante algum tempo. Depois pediu a conta e um copo d?água. Estava na hora de tomar seu Diazepam.
Autor: Carlos Barros


Artigos Relacionados


Armadilha Virtual

Jesus Sempre Presente Em Nossas Dificuldades .

O Suicida

Um Sonho De Um Viciado

Movimento Estudantil Contra Ditadura Militar

O Segredo Da Amizade

Melhor Um Bêbado Conhecido, Que Um Alcoólatra Anônimo