Conversa Na Mesa
Sou o desejado feijão.
Vou pra mesa todos os dias.
Intervém o arroz na questão.
Sou eleito da maioria.
Mas que gritaria é esta?
Brada a carne sempre pedante.
Sou a preferida da festa.
Não apareço a todo instante.
A salada mui enfeitada.
Só eu, para não engordar.
Por isso sou mais desejada.
Na mesa não posso faltar.
O macarrão encabulado.
Baixinho em sussurro exclamou.
Em toda mesa sou botado.
Pelo que sei nunca sobrou.
Fala a farofa e a farinha.
A mostarda, o pão e o azeite.
A cebola mais a salsinha.
Baixinho falavam do leite.
O ovo bem desanimado.
Ficou triste a se perguntar.
Se naquele prato espalhado.
Ia, o gosto de alguém despertar.
Não fosse um tempero gostoso.
Não estava vestido em prata.
Ressaltou o sal orgulhoso.
Cessem esta conversa chata.
Pois e dando minha pitada.
Apurar-lhes degustação.
Faço serem saboreadas.
Tenho em vós a satisfação.
Assim como os tiro do nada.
Vocês me resgatam do não.
Autor: FRANCISCO SOBREIRA
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