Valor em si?



Diante de todos os casos de corrupção, de condutas éticas recrimináveis e de práticas de auto-favorecimento que mancham a credibilidade do país, a imagem que fica para a população - que é quem realmente constrói a nação, é de desânimo, resignação e ausência de uma perspectiva de mudança a curto prazo que permita uma reavaliação das atitudes empregadas na vida cotidiana dos sujeitos que são os verdadeiros agentes transformadores dos valores que conduzem a sociedade.
Um dos fatores preocupantes neste sentido, é o poder de contaminação que estas práticas condenáveis podem alcançar pelo fato de não haver punição ou retaliação para os indivíduos que as utilizam, e isso criar uma sensação de permissibilidade coletiva, ou seja, a idéia de que todos os instrumentos podem ser utilizados para alcançar os objetivos sem que nenhum ato seja desqualificado.
A busca pelo sucesso, pelo prazer individual em uma sociedade que fundamenta o seu ethos, o seu padrão de comportamento em cima da realização pessoal, do chegar lá a qualquer preço, carrega necessariamente o ônus dessa solidão moral, em que alguns se encontram neste mar de comportamentos vexatórios.
Diante desse quadro, o que se espera é uma reavaliação dos princípios que ordenam as nossas ações, com uma visão voltada para o bem comum, com uma centralidade na coletividade e com o pensamento do agir "desinteressado", ou seja, sem a intenção da prática do custo/benefício.
Autor: Érico André Soares


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