DOCENTE NO MUNDO CAPITALISTA: a ganância ultrapassa os princípios



DOCENTE NO MUNDO CAPITALISTA: a ganância ultrapassa os princípios


Bruno Célio Schütz
Campus Itajaí/Educação Física


Resumo

Este artigo refere-se ao envolvimento dos docentes mediante o capitalismo, onde buscamos esclarecer quais as formas que esta industrialização e a busca pelo poder monetário corrompem a ética dos profissionais envolvidos com a escola. A partir desta análise podemos mostrar até onde uma escola democrática pode ou não, ser afetada por este jogo de poderes chamado mundo capitalista, que acaba resultando em sua maioria, em algo recíproco, onde somente o dinheiro seria a troca pelo trabalho, e a satisfação pela profissão é deixada de lado e somente é vista quando a remuneração for adequada, é claro que isso não acontece em todos os casos, existem ainda profissionais que fazem o que gostam por prazer.

Palavras-chaves: capitalismo - democratização ? princípios

Vivemos em um mundo voltado ao capitalismo, onde quem possui maior poder aquisitivo obtém inúmeras vantagens na obtenção do "poder". A ganância conta mais que os princípios. Algumas questões devem ser trabalhadas a respeito, tais como; a relação do capitalismo com a instalação de uma escola democrática, onde tenhamos a visão do dinheiro como forma de sustentabilidade digna, sem ultrapassar limites e deixar a ilusão da riqueza tomar conta. A educação fundamental, média e superior estão de acordo com as expectativas e resultados gerados por profissionais com idéias capitalistas? Mudar nossas ideologias a respeito da educação seria o correto a se fazer? E seria possível isto? A mídia como televisão e radio, entre outros meios de comunicação tem alguma relação com a nossa formação de idéia sobre estes assuntos? E qual a sua influência? São problemas, os quais pretendo debater neste texto.
Lelis (2001 p.44) afirma que os docentes estão sendo culpados por não responderem às exigências da atividade escolar cotidiano, e "...acabam ficando em um fogo cruzado de poderes e contra-poderes, onde isto contribui para o surgimento de uma mudança do seu status sociocultural.". Ou seja, o professor acaba sendo influenciado e afetado por seus subordinados, dificultando assim novas ideologias, novas formar de se transmitir o conteúdo por parte dos docentes. Por certo lado, às novas ideologias acabam sendo prejudiciais pela inibição do capitalismo, onde "...o professor precisou alterar suas práticas diante da fome, da miséria, das jovens mães, das famílias desintegradas." Lelis (2001 pg.41) e também que os professores vêm sendo levados a desenvolver estratégias de ensino e de interação que consideram o trato com as novas características da clientela.
Reduzindo a participação e o envolvimento do nosso estudante nos nossos problemas, reduziu também a sua capacidade de pensá-lo e lhes dar soluções adequadas. ...os baixos salários percebidos pelos professores que tiraram o estímulo e a concorrência. Essa, porém é uma razão de ordem geral que tem atingido tanto a classe trabalhadora de pouca qualidade quanto o professorado. E muitas vezes essa razão tem servido como álibi para justificar a inércia. ( GADOTT, 2001. Cit., pg.87).

A falta de comprometimento segue evoluindo em ambos os lados, tanto pela parte do professorado, quanto por questão dos alunos por acharem que pagam à mensalidade podem mandar nos docentes e agir com a falta de respeito. Temos também os professores que não contribuem e acabam sendo corrompidos pelo sistema capitalista e suas diretrizes de lucros. Já dizia Castanho, 2001 pg.157, que o professor marcante ensina bem, conhece bem sua área, ele investiga o que o aluno já sabe e ensina a partir daí, ou seja, temos que valorizar nossas profissões e gostar do que fazemos, não podemos ser levados pela ganância dos valores financeiros e deixar de exercer o que gosta para trabalhar em algo pelo dinheiro.
Por experiência própria posso falar que vejo em colégios da rede municipal¹ de Itajaí professores se queixando dos baixos salários e da extensa jornada de trabalho. Concluindo meus pensamentos sobre a educação inserida em um mundo capitalismo posso dizer que se a grande maioria tiver em mente este pensamento voltado ao consumo e a apropriação de bens e somente isso, nossa educação será comandada pelo sistema capitalista, onde o professor será apenas um prestador de serviço que espera seu salário ao fim do mês, e os alunos serão clientes que aprenderão aquilo que lhes agradarem.
Saída de campo realizada na escola municipal de Itajaí, E.E. Professor Henrique da Silva Fontes, onde os acadêmicos puderam constatar queixas de docentes sobre o assunto em questão, porém esta problemática, se assim posso dizer, está inclusa em diversos lugares, infelizmente.
Estaremos perdendo várias novas idéias de produção técnicas de ensino, porque os docentes ficaram inibidos e acomodados pela posição atual. Enquanto a mídia não começar a divulgar um pouco mais sobre coisas produtivas, nossas ideologias vão se manter na mesma, envolvendo apenas futebol, mulheres e bebidas alcoólicas. Precisamos de grandes investimentos na educação, como mostra pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2002 mostrava que o Brasil pagava 178 bilhões em dívida externa, investia 41,1 bilhões na saúde e apenas 8 bilhões na educação, esses dados podem mostrar como o governo brasileiro investe mal, e não sabe pensar no futuro, pois investindo alto na educação o Brasil irá colher os frutos depois de alguns anos, é claro que isso não leva 5 anos, é um processo longo ainda mais para um país de vasta extensão territorial, mas para criar uma escola democrática e fazer com que o capitalismo atue a favor da educação, os governantes devem investir primeiramente em educação.

REFERÊNCIAS:
CASTANHO, Maria Eugênia. Sobre professores marcantes, Temas e textos em Metodologia do Ensino Superior, ed. Campinas, 2001.
DAYRELL, Juarez Tarcisio. A escola como espaço sócio-cultural, ed. UFMG, 1996.
GADOTT, Moacir. Ideologia e contra-ideologia na educação brasileira contemporânea, Ed.Cortez, 2001.
LELIS, Isabel. Profissão docente: uma rede de histórias, departamento de educação, pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2001.


Autor: Bruno Schütz


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