OS GUERREIROS DO ARCO-ÍRIS



OS GUERREIROS DO ARCO-ÍRIS

Há muito tempo "os homens que batem as asas" tinham desaparecido. Ninguém mais ouvira o ruído de suas asas, quando se deslocavam em pequenos grupos pelos ares, sobrevoando as montanhas a baixa altitude.
Seu trajeto era sempre o mesmo: no princípio do inverno deslocavam-se do sul para o norte; no fim da primavera empreendiam uma jornada inversa para deleite dos nativos que contemplavam extasiados tão surpreendentes acontecimentos.
Mas chegara o tempo em que se fazia necessário conduzir aqueles povos de cultura ainda rudimentar a estágios mais elevados de progresso, acelerando o desenvolvimento da civilização.
A função dos "homens que batem as asas" era simples e facilmente compreensível: ao se deslocarem em seus vôos de rotina transmitiam aos nativos a ideia de uma forma de vida superior e diferente daquela que conheciam; imprimiam em cada uma daquelas consciências polarizadas em nível ainda recuado a concepção do belo, do inimaginável, de algo indescritível que os levava a pensar e sonhar enquanto promoviam frequentes e acalorados debates buscando explicação para o inusitado que tanto os fascinava. Assim se cumprem os desígnios cósmicos; assim se manifesta a força invisível que ampara e orienta a Humanidade, apontando o rumo de destinos que se posicionam bem além da imaginação humana.
Um dia, uma chuva torrencial se precipita por longas horas, alagando a modesta povoação e toda a floresta ao redor. Todos os habitantes abandonam suas tarefas e se recolhem às suas habitações para se proteger, temendo uma possível catástrofe dada a intensidade do temporal. Os animais domesticados refugiam-se em seus abrigos; e na floresta, como de hábito, todos buscam abrigo seguro, ficando momentaneamente suspensas todas as hostilidades. Nada pode ser feito até que cesse a tormenta.
No início da tarde a chuva pára de repente e as águas represadas começam rapidamente a se escoar, seguindo seus trajetos habituais pelos vales e depressões do terreno. O Sol tenta emitir sua brilhante energia através da espessa camada de nuvens escuras que ainda preenche todo o espaço visível, mas o que se nota é uma cena espantosamente bela e inédita.
Um grande arco-íris se formara num curto período de tempo e todos o contemplam, perplexos diante de tão exuberante beleza. Ninguém encontra palavras para descrever aquela cena tão radiante; e permanecem pasmos, tentando encontrar uma explicação. Conheciam bem o arco-íris, pois com freqüência avistavam um no firmamento, após cada uma das intensas chuvas que frequentemente desabam na região. Mas, jamais viram um tão belo e gigantesco que parecia se formar perto, a poucas léguas dali.
Enquanto observam admirados aquela cena deslumbrante outro fato igualmente surpreendente acontece.
Como se surgidos do nada, sete guerreiros aparecem na curva superior do arco-íris. Cada um segura no braço esquerdo um escudo de cor correspondente à faixa do arco-íris onde o guerreiro está posicionado. Exibem vistosos elmos com penachos de cores variegadas. Na mão esquerda, junto com o escudo, prendem duas lanças leves; usam uniformes idênticos, compostos de casaco de couro sem mangas ricamente ornamentado, saiote de largas tiras de couro trabalhado e sandálias, também de couro, cujas amarras se estendem cruzadas até próximo dos joelhos, onde são atadas. Por alguns instantes eles examinam as montanhas e a floresta. Logo após descem pelo arco-íris, lado a lado, enquanto, com os olhos, complementam o reconhecimento no alto iniciado. Vistos à distância não se identifica o exato local onde desceram. Mas todos os povos da floresta puderam contemplar o inédito acontecimento.
À noite, em volta da fogueira, os anciãos se reúnem e toda a população do povoado se aglomera para tentar ouvir-lhes as interpretações de tão inusitada ocorrência. Aguardam a chegada do mais velho líder do grupo, mas a notícia que chega através do seu filho apenas aumenta a ansiedade e a preocupação de todos.
Seu pai partira há poucas horas para uma viagem que levaria vários dias. Fora buscar a ajuda e cooperação dos Guerreiros do Arco-Íris. Recomendara que todos continuassem com suas atividades normais e aguardassem o seu retorno, o que se daria antes que aquela lua voltasse a aparecer no céu.
O povo se agita dividindo-se em grupos. Uns não entendem o desaparecimento do mais velho líder da aldeia e assim começam a difundir o boato de que ele desertara, abandonando o grupo ao seu próprio destino. Outros sustentam que é preciso aguardar, pois o velho líder sempre merecera a confiança de todos e gozava de prestígio também junto às comunidades vizinhas que, frequentemente, enviavam emissários com pedidos de conselhos e orientações sobre variados temas.
Os anciãos tentam organizar a turba inquieta e, por unanimidade, decidem que esperarão o retorno do ancião líder.
Mas, enquanto discutem o problema, emissários de povoações próximas chegam preocupados desejando obter do líder mais velho as orientações que desejam levar para tranqüilizar seus povos. Afirmam que também suas aldeias os anciãos líderes partiram com a mesma alegação de ir ao encontro dos Guerreiros do Arco-Íris. E agora, encontrando a mesma surpresa e apreensão, não sabem o que dirão a seus povos.
Há muitas divergências sobre o ocorrido e sobre a partida repentina do chefe, bem como sobre os rumos a tomar diante daquele episódio inesperado; e tais debates enchem de preocupação os recém-chegados que, assustados, assistem aquela desordenada manifestação.
Os emissários ouvem as várias opiniões manifestadas pelas pessoas que, desordenadamente, tentam se fazer ouvir, criando um clima de dúvida e insegurança, em total desentendimento. Mas um ancião do Conselho se levanta e pede a palavra. Coloca com clareza a sua opinião e sustenta com firmeza que o ancião líder fora previamente informado daquela ocorrência, prometida pelos seres do espaço desde que "os homens que batem as asas" partiram para outros destinos. Demonstrando absoluta convicção ele afirma que os Guerreiros do Arco-Íris vieram trazer grandes contribuições para o avanço moral e intelectual de todos os povos. Uma nova era de progresso se iniciava para a civilização e todos os Seres humanos haveriam de ser amplamente beneficiados.
Como algumas pessoas ainda se mostrassem descrentes, incentivando a divisão e alimentando a discussão de inoportunos argumentos, outro ancião se levanta e, após obter o silêncio da maioria, tenta se fazer ouvir. Lembra a todos que o velho líder não tinha sua história e a dos seus antepassados esculpida na madeira do átrio do templo, pois aparecera misteriosamente junto à fonte do oráculo exatamente após uma tempestade como aquela que acabaram de presenciar. Quando interpelado alegara ter vindo caminhando, mas não aparentava cansaço e suas vestes estavam secas. Tinha a fisionomia alegre e um olhar límpido e penetrante que atraia e prendia a atenção de todos que lhe ouvissem o falar ou contemplassem embevecidos o seu afável semblante. Não portava uma arma para sua defesa e não demonstrava ter fome, mesmo alegando ter empreendido uma longa jornada. Não declarou de onde vinha ou para onde se dirigia, apenas ficou na povoação, conquistando a simpatia e a confiança de todos e alçando-se à liderança do povo com a sabedoria e o equilíbrio espiritual que demonstrava possuir. Num pequeno saco que portava a tiracolo trouxera sementes que, lançadas à terra, germinaram e cresceram, passando a constituir a nova base de alimentação de todos. Trouxera também novas técnicas para a confecção de vestimentas, para a construção de habitações e aperfeiçoamento dos métodos de cultivo de grãos e domesticação de animais. Seus conselhos e orientações sempre se pautaram pela mais fecunda sabedoria, jamais se constituindo em ordens a serem obedecidas e, sim, instruções precisas e coerentes transmitidas em forma de suaves emanações que levavam as pessoas às mais profundas reflexões.
Todos ouvem o relato do ancião em absoluto silêncio. Agora se mostram surpresos, mas já convencidos. Estes fatos eram do conhecimento de todos; os mais velhos sempre contavam esta história. Compreendiam agora que precisavam rever sua postura crítica e reconhecer o que o ancião pretendia: o mistério do ancião líder estava ligado intimamente aos Guerreiros do Arco-Íris que, por sua vez, vinham ocupar o espaço deixado pelos "homens que batem as asas". Cumpria-se desta forma o plano global estabelecido pela Consciência Superior que ampara e incentiva o crescimento da raça humana nesta lenta caminhada no rumo de objetivos bem mais elevados, que aquelas consciências ainda não podiam compreender. A raça não ficara desamparada após o desaparecimento dos "homens que batem as asas". Dentro do plano cósmico de incentivo ao ininterrupto aperfeiçoamento dos seres humanos Grandes Mestres vieram cumprir etapas cada vez mais elevadas, degraus sucessivos nesta escalada progressiva que visa conduzir a todos com segurança pelos caminhos da evolução lenta e gradual.

Os emissários ouvem as explicações e se dão por satisfeitos. Intimamente reconhecem que os fatos narrados correspondem aos acontecimentos em suas respectivas aldeias, assemelhando-se em todos os detalhes. Agora se sentem seguros e tranqüilos, pois têm argumentos suficientemente fortes para devolver a tranqüilidade aos seus povos. Decidem pernoitar na povoação para empreenderem a viagem de retorno logo cedo, no dia seguinte.
A paz e a tranqüilidade se estabelecem entre todos os habitantes. Não há motivos para preocupação e, sim, razões para agradecerem aos céus por tantas e tão belas dádivas a eles dispensadas. Sem que percebessem suas consciências estavam sendo elevadas a um novo patamar, pois agora já admitem a existência de um Poder infinitamente belo e magnânimo que lhes ampara os esforços e aponta a direção a ser seguida. E este tácito reconhecimento é uma aprovação ao trabalho que será desenvolvido pelos Guerreiros do Arco-Íris.
No dias e semanas que se seguem todos os moradores se lançam com redobrado entusiasmo aos seus trabalhos rotineiros. Não é difícil perceber que isoladamente e no conjunto toda a população foi tomada por uma energia contagiante que lhes imprime um vigor até então ignorado. Não conseguiriam explicar tal fenômeno, pois ele se origina da alma, manifestando-se exteriormente através dos atos e palavras de cada pessoa. Alçar aquelas consciências a um nível mais elevado é uma vitória que os emissários do Cosmos não têm tempo para comemorar, pois os preparativos para iniciar a etapa seguinte já começaram. E assim, paulatinamente, a evolução vai se processando.

OS GUERREIROS DO ARCO-ÍRIS
Segunda parte

Em local desconhecido e distante, num vale entre montanhas, coberto por densa e exuberante vegetação encontra-se a magnífica cidade dos Guerreiros do Arco-Íris. Ela foi toda construída com pedras gigantescas, cortadas e posicionadas com perfeita simetria e exatidão por homens vindos de pontos distantes desta galáxia, que as cortaram e transferiram para seus locais definitivos usando apenas a energia da mente. Num mundo de toscas palhoças construídas por Seres humanos ainda ensaiando os primeiros passos da escalada evolutiva tais construções surpreenderiam pela perfeição e beleza das formas e pela impossibilidade de se reproduzir algo tão arrojado, inatingível às mentes comuns.
Adentrando aquela esplêndida obra arquitetônica vê-se, ao centro, uma praça circular ladeada por altos e belos edifícios; entre estes, os espaços destinados à circulação de pessoas são revestidos com pedras lisas, de tamanhos variados, mas perfeitamente encaixadas umas às outras. A praça se situa num plano mais elevado e dela se sobe através de uma escadaria ao edifício que parece ser a principal construção do local, destinada a fins sociais ou eventos muito importantes como o que está para ocorrer.
Uma pequena multidão silenciosa se aglomera na praça. Todos, homens e mulheres, se vestem com trajes ricamente ornamentados e ostentam sérios os semblantes. Aguardam com expectativa o que vai acontecer. A um sinal sonoro todos se aproximam ainda mais, tentando se posicionar de maneira a melhor apreciar os fatos que estão por vir. Começa o tão esperado espetáculo.
Uma extensa fila de 144 anciãos se encaminha ordenadamente para um local defronte do edifício e, após se dividirem em 12 filas, cada uma com 12 indivíduos, posicionam-se silenciosamente e, respeitosamente perfilados, permanecem à espera. Trajam calças pretas, camisas alaranjadas e capas violetas que descem dos ombros até próximo aos calcanhares. O som da música se faz ouvir mais alto e mais intenso, fazendo aumentar as expectativas dos assistentes. Eis que surgem do interior do edifício os sete Guerreiros do Arco-Íris. São altos e de corpos esbeltos; e irradiam suas energias tão intensamente que as pessoas presentes se sentem como que magnetizadas. E em absoluto silêncio contemplam aquela aparição.
Em perfeita ordem e harmonia eles se posicionam lado a lado num local mais elevado que o piso da praça, a uma pequena distância dos anciãos, que os observam em silêncio. Todos assistem compenetrados, às cenas que se desenrolam. Conhecem o trabalho dos Guerreiros do Arco-Íris, mas nunca os tinham visto, principalmente assim tão perto.
Imediatamente após entra o comandante dos Guerreiros. Para nossa surpresa é o ancião líder que se ausentou da aldeia no mesmo dia em que eles chegaram. Agora se compreende realmente o porquê da sua aparição naquela povoação, a sua ligação permanente com os líderes das outras localidades e a partida de todos os líderes na mesma oportunidade.
O comandante dos Guerreiros do Arco-Íris viera ao planeta guiando um grande número de homens iniciados na Ciência do Cosmos, com a missão precípua de promover a elevação da consciência coletiva, fazendo aqueles povos subirem mais um degrau na escada do progresso evolutivo. E agora, que outra grande surpresa será revelada ao povo?
O comandante toma o seu lugar e dá início à cerimônia. Com as mãos abertas e os braços erguidos ele volta os olhos para o azul do firmamento e faz sua invocação inicial:
- "Ó Força Divina que rege a Criação Infinita, assisti-nos nesta bendita hora! Poderes Galácticos que presidem este Sistema Planetário concedam-nos a ventura de levar a bom termo a execução da nossa atual tarefa! Guerreiro do Escudo Amarelo, faça a sua apresentação do trabalho que será desenvolvido".
O Guerreiro do Escudo Amarelo assume a tribuna e se dirige à multidão:
- "Diante de todos aqui presentes e do meu comandante; com a permissão das Forças Superiores que regem a nossa evolução, às quais credito o êxito desta missão, declaro ter transmitido aos missionários em serviço nesta esfera planetária a energia da Vontade, que será por eles disseminada visando impulsionar o progresso coletivo da humanidade local!".
Um a um os guerreiros fazem rapidamente a exposição dos seus respectivos trabalhos de transmissão das suas respectivas energias aos mestres iniciados. Pela ordem as energias transmitidas foram as seguintes:
ORDEM / ENERGIA/ ESCUDO DO GUERREIRO

1 Vontade Amarelo
2 Sentimento Lilás
3 Trabalho Vermelho
4 Harmonização Laranja
5 Conhecimento Azul
6 Idealismo Verde
7 Organização Violeta

Após todos os guerreiros fazerem suas respectivas exposições, registrando no éter cósmico, com a força vibratória de suas emissões, a configuração energética correspondente ao trabalho desenvolvido, a reunião se encerra. Todos os mestres iniciam viagem de retorno às suas aldeias.
O objetivo dos Guerreiros do Arco-Íris foi plenamente alcançado e somente no decorrer dos séculos se avaliarão os resultados. Eles partem no rumo de novas missões. A cidade edificada para acomodar aquele povo que lhes dera apoio logístico foi abandonada e dela, atualmente, veem-se apenas as ruínas.


João Cândido da Silva Neto
(Bueno Brandão/MG)

Autor: João Cândido Da Silva Neto


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