DOENÇAS NÃO ORGÂNICAS



INTRODUÇÃO

Este artigo versará sobre pacientes neurológicos com sintomas neurológicos que não são causados pelas anormalidades orgânicas. E sim por problemas psicológicos.
Inicialmente, pretende-se apresentar a organização do sistema nervoso citando de forma parcial como é constituído o Sistema Nervoso Central(SNC) em seguida distúrbios neurológicos, anamnese e por fim a depressão.

OBJETIVO

O presente artigo tem por objetivo apresentar fundamentos da organização do sistema nervoso .delineando uma abordagem dos problemas neurológicos dando ênfase a depressão.


ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO
Cérebro
Sistema Nervoso Central
Encéfalo
Medula Espinhal

O sistema nervoso é responsável pelo ajustamento do organismo ao ambiente. Sua função é perceber e identificar as condições ambientais externas, relaciona o indivíduo com seu ambiente e inicia e regula as respostas adequadas. O sistema nervoso humano está conectado com o cérebro mediante uma comunicação cruzada, em função deste cruzamento das vias nervosas, o lado direito do cérebro controla o lado esquerdo do corpo e vice-versa, assim, uma lesão de um lado do cérebro, normalmente vai afetar os movimentos e os sentidos do lado oposto do corpo.
O cérebro é o órgão mais desenvolvido do sistema nervoso. É nele que existem os neurônios. Atraves do cerebro, aprendemos novas informações ou memorizá-las, pois é o centro da inteligência e do aprendizado. Quando vivenciamos alguns fatos, os neurônios registram informações. Se utilizarmos pouco essas informações, logo elas serão apagadas da memória; caso contrário, elas são guardadas por mais tempo.
O cérebro coordena ações, como a fala, o pensamento, o movimento, além de perceber e decodificar as informações captadas pelos órgãos dos sentidos. Outras sensações, como a de dor, também são coordenadas pelo cérebro.
A unidade básica do sistema nervoso é a célula nervosa, denominada neurônio que são especializadas em transmitir "mensagens" através de um processo que mistura a transmissão elétrica e química, esta é uma célula extremamente estimulável; é capaz de perceber as mínimas variações que ocorrem em torno de si. Estas celulas são mantidas, as mesmas, por toda a vida. Enquanto outras células são renovadas, os neurônios não são. As células nervosas estabelecem conexões entre si de tal maneira que um neurônio pode transmitir a outros os estímulos recebidos do ambiente, gerando uma reação em cadeia.
O sistema nervoso central(SNC) é constituído pelo encéfalo e pela medula espinhal.O encéfalo está dentro do crânio. Esse órgão é composto pelo cérebro, bulbo e cerebelo.
A medula espinhal é o prolongamento do bulbo que passa por dentro da coluna vertebral. É a partir da medula espinhal que ramificam-se os nervos.A medula constitui-se, assim, como a parte inferio do Sistema .Nervoso .Central., localizada fora da cavidade craniana.
O cerebelo coordena os movimentos e é importante no controle do equilíbrio e da postura tanto durante o estado de descanso quanto em atividade. Também é responsável pelos reflexos e movimentos voluntários. O mesmo é a região do cérebro que capta os impulsos sensitivos das articulações, tendões e músculos. Embora sua massa ocupe apenas 10% de volume do encéfalo, o cerebelo é responsável por funções extremamente importantes em nosso corpo. Sem ele seria impossível desempenhar todas as atividades motoras que requerem habilidade, desde apanhar um objeto qualquer, até realizar uma atividade física que requeira um pouco mais de coordenação motora.


ANAMNESE
Avaliação Clinica
Verificação das Hipóteses

A anamnese de um paciente é a parte mais importante da avaliação clinica. É uma entrevista realizada pelo neurologista ao seu paciente, que tem a intenção de descobrir a natureza do problema neurológico do paciente.Levantando a historia clinica, o especialista busca todos os fatos que se relacionam com a doença e à pessoa doente.
Após escalerecer a natureza dos sintomas é preciso determinar a evolução temporal, se os sintomas foram subitos,gradual ou progressivo qual foi a duração. A evolução temporal dos sintomas fornrce indicios do processo patologicos.
O proximo passo é usar a historia clinica para elaborar e testar hipoteses acerca do diagnostico. Nessa etapa podem ser ivestigadas mais de uma hipotese com base na descrição da possivel anormalidade neurologica.
A anamnese é utilizada para colocar os problemas atuais do paciente no contexto clinico. Este tipo de entrvista é responsável por 85% do diagnóstico na clínica médica.


DOENÇAS NEUROLÓGICAS
Distúrbios Neurológicos
Somatização
Depressão

Através de estudos verificados nas anamneses neurológicas foi possível averiguar que nem todo tipo de distúrbio neurológico se enquadra na classificação física. Segundo FULLER e MANFORD Uma das áreas mais difíceis em neurologia clinica é o diagnostico e o tratamento de pacientes com sinais e sintomas que não são determinados organicamente. Por exemplo, manifestações de problemas psiquiátricos como depressão, fraqueza não-orgânica, convulsões não epiléticas e pânico.
Existem pacientes que procuram especialistas (neurologistas) para que seja feito avaliações em sintomas e sinais neurológicos e acaba descobrindo que não possuem nenhuma evidencia de anormalidades neurológicas e sim um problema psicológico.
Existe apreciável debate sobre o diagnóstico e a terminologia usados nesta área da neurologia. Os termos habitualmente utilizados são não-orgânicos. Ultimamente, tem-se preferido o termo somatização. É um termo abrangente que inclui diagnósticos como a ansiedade, depressão com sintomas somáticos inexplicados.
Os casos não-orgânicos acontecem mais em mulheres e nos pacientes mais jovens. O tratamento precisa-se de intervenções psicológicas (psicólogos, psicanalistas psiquiatras ou terapeutas ocupacionais). Na maioria, o tratamento dos casos de somatização incluem os antidepressivos, exercícios graduados e terapia comportamental e cognitiva.
Ainda que não tenha criado uma teoria sobre somatização, Sigmund Freud foi um dos seus mais importantes precursores. Através de suas seções, com pacientes, Freud percebeu que as revelações da histeria correspondiam a uma anatomia imaginária. Para psicanálise, que tem Freud como pai, faz toda a diferença saber se os sintomas de uma somatização são fruto da história pessoal do paciente ou não. Com o acompanhamento psicanalítico o paciente pode amenizar os sintomas da somatização. Embora sendo mais demorado,os resultados desse tipo de tratamento apresenta uma melhoria na vida social e emocional do paciente.
Os sintomas da depressão são muito variados, indo desde as sensações de tristeza, passando pelos pensamentos negativos até as alterações da sensação corporal como dores e enjôos. Contudo para se fazer o diagnóstico é necessário um grupo de sintomas centrais:
Outros tipos de sintoma que podem se situar dentro da somatização são as sensações corporais fisiologicamente induzidas e os sintomas físicos de perda de energia ou humor, alterações do apetite ou do sono que se caracterizam como depressão.
Na depressão os sintomas corporais mais comuns são sensação de desconforto no batimento cardíaco, constipação, dores de cabeça, dificuldades digestivas. A depressão é, portanto, uma doença afetiva ou do humor. Também não é sinal de fraqueza, de falta de pensamentos positivos ou uma condição que possa ser superada apenas pela força de vontade ou com esforço. Períodos de melhoria e piora são comuns, o que cria a falsa impressão de que se está melhorando sozinho quando durante alguns dias o paciente sente-se bem. Percebendo esses sintomas o individuo deve procurar um profissional e a família deve se conscientizar que o individuo não vai superar essa fase apenas com conselhos ou estímulos positivos.
A depressão, de um modo geral, resulta numa inibição global da pessoa, afeta a parte psíquica, as funções mais nobres da mente humana, como o raciocínio, a criatividade, a e o sexo. Enfim, tudo parece ser difícil, problemático e cansativo para o deprimido.
Segundo BALLONE os sintomas associados à depressão contribuem para existência de 17% dos pacientes neurológicos ambulatórias. Os sintomas são: Humor deprimido, perda de energia, dificuldade de concentração, alteração do apetite e sono, sentimento de pesar ou fracasso.
.Geralmente o paciente deprimido tem consciência das coisas boas de sua vida, sabe os motivos para seu estado sentimental, entretanto, apesar de saber seu estado emocional e não aspirar estar dessa forma, o individuo continua muito deprimido.
O quadro da depressão é o mais mutável possível, de acordo com a personalidade de cada pessoa. Cada um terá uma maneira pessoal de demonstrar sua depressão, cada um reage diversamente diante de suas emoções e cada organismo tem sua própria maneira de manifestá-la.
A depressão tem varias formas de ser demonstrada, através do pânico, choro, tristeza, esgotamento, falta de disposição para as coisas corriqueiras da vida a monotonia do dia-a-dia.O que se constata é que não existe um estado de esgotamento sem que haja também um estado emocional diminuído. Na depressão falta energia para tolerar a convivência com os outros de aceitar o outro a tendência é acreditar que a dor, o problema a tristeza as decepções tudo é maior que a do outro.

CONCLUSÃO
A revisão de literatura apresentada acima aponta para as possíveis conseqüências de uma enfermidade crônica da doença não orgânica, a depressão. Mesmo existindo muitos estudos que tratem deste tema, as evidências apontam que o apoio dos familiares é essencial para o enfrentamento da doença.
A presença de doença não orgânica tem sido considerada um fator de risco para problemas comportamentais e emocionais.Os resultados dos diversos estudos de anamneses apresentados por profissionais que lidam com essas enfermidades apresentam que os estados depressivos proporcionam grande sensação de ansiedade e inseguranças. Muitas pessoas em estado depressivo não conseguem viajar sozinho, estar em locais muito cheios de gente,, enfim, uma série de situações passam a ser imaginados como ameaças.

É fundamental que a doença não orgânica, somatização, seja acompanhada por um profissional, que envolva não só os seus aspectos clínicos, mas psicológicos e sociais, tanto para o paciente, e se necessário, para a família. Faz-se necessário que os profissionais de saúde sejam prudentes aos aspectos que transcendem o tratamento das somatizações do paciente, pois sem uma visão abrangente sobre sua evolução, o tratamento pode ficar comprometido. Além disso, uma boa relação entre o paciente, à família e os profissionais que acompanha o caso facilita a volta da normalidade na vida do paciente.
Espera-se que a discussão deste assunto contribua para um melhor entendimento de todas as fases que envolvam a enfermidade da doença não orgânica em especial a depressão. E que incite o desenvolvimento de possíveis estratégias de intervenção emocional e social que levem em conta as singularidades dos diversos tipos de doenças não orgânicas.



BIBLIOGRAFIA

CANAVARRO, M. C. Relações afectivas e saúde mental. Coimbra: Quarteto; 1999.
BALLONE, G.J. PEREIRA, N. E.ORTOLANI, V. I. Da emoção à lesão: Um guia da medicina psicossomática 27ª ed: Editora Manole;2001.
FULLER, G. MANFORD, M. um texto ilustrado em cores. Neurologia Rio de Janeiro: Editora Guanabara koogan S.A.2002.
GOMES, W. B. A entrevista fenomenológica e o estudo da experiência
consciente. Porto Alegre: Editora da UFRGS;1998


INTERNET -http:// www.epoca.com.br/edic/ed190499/almana.htm
Introdução A interpretação dos sonhos- Freud
LAPLANCHE J,PONTALIS JB. Vocabulário da psicanálise. 9a ed. São Paulo: Martins Fontes; 1986.





Autor: Diene Batista Santos Laranjeira


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