Educação na década de 30 - 11 história



Nos tempos da década de 30, educação para pessoas no interior do Brasil era coisa rara. Mais rara ainda era escola em área rural e além das dificuldades de material escolar, uniformes ultra engomados e brancos ainda tinha o preconceito do povo anterior, sem cultura e sem visão.
Meu avô, nascido ainda no século 19, não via utilidade nenhuma de uma mulher saber ler e escrever, pois pra ele lugar de mulher era na cozinha e o ler e escrever serviria apenas para as filhas passarem bilhetinhos para pretensos namorados.
Minha avó, pouco mais entendida insistiu e conseguiu dar o mínimo de educação possível para as filhas, mas como as dificuldades eram enormes, colocava dois filhos na escola de cada vez e quando já sabiam ler, os tiravam para colocar outros.
Minha mãe foi premiada, conseguiu ir pra escola durante quatro anos. E se virava para conseguir estudar, o caminho até a escola era longo, desses que se vem ainda em alguns lugares do país, onde se caminham quilômetros, se atravessam riachos e pinguelas até a escola. No caminho ainda colhia frutas silvestres como guaviras, goiabas e outras para trocar na com os alunos da cidade, e se trocava por lápis, borrachas, tinteiros, mata-borrões e lanches para conseguirem estudar com materiais e barriga cheia. E ainda tinha que estar com o uniforme impecável, com direito a boina e meias brancas, ainda que empoeiradas, mas com todo uniforme caso contrário ainda tinha que prestar contas com o diretor.
E os castigos? Esses eram os piores, porque existiam bons educadores, porém existiam os maus, mas maus mesmo, não de ruins, mas de malvados. O que hoje é considerado maus tratos e até tortura era coisa corriqueira, como se ajoelhar por horas no milho até sangrar ou as temidas palmatórias, que a criança nem escrevia no outro dia com as mãos inchadas, e outras maneiras de disciplinar que incluíam dor e humilhação. Algumas vezes ainda os próprios pais tiravam as crianças das escolas para não passar por tamanhos absurdos, tiravam por não ter a quem reclamar, não existia lei para punir os educadores, e se tinham nem saberiam pois lá nos confins de uma terra que a pouco tinha se tornado parte do Brasil, por conta da guerra com o Paraguai, não chegava informação.
E naquele tempo que era raro que meninos e meninas estudassem na mesma escola, e quando estudavam ainda era em salas separadas, meninos e meninas estudavam na mesma sala nesta escola por ser pequena, uma sala partida ao meio, com meninos de um lado e meninas de outro. As carteiras usadas naquela e em outras muitas escolas eram duplas com duas cadeiras para duas crianças estudarem na mesma mesa. E uma professora com visão e com autorização do diretor num dia qualquer decidiu que era hora de mudar, colocando na mesma carteira um menino e uma menina. Mas pra que? Todas as meninas choraram enquanto todos os meninos se riam e no fim das contas não conseguiu se dar aulas. No outro dia, pais vieram com ameaças de tirarem as crianças da escola, pois eram contra aquela pouca vergonha. Ou seja, deu-se o braço por torcido e novamente tinham a sala de aula segregada.


Autor: Márcia Ferreira Marques


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