Regresso
A outra estava tranqüila, apesar de se lembrar de sua amada a cada instante tentou afastar esses pensamentos, ela voltaria, sentiu certeza disso no momento em que a outra saiu pela porta da frente. Mas e se ela não voltasse, o coração gritava, mas ela o sufocava. Tomou um banho demorado e pensou sem querer na vida que levaria se tivesse que ficar sem ela, nos beijos vazios, no sexo casual, nas pessoas loucas e ciumentas que falariam mal da sua amada já que esta agora era sua ex. Sentiu um gosto amargo na boca. Pensou novamente em outro, outra, tocando o corpo da sua amada. Mas isso não era o pior e ela sabia, o que ela não queria mesmo era que outro, outra, tocasse a alma da sua amada. Saiu do banho e se vestiu de maneira pretensamente prática: calça jeans, camiseta branca com as mangas em azul escuro e tênis preto. Mas a realidade dos atos involuntários era que essa era a roupa favorita da parceira dela. Arrumou os cabelos e se perfumou sem demasia. Procurou afastar os sentimentos de perda. Ela voltaria para casa hoje. Não entendia como era possível tanto sofrimento em menos de vinte e quatro horas.
Quando a viu pensou em beijá-la com violência e levá-la cativa de volta ao lar.
Quando a viu pensou em se atirar em seus braços e chorar até o tempo voltar.
Sentaram-se a mesa.
Pediram qualquer comida só para se livrar do garçom inconveniente.
Uma delas pensou eu devia ter trazido flores, ela adora flores, deve estar pensando que eu não a amo porque esqueci as malditas flores.
E a outra pensou eu devia ter marcado num lugar mais intimo.
Finalmente, depois de intermináveis segundos em silencio uma delas falou:
_Então é isso?
_Isso o que?
_Esse é o fim do nosso amor.
_Eu te amo.
_Eu também te amo.
_Então não é o fim do amor.
_Tá mais é o fim da nossa relação. Nós não podemos mais ficar juntas.
...
_Eu acho que se nós nos amamos devemos continuar juntas. Devemos tentar de novo.
_Vai acabar com a nossa amizade.
_Eu sei... E é por isso que não podemos mais ficar juntas. Isso é tão injusto.
Permaneceram assim caladas até o fim do jantar. Uma delas se levanta.
_Vem
_Pra onde?
_Pra casa.
_Mas...
_Mas nada, enquanto o seu coração me pertencer, você pertence e mim, a minha vida. Você não entende. Se você não me amasse mais eu permitiria que você fosse embora sem problemas, mas esse não é o caso. E se eu te amo e você me ama nós vamos ficar juntas até o fim. Eu prefiro que nosso amor se torne ódio do que ter que te esquecer sabendo que você ainda me ama e que nós talvez ainda tenhamos uma chance. Nós vamos ficar juntas até o fim. Nem que um dia eu te odeie tanto que deseje sua morte. Nós vamos viver cada segundo que resta do nosso amor como se fosse o ultimo, porque talvez seja. Eu sei que o amor está morrendo e você também sabe, então nós só vamos aproveitar e viver, e quando você ficar brava comigo e pensar em começar uma briga contra mim, você vai pensar: " que triste, é só mais um sinal de que o fim do nosso amor se aproxima", e então nós não vamos brigar, você vai sentir uma leve tristeza pelo fim iminente do amor, vai agradecer por ele estar vivo hoje, e vai viver esse dia com uma intensidade maior ainda, pois o amanhã talvez não exista.
E assim voltaram para casa. As duas amantes juntas. Às vezes duas almas gêmeas brigam. Às vezes o amor adoece.
Autor: Viviane De Sousa Furtado
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