IMPORTÂNCIA ECONÔMICA E SOCIAL DA AVICULTURA BRASILEIRA



Jean Gualberto R.S.; Jamil F. H. Guedes; José R. Silva; Roberto R. Sobreira;

A galinha teve origem há aproximadamente cento e cinqüenta milhões de anos, na Índia. No Brasil, ao longo da história, praticava-se a avicultura tradicional e familiar, também conhecida como produção de frango "caipira", produzida para o próprio consumo (LANA, 2000).

O surgimento de fato da indústria avícola no Brasil ocorreu na década de 1970. A redução da produção extensiva de gado retroalimentava o aumento do cultivo de grãos (soja e milho principalmente), pois a transição para um modo intensivo (mais confinado) de criação exigia cada vez mais a utilização de rações animais. O aumento da produtividade dos grãos e a incorporação de novas áreas para o seu cultivo não apenas reduziu a produção extensiva de bovinos como, também, levou à agregação de valor com a transformação desses cereais em proteína animal (carne, leite, ovos). As indústrias de processamento de carnes bovinas e suínas eram mais desenvolvidas na década de 1970, algumas dessas empresas foram às pioneiras na avicultura de corte sendo que partiram para esse ramo a fim de diversificar suas produções de carne (LIMA, et al. 2010).

A avicultura, hoje em dia, é uma atividade econômica internacionalizada e homogênea, sem fronteiras geográficas de tecnologia. Pode ser considerado um complexo industrial que não deve ser analisado apenas sob o aspecto de produção e distribuição, e sim através de uma abordagem sistêmica do setor (VIEIRA; DIAS, 2010).

A indústria avícola brasileira está fortemente instalada em São Paulo e na Região Sul do país. Isso se deve fundamentalmente a expansão da cultura de soja e milho nessas regiões, dado que o milho e o farelo de soja correspondem a cerca de 80% dos insumos da avicultura (RIZZI, 1999).

Nas regiões com clima quente e úmido durante todo o ano e sem muitas amplitudes térmicas, como é o caso do norte brasileiro, as respostas arquitetônicas englobando as modificações ou sistemas auxiliares devem procurar a eliminação permanente da radiação solar e uma ventilação contínua e abundante. Como os galpões são abertos, a utilização de materiais com maior amortecimento não é necessária, desde que se realize a eliminação da radiação solar, como a utilização de sombreamento natural nas cabeceiras, laterais e coberturas dos galpões. Nesse caso, os fechamentos podem ser construídos com materiais leves, mas com alguma resistência térmica, no caso em que sejam usados equipamentos de refrigeração, como as ventilações tipo túnel, comuns em sistemas dark-housepara matrizes, ou na produção de frangos de corte em alta densidade ou para regiões com ventos noturnos frios, principalmente para aves jovens. A exploração do paisagismo circundante e da ventilação natural, juntamente com a adequada concepção arquitetônica e escolha do material de melhor comportamento térmico para a cobertura constituem a solução ideal para os galpões abertos dessas regiões. No que diz respeito ao acondicionamento artificial, a ventilação forçada constitui a decisão mais acertada, sendo que os processos adicionais de resfriamento do ar por via evaporativa devem ser estudados com cautela nessas regiões, devido a problemas com umidade do ar excessiva, como é o caso do estado do Pará (TINÔCO, 2001).

O consumo da carne de frango vem se colocando em elevados patamares em todo o mundo, em função de mudanças nos hábitos de consumo. Este fator levou a um crescimento da oferta e da procura por produtos industrializados de frango. Com isso este agronegócio brasileiro alavancou na última década de uma forma nunca vista.

A avicultura industrial brasileira passou por profundas mudanças nos últimos anos. O segmento evoluiu através da absorção de contribuições advindas da biotecnologia e das tecnologias complementares da micro-eletrônica e da automação. Nestas transformações, os fatores tecnológicos possuem um papel destacado na confrontação das estruturas industriais e na competição entre as empresas. O bom desempenho nos mercados (interno e externo) pôde ser alcançado por meio de duas estratégias: a redução dos custos das matérias-primas e o atendimento das necessidades específicas dos consumidores em ambos os mercados. Através das mudanças efetuadas nos hábitos de consumo, as empresas processadoras evoluíram do oferecimento do tradicional frango inteiro para o frango industrializado, com vários tipos de cortes (THOMAS; SULZBACH; HOFER, 2007).

A União Brasileira de Avicultura (UBABEF) anunciou, pela primeira vez, estatísticas consolidadas para as vendas externas da avicultura brasileira. As exportações somaram, em 2010, de 4,024 milhões de toneladas, com uma receita cambial de US$ 7,392 bilhões. Essas estatísticas incluem carnes de frango, peru, pato, ganso e outras aves, além de ovos e material genético (UNIÃO BRASILEIRA DE AVICULTURA - UBABEF, 2011).

Esses números refletem a importância social e econômica da avicultura brasileira. Em 2011, as projeções da UBABEF indicam para um crescimento de 3% a 5% nos embarques de carne de frango. Já com relação ao mercado interno podemos esperar um crescimento moderado enquanto continuarem a escassez de carne bovina e o aumento do consumo da população (UBABEF, 2011).

Essa evolução se deve pela intensa pressão de seleção sofrida pelas raças, os quais são observados até hoje. E também pelas alterações nas áreas de manejo, alimentação e genética, sendo esses fatores ligados diretamente ao aumento do rendimento animal (BOARETTO, 2009).

A revolução genética representada na agricultura pelos híbridos permitiu à avicultura se consolidar como líder do setor de carnes. A aplicação dessa tecnologia às aves possibilitou a criação de variedades altamente eficientes na conversão de rações, baixando continuamente tanto o tempo de maturação quanto a quantidade de rações utilizadas, itens que já eram muito favoráveis quando comparados com a bovinocultura (ABEF, 2003).

O Brasil é líder absoluto nas exportações mundiais de carne de frango desde 2004. E atualmente o Brasil é um dos maiores produtores de carne de frango, em 2005 a produção alcançou 8,4 milhões de toneladas, ficando atrás dos Estados Unidos, o maior e da China. Entre os fatores que levaram o país a conquistar esta posição de destaque estão a qualidade e a sanidade do produto brasileiro (BOARETTO, 2009). A produção avícola nacional concentra-se em um sistema de integração entre produtores e frigoríficos. No qual a integradora garante ao produtor o fornecimento de matérias-primas necessárias a todo o ciclo de produção, bem como dispõe de acompanhamento técnico especializado. Com isso, a criação de frangos é cercada de todos os cuidados em biossegurança, além de completa assistência às granjas no que diz respeito a aspectos sanitários, equipamentos e alimentação (THOMAS; SULZBACH; HOFER, 2007). O produtor, que se integra a esse sistema, deverá oferecer mão-de-obra e a estrutura física necessária à criação. Esta estrutura compreende a obra civil e os equipamentos, sendo, na maioria das vezes, financiada por instituições financeiras com recursos a longo prazo.
A produção de aves em alta densidade passou a ser imperativa e, dessa forma, a exigência de conforto térmico ambiental, que já havia crescido muito com o aumento da precocidade das aves, tornou-se ainda maior, como conseqüência da elevação da densidade de alojamento. A atenção ao adequado planejamento e projeto das instalações avícolas foi priorizada e, como conseqüência das rápidas transformações no setor, surgiram indagações, tais como: como readaptar a infra-estrutura já existente à intensificação do processo produtivo? Como projetar as novas instalações? Qual o nível de climatização a ser adotado nas diferentes regiões climáticas brasileiras? As respostas a esses questionamentos constituem, hoje, o grande desafio da indústria avícola brasileira, tanto para matrizes como para aves de corte e postura (TINÔCO, 2001).

Merece destaque também no setor avícola as exportações de material genético, essas que somaram US$ 107,8 milhões em 2010, um aumento de 85% em comparação com 2009. Desse total, US$ 73 milhões se devem às exportações de ovos férteis de galinha e US$ 34 milhões às exportações de matrizes. Entre os maiores mercados de destino estão à Venezuela, Paraguai, Colômbia e Emirados Árabes.

A produção avícola voltada para as poedeiras de acordo com Auler et al (2009) No ano de 2003, atingiu um número 79 milhões de aves, a produção de ovos alcançou 62,8 milhões de caixas de 30 dúzias, totalizando uma oferta 22,6 bilhões. E com um consumo de 127 ovos por habitante. Tendo o Espírito Santo um lugar de destaque neste setor alcançando o terceiro lugar em produção nacional.


O Incubatório de ovos é um setor de grande importância na Avicultura de postura. Com a redução dos custos dos equipamentos de informática cresce o armazenamento de dados para gerenciamento do processo produtivo. A Mineração de Dados surge como uma técnica para identificar conhecimentos novos e úteis nos bancos de dados. Objetivou-se, neste trabalho, explorar a técnica Arvore de Decisão em banco de dados de incubatórios de matrizes de postura, visando a elaboração de padrões de incubação. Foram disponibilizados, pela empresa Hy-Line do Brasil Ltda, dados de incubação entre os anos de 2002 e 2006 da linhagem Hy-Line W-36. Dois experimentos foram realizados. Em um deles, valores acima dos estabelecidos pela empresa como desejado para o índice "fêmeas nascidas vendáveis" foram identificados como relevantes para a geração das regras. No outro, valores abaixo dos estabelecidos pela empresa foram identificados como relevantes para a geração das regras. Foi utilizado o algoritmo Entropia C 4.5 e o software SAS-Enterprise Miner como ferramenta de análise . Como conclusão deste estudo, foi possível observar que com a técnica estudada, os dados utilizados no gerenciamento de produção são suficientes para identificar conhecimentos novos, úteis e aplicáveis a fim de melhorar a produtividade das empresas incubadoras, atendendo à demanda com diminuição do desperdício ( LIMA, et al. 2010).

A tecnologia empregada na avicultura do ES está posicionada entre as melhores utilizadas no Brasil, que por sua vez é referência mundial neste contexto. Nossa atividade gera aproximadamente 25 mil empregos diretos e indiretos e contribui com a renda de mais de 85.000 famílias que trabalham na agricultura em todo o Estado, principalmente os setores de fruticultura e horticultura que utilizam o adubo orgânico produzido. Produto que geralmente é um problema em outros estados e que aqui tem uma valorização significativa (VENTURINI, 2008).
No setor de postura, atualmente, as melhores tecnologias em nível nacional, são encontradas em nossos centros de produção. Hoje mais de 50 % dos galpões possuem automatização e a indústria de processamento de ovos (liquido e em pó) é uma realidade cada vez mais próxima. O que produzimos de ovos já representa cerca de 10% da produção nacional, isso corresponde a quase dois ovos para cada habitante capixaba a cada dia. Tudo isso possibilitou a atividade em 2007 um faturamento superior a 350 milhões de reais, somente para o setor produtivo. Montante que se estendido à industria ultrapassa meio bilhão de reais.
O ambiente em que são criadas as aves corresponde ao principal determinante nas possibilidades de se obter benefícios ainda maiores com a aplicação das tecnologias conquistadas pela avicultura. Neste aspecto, os avicultores e técnicos do setor devem estar atentos sobre a fundamental importância de se redobrar a atenção que costumeiramente vinha sendo dada à fase de planejamento e concepção dos projetos avícolas, de tal forma que esses propiciem condições de conforto às aves e, conseqüentemente, de produtividade máxima, de tal forma que a relação custo X benefício esteja, cada vez mais, próxima do ideal (TINÔCO, 2001).


REFERÊNCIAS:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS PRODUTORES E EXPORTADORES DE FRANGO. ABEF ? Relatório anual 2006. Disponível em: www.abef.com.br. Acesso em 22 de fevereiro de 2011.

AULER, J. R. et al. Impacto da evolução futura dos preços dos ovos no desempenho de uma granja de aves de postura comercial. Revista Universo Contábil, Blumenau, v. 5, n. 2, p. 58-70, abr./jun. 2009.

BOARETTO, T. N. Melhoramento genético em frangos de corte. Revista Formação Informação Zootecnia. v.1, n.1, maio 2009.

LANA, G. R. Q. Avicultura. Ed. Rural. Recife: UFRPE, 2000.

RIZZI, A. T. A indústria de frangos no Brasil: constituição e transformações. In: III
CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA ECONÔMICA, 1999, Curitiba. Economia
Urbano Industrial. v. 1, p. 1-1, 1999.

THOMAS, J. A.; SULZBACH, T. M.; HOFER, E.; - UNIOESTE CAMPUS MARECHAL. CÂNDIDO RONDON - V. 7 Nº 13 - 2º sem 2007 - P. 65-82 - ISSN 1679-348X.
União Brasileira de Avicultura (UBABEF), São Paulo, 13 de janeiro de 2011.

VENTURINI, A.; I SIMPÓSIO DA AVICULTURA CAPIXABA. Vitória ? ES, 14 de agosto de 2008.

VIEIRA, N. M.; DIAS, R. S.; Sistemas Agroalimentares e Cadeias Agroindustriais. Departamento de Economia - DEE Universidade Federal de Viçosa - UFV Av. P. H. Rolfs nº 425/1001, Centro; Viçosa ? MG.

TINÔCO, I. DE F. F.; Avicultura Industrial : Novos Conceitos de Materiais, Concepções e Técnicas Construtivas Disponíveis para Galpões Avícolas Brasileiros. Revista Brasileira de Ciência Avícola. vol.3 no.1 Campinas Jan./Apr. 2001.

Autor: José Renato Silva


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