Entrando numa casa abandonada.




Entrando numa casa abandonada




Isto me ocorreu aqui mesmo na cidade de São Caetano do Sul que, diga-se de passagem, é um belo município de São Paulo. Cidade limpa e arborizada ideal para alguém como eu. Além do que, as pessoas aqui pouco se preocupam com a vida dos outros; no melhor dos sentidos é claro.
O que naquela ocasião, não me pareceu tão oportuno, tendo em vista que, da cabeça aos pés não havia parte do meu frágil corpo que não estivesse úmido. Em outras palavras, eu estava era encharcado mesmo, e o frio que eu sentia não o desejava nem para um "groenlandês".
As pessoas... Imaginava eu - deviam estar confortáveis e aquecidas no "regaço cômodo" de suas casas estucadas, ao passo que, em algum lugar daquela "calorosa cidade" uma alma frívola e amargurada pelas intempéries da vida sórdida que levava vagava só e sem direção. Só para lembrar, não havia porta que já não tivesse tentado e isso pra mostrar a minha situação real e desprovida do que alguns chamam "sorte".
Mas por falar em sorte, quero entrar no mérito da questão e relatar o que, entretanto, veio a ser o mais curioso nesta intrínseca memória de alguém que lembra não por gosto, mas por desabafo.
Como disse, chovia incessantemente e o vento me levava ao seu bel prazer sem falar dos raios e trovoadas que me atordoavam impiedosamente naquela tarde. Não, não foi por acaso, que entrei meio desnorteado naquela rua estreita de paralelepípedos (cousa que já nem se vê mais hoje em dia) para ser contemplado por a maior sorte, ainda que cético em relação a isto, mas... Foi o que aconteceu de fato.
Era demasia (eu sei) achar que aquilo tinha a ver com algum merecimento de minha parte, no entanto, quantas pessoas seriam capazes de esquecer a porta dos fundos aberta e tão convidativa num dia como aquele. Pois foi exatamente o que aconteceu com este pobre e desgarrado que vos fala, sem mais nem menos ao passar por aquela rua, convidativamente uma porta aberta piscava para mim, alguém que nem se quer tem habilidades o bastante para dizer não à algo desta natureza.
Respirei e fui entrando porta à dentro, ousada e inconseqüentemente só conseguia pensar num delicioso peixe e um canto quente pra me recostar no cair da noite. Ufa!! Pensei comigo... parece ter chegado ao fim a peregrinação. Bom, por enquanto todo bem até aqui, a coisa ta tão fácil que faltou alguém pra me beliscar. Aiaaaaaai! Gritei contra aquele ato de agressão sobre a minha inocente pessoa. Mais o que foi isso? Pensei... A esta altura do campeonato o que eu menos esperava era aquele cão engalfinhado em minha perna que por pouco não a arrancou com suas presas salivantes e serrado. Sem muito tempo pra pensar risquei-lhe o rosto com minha direita cavando uma chance de fugir apressadamente, pois, se entrar numa casa abandonada foi tão conveniente agora se tornava imprescindível a certeza de que eu a estava abandonado em definitivo. Também, era muito pensar que este humilde bichano de rua sereia digna de tão vasta regalia.


Lindojonhson Holanda
20/08/2009






Autor: Lindojonhson Holanda Pereira


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