Inclusão Escolar



INCLUSÃO ESCOLAR

Falar em inclusão significa depor-se de todo e qualquer preconceito, seja de ordem física, psíquica, espiritual ou intelectual. Significa trabalhar-se em primeira mão no sentido de quebrar as arestas que impedem as pessoas de serem mais evoluídas no convívio com as diferenças.
Imagine uma sociedade só de iguais na qual todos agissem e reagissem de uma mesma forma. Quão pobre seria! Estaria subtraída de uma evolução dinâmica já que todas as ações estariam bloqueadas numa só direção.
E então, é fácil ser diferente num mundo de "iguais"?

As diferenças enriquecem, dinamizam, põem fim ao enfadonho e despertam novas necessidades, seguidas de novas atitudes. Porem não tem sido fácil abraçar o diferente quando se está acostumado seguir uma mesma direção. Assim tem sido o desafio ora enfrentado pelas Instituições Escolares mediante a necessidade da inclusão.
Para as escolas, não basta cumprir a legislação matriculando alunos especiais como quem abriu as portas às diferenças. É necessário sim, adaptar-se em sua estrutura física e pedagógica assumindo novos parâmetros que englobem a coletividade. É preciso acordar para o fato de que na inclusão não há espaço para preconceitos, mas para o acolhimento, aceitação e adequação sem hiatizar os "normais" dos ditos "especiais". Pois é justamente essa diversidade que provoca o efeito caleidoscópico em que cada peça é essencial para a construção de uma imagem significante. Faz-se necessário abraçar as diferenças sejam estas brandas ou não. Só não é válido permanecer num processo de segregação ilusória achando que já fez tudo, quando ainda se quer fora encarado com seriedade esse processo tão propagado pelas escolas.
Não estaria a inclusão escolar tornando-se um tanto excludente?
Levando em conta o período do regime político autoritário em que sobressaía o nacionalismo exacerbado de onde emergia a necessidade de união da nação em função de um poder centralizador sufocando a voz e a vez o povo, nascia também o mito de ?um Brasil sem preconceitos no qual todos seriam tratados igualmente? (Nova Escola, 09/03). Essa idéia mitológica tem repercutido fortemente sobre o sistema educacional que por sua vez ainda não conseguiu absorver a filosofia do respeito às manifestações de singularidade de cada grupo e de cada indivíduo enquanto pessoa portadora de determinada necessidade. Portanto é necessário pensar e repensar a questão da inclusão escolar de uma forma globalizante em que as escolas em sua estrutura física devam estar preparadas e adequadas aos inúmeros tipos de especialidades. O corpo docente por sua vez precisa amparar-se numa formação contínua, bem como o quadro demonstrativo de funcionários deve ser ampliado açambarcando um número de profissionais qualificados para o trato com as necessidades emergentemente surgidas. Necessita um grande avanço na proposta pedagógica cabendo a esta uma flexibilidade tal no sentido de contribuir com a plasticidade de uma prática educacional divergente da que nos propõem as políticas de educação. Desta forma, não basta às escolas imaginarem se preparadas no desempenho dessa missão desafiadora , só porque fora construída em sua entrada uma rampa de acesso para cadeirante, ou colocado um corre mão no interior dos sanitários, ou ainda porque professor X ou Y participaram de palestras sobre inclusão escolar. E as demais necessidades, como a psíquica, por exemplo, que em muitos casos se revelam a longo prazo? É preciso assistência às escolas!
O problema que afeta todo o sistema educacional nesse sentido parece estar ligado à falta de políticas públicas de inclusão educacional que venha de fato atender à demanda em todas as suas dimensões. É necessário investimentos, mas será que as instâncias estaduais e municipais estão preparadas para esse fim? Ou estão procurando incutir outra filosofia a ser incorporada pelos demais segmentos da sociedade?

Para refletir:
No seu entender, o que realmente deve oferecer a escola para trabalhar a inclusão?
Como vê acolhe as diferenças no seu dia a dia?
Você se julga preparado(a) para lidar com situações especiais? Por que?
E na sua escola, como pensaram o Projeto Político Pedagógico nesse sentido?

Referência
Revista Nova Escola. Setembro de 2003

Valdina Germano Soares
Prof.Língua Portuguesa e Ensino Religioso
Especialista Metodologia do Ensino

Autor: Valdina Germano Soares


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