Primeira impressão



Ouvi uma pérola digna de ser compartilhada. Profissionais dos mais variados segmentos têm investido em equipamentos, carros, acessórios e roupas para impressionar seus clientes. Isso mesmo. Antes de conquistar o trabalho, o cidadão faz um papagaio no banco para dar o ar da graça em grande estilo na reunião. Carro do ano e de alto padrão, Ipad, Ipod, Ioraioqueoparta, roupas de grife, relógio Patek Philippe, Rolex, Omega.
Isso faz algum sentido? Que tipo de cliente se deixa levar pelo que o fornecedor tem, com exceção da qualidade em produtos e serviços, prazo de entrega, valor e condição de pagamento?
Ter uma boa aparência numa reunião é um pré-requisito independente do que se vai vender. Afinal a primeira impressão é a que fica, mas distorcer a verdade é forçar a barra a um nível surreal.
Não dá para qualquer cliente com o mínimo de bom senso fechar negócio com um cara que apareça trajando uma camiseta regada, pelos das axilas e costas saltando, calçando havaianas, por mais que seja cool, e para piorar o impacto, revelando suas unhas dos pés grandes e sujas.
Fiquei estupefata há alguns meses quando vi o lavador de carros manobrar um Land Rover. Comentei com o indivíduo ? Você não tem medo de dirigir um destes? E se bater? O ser respondeu: Claro que tenho, o carango nem seguro tem. Eu falei: Como assim não tem seguro? Quem tem um carro deste valor e não faz seguro? Ele disse: Vixi dona, o cara tá pagando a prestação e faltam mais de 5 anos. Não dá para pagar o carro e o seguro. Ele tem esse automóvel para impressionar os clientes. Se ele não for vendedor de carro da mesma marca, não consigo entender como o prospect dele pode se deixar impressionar.
No meu prédio há um morador que tem um destes carros que parecem caminhões. Uma marca importada japonesa. Qual não é minha surpresa quando recebo a prestação de contas da administração e me deparo que a criatura deve o condomínio há mais de um ano. E aquela preciosidade na garagem? Ele precisa para trabalhar. Não pode ser um carro mais normal? Se ele vender esta jóia, paga o condomínio atrasado, compra outro carro e ainda sobra um troco. Pensei cá com os meus botões, pera lá, gente amiga. Se ele não paga o condomínio, eu é que estou bancando também, a despesa é rateada entre todos os moradores, certo? Se arco com esta valor extra tenho direito a andar na carruagem.
Resta saber se algum cliente ou futuro cliente vai me contratar por causa do carro, pelo meu visual, pelo meu celular, pelo meu notebook. Pelo rumo das negociações, a competência para desenvolver o trabalho não tem sido levada em conta.
Baita inversão de valores.


Marot Gandolfi


Autor: Marot Gandolfi


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