Educação Ambiental nas escolas brasileiras



A Educação Ambiental nas escolas brasileiras Edeilson Pereira Costa Aguiar RESUMO Este trabalho mostra de forma sintetizada o papel e a importância da escola no desenvolvimento da Educação Ambiental, apresenta alguns dados divulgados pelo governo federal a cerca do tema em estudo e mostra conclusivamente que uma boa formação inicial e continuada para professores é fundamental para que as atividades desenvolvidas nas escolas possam modificar a forma de relacionamento do homem com o meio ambiente. Palavras-chave: Educação; Escola; Meio Ambiente. 1 INTRODUÇÃO Os problemas ambientais que o mundo vem enfrentando exigem uma mudança urgente do modo como o homem utiliza os recursos naturais. É necessário criar na sociedade uma visão ampla de meio ambiente para que todos entendam a complexidade da realidade social, econômica e ambiental, que são coisas que estão diretamente ligadas. Os problemas sociais e econômicos influenciam diretamente nos problemas ambientais, por isso a escola que é uma instituição educacional torna-se fundamental no trabalho desta temática que envolve questões relacionadas com a conservação do meio ambiente e também com a formação de cidadãos conscientes capazes de compreender que o homem é parte integrante do meio ambiente e que suas ações sobre os recursos naturais causam impactos que podem causar muitos danos a todos os tipos de vida existente no planeta inclusive a dele próprio. A temática ambiental está atualmente sendo trabalhada praticamente em todas as escolas do Brasil, sendo assim neste trabalho fala-se brevemente da Educação Ambiental nas escolas destacando alguns artigos da lei que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental, na seqüência apresenta-se alguns dados sobre a EA desenvolvidas nas escolas do Brasil e analisados de forma discursiva, finalizando destaca-se de forma conclusiva a importância da instrumentalização das escolas tanto em recursos para aprendizagem quanto na capacitação dos profissionais envolvidos no processo educacional. Acredita-se que a escola deve exercer seu papel educacional e desenvolver trabalhos voltados à construção de um novo paradigma de sociedade, reeducada para desenvolver atividades que amenizem os impactos ambientais negativos. Dessa forma, justifica-se a escolha do tema do presente trabalho. 2 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS A educação ambiental deve está presente de forma contínua na vida de todos os seres humanos. A escola por ser responsável pela formação de cidadãos aptos a exercer sua cidadania de forma plena, deve buscar alternativas que trabalhe as questões ambientais de forma teórica e prática com a participação da comunidade na qual ela está inserida visando trabalhar localmente com visão global da situação ambiental da atualidade. É baseada nessa premissa que as escolas devem estimular os alunos a desenvolver hábitos sustentáveis dentro de sua comunidade para que suas ações tenham como conseqüência a sustentabilidade social, econômica, ecológica, cultural e espacial da comunidade na qual está inserida. Dessa forma o trabalho da EA no âmbito escolar deve ser desenvolvido de forma que crie na população uma mudança de paradigma das atitudes do ser humano com o meio ambiente. A escola por tudo que já foi dito tem relevante papel no processo de mudança de pensamento do homem para com as questões ambientais. A educação formal é o cerne dessa mudança de paradigma, pois ela permite um conhecimento mais sistemático e organizado dos assuntos relacionadas com as questões ambientais. A Lei nº 9.795/99 que estabelece a Política Nacional de Educação Ambiental, em seu artigo 3º, inciso II, prescreve que cabe às "instituições educativas promover a Educação Ambiental de maneira integrada aos programas educacionais que desenvolvem" (BRASIL, 1999). A EA ambiental nas escolas deve ser trabalhada de forma interdisciplinar de maneira que desenvolva nos discentes a capacidade de contextualizar os problemas ambientais com os diversos campos de atividades humanas. Todos os níveis de ensino devem elaborar atividades ambientais dentro da transversalidade do tema respeitando a capacidade de cada faixa etária, mas visando sempre a conscientização para uma nova visão da realidade. Reiterando tal afirmação o artigo 9º da Lei já citada deixa claro que: Entende-se por Educação Ambiental na Educação escolar a ser desenvolvida no âmbito dos currículos das instituições de ensino públicas e privadas, englobando: I ? Educação Básica: a) Educação Infantil; b) Educação Fundamental e c) Educação Média; II ? Educação Superior; III ? Educação Especial; IV ? Educação Profissional; V ? Educação de Jovens e Adultos (BRASIL, 1999). As escolas devem trabalhar a EA de forma que crie nos alunos a idéia de que a transformação nos hábitos da sociedade passa pelo dever de cada cidadão exercer seu poder de cidadania para que tenhamos uma sociedade mais consciente e capaz de entender que o a espécie humana é componente do meio ambiente e não dona dos recursos naturais. Por essa razão, a escola que permanece presa a um modelo puramente de transmissão dos conhecimentos gerado de conteúdos preestabelecidos, que não se encontram inseridos no contexto atual de discussões, coloca os alunos à margem do novo conceito de aprender. Entretanto não se trata de desqualificar os conteúdos disciplinares e sim repensar a melhor forma de sistematizá-los, contextualizando-os com a vida real, uma vez que as informações contidas em livros, computadores e as próprias experiências acumuladas culturalmente servirão como base para que possam ser utilizados como recursos ou instrumentos de compreensão da realidade e resolução de seus problemas (MARTINS, 2004, p. 43). 2.1 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE ALGUNS DADOS SOBRE EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS Esta parte do trabalho destina-se a apresentação análise de alguns dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) a respeito da EA nas escolas de ensino fundamental do Brasil. Entende-se que essa etapa de ensino seja uma das mais importantes para a formação de cidadãos que se preocupem com o coletivo e não apenas com o lado individual. Segundo Neide rocha apud Aquecimento Global (2007, p.44) "a Educação Ambiental é um canal de sensibilização, conscientização e mudança de atitude da sociedade, com capacidade efetiva para mobilizar cada cidadão na defesa do planeta para a população atual e para as futuras gerações". Dessa forma a presença da EA nas escolas é de extrema importância para o desenvolvimento sócio-ambiental da sociedade. De acordo com (TRAJBER; MENDONÇA, 2007, p. 14) "em 2001, 61,2% das escolas do ensino fundamental declararam trabalhar com Educação Ambiental e, em 2004, este percentual sobe para 94% das escolas. Com esse dado, podemos afirmar que a prática de Educação Ambiental se universalizou nos sistema de ensino fundamental no País". Destaca-se que esses dados foram obtidos em uma pesquisa desenvolvida pelo MEC. Observa-se que houve em três anos um aumento considerável no número de escolas na qual a EA está presente, isso mostra que o interesse das instituições pela temática ambiental é cada vez maior o que é importantíssimo para que possamos buscar novas maneiras de trabalhar as questões ambientais de tal forma que possibilite a todos uma nova visão do relacionamento entre o homem e a natureza. Porém, apesar da presença da EA está em quase todas as escolas do Ensino Fundamental em 2004 apenas 8% apresentavam trabalhos de interação com a comunidade. Outra questão que preocupa é a questão dos resíduos sólidos produzidos pelas escolas, onde se constatou um aumento no número de escolas que queimam seu lixo. "Em 2001 36% das escolas queimavam o lixo, já em 2004 esse número aumentou para 41%" (TRAJBER; MENDONÇA, 2007, p. 15). Ainda sobre o destino do lixo produzido pelas escolas os números oficiais de uma pesquisa divulgada pelo MEC em 2006 mostram que 49,3% das escolas que declararam realizar Educação Ambiental usavam a coleta periódica para dar fim a seu lixo, 41,3% queimavam resíduos e 11,9% jogavam descartes em outras áreas. Reuso ou reciclagem foram registrados em apenas 5% das instituições (BOURSCHEIT, 2010, p.35). Observe a disposição dos dados no gráfico 3, destaca-se que a soma das porcentagens totalizam mais de 100% devido ao fato de que algumas escolas amostradas na pesquisa citada realizam duas ou mais atividades daquelas que foram mencionadas. Portanto ha muito para melhorar no quesito tratamento do lixo pois o número de escolas que reutilizam ou reciclam de alguma forma seu lixo é muito baixo e isso acaba sendo controverso ao discurso das escolas com relação a EA, o que mostra que a teoria ainda está muito distante da prática. Isso preocupa porque a escola é um dos órgãos que deveria dar exemplo para a sociedade e buscar desenvolver sempre atitudes que contextualize a base teórica com a vivencia prática. Para que isso realmente é necessário melhorar a formação de professores e gestores educacionais que devem ser capazes de conduzir um processo de relação com a realidade para se construir um novo modelo de conhecimento pautado na relação direta entre teoria e prática para que a escola possa desempenhar seu papel e mostrar para a sociedade a importância de trabalhar as questões ambientais de forma contextualizada, pois o nível de degradação hoje exige medidas que causem transformações profundas na sociedade. Com relação aos objetivos das escolas com a EA apresenta-se a seguir alguns dados adquiridos em uma pesquisa desenvolvida pelo Ministério da Educação no desenvolvimento do projeto intitulado como "o que fazem as escolas que dizem que fazem Educação Ambiental". Foram entrevistadas nesta pesquisa 418 escolas das cinco regiões brasileiras, dessas 39% apontaram que os objetivos das atividades relacionadas a temática ambiental têm o objetivo conscientizar para a cidadania, 13% responderam sensibilizar para o convívio com a natureza, 12% disseram compreensão crítica e complexa da realidade sócio-ambiental e 36% responderam outros objetivos eu não serão abordados neste trabalho. Esses dados deixam claro que a maioria das escolas brasileiras procuram trabalhar a conscientização dos problemas ambientais para que os alunos sejam capazes de exercer a cidadania. Acredita-se que a conscientização para a cidadania e a sensibilização para o convívio com a natureza seriam alcançados se essas escolas trabalhassem a EA em sua abrangência total e buscasse criar nos alunos a capacidade de compreender a complexidade da realidade sócio-ambiental de sua comunidade para que eles possam ter um conhecimento amplo, e através de uma visão crítica desenvolver seu aprendizado com autonomia. As escolas devem buscar alternativas que busque de forma efetiva o desenvolvimento de atividades que possam alcançar esses objetivos para que possamos encurtar a distancia enorme que ainda existe entre a teoria e a prática da EA ambiental nas escolas brasileiras. 3 CONCLUSÃO Com a leitura das fontes de pesquisa utilizadas e os dados apresentados no desenvolvimento deste trabalho conclui-se que as escolas brasileiras ainda estão muito distantes de realizar uma Educação Ambiental que atinja toda sua amplitude e consiga fazer transformações profundas na sociedade. A necessidade de mudança é notória, o que se observa hoje na natureza é conseqüência de um uso indiscriminado dos recursos que o homem um dia acreditou ser inesgotável. As catástrofes ambientais, as poluições do ar, da água do solo e a escassez de substancias essenciais para a vida exigem da espécie humana um novo modelo de relacionamento com a natureza baseado na sustentabilidade. Para que isso aconteça é preciso que a sociedade seja reeducada de forma profunda, e que cada cidadão entenda que é responsável pela conservação do meio ambiente. A escola tem uma importância muito grande nesse aspecto por ser um local onde o conhecimento é transmitido de forma sistêmica, dessa forma permite a todos envolvidos uma visão complexa da realidade social econômica e ambiental. A educação formal é sem dúvida uma das principais ferramentas para o desenvolvimento da Educação Ambiental, mas não podemos jogar todo o peso em cima da escola. A EA deve está presente em todos os locais de convívio dos seres humanos para que o pensamento de desenvolvimento sustentável seja transmitido de pessoa para pessoa, de grupos sociais para grupos sociais, é dessa forma que conseguiremos provocar uma mudança no modo de agir da sociedade. A educação ambiental desenvolvidas nas escolas ainda está longe do ideal, mas já tivemos um avanço muito grande e para alcançarmos resultados mais expressivos é preciso que haja investimentos nas escolas para que elas possam está instrumentalizadas com recursos e com profissionais capacitados para desenvolver atividades que possam atender as necessidades da demanda. Assim acredita-se que uma boa formação inicial e continuada aos profissionais da educação é fundamental para que as escolas possam desenvolver uma Educação Ambiental capaz de provocar profundas mudanças na sociedade e despertar no mundo desejo de desenvolvimento sustentável e não apenas de crescimento econômico. 4 REFERÊNCIAS AQUECIMENTO GLOBAL. Planeta em extinção, São Paulo: On Line, 2007. Coleção Especial. BOURSCHEIT, Aldem. Educação Ambiental: Ciência e desenvolvimento sustentável. Com Ciência Ambiental, São Paulo: Lua Nova, nº 27, 2010. BRASILIA: Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA): Lei n° 9.795 de 27/04/1999. MARTINS, Luzenice Macedo. Guia didático de Educação e Meio Ambiente. São Luis: UEMA, 2004. TRAJBER, Rachel; MENDONÇA, Patrícia Ramos. O que fazem as escolas que dizem que fazem educação ambiental. Brasília: Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Aprendizagem, 2007. Disponível em: . Acesso em 10, out. 2010.
Autor: Edeilson Pereira Costa Aguiar


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