RESENHA DO TEXTO: "SURDEZ, EDUCAÇÃO DE SURDOS E SOCIEDADE"



RESENHA DO TEXTO: "SURDEZ, EDUCAÇÃO DE SURDOS E SOCIEDADE"
(ANGELA CARRANCHO DA SILVA)


O estudo sobre surdez nos remete analisar o processo de desenvolvimento social, cultural e educacional do sujeito surdo. Assim como, possibilitar um melhor entendimento sobre como a surdez é definida, como é visualizada pelo mundo ouvinte além de, fornecer informações sobre o processo educativo dessa criança, o que vem sendo discutido a um bom tempo.
Nessa perspectiva Angela Carrancho da Silva ainda aborda a aquisição da linguagem, pois torna-se importante ressaltar a linguagem como meio de comunicação e de integração da criança surda, ao meio em que vive e a cultura local.
Sendo assim, o sistema lingüístico fonte de confronto entre idéias e visões filosóficas e metodológicas, porém ambas com o mesmo objetivo, ressaltam a importância da linguagem para o sujeito. Desta forma, o século XVI e XVII apóia majoritariamente a visão oralista, onde "acreditavam que o pensamento só era possível por meio da língua oral" (SILVA, 2008, p.20).
Isso significa que o surdo deveria oralizar assim como o ouvinte. O que coloca a escrita como conseqüência da fala. No entanto isso nos permite apontar para a questão da aprendizagem mecanicista que esta criança terá. Além de, perceber que o surdo jamais terá a mesma dicção que um ouvinte. Pela dificuldade auditiva o sujeito pode até ser estimulado a oralizar, sendo que torna-se apenas uma possibilidade ele conseguir se expressar oralmente, o que compromete sua aprendizagem.
Por isso, a partir do século XVIII esta visão começa a ser quebrada, e a língua de sinais defendida pela corrente não-oralista propõe um intercâmbio entre os surdos e entre surdos e ouvintes. As garantias individuais do surdo e o pleno exercício da cidadania alcançam respaldo institucional decisivo com a lei federal n°10.436 de abril de 2002, em que é reconhecido o estatuto da Língua Brasileira de sinais como língua oficial da comunidade surda.
Logo, o aprendizado da língua de sinais pelos docentes exigindo destes capacitação profissional, comprometimento e habilidade, promove as práticas sociais, onde a partir de então os mesmos transmitem a língua falada e escrita do grupo social ouvinte para os surdos.
Além de o cognitivismo permear a aquisição da linguagem, o meio pelo qual se adquire a mesma nos remete observar uma variedade de efeitos. São as teorias que a indagam, as etapas que nos auxiliam a identificar cada fase da criança. Como Zanini (1990) ao analisar o balbucio, que por sinal é retido mais cedo nos surdos devido o pouco ou nenhum estímulo auditivo, os enunciados de uma ou várias palavras, que nos surdos é voltado para a escrita.
Nesse contexto, o modelo bilíngüe é estabelecido para facilitar o desenvolvimento cognitivo e social do surdo. No que concerne a inserção do mesmo à cultura ouvinte já que, o possibilita adquirir uma segunda língua (L2), o português.
Neste processo, o ensino de português, é canalizado para o letramento, onde a alfabetização da criança é estimulada desde cedo na construção cultural e social através da escrita. Esta é o meio pelo qual possibilita a integração do surdo ao mundo letrado, onde eles podem construir um processo histórico, cultural, de convívio e entre pessoas. E onde a língua brasileira de sinais, língua materna, promove também a interação social.
Sendo assim, por mais que mantenha a complexidade igual ou maior que a língua portuguesa, o surdo deve se adequar à língua que lhe trouxer maior conforto, adaptação e facilidade para articular e apreender conhecimentos e informações à sua pessoa ou num todo à sua comunidade.
Contudo, os esforços para a promoção do processo de ensino-aprendizagem bilíngüe encontram suas dificuldades. Entre elas, percebem-se dificuldades na estruturação gramatical de frases, não utilizando pronomes, artigos, preposições e conectivos para provocar um sentido mais completo ao texto.
Por fim, podemos ainda evidenciar que as dificuldades não giram em torno apenas das limitações que os surdos sentem na elaboração de um texto. Mas, nas restrições que sofrem no meio social, numa sociedade dominadora e onde a escola reproduz o esquema de dominação. Logo, o quadro educacional começa a falhar quando dentro do âmbito escolar classificam, rotulam e até fazem diagnósticos entre os indivíduos.
Isso nos demonstra como o sistema educacional ainda nos deixa a desejar e para que ocorram mudanças é necessário iniciar por nossos próprios comportamentos e modos de pensar. Assim, o cotidiano escolar poderá rever o verdadeiro sentido de inclusão social.



REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

SILVA, Angela Carrancho da. Ouvindo o silêncio: educação, linguagem e surdez. Porto Alegre: Mediação, 2008. 136p.

FÁDIA, Gonzalez Zanini. In: Supotes Linguisticos para a Alfabetização. Ed: Maria Tasca e José Marcelino Poersch.1990,Ed. Sagra. Pag. 43-69.


Autor: Joyce Profeta Souza


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