Resenha A escrita da história



RESENHA
AURELL, Jaume. A escrita da História: Dos positivismos aos pós-modernismos. São Paulo. Cita-Brasil, 2010.
José Ribeiro Costa *
O capítulo V vem discutindo o tema O Pós-Modernismo e a Prioridade da Linguagem, neste Aurell abre falando sobre os anos setenta como período para desenvolvimento da historiografia, no contexto da revolução cultural, que para alguns marca o nascimento do pós-modernismo. Apresenta o conceito de pós- modernidade a partir da perspectiva da linguagem como apropriação da historiografia.
Observa que a maior dificuldade do movimento pós-moderno é o da sua fixação metodológica e epistemológica, pois o pós-modernismo é um conjunto de epistemologias e metodologias, mais do que uma corrente intelectual propriamente. E ainda aponta que o maior problema do pós-modernismo historiográfico é sem duvida a falta de referências na prática, ou seja, se fala muito em pós-moderno, há muita atitude teórica, porém não há uma referência prática no que concerne a obras ou discurso que se afirmem como tal corrente historiográfica. No entanto essa pode ser considerada a mais forte crítica ao pós- moderno.
Contudo, um dado é positivo, pois o pós-modernismo oferece ao historiador que seus princípios servem para corrigir erros de visão, mais rigor de analise, melhor contextualização e consciência sobre a objetividade de interpretação. O diálogo interdisciplinar nos anos setenta fora intenso no seio das ciências sociais, procurando superar os esquemas do estruturalismo e do materialismo histórico.
Em pleno século XX a história passa por uma transformação, e evolui desde os limites impostos pela disciplina até uma reflexão teórica interdisciplinar, apoiada no estudo das epistemologias e nas correntes intelectuais. Surge o resultado de um estudo cada vez mais sutil da história, porque os historiadores refletem sobre o contexto social, institucional e político.
O campo da linguística enriqueceu as relações entre história e antropologia, produzindo uma tripla relação, cuja, torna compreensível a evolução histórica. Aurell, diz serem os primeiros Annales a utilizar a linguística para demonstrar a possível aproximação dos raciocínios de uma época por meio da análise de sua linguagem. Assim o giro linguístico influenciou notavelmente a disciplina histórica e teve ricas consequências para historiografia, no qual o autor ressalta ser mais importante o aperfeiçoamento das técnicas do relato e da narração histórica, aumentando a divulgação de algumas obras. O retorno a narrativa parece ter facilitado o retorno de velhos temas de pesquisa, dotando de uma metodologia e forma renovada, uma nova articulação do discurso.
Fala-se de uma revolução historiográfica nos anos setenta, onde paradigmas que dominaram durante o século XIX e parte do XX parecem perder sua eficácia, onde o historiador está condicionado pelos sinais linguísticos do documento e dos quais ele mesmo utiliza.
Ainda discute uma estrutura verbal em forma de discurso em prosa narrativa, dizendo que a escrita da história não se diferencia da poesia, do relato, pois a narração histórica depende de um nível mais profundo, quase inconsciente e irracional, do qual o historiador realiza um ato poético, onde no panorama historiográfico atual crescem os debates sobre o relativismo histórico.
O Historiador espanhol Aurell traz neste capítulo uma linguagem esclarecedora sobre a escrita da historia no que concerne aos elementos pós-modernos e apropriação da história à linguística e interdisciplinaridade com outras ciências sociais, das quais, interessam tanto a discussão acerca do retorno a narrativa e sobre a poética histórica. Confirmando a prioridade da linguagem como referência do que resta ao cientista experimental, ao cientista social, ou seja, o historiador.
* Aluno de especialização em História da região nordeste daUERN.
Autor: José Ribeiro Costa


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