ENSINO TÉCNICO VERSUS ENSINO SUPERIOR



ENSINO TÉCNICO VERSUS ENSINO SUPERIOR:
A DIFÍCIL LUTA PELA FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Hebison Almeida Dos Santos
Simone Sicora Poleto

RESUMO
O presente trabalho possui seu desenvolvimento baseado em pesquisas bibliográficas, acerca das dificuldades de acesso dos estudantes a formação profissional, pois os estes após o término do ensino médio devem escolher em relação a sua formação profissional, chega o momento de escolher pelo ensino técnico profissional de nível médio ou pela formação acadêmica, este trabalho se inicia com uma introdução na parte histórica de formação da educação técnica profissional no Brasil, analisando-se esta modalidade que desde cedo foi entendida como uma educação de segunda classe, após a análise da educação técnica, direciona-se o olhar para verificar o perfil do aluno na educação superior, para a analise da educação superior foram utilizados dados realizados pela pesquisa de alguns professores, sendo que estes dados mostram o tipo de classe que é mais comum nas universidades, e através dos dados se discute as desigualdades de acesso ao ensino superior e os programas do governo através do MEC para amenizar estas desigualdades , por final é feita uma relação entre as duas frentes de formação profissional, colocando-os em confronto afim de analisar as dificuldades encontradas pelos estudantes ao optarem por uma dessas instituições de formação profissional.
Palavra-chave: Ensino técnico profissional de nível médio. Ensino superior. desigualdades no acesso. classes sociais.
INTRODUÇÃO
Atualmente a formação profissional é muito importante na vida dos concluintes do ensino médio, podem-se diferenciar basicamente duas linhas de frente para a formação profissional, a primeira é a formação profissional através das escolas técnicas podendo ser feito após a educação básica ou concomitante a ela, e através das instituições de ensino superior.
Neste trabalho busca-se fazer uma análise mais critica sobre as formas de acesso a estes estabelecimentos de ensino e as desigualdades que ocorrem neste processo, desta forma far-se-á a análise de dados referindo-se a pesquisas realizadas por professores no âmbito da educação superior, estes dados referem-se ao perfil socioeconômico dos estudantes de alguns estabelecimentos de ensino superior, com analise destes dados se busca confrontar as duas realidades de formação profissional, pois é importantíssimo se ter a noção do perfil dos alunos egressos nas universidades e a dificuldades encontradas pelos alunos do ensino técnico para obterem qualidade em seus estudos.
CONHECENDO A HISTÓRIA DO ENSINO TÉCNICO PROFISSIONAL NO BRASIL
Falar sobre a história do ensino técnico no Brasil é de uma forma ou de outra um desafio, pois se encontra poucos documentos, trabalhos ou informações sobre este assunto. Sabe-se que esta modalidade de ensino foi de grande importância para o desenvolvimento do país, um dos primeiros registros da incidência do ensino técnico se dá por volta do século XIX, mais ou menos por volta de 1809 com a regência de D. João VI, que este criou uma espécie de escola de educação profissional, Tem-se então que a formação do ensino técnico está inserida em um campo educacional, e esta é definida pelas políticas do capital, que se relaciona a uma educação "propedêutica", que sugere um caminho à intelectualidade, e consequentemente ocorre uma educação voltada especificamente para o ensino técnico-profissional, ou para operacionalização.
Neste período surge a Escola de Belas Artes, cuja meta era proporcionar o ensino das ciências e oficio do desenho para mecânicos. Neste sentido, a dualidade estrutural desta modalidade, como revela KUENZER (1998:90), "configura-se como grande categoria explicativa da constituição do ensino profissional no Brasil". Ao referir-se a dualidade, reforça-se a ideia de duas estruturas diferentes da educação profissional, uma era voltada para um nível mais alto da sociedade e outro, para pessoas sem nenhuma oportunidade na vida. Devemos verificar que o procedimento histórico de constituição dessa modalidade de Ensino no Brasil, esteve sempre voltado para os interesses das classes mais elevadas da sociedade. Neste contexto os interesses são relacionados e determinados por variáveis não vinculadas somente à questão do ensino, e sim na grande maioria dos casos às relações de produção do capitalismo.
Neste contexto no decorrer dos anos, pode-se citar, por exemplo, a criação da casa do educando e entre outros como Artífices, esta com objetivo de cunho social para agir principalmente com menores abandonados. Um grande passo para uma inicialização de cursos de cunho profissionalizante é percebido com a criação dos Asilos da infância dos meninos desvalidados em 1854, que desde o momento em que estas pessoas ingressavam nestas instituições tinham aulas de alfabetização e assim que o finalizassem eram em seguida encaminhados a oficinas públicas e particulares. Para Manfredi(2002,p 76-77)
"Crianças e jovens em estado de mendicância eram encaminhados para essas casas, onde recebiam instrução primária [..] e aprendiam alguns dos seguintes ofícios: tipografia, encadernação, alfaiataria, tornearia, carpintaria, sapataria, etc."
Assim como também reforça kuenzer(1992), em relação a esse tipo de formação é a "preparação dos pobres, marginalizados e desvalidos da sorte para atuarem no sistema produtivo nas funções técnicas localizadas nos níveis baixos e médios da hierarquia ocupacional". Ao pautar o processo educacional para o trabalho com o projeto hegemônico capitalista, o Ensino Técnico termina manifestando a relação de poder e de classe nele permeada. No século XX o ensino técnico continua mantendo seu sentido assistencialista surge então uma necessidade de formar cidadãos capazes de exercer atividades em determinadas empresas, e por consequência estimular a economia brasileira.
Durante o pré-governo e o governo de Nilo Peçanha em 1909, foram criadas varias escolas aprendizes de ensino técnico no Brasil, que estas escolas terminariam culminando no inicio da rede federal, que anos depois seriam determinadas como CEFETs, estas escolas tem como principal meta ou propósitos de existências: A primeira, refere-se que o aumento constante da população das cidades exige que se facilitem as dificuldades sempre crescentes da luta pela existência; Já a segunda, refere-se para que isso se torne necessário não só habilitar os filhos dos desfavorecidos da fortuna com o indispensável preparo técnico e intelectual, mas também como fazê-lo adquirir hábitos de trabalho profícuo, que os afastará da ociosidade, escola do vício e do crime. Por volta de 1910, foram instaladas muitas escolas com caráter de oficinas destinadas à formação profissional de trabalhadores do setor ferroviário.
Neste contexto vale ressaltar que o Brasil vivia uma economia agrária e totalmente voltada para a produção, apesar de ter varias iniciativas voltadas para uma profissionalização melhor das classes mais elevadas, o ensino profissional era na verdade denominado por educação da pobreza. A educação de ensino técnico ou profissionalização teve boa parte de sua historia voltada para o segundo grau, reforçando-se que esta modalidade de ensino era direcionada para pessoas que não tiveram oportunidades profissionais, pois estas pessoas ao sair da alfabetização eram guiadas para as escolas construídas na época para a formação de atividades profissionais. Surge então pela primeira vez o que se pode dizer de dever do estado para as classes menos favorecidas, este dever foi tratado pela constituição de 1937. Até a década de 40, os cursos de ensino técnico possuíam iniciativas tanto pela parte privada como pela parte pública, com a reforma de Gustavo Capanema surge a "Lei Orgânica do ensino industrial", existiu então uma organização dos cursos, graus, currículos e entre outros que estruturam o ensino desta modalidade, em outras palavras o governo se mostra preocupado com a economia Brasileira, e a partir deste ponto há uma necessidade muito grande de mão-de-obra qualificada para a produção. Todo esse processo é elaborado com as parcerias com as indústrias, através de escolas que ensinem os filhos dos seus funcionários e pessoas relacionadas, essas iniciativas têm como principal meta atender o grande crescimento da indústria nacional neste período.
Com a criação das Leis Orgânicas do ensino Profissional, ocorreram a criação de entidades como o SENAI(Serviço nacional de aprendizagem industrial) e o SENAC(Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) que estas foram de grande importância para o desenvolvimento da economia Brasileira, ressalta-se também a mudança das antigas escola de aprendizes para escolas federais. Apesar das varias mudanças ocorridas o ensino técnico ainda é visto como uma educação de segunda categoria, pois para os mais "afortunados" era direcionada a escola secundaria ou normal, estas escolas tinham como por objetivo formar pessoas capazes de governar o pais. Percebe-se então um grande avanço no ensino técnico profissional como diz MACHADO (1982, p.42) "representou um marco na história do ensino industrial". Este avanço industrial, na verdade não representou uma "transformação substancial da participação do Brasil na chamada divisão internacional do trabalho" na visão de MACHADO (1982). Neste cenário de acontecimentos, o governo se mostra em contradição em relação ao desenvolvimento econômico do país, pois não conseguia absorver a mão-de-obra qualificada nesta modalidade de ensino.
No decorrer de todo este período se observa que o capital teve grande influência na construção ou na formação de uma grande mão-de-obra qualificada, pois por muito tempo as indústrias se mostraram em déficit de mão-de-obra e a partir disto surge então uma estimulação a formação de pessoas capazes de atender os anseios industriais da época, ou seja, os anseios capitalistas, e se por algum motivo não ocorreu à absorção da mão obra neste período, o capitalismo crescente foi uma das causas para este acontecimento. Na década de 50, o governo Brasileiro busca mudanças na estruturação da economia, pois o Brasil apresentava ate aquele momento uma economia agrária, ocorrem então grandes articulações entre as políticas de formação profissional e o quadro socioeconômico, que estas tinham como metas principais tornar um Brasil uma economia industrial, e isto de fato aconteceu como consequências dessas articulações. No governo de Juscelino Kubitschek ocorreu um grande desenvolvimento desta modalidade de ensino, por introduzi-lo às transformações do sistema econômico da nação. Com as novas demandas que surgiram desta expansão industrial fizeram do ensino profissional uma das prioridades defendidas pelos governantes nacionais. Más ainda permaneceram de forma implícita a ideia de que o ensino técnico ainda era destinada as camadas menos favorecidas da sociedade, pois o ensino secundário continuava tendo seu caráter propedêutico e voltado para a denominada classe economicamente favorecida sendo que para estes se reservam as universidades.
Com o golpe de 64, o Brasil passa por um processo de reestruturação política e econômica por consequência disto à tomada do governo pelos militares favoreceu a concentração do poder. Sob essas condições, o princípio educativo da formação profissionalizante foi idealizado com o objetivo de prover elementos humanos para a produção do capital. Em outras palavras na visão de Kuenzer (1997, p.15) "formar trabalhadores instrumentais e trabalhadores intelectuais". O desenvolvimento de uma educação profissionalizante neste período significou uma nova estratégia na formação de recursos humanos e uma qualificação acelerada de mão-de-obra, a educação tornou-se, em tal perspectiva, um filtro eficaz para a reprodução da hierarquia da sociedade, um instrumento capaz de promover, sem qualquer resistência, a força de trabalho necessária ao desenvolvimento econômico; desta forma, assegurou a produção e a distribuição do poder na organização social. O objetivo de estabelecer uma ralação lógica entre uma proposta pedagógica de educação e o modelo de desenvolvimento objetivado pelo governo fez com que a essência da educação fosse arquitetada de forma fragmentada.
Com o passar dos anos, a educação profissional no Brasil deixa de ser delimitada às instituições especializadas. Agora a educação profissional fica nas mãos da organização publica estadual, pois ate o momento à tarefa ficava sobre o domínio das entidades particulares e as de cunho federais. Mas um problema surgiu com as instituições públicas estaduais, pois estas não receberam apoio bastante para conseguirem atender as necessidades do país naquele momento, e como consequência não poderiam fornecer um ensino de qualidade para os discentes. Por mais que o governo crie caminhos para ampliação de suas estratégias para o ensino técnico profissionalizante, ainda existe o dualismo no sistema de ensino, uma quantidade de pessoas era formada para o saber teórico e outras para o saber prático. A relação dicotômica entre educação e trabalho, realçava novamente, a eliminação e a seletividade resultante da contradição colocada entre o capital (saber teórico) e o trabalho (saber prático).
Na década de 80, o Brasil vive neste período uma economia sustentável, vinculando a um grande desenvolvimento social, a educação foi idealizada como possibilidade concreta de melhoria de vida para a camada assalariada do setor produtivo. Na concepção de Ramos (1995, p.93), a educação passou a ser, mediante a este paradigma, arena das "medidas programadas para eliminar a pobreza, a desigualdade e o desemprego". A educação Técnica neste contexto teve suas atribuições especificadas pela hipótese do desenvolvimento sustentado com igualdade social. Esta modalidade de ensino organizou-se a partir da sua atuação em três níveis de saber, sendo eles: industrial, desenvolvimento tecnológico e o social. Segundo Biagini,
"O nível industrial, era destinado à qualificação da mão-de-obra demandada pelos mercados de trabalho, conforme suas especificidades técnicas. Quanto ao desenvolvimento tecnológico, a atribuição do Ensino Técnico era de desenvolver, adaptar e assistir as indústrias no uso de tecnologia. Já a sua tarefa voltada para o social estabelecia-se pela meta de promover a valorização do técnico através da qualidade de seu processo de formação e da inserção de seus egressos no mercado, como técnico".
De fato a legalidade da época não estimulava ou representava de forma correta o principal objetivo do ensino profissionalizante, não bastava apenas um texto bonito, mas sim atitudes no setor jurídico para que isso ocorresse, não aconteceu isto. O Ensino Técnico profissionalizante por volta da década de 90 vem se firmando, pois, a partir da trajetória ocorrida desta modalidade de ensino, essa mudança vem se firmando a partir do capitalismo liberal, na qual, a esfera social, política e econômica é estabelecidas pelas regras mercantis. Segundo a visão dos capitalistas a educação é o grande forte de uma nação para que esta possa se desenvolver em seu âmbito nacional e internacional, não apenas ensinar o teórico, mas sim estimular a pratica nas escolas de tal forma que estimule a criação intelectual de nossos alunos, e a partir da aplicação do conhecimento direcionando-se as metas para que o individuo possa aprender a aprender. Segundo Biagiani, "Neste sentido, o propósito de inovação é concebido por uma intencionalidade técnica e social que se transforma em projeto educativo, a fim de que seja ensinado e aprendido."
A noção da dualidade no ensino brasileiro fica a partir de agora restabelecido, pois esta é formada pela educação básica composta pelo ensino básico(Educação infantil, fundamental e média) e pelo ensino técnico profissional, também neste mesmo contexto é definido o ensino médio integrado ao ensino básico. No ano de 1997 foi elaborado o PROEP (Programa de Expansão da Educação Profissional), já em 2004, O MEC(Ministério da educação) através da SEMTEC(secretaria de educação média e tecnológica) produziu um documento cujo conteúdo era destinada as políticas publicas da educação profissional e tecnológica. Neste documento temos que:
"A educação profissional e tecnológica, em termos universais, e, no Brasil, em particular, reveste-se cada vez mais de importância como elemento estratégico para a construção da cidadania e para uma melhor inserção de jovens e trabalhadores na sociedade contemporânea, plena de grandes transformações e marcadamente tecnológica. Suas dimensões, quer em termos conceituais, quer em suas práticas, são amplas e complexas, não se restringindo, portanto, a uma compreensão linear, que apenas treina o cidadão para a empregabilidade, e nem a uma visão reducionista, que objetiva reducionista, que objetiva simplesmente preparar o trabalhador para executar tarefas instrumentais. No entanto, a questão fundamental da educação profissional e tecnológica envolve necessariamente o estreito vínculo com o contexto maior da educação, circunscrita aos caminhos históricos percorridos por nossa sociedade." (SEMTEC/MEC, 2004, p. 6)
Neste documento verifica-se a educação técnica definida para todos, todos tem acesso ao ensino técnico, e o ensino técnico tem a função de preparar as pessoas para que possam trabalhar com qualidade em diferentes áreas do mercado. Porem se deve verificar como esses alunos estão sendo preparados para o mercado de trabalho, em relação à estruturação do ensino técnico a grandes conflitos sobre a realização dos cursos pelos discentes, coloca-se ênfase na sua integração ao ensino médio (em outras palavras, concomitante), pois se julga a perca do poder conceitual do ensino médio, a perda do objetivo principal do ensino médio, pois o aluno realiza ao mesmo tempo o ensino médio e o ensino técnico. Além disso, como toda lei brasileira o texto é muito bonito, lindo e faz com que os brasileiros sintam um ?arrepio? pelas belas palavras de um texto constitucional, cabe lembrar-se da dificuldade que o governo tem de impor seus regulamentos e leis, o ensino precário das instituições técnicas faz com que os jovens de classes menos favorecidas não tenham outra opção de estudo ou de formação, e terminam por serem profissionais mal preparados para o mercado de trabalho, em contrapartida eis que surge dentro das universidades públicas uma população que poderia pagar tranquilamente a mensalidade de uma universidade particular, e que de uma forma ou de outra ?tomam? a vaga dos que realmente não tem condições financeiras de bancar seus estudos, e ficam a mercê de uma educação sem compromisso.

O DIFÍCIL ACESSO DA CLASSE BAIXA A UNIVERSIDADE
O ensino técnico possui desde cedo seu conceito voltado para o mercado de trabalho, um caminho mais rápido para que os estudantes desta modalidade de ensino possam conseguir emprego. Analisando o conceito histórico deste ensino o mesmo foi sempre direcionado para a classe dos menos favorecidos, como se pode relembrar em relação à criação da casa do educando que esta tinha como objetivo o de cunho social para agir principalmente com menores abandonados, se a classe menos favorecida vai para as escolas técnicas, então, que classe está na Universidade? Hoje em dia se percebe a grande concorrência que existe nas universidades públicas Brasileiras, de um lado os jovens de classe baixa que buscam um espaço na universidade e de outro, uma classe bem sucedida que tiveram todos os privilégios, desde escolas particulares até cursinhos pré-vestibulares para acesso à universidade. Antes de delimitar estas ideias é importante entender o conceito de classe social, Marx chama a atenção para o fato de que a estrutura de classes é muito mais complexa do que empiricamente é revelado e que o estudo teórico dessas classes é fundamental para se compreender a sociedade concreta, Marx e Engels (2001) apresentam este acontecimento como sendo um processo que vai desenvolvendo a divisão social do trabalho, fazendo com que as atividades intelectual e material sejam partilhadas diferentemente entre os indivíduos, instaurando, assim, uma sociedade dividida em classes. Na base da sociedade dividida em classes está a lei da divisão do trabalho.
No decorrer da história do ensino técnico observou-se muito a divisão entre o intelectual e o material, a maioria das escolas construídas nestes períodos foram para colocar as pessoas marginalizadas da sociedade, as pessoas que não tiveram nenhuma oportunidade de estudo em suas vidas, e contrariamente as pessoas vindas de classes mais elevadas detinham o conhecimento e possuíam bases para avançarem em seus estudos, a divisão das classes proposta termina por selecionar uma classe dominante para deterem os melhores empregos e a maioria das vagas nas universidades públicas, ocasionando assim, um inchaço nas escolas técnicas de pessoas de classes menos favorecidas, não por que querem, mas sim por não estarem preparadas para disputarem um vestibular. Para Braverman (1987, p.31-32)

Hoje em dia a grande maioria das pessoas foi posta em uma situação de classe trabalhadora desta forma, torna-se impróprio esperar que este termo de classe se adeque de forma correta a um determinado grupo de pessoas, mas que este deve direcionar para uma expressão que sinalize um artifício social em curso.

Pode-se ponderar que trabalho e capital são as partes contrárias da sociedade capitalista, onde o capital é o trabalho e vice-versa. Nesta analogia pode-se falar em classe trabalhadora, que é a base do capital, sendo todo o alicerce, suas formas de trabalho e sua classificação pelas atividades da sociedade não acontecem de acordo com sua pretensão, mas sim, de acordo com o movimento refletido do capital. Assim, a origem de classe determina o tipo e quantidade de saber a que cada um tem direito, determinando ou fortalecendo a divisão social do trabalho. Conforme Kuenzer (1988, p.26):

O impedimento do acesso ao saber enquanto totalidade é uma estratégia, por um lado, inerente ao próprio desenvolvimento da ciência no capitalismo, com a metodologia que lhe é peculiar, e por outro, uma estratégia de manutenção da hegemonia do capital. O domínio do saber científico e tecnológico e da informação são estratégias vitais para a manutenção do domínio do capital e de sua reprodução ampliada.

È percebível o quanto a educação brasileira vem servindo as classes mais altas da sociedade brasileira, Para ZANDONÁ1

Mesmo sabendo que a cultura erudita brasileira vem servindo mais às classes dominantes, legitimando o poder hegemônico, há necessidade de conclamar a universidade para optar e lutar por alternativas melhores a serviço de uma sociedade solidária, o que pode ser feito a partir da socialização do saber. Percebe-se que a universidade pode colaborar na manutenção e, ao mesmo tempo, na transformação da sociedade. Entende-se que a universidade pública pode atuar tanto no sentido de servir à manutenção do sistema dominante, uma vez que entre seus alunos podem predominar aqueles oriundos da classe social mais alta, quanto no sentido de atuar como um espaço de contra poder a este sistema, ao oportunizar o ingresso de pessoas provenientes de uma situação socioeconômica menos favorável.

Reforçando a ideia de divisão social, Santos (1987, p.19-29) fragmenta em quatro níveis segundo o conceito marxista O primeiro nível relata sobre o sentido da análise numa visão de modo de produção, sendo que o mesmo determina as formas de ações mútuas entre os homens, No segundo nível de análise pode verificar que este trata da estrutura social que faz relação com um universo demarcado historicamente e geograficamente, diferenciando condições próprias de uma dada estrutura social, transformando-se em uma análise sólida, mas ainda não fazendo parte do que as pessoas ou grupos sociais empiricamente pensam. Ao se analisar o terceiro nível o da situação social, sendo que este se aprofunda em uma análise de determinações que esclarecem o fato imediato ou aparente, No quarto nível de análise do conceito de classe este se refere à conjuntura, devido à composição de classes sofrer densas mudanças de acordo à circunstância em que se desenvolvem suas contradições.
O que se percebe é um estado que busca a individualização, e desta forma termina por criar uma diferenciação, para ZANDONÀ

Ao Estado cabe o papel de instituir a marca da individualização consubstanciada pela preparação-distribuição-repartição dos agentes individuais entre as classes (a burguesia, a classe operária, a classe campesina), o que faz através de aparelhos como a justiça, o exército, a polícia, a administração, as instituições, entre elas a escola. A individualização proponente é a realidade do indivíduo concreto, mas é especificidade das classes capitalistas. Ao consagrar e participar da instauração de fragmentações diferenciadas dos agentes (individualização) utiliza-se do discurso de que todos os sujeitos são iguais e livres perante a lei. A lei capitalista não oculta apenas às diferenças reais sob um formalismo universal, mas contribui para instaurar e sancionar a diferença (individual e de classe) em sua própria estrutura.

Desta forma com toda essa divisão da sociedade proposta pelo estado e acima de tudo pelo decorrer histórico em que esta sociedade se forma, surge então à diferenciação entre as classes sócias, assim, surgem os que podem e os que não podem, os que se alimentam bem e os que não se alimentam, os que conseguem uma formação escolar de primeira qualidade e os que ficam a margem dos sonhos por falta de uma boa vida escolar.
Ao se falar em acesso a universidade, deve-se pensar em toda uma estrutura que se forma ate o aluno concorrer um vestibular, cabe então entender o perfil dos alunos que buscam a universidade pública para obter uma profissão, ao analisar por este sentido se fará uso dos dados obtidos pela pesquisa realizado para obtenção de titulo de doutora pela professora ZANDONÀ, sendo que esta foi realizada no estado do Paraná, assim segundo sua pesquisa em relação as profissões dos pais dos estudantes que foram inscritos e aprovados no vestibular da universidade em estudo os dados apontam para

a predominância de pais que são empregados (28% entre os candidatos inscritos e 30% entre os aprovados). A opção "sócio ou proprietário" é encontrada em cerca de 18% dos inscritos e dos aprovados. A opção "funcionário público" encontra-se em 15,5% dos inscritos e em 18% dos aprovados. Essas opções podem ser consideradas como indicadoras de situações de trabalho mais estáveis. Já as opções "trabalho remunerado por conta própria, com auxílio de familiares" (em torno de 8% entre inscritos e aprovados), "trabalha em casa e/ou não tem atividade remunerada" (1,5%) e "não trabalha" (próximo de 2%) apontam uma situação mais precária de trabalho. Ainda que não possa se afirmar, o mesmo significado de uma possível precarização do trabalho pode ser atribuído também para as opções "trabalho remunerado por conta própria, com empregados" (cerca de 8,5%) e "outros" (12,4% dos inscritos e 9,3% dos aprovados).

Por estes dados podem se perceber que a maioria dos estudantes aprovados possuem pais com empregos estáveis oriundo do funcionalismo público, além do mais, uma boa parte dos aprovados possuem pais proprietários ou sócios de algum estabelecimento. Continuando a análise dos dados tem-se que o gráfico abaixo reporta a renda mensal das famílias dos inscritos e aprovados nos anos de 1994,1995 e 1996.







Considerando os valores do salário mínimo nos referidos anos, constata-se que a renda familiar mensal predominante entre os candidatos inscritos e aprovados em 1994, 1995 e 1996 é a seguinte:
- em 1994 o valor do salário mínimo era de R$ 64,79. A renda familiar mensal predominante fica entre R$ 323,95 e R$ 647,90;
- em 1995 o valor do salário mínimo era de R$ 70,00. A renda familiar mensal predominante fica entre R$ 350,00 e R$ 700,00;
- em 1996 o valor do salário mínimo era de R$ 100,00. A renda familiar mensal predominante fica entre R$ 500,00 e R$ 1.000,00.

Na divisão de classes feita pela autora da pesquisa se tem

A: situação socioeconômica com renda familiar mensal acima de R$ 5.001,00;
B: situação socioeconômica com renda familiar mensal entre R$ 5.000,00 e R$ 3.001,00;
C: situação socioeconômica com renda familiar mensal entre R$ 3.000,00 e R$ 1.501,00;
D: situação socioeconômica com renda familiar mensal entre R$ 1.500,00 e R$ 501,00;
E: situação socioeconômica com renda familiar mensal até R$ 500,00.
Da analise feita por ZANDONÀ tem-se que

é verificável que nos vestibulares de 1997 a 2004, 37,52% dos candidatos inscritos e 31,39% dos aprovados apresentam uma renda familiar mensal entre R$ 501,00 e R$ 1.500,00. E 26,65% dos inscritos e 31,14% dos aprovados têm uma renda familiar mensal entre R$ 1.501,00 e R$ 3.000,00. Entre 1994 e 2004, 0,78% dos inscritos e 0,42% dos aprovados nos vestibulares da UFPR apresentavam uma renda familiar mensal de até um salário mínimo. Entre 1994 e 1996, 2,91% dos inscritos e 1,28% dos aprovados tinham uma renda familiar de um a dois salários mínimos. E entre 1997 e 2004, 10,28% dos inscritos e 5,78% dos aprovados tinham uma renda familiar mensal na faixa de um salário mínimo e R$ 500,00.








O quadro abaixo se refere aos aprovados
Segundo os estudos de Zandoná
"Pode-se afirmar que esses dados indicam de antemão que 62% do alunado da UFPR pertencem à classe média e à classe média baixa [...] e 9,18% dos inscritos e 13% dos candidatos aprovados entre 1997 e 2004 apresentam uma renda familiar superior a R$ 5.000,00 ? faixa equivalente ao nível A do mapa cromográfico, a qual pode ser representativa da classe social mais alta."

Com bases na pesquisa de ZANDONÁ, é verificável que a maioria dos estudantes aprovados nos cursos da Universidade pesquisada possui certo status social, desta forma, a pesquisa reforça a ideia de que os menos favorecidos conseguem muito pouco quando tentam ingressar na universidade, quando se reforça o sentido de verificar a renda familiar pelos cursos de graduação com caráter de nomeação social, ou seja, de prestigio social, pode-se verificar um maior distanciamento das classes sociais menos favorecidas, esta situação é pesquisada pela autora, é quando a mesma verifica a renda mensal das famílias por curso, vale lembrar que os cursos mais concorridos nas universidades geralmente são ocupados por pessoas com uma disponibilidade bem maior para estudar, ou seja, são pessoas que não trabalham que possuem outra pessoa que possa mantê-la na escola, ou que trabalha apenas um período, com esta visão segue abaixo um quadro com estas analises.

Como é possível observar na tabela anterior existe uma diferença de renda familiar entre inscritos e os aprovados, não tem como esconder, como citado nos dados cerca de 5,78% dos aprovados tinham uma renda familiar mensal na faixa de um salário mínimo e R$ 500,00, ao se analisar as tabelas, verifica-se que na primeira tabela observada em relação aos anos de 1994,1995 e 1996 é notável perceber que os alunos que predominavam na universidade pesquisada nesta época possuíam renda familiar de aproximadamente 400% a mais que o salario mínimo, na segunda tabela que relaciona a média da renda familiar dos candidatos inscritos é percebível que a maior parte dos inscritos cerca de 66,79% possuem renda superior a R$ 1.000,00; desta forma fica ate desumano a concorrência existente, pois os alunos de classe baixa não tem condições de estudarem em escolas particulares e nem de frequentarem cursinhos pré-vestibulares conhecidos pelos seus resultados. Ao verificar a terceira tabela que trata da média da renda familiar dos aprovados no período de 1997 a 2003 percebe-se que ocorre um aumento na porcentagem, e esta se aproxima a 79% dos aprovados possuindo renda familiar acima dos R$ 1.000,00. Reforçando o que já foi citado acima, a quarta tabela demonstra a variação da renda familiar dos alunos que optam por determinado curso, especificando os inscritos e aprovados, verifica-se nesta ultima tabela a predominância da classe media-alta e alta nos cursos considerados de prestígios sociais.

ENSINO TÉCNICO E A UNIVERSIDADE

O ensino técnico e a universidade são com certeza as bases para uma formação profissional, como já foi mencionado antes, se deve verificar em relação a que publico cada uma dessas bases estão servindo, e que nível está à qualidade de ensino destas instituições. Desta forma, ao analisar em relação à universidade cerca de 1,7 milhões de jovens são barrados, ou seja, excluídos do ensino superior devido ao fator vestibular todos os anos. Por consequência, este contingente de estudantes termina por inchar as escolas técnicas profissionais. O ensino técnico desde o seu "nascimento" até os seus dias atuais, vem servindo para uma classe menos favorecida da sociedade, que não tem condições de pagar uma universidade particular e nem estão preparados intelectualmente para disputar os vestibulares para os cursos que favorecem uma renda melhor, além de todas as dificuldades de acesso ao conhecimento não se pode esquecer da própria realidade do ensino técnico no Brasil que desanima os estudantes. Atualmente salvo algumas exceções, faltam professores nas instituições de ensino técnico, os laboratórios estão ultrapassados e o currículo está fora da realidade do país e das regiões e agrega somente aos interesses de determinados grupos privados que almejam uma grande quantidade de mão-de-obra barata. As escolas técnicas profissionais públicas não estão conseguindo absorver a demanda de estudantes vindo das escolas de ensino médio, segundo a pesquisa feita pelo professor Renato Pedrosa do Departamento de Matemática da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas),. De acordo com o levantamento dos dados realizado pelo professor, na ultima década, menos de 1% dos estudantes formados no Brasil vêm de cursos técnicos ou tecnológicos. A fim de comparação, no Chile, esse número chega a um patamar de 22%. Entre os países que mais se destacam se pode citar a Coréia do Sul, que entre os anos de 1972 e 2002, obteve a marca de 1.800% de crescimento nesse tipo de graduação, e tem 37% dos graduados no ensino superior, formados pelo ensino técnico. Para Renato Pedrosa este baixo investimento na área da educação tecnológica está associada à tradição do país. E diz, "Esse tipo de graduação sempre foi visto por aqui como uma categoria de segunda mão, principalmente por aqueles que têm acesso ao ensino superior, às classes média e média alta".
Analisando pela visão federal das escolas técnicas, cerca de 84% dos estudantes deste tipo de instuição cursaram o Ensino Médio em escola pública; e 68% cursaram o Ensino Fundamental em instituições públicas, é percibivel a grande quantidade de alunos oriundos de escola publicas neste tipo de instituição. Estes dados reforça a ideia de que a maioria dos estudantes das escolas publicas terminam por optarem pela instituição técnica. Um fato que é muito comum e vale ressaltar que os estudantes desta modalidade concluen o curso técnico, se estabilizam financeiramente atraves de um emprego e logo depois na maioria dos casos pagam por uma universidade particular, agora sim, estão realizando o que queriam desde o inicio.
As instituições técnicas em muitos casos servem como uma ponte para que os alunos possam realizar outros feitos profissionais, não realizados antes, isto demonstra a dificuldade do acesso ao ensino superior no Brasil trata-se da alegada injustiça do sistema atual, uma vez que, argui-se, os alunos vindos de famílias de maior poder aquisitivo frequentariam as IES públicas ao passo que os alunos mais pobres iriam para as IES privadas. Ao analisar os dados de uma outra pesquisa(ENC) que avalia a renda familiar dos egressos ao ensino superior e os cursos escolhidos, verifica-se que o curso como o de medicina mais elitizados que o curso de pedagogia, por exemplo, nas IES públicas, a porcentagem de alunos do curso de medicina participantes do ENC que afirmaram viver em famílias com renda mensal superior a R$ 7,2 mil é 24 vezes maior que o mesmo índice para os alunos do curso de pedagogia. Nas IES privadas, essa razão é igual a 39,5; Analisando a porcentagem de alunos que cursaram todo o ensino médio em escolas públicas, verifica-se que este índice no curso de pedagogia é 6 vezes maior que no curso de medicina, nas IES públicas. Nas IES privadas, ele chega a ser de 9 vezes. Analisando a tabela abaixo, tem-se a ideia sobre alguns cursos.

Estes valores declarados, referentes à renda familiar, permitem também














Através da tabela se constata que, em cursos como medicina, direito, odontologia, engenharia civil, administração e jornalismo, aproximadamente 2/3 dos participantes afirmaram viver em famílias com renda mensal que chega a R$ 4,8 mil. Apesar deste valor ser bem acima do que recebe 90% da população brasileira, não é correto classificar como classe alta quem possui essa renda familiar. Ao se analisar os cursos de pedagogia e matemática, aproximadamente 90% dos participantes do ENC afirmaram estar na linha de renda familiar de até R$ 2,4 mil, deve-se ficar em alerta em relação a baixa participação da escola pública pois verifica-se que a mesma corresponde por 81% dos concluintes do ensino médio. Como reforça (CAMARGO; FERMAN, 2004)

... mais de 70% dos alunos das universidades públicas proveem de famílias cujos membros estão entre os 20% mais ricos da população. Como as universidades públicas são financiadas por impostos pagos por toda a população, inclusive pelospobres, no Brasil os pobres financiam a educação universitária dos ricos.

Na tentativa de ampliação e democratização do acesso do estudante as IES, o Governo Lula, junto ao MEC, possui basicamente duas propostas. A primeira seria democratizar o perfil dos alunos ingressantes, tanto pelo olhar étnico quanto na visão socioeconômica, o MEC com esta proposta busca a introdução de quotas tanto no sistema público de ensino quanto no sistema privado de educação superior, nesta proposta as Instituições Federais de Ensino Superior(IFES) designariam, no mínimo, 50% de suas vagas para estudantes que tenham cursado totalmente o ensino médio em escolas públicas. A segunda proposta do MEC, está no documento denominado " Reforma da educação Superior" que este se propõem a duplicar a oferta de vagas para as IFES principalmente nos cursos do período noturno, ademais analisar a possibilidade de viabilizar a expansão das IES estaduais e municipais com parceria e apoio da União.

CONCLUSÃO
È verificável os esforções do governo para tornar a formação profissional mais presente na vida dos estudantes, seja através de quotas ou de programas que facilitem o acesso do mesmo ao mercado de trabalho, mais vale lembrar que, por um lado verifica-se um ensino técnico profissional que cresceu e ainda cresce sendo considerada uma modalidade que cria mão de obra barata para o mercado de trabalho, ou seja, uma modalidade de ensino de "segunda" e que durante todo o seu percurso histórico formou pessoas basicamente braçais que serviram para enriquecer as classes dominantes de suas épocas, e assim, deixando o conhecimento, a parte intelectual para os elitizados. Atualmente o ensino técnico continuar com este perfil, sendo que as profissões de caráter privilegiado da sociedade estão basicamente no ensino superior, então surge um novo problema, sabe-se que a qualidade do ensino médio no Brasil não é muito bom, por consequência os alunos ao concluírem seus estudos na educação média, não estão preparados para disputarem um vestibular, como já foi citado a qualidade do ensino médio impossibilita muitos jovens de ingressarem nas universidades públicas, aliada a esta falta de qualidade de ensino, ocorre que, geralmente os curso de maior prestigio social são ocupados por pessoas de uma classe mais elevada da sociedade, como demonstrado em algumas tabelas deste trabalho, os estudantes que egressão em cursos como o de medicina, administração, engenharia e outros possui uma renda familiar bem alta, estes estudantes na maioria das vezes passaram a vida escolar estudando em escolas particulares, e ao terminar o ensino médio podem estudar em cursinhos pré-vestibulares, também vale ressaltar que o fato dos cursos de maiores prestígios sociais serem ocupadas por classe média ou média-alta, também está ligada a falta de ampliação de vagas para os referidos cursos, pois a quantidade de vagas ofertadas pelo governo não é uma quantidade desejável.
O preocupante é que o gravame da desigualdade no acesso dos estudantes ao ensino superior público incide sobre a universidade e não sobre a sociedade que é predominantemente capitalista que tem como uma ideologia totalmente contraditória que tem como base manter a diferenciação entre as classes sociais, e por consequência, políticas e ações que busquem a ampliação do acesso de minorias à universidade pública não terão o poder de mudar, reverter a situação, os estudantes como já foi citado antes, na maioria dos casos ao saírem do ensino médio, não se sentido capazes de realizarem vestibular devido a grande concorrência nos cursos de interesses, farão um curso em instituições de ensino técnico profissional e após estarem no mercado de trabalho, se matricularam em IES privada, agora assim, farão o curso que deveriam ter feito após ter saído do ensino médio.



REFERÊNCIAS

PINTO, J. M. R. O acesso à educação superior no brasil: Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 88, p. 727-756, Especial - Out. 2004
KUENZER, A. Z. Ensino Médio e Profissional: as políticas do Estado Neoliberal. São Paulo: Cortez, 1997. (questões da nossa época).
MACHADO, L. R. S. Mudanças tecnológicas e a educação da classe trabalhadora. In MACHADO, Lucília Regina de Souza, NEVES, Magda de Almeida, FRIGOTTO, Gaudêncio. Trabalho e Educação. Campinas: Papirus, 1994.
BRASIL. Diretrizes Nacionais para Organização Curricular do Ensino Médio. MEC. Brasília, 1998.

MANFREDI, S. M. Educação profissional no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002.

BARATO, J. N. Escritos sobre tecnologia e educação profissional. São Paulo: Senac, 2002.

ZANDONÁ, N da L. F. O espaço do contrapoder: o acesso à universidade
pública e o perfil socioeconômico educacional dos candidatos ao vestibular da UFPR. 2005.368 f. Tese (Doutorado em Educação)- Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2005.

BIAGINI, J. . A materialidade e a discursividade da prática de ensinar no ambiente do Ensino Técnico. 2004. Tese. (Doutorado em educação) - Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.





Autor: Hebison Almeida Dos Santos


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