PRINCÍPIOS SOCIOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO SIGLO XXI



ARTICULO
PRINCÍPIOS SOCIOLÓGICOS
DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO SIGLO XXI

INTRODUÇÃO
Os Princípios Sociológicos da Educação Profissional no Séc. XXI, são definidos como generalizações que estabelecem uma prática preferida, e que servem de orientação ou guia, para construção de programas e currículos, a formulação e ao desenvolvimento de políticas e para a administração da educação tecnológica no contexto brasileiro.
Entende-se por educação tecnológica toda e qualquer educação, em diferentes níveis ou graus de ensino, que tenha por objetivo a exploração ocupacional, a capacitação, o treinamento, a preparação e a formação dos indivíduos, com vistas a dotá-los de um conjunto de conhecimentos, habilidades, competências e atitudes, que os habilitem ao ao exercício da cidadania e a atividades produtivas no mercado de trabalho, relacionadas com uma ocupação ou profissão.
A utilização do processo de educação no ensino e aprendizagem entende-se por práticas preferenciais educacionais e profissionais, aplicadas com reconhecido sucesso no contexto nacional e internacional, à educação profissional e tecnológica.

DOS PRINCÍPIOS À FILOSOFIA, RUMO À SOCIOLOGIA
Fundamentando-se em alguns autores, citados na referência bibliográfica, os princípios da educação social, foram enunciados, desenvolvidos e apresentados em quatro categorias principais:
l Princípios Gerais;
l Princípios e Pessoas ou Indivíduos;
l Princípios e programas, e,
l Princípios e processos.
Também os conceitos filosóficos básicos em educação, são revistos e sumariados, abrangendo as seguintes concepções filosóficas educacionais: essencialista, pragmatista e existencialista.
De forma geral, em cada uma dessas filosofias, procura-se responder, pelo menos, as quatro questões educacionais, de natureza filosófica, consideradas fundamentais, quais sejam:
1. Qual a natureza do aluno?
2. Qual o papel do professor?
3. Como se decide o que deve ser ensinado?
4. Qual é o papel da escolarização no Brasil?
Essas mesmas questões de natureza filosófica são usadas de forma indutiva, determinar uma posição filosófica individual para a educação tecnológica contemporânea. As respostas a estes temas são os instrumentos utilizados para identificação ou caracterização de uma determinada posição filosófica para a educação tecnológica neste século.
Essas respostas são então comparadas com as respostas dadas por cada um dos três diferentes sistemas filosóficos. O resultado obtido é identificado como uma "posição filosófica", capaz de ser aplicada à educação tecnológica, determinada através de um processo indutivo.
PRINCÍPIOS GERAIS
Os princípios gerais da atualidade aqui enunciados, para a transformação da Educação Tradicional em Educação Tecnológica, refletem algumas práticas que tiveram êxito no passado, algumas re-interpretações, de modo a atender as necessidades e exigências de adequação aos novos tempos.
1. Articulação da educação profissional técnica com o ensino médio.
Princípio:
A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular, ou por diferentes estratégias de educação continuada, que pode se expressar em dois sentidos: os valores, que comunga com a Educação Básica e as competências e habilidades, com as formações profissionais.

2. Respeito aos valores estéticos, políticos e éticos.
Princípio:
O respeito aos valores: estéticos (sensibilidade), políticos (igualdade) e éticos (identidade), é uma característica intrínseca e fundamental à educação tecnológica.
Fundamentos:
2.1 - Estética da sensibilidade, percebe-se que neste caso será cada vez mais importante no mundo de aceleração e mutação constante de conceitos, pelos quais se aquilata a qualidade de resultados dos trabalhos que atendam as necessidades do mercado para oferecer produtos ou serviços aos consumidores.
2.2 - Política da igualdade, numa visão prospectiva, este princípio deve estar presente em toda pauta das instituições e programas de preparação profissional, que na sociedade da informação, a divisão entre trabalho manual e intelectual, tende a assumir formas diversificadas e variadas, que mesclam a criatividade com a execução do trabalho, um mesmo profissional pode ser convocado tanto para ser criativo como para ser operativo e eficiente.
2.3 - A ética da identidade, na educação profissional, assume os princípios da política da igualdade e por isso requer o desenvolvimento da solidariedade e da responsabilidade.

PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS
Tomando como fundamentação, Pareceres do Conselho Nacional de Educação ? CNE e do Ministério de Educação e Cultura da legislação brasileira, afirma-se que, em sintonia com os Princípios Gerais comuns, as instituições de educação tecnológica deverão observar, na organização curricular, na prática educativa e na gestão os Princípios Específicos são identificados nos cursos implementados na nova estrutura da educação tecnológica, especialmente de nível técnico.
1. Competências para a laborabilidade.
Espera-se que o trabalhador possa manter-se em atividade produtiva geradora de lucros cambiantes e estáveis no contexto socioeconômico.
2. Flexibilidade, interdisciplinaridade e contextualização
Essa concepção de currículo, implica na responsabilidade da escola de adequar efetivamente a oferta às reais demanda das pessoas, no mercado e na sociedade.
3. Identidade dos perfis profissionais.
Entende-se, como atributo de um profissional possuidor de competências, que lhe permitam superar o limite de uma ocupação ou cargo no campo de trabalho.
4. Atualização permanente dos cursos e currículos.
O mundo contemporâneo, exige que as escolas permaneçam atentas ás novas demandas e situações, dando a elas respostas adequadas, evitando concessões aos apelos circunstanciais e imediatos.
4. 1 Autonomia da escola.
O exercício da autonomia escolar, inclui obrigatoriamente a prestação de contas dos resultados, requer informações sobre a aprendizagem dos alunos e do funcionamento das instituições escolares, na formulação e na execução de seu Projeto Político Pedagógico, bem como é indispensável a criação de sistemas de avaliação, que permitam coleta, comparação e difusão dos resultados em âmbito nacional.

PRINCÍPIOS E PROGRAMAS
A educação social tecnológica tem como base a preparação e a formação profissional do indivíduo para as ocupações específicas, dentro das diferentes e variadas carreiras tecnológicas. O exercício de uma determinada ocupação está ligada a uma carreira, que, por sua vez, envolve o domínio de uma área de conhecimento, determinam os diversos níveis de suas ocupações e, conseqüentemente, os níveis de conhecimentos necessários ao seu pleno desempenho.
1. Educação e Carreira
2. Sistema Educacional Compreensivo
3. Currículos
4. Famílias Ocupacionais
5. Entrada no Mercado de Trabalho
6. Inovação e Integração
7. Segurança e Higiene no Trabalho
8. Estágio ou experiências ocupacionais supervisionadas
9. Integração com as empresas

1. Educação e Carreira.
A consciência das diversas carreiras, na área tecnológica, e, as experiências pré-vocacionais, a partir do primeiro grau, complementam a educação tecnológica.
2. Sistema Educacional Compreensivo
A educação tecnologia é uma parte integrante do sistema público e geral de educação.

3. Currículos
Currículos, para a educação tecnológica, são elaborados e desenvolvidos a partir das demandas e exigências do mundo do trabalho, das competências e habilidades da ocupação e das necessidades sociais, humanas e cívicas dos indivíduos.

4. Famílias Ocupacionais
Tanto ao nível técnico (secundário) como tecnológico (superior), as famílias ocupacionais devem ser as bases para o desenvolvimento dos currículos de cursos e programas da educação tecnológica.

5. Entrada no Mercado de Trabalho
A entrada ou ingresso, no mercado de trabalho, é central para a prática e o desenvolvimento da educação tecnológica.

6. Inovação e Integração
A inovação e a integração vertical e horizontal do ensino são partes essenciais da educação tecnológica.

7. Segurança e Higiene no Trabalho
Segurança e higiene no trabalho são partes essenciais de cursos e programas da educação tecnológica.

8. Estágio ou experiências ocupacionais supervisionadas
O estágio ou experiências profissionais ou ocupacionais supervisionadas é parte integrante e essencial dos cursos e programas da educação tecnológica.
9. Integração com as empresas
A integração entre a escola e a empresa é um dos pilares em que se apóia a educação tecnológica.

PRINCÍPIOS E PROCESSOS
Os princípios relacionados com os processos da educação tecnológica nessa categoria enfatizam o desenvolvimento e a busca permanente de melhorias para o progresso de ações instrutivas da educação, são classificados dentro de sete princípios:
1. Busca de Aconselhamento
O aconselhamento por parte da comunidade é a fonte geradora dos cursos e programas da educação tecnológica.
2. Articulação e Coordenação
A articulação e a coordenação são centrais aos propósitos e objetivos da educação tecnológica.
3. Avaliação
Na educação tecnológica, a avaliação deve ser um processo continuo e permanente.
4. Acompanhamento de Egresso
O acompanhamento dos egressos dos cursos e programas da educação tecnológica é uma extensão vital da educação tecnológica.
5. Legislação
A legislação da educação tecnológica tende a refletir a dinâmica do seu desenvolvimento e evolução em função da demanda imposta pelo próprio desenvolvimento nacional.
6. Planejamento
O planejamento global e estratégico de curto, médio e longo prazos, são indispensáveis na implementação da educação tecnológica.
7. Pesquisa e Desenvolvimento
A pesquisa e o desenvolvimento conduzido em bases continuam são elementos fundamentais para a indispensável dinâmica de desenvolvimento da educação tecnológica.
PRINCÍPIOS SOCIOLOGICOS
Os princípios sociológicos da educação tecnológica, utilizados no séc. XXI, trazem em si implicações filosóficas. Contudo, em si mesmos estes princípios não são filosofia e nem a substitui. Eles representam as práticas preferenciais da educação tecnológica e podem ser caracterizados como valores sustentados pelos educadores tecnológicos.

PRINCÍPIOS E FILOSOFIA


1. Um Processo Indutivo
2. Os Princípios e a Natureza
3. Os Princípios e o Papel do Professor
4. Os Princípios e o Currículo Verdade
5. Os Propósitos da Escola na Sociedade
6. A Posição da Educação Tecnológica

FILOSOFIA x PRINCÍPIOS
Em contraste com os princípios, a filosofia procura criar concepções e fazer especulações, a respeito da natureza das atividades humanas e da natureza do mundo. No campo da educação em geral e da educação tecnológica em particular, ela é capaz de oferecer aos educadores um amplo quadro de referência que lhes sirva para analisar alternativas competitivas de soluções a possíveis problemas, além de propiciar também as bases para a uma ação educacional objetiva e efetiva.

IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA
Em última análise, a filosofia passa a ser, de fato, um quadro referencial geral de concepções, ideal para a síntese e para a avaliação, ajudando aos educadores tecnológicos a decidirem sobre o que é, o como deve ser e o que deve ser diferente em suas atividades profissionais na área da educação profissional e tecnológica.
A significância dos princípios e da filosofia é o que se procura desenvolver neste trabalho. Ao mesmo tempo, distintos papéis para a qualidade dos cursos e programas da área da educação profissional e tecnológica, são também apresentados no contexto geral do trabalho, com o objetivo de ajudar os professores, educadores, dirigentes e práticos em geral, a desenvolverem um quadro geral de concepções, para uma coerente filosofia capaz de ser aplicada a nossa educação profissional e tecnológica, no contexto brasileiro.
OBJETIVOS
1. Planejamento, formulação de políticas e tomada de decisões
Essa posição filosófica, indutivamente encontrada e utilizada como uma filosofia educacional, pode ajudar bastante aos educadores, em suas tomadas de decisões, tanto presentes como futuras e, ao mesmo tempo, servir de guia e de orientação para os planejadores e formuladores de políticas educacionais públicas ou privadas, que possam ser aplicadas no desenvolvimento de futuras políticas para a educação tecnológica.
2. Remoção de Incertezas e Validação do futuro
Enquanto a previsão do futuro é algo incerto, uma vez que as validações dessas previsões terão que esperar obrigatoriamente, que eventos futuros se transformem em fatos reais, a filosofia pode ser muito útil, na ajuda à remoção de algumas dessas incertezas futuras, proporcionando por assim dizer, uma medida imediata de validação do futuro.

3. Avaliação
Da mesma forma, a avaliação em geral e em particular a educacional, é e pode ver a ser influenciada pelo referencial filosófico. O processo de avaliação pode ser um grande estimulador na criação de um clima propicio ao debate dos valores, objetivos e metas da educação tecnológica.
Convido-os à reflexão responsável sobre estas e outras questões significativas e relevantes relacionadas à educação profissional e tecnológica e em particular sobre os desafios dessa educação no Estado do Paraná, razão de ser do convite para este nosso encontro.




REFERENCIAS
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Autor: Maria Da Luz Martins


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