FREAKONOMICS O LADO OCULTO E INESPERADO DE TUDO QUE NOS AFETA



RESENHA

FREAKONOMICS O LADO OCULTO E INESPERADO DE TUDO QUE NOS AFETA

Freakonomics O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta foi publicado pela Editora Campus, em 2005, do economista americano Steven Levitt, foi traduzido por Regina Lyra.

Essa obra trata de assuntos que normalmente não são abordados pelos economistas tradicionais, mas que são muito interessantes e instigantes.

Acadêmica: Franciele Postal Machado
Professor: Fábio Lemes
Universidade de Passo Fundo- Comunicação Social Publicidade e Propaganda- V semestre.

O autor dessa obra é o economista e professor na Universidade de Chicago. Graduado em economia em Harvard e Ph.D. no MIT, Levitt contou com a ajuda do jornalista da The New York Times Magazine Stephen J Dubner, Steven Levitt ganhou a Medalha John Bates Clark em 2003, que premia economistas de menos de quarenta anos.
Na introdução Levitt dá um panorama sobre a obra e fala sobre os especialistas, como eles usam as informações que tem a seu favor. Um corretor de imóveis consegue vender sua própria casa por um preço melhor do que se a mesma casa fosse de um cliente. Isso porque segundo o autor ele reage a incentivos e um lucro maior é bom incentivo para um corretor, já não valeria tanto esforço para receber 150 dólares a mais de comissão. "Ele é um especialista conhece sua área de trabalho melhor do que o leigo em nome do qual atua. Ele está mais bem informado sobre o valor da casa, sobre as condições do mercado imobiliário e até quanto às expectativas do comprador". Assim como os corretores de imóveis, os advogados, os dentistas, os mecânicos, os publicitários usam as informações que tem a seu favor. Um publicitário dono de uma agência vai usar todo seu conhecimento para promover a agência e atrair clientes. Ele recebe um incentivo maior ao fazer uma campanha para a própria agência do que quando faz uma campanha para um cliente.
Freakonomics O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta se baseia em 5 ideias fundamentais: Os incentivos são a pedra de toque da vida moderna; A sabedoria convencional em geral está equivocada; Causas distantes e até mesmo sutis podem muitas vezes provocar efeitos drásticos; Os especialistas - dos criminologistas aos corretores de imóveis- usam suas informações privilegiadas em benefício próprio; Saber o que medir e como medir faz o mundo parecer muito menos complicado.
Ao analisar o primeiro capítulo o autor afirma que todos nós trapaceamos e que isso está na natureza humana. Trapaceamos para obter mais gastando menos, é um ato econômico. Os professores da rede pública de Chicago EUA têm seus motivos para trapacearem, pois seus alunos tiverem notas boas no provão eles serão recompensados com gratificações e elogios. Mas como descobrir que esses professores trapaceiam? O Sitema de Ensino de Chicago dispõe de um banco de dados com os testes dos alunos a partir daí se criou um algoritmo que pudesse extrair algumas conclusões desse monte de dados, a partir daí se identificaram turmas que haviam melhorado muito seu desenvolvimento e coisas fora do comum e concluíram-se que os professores que trapaceavam eram homens e mulheres, em geral mais moços e menos qualificados do que a média. O que me leva a acreditar que os incentivos recebidos pelos professores cujas turmas se saíssem bem valiam a pena a serem corridos mesmo com o risco de punições.
Os lutadores de sumo também trapaceiam só que pior ainda muitos trapaceiam para perder, o que para as pessoas é uma coisa inaceitável. Até se entende que um jogador de futebol trapaceie para melhorar seu desempenho e ganhar um jogo, agora que um lutador de sumô perca uma luta de forma intencional é inceitável para os telespectadores. Novamente voltamos aos incentivos que segundo Levitt "O esquema de incentivos que governa o sumô é intrincado e extremamente potente." Como há um ranking e os 50 melhores desse ranking tem privilégios isso já é um incentivo a trapaças. Em um torneio os lutadores devem conseguir 8 vitórias para se manter no topo ou avançar, assim o lutador que não tem mais chances de conseguir 8 vitórias não tem mais nenhum incentivo no torneio para ganhar a última luta, já o lutador que tem 7 vitórias vai fazer de tudo para ganhar a sua última luta. Portanto o que leva tanto os professores quanto os lutadores de sumô a trapacearem é os incentivos recebidos.
No capítulo 2 Levitt faz uma relação entre a Ku Klux Klan e os corretores de imóveis. A Ku Klux Klan era organização racista que odiava negros, judeus e defensores dessas minorias étnicas. Após a Segunda Guerra Mundial a Ku Klux Klan se estabeleceu em Atlanta, mesma cidade de Steton Kennedy, um homem de 30 anos que não pode lutar na Segunda Guerra Mundial por causa de um prolema na coluna. Kennedy tinha horror às mentes fechadas, à ignorância ao obstrucionismo e a intimidação, por isso ele resolveu se infiltrar na Ku Klux Klan. Como Klavalheiro Kennedy nunca agiu com violência, os atos de violência eram poucos e raros nos meados dos anos 40.
A Klan era nessa época uma operação financeira vigarista, para seus líderes. Kennedy fez o que pode para destruir a Klan, mas seus atos não tiveram muita influência, até que teve uma ideia brilhante "Kennedy forneceu as melhores informações de que dispunha sobre a Klan para os produtores do Super-Homen", um programa infantil de rádio, os segredos da Ku Klux Klan se tornaram brincadeira de criança. O efeito disso foi o fim da Klan. E o que tudo isso tem a ver com os corretores de imóveis? Simples a informação, e o poder que ela tem. Com seus segredos revelados a Klan se desintegrou.
A partir dos anos 90 a internet se tornou o grande centro de informação e fez com que até mesmo o preço dos seguros caísse, pois a partir de então o consumidor pode pesquisar e escolher pelo melhor preço. Já que nesse caso o preço é o único determinante da compra. "Os especialistas usam contra você as informações que detem. Eles dependem do fato que você não as possui. Munidos de informções, os especialistas podem exercer uma pressão não verbalizada: a do medo." Nem sempre um corretor vai buscar vender sua casa pelo melhor preço, talvez por querer fechar um negócio logo, ele a venda por menos que o preço que você queria inicialmente, te convencendo que o preço dos imóveis vai cair. O poder da informação é muito maior do que pensamos ser.
No terceiro capítulo Por que os traficantes continuam morando com as mães? Levitt fala sobre a sabedoria convencional e que ela nem sempre está correta, o que não significa que ela esteja sempre errada. Os jornalistas e os especialistas são os arquitetos da sabedoria convencional. Mas segundo Levitt "A propaganda também é uma excelente ferramenta para criar a sabedoria convencional." O Listerine é um exemplo de sabedoria convencional, ele criou a convenção de que o mau hálito é uma desgraça e conseguiu com isso vender muito. Para o autor é difícil derrubar a sabedoria convencional, pois as pessoas se apegam a ela como verdade absoluta.
Voltando aos criminosos, Sudhir Venkatesh tentou fazer um estudo sobre o tráfico de drogas, não conseguindo obter exito na sua primeira tentativa ele resolveu morar junto com os bandidos, para analisá-los. Logo Venkatesh percebeu que como em qualquer profissão quem ganha muito dinheiro são os chefes, os patrões, e que os traficantes que ficavam nas ruas vendendo crack tinham mais chances de morrer num tiroteio do que de virarem chefes, mas eles tinham esperanças que isso pudesse acontecer. Há muitos garotos querendo ser traficante e virar chefe por isso eles não ganham muito, assim como na publicidade se 10 publicitários querem uma só vaga de emprego, o salário não vai ser bom, pois se o publicitário contratado não quiser trabalhar pelo salário oferecido vem outro e aceita. "Quando há muita gente disposta e apta a desempenhar uma função, raramente ess trabalho paga bem". (pag 107)
No capítulo quatro "Onde foram parar todos os criminosos?" Levitt faz uma relação entre a diminuição da violência na década de 90 e alegalização do aborto ocorrida em 1973, para ele a principal causa dos crimes terem diminuído foi a legalização do aborto, a partir do caso Roe x Wade, pois aquelas crianças que não seriam bem vindas, desprezadas, viveriam na pobreza e na miséria e por consequência poderiam se tornar bandidos não nasceram. Para mim a relação de Levitt está certissíma e faz sentido, mas com certeza para os defensores dos direitos humanos, para as igrejas, e as pessoas que são contrárias ao aborto a teoria de Levitt é absurda e irreal.
Além da legalização do aborto outras causas foram apontadas pelo autor para a dimunuição da criminalidade, mas realmente a legalização do aborto foi a mais importante. "Os estados com os mais altos índices de aborto nos anos 70 apresentaram as maiores quedas na criminalidade nos anos 90, enquanto os estados com baixos índices de aborto mostraram uma queda menor na criminalidade". (pag 143)
O aborto dá à mulher a oportunidade de escolher se ela quer ou não ter a criança que espera. Acredito que esse direito deve ser dado a todas as mulheres, me questiono se a legalização do aborto no Brasil teria o mesmo efeito que teve nos EUA?
No capítulo cinco Levitt questiona o quanto os pais realmente influenciam na vida dos filhos, ao que eu acredito que as atitudes dos pais nem sempre influenciam os filhos. Uma criança que tem pais que fumam, bebem, brigam, batem nos filhos, certamente não vai querer repetir as atitudes dos pais. Levitt aborda também a diferença entre notas de alunos brancos e negros, muitas vezes segundo ele não é a cor que determina essa diferença, mas outros fatores que estão por trás disso. "Os dados revelam que o mau desempenho escolar das crianças negras não se deve ao fato de ser negro, mas de vir de lares de baixa renda e baixa instrução". (pag 169)
Levitt faz uma correlação entre fatores que são relevantes na relação com as notas escolares das crianças e fatores que não são, ele acaba concluindo que o que realmente tem relação com as notas dos filhos são coisas que os pais são e não coisas que os pais fazem. "Os pais realmente instruídos, bem sucedidos e saudáveis tendem a ter filhos que se saem bem na escola". (pag 179)
No capítulo seis o autor afirma que os pais acreditam que fazem grande diferença na vida dos filhos, tudo começa pela escolha do nome. "Muitos pais parecem acreditar que uma criança não terá sucesso a menos que receba o nome certo." Nem sempre o nome influencia tanto assim, mas no caso das diferenças entre brancos e negros tudo já começa pelo nome. "Negros e brancos fumam cigarros diferentes. Negros e brancos assistem programas de televisão dsitintos. E pais negros dão a seus filhos nomes totalmente diversos dos das crianças brancas." Mas essa diferença entre nomes de negros e brancos é recente. Brancos sempre têm mais chances, e pessoas com nomes brancos também tem mais chances. "Uma pessoa com um nome ostensivamente negro ?seja uma mulher chamada Imani ou homem chamado DeShawn- tem, com efeito, um futuro pior do que uma mulher chamada Molly ou um homem chamado Jake". Normalmente um pai que dá um nome "negro" para o filho, mora num lugar mais pobre e esse filho vai ter menos condições, então não é realmente por causa do nome, mas das condições que rodeiam a escolha desse nome.
Também há uma diferença nos nomes dados às crianças mais ricas e mais pobres, quando um nome começa a ser dado pelas pessoas mais ricas, logo depois as pessoas menos abastadas vão copiar esses nomes e colocar nos filhos, na esperença de que esses tenham sucesso, mais adiante os ricos vão colocar outros nomes e pobres também vão continuar copiando e assim segue.
O livro Freakonomics O lado oculto e inesperado de tudo que nos afeta é um referencial importante para todos aqueles que desejam realizar um estudo com profundidade sobre as interfaces da economia de um jeito diferente, abordando assuntos distintos dos que são normalmente tratados pelos economistas. O profundo conhecimento do autor sobre os temas apresentados na obra permite ao leitor um amplo entendimento dos mesmos. Cabe ressaltar ainda o estilo agradável de escrita feita pelo autor, bem diferente dos livros convencionis de economia.

LEVITT, Steven: Freakonomics: O lado oculto e inesperado de tudo o que nos afeta, tradução de Regina Lyra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005

Autor: Franciele Postal Machado


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