Qual O Verdadeiro Papel Da Eduação Física Escolar?



Nos tempos de hoje surge uma dúvida sobre a educação física escolar.

Enquanto as secretarias municipais e estaduais de educação cobram mais diversidade nas aulas de educação física, ao mesmo tempo nos impedem de ensinar conteúdos que são importantes para o crescimento de nossos alunos.

O profissional de educação física estuda várias disciplinas relacionadas em sua área, como sociologia, biologia, anatomia, primeiros socorros, educação física adaptada entre outras, mas se vêem impedidos de ministrarem outras atividades que não sejam futsal, handebol, basquetebol e voleibol.

Como as secretarias, pedagogos e diretores de escolas podem cobrar conteúdos se desconhecem quais são as áreas que se relacionam com a educação física?

Victor Marinho de Oliveira descreve em seu livro "Afinal, o que é Educação Física?" que a educação física está relacionada com a ginástica, política, jogo, medicina, ciências, esporte e cultura. Estudando o assunto tenho que concordar com o autor, pois são inúmeras as áreas que podemos trabalhar com nossos alunos no âmbito escolar.

Podemos trabalhar a inclusão social focando as Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais (PPNE). O MEC (Ministério da Educação e Cultura) põe propaganda na TV dizendo que as escolas estão preparadas para receberem as PPNE, onde na verdade não estão. Não adianta colocar rampas de acesso nas escolas para receberem um aluno cadeirante (que necessita de uma cadeira de rodas para se locomover) se os banheiros não são adaptados para eles. Como receberem alunos surdos se os professores não conhecem LIBRAS? Será que os outros alunos do ensino regular da rede pública estão prontos para receberem os alunos com necessidades especiais? Se o professor de educação física tem conhecimento nessa área, porque não deixá-lo trabalhar com os alunos ditos normais fazendo um trabalho de inclusão social, onde irá formar, através de aulas práticas e teóricas, cidadãos dignos de caráter e respeito humano?

A falta de conhecimento das secretarias é tamanha que não conseguem ou não querem enxergar a realidade. Fazem vista grossa e só tem olhos para o esporte que, na maioria das vezes, também não possuem conhecimento algum. Dessa forma estamos educando o corpo e não educando com o corpo o qual é o nosso verdadeiro papel. Dizem que a educação física é uma matéria de importância fundamental no currículo escolar, mas ao mesmo tempo usam as aulas de educação física para ensaios de quadrilhas de festas juninas. Nessas horas a educação física é vista como cultura.

Porque elogiar o professor que leva um time de alunos para um campeonato e que volta pra casa com um troféu de campeão e não elogiar os outros professores de educação física que ensinam como respeitar as diferenças? Porque não elogiar o professor de outra disciplina quando um aluno obteve um resultado satisfatório na olimpíada de matemática ou de língua portuguesa, por exemplo?

No meu ponto de vista, o que eles querem é a formação de atletas colocando na cabeça do aluno que um dia ele poderá ser um jogador da seleção brasileira, mas se um dia ele chegar lá será apenas mais um que sabe jogar e não sabe ao menos cantar o Hino Nacional. Esse é o patriotismo que eles querem. É a formação do corpo e não da mente.

Existem secretarias municipais que incentivam a competição, nas aulas de educação física, até para alunos de 1ª a 4ª série.

Onde vamos parar?

Estamos sendo castrados dos nossos conteúdos disciplinares e obrigados a formar uma sociedade morta de conhecimento. Somos taxados pelos professores de outras disciplinas, os quais estão cobertos de razão, porque tiramos o aluno de suas aulas para treiná-los a participarem de competições escolares.

Quando olharmos para trás e percebermos como está a formação de nossos alunos chegaremos a conclusão de que ajudamos na decadência do ensino e de nossa profissão.

Se fecharmos os olhos para este universo estaremos ajudando a desvalorizar a nossa profissão cada vez mais.

Vamos lutar pela valorização do profissional de educação física.


Autor: Rômulo de Souza


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