Só o amor destrói
Construído com tijolos bem distintos
Empilham-se aos pedaços
Dor, ciúme, competição
Raiva, inveja, compaixão
Ódio, mágoa, decepção
Rancor, tristeza, solidão.
Muro torto e desconexo
Em parte côncavo em outra convexo
Em total desalinho parece fortaleza
Alija os diferentes em sua imortal fraqueza.
A massa que os reúne não comporta sedução
Não contém qualquer semente de qualquer admiração
Expõe defeitos esquecidos outrora adormecidos
Esconde o que ainda de bom habita o coração.
Não há emboço nem pintura
Nesse muro torpe ignóbil criatura
Não há fenda nem desvão
Ou outra forma de comunicação.
Devaneios tontos debilitam a implosão
Quimeras fúteis a abalar a explosão
A vontade de um não começa a demolição.
O muro só vai ao chão
Pelo ataque em comunhão.
Só o amor destrói.
Autor: Leonardo Raimundo Gracioso Terra
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