MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO DE MARX



1. INTRODUÇÃO
Segundo Bergman, 2004, Karl Marx, nascido em 1818, foi o terceiro filho de uma família de nove, na cidade de Trier, Alemanha. Seus pais eram de descendência judaica mas haviam se convertido ao Protestantismo a fim de garantir o emprego do pai como advogado do Governo.
A política esquerdista de Marx foi um obstáculo na obtenção de emprego como professor, após a conclusão do doutorado em Filosofia, então mudou-se para Cologne e foi trabalhar com o editor de um jornal.
Após certo tempo e sucesso no jornal, mudou-se para Paris, onde se uniu a outros socialistas da época. Lá conheceu Engels, que se tornou seu amigo e patrocinador. Mais tarde mudou-se para Londres e morreu de Bronquite em 1883.

2. TRABALHO
O ser humano pode ser diferenciado de outros animais por várias particularidades: a racionalidade, a linguagem, a consciência, a religião, etc. Marx e Engels, no livro "A Ideologia Alemã", pontuam que o ser humano começou a distinguir-se dos outros animais à partir do momento em que passou a produzir os meios necessários à conservação da própria vida. Ainda neste livro, afirmam:
"Pode-se referir a consciência, a religião e tudo o que quiser como distinção entre os homens e os animais; porém, (...) ao produzirem seus meios de existência, os homens, produziram indiretamente a sua própria vida material." (Marx e Engels, p. 4)
Os outros animais se adaptam ao meio para sobreviver, mas o homem transforma o meio e adapta-o às suas necessidades. Para isso, o homem produz ferramentas e técnicas e as aperfeiçoa continuamente. Por isso, no livro "O Capital", Marx concorda com Benjamin Franklin ao definir o homem como A TOOLMAKING ANIMAL, um animal que faz instrumentos de trabalho.

3. MODOS DE PRODUÇÃO
Modos de produção são as formas que os homens encontraram, no decorrer da história, para produzir os bens necessários à sua sobrevivência, por exemplo: modo de produção primitivo, escravista, feudal, capitalista e socialista. Os modos de produção são formados essencialmente por dois elementos: FORÇAS PRODUTIVAS e RELAÇÕES DE PRODUÇÃO.
Forças produtivas formam o conjunto de agentes que impulsionam a produção. Incluem os MEIOS DE PRODUÇÃO (instrumentos, ferramentas, implementos) e a FORÇA DE TRABALHO (energia muscular e cerebral). Quanto mais sofisticadas as forças produtivas, maior a produtividade do trabalho.
As relações de produção são as que o homem constrói entre si e com a natureza no processo produtivo. Normalmente são determinadas pela forma de propriedades. Por exemplo, no modo de produção primitivo, a propriedade era coletiva, todos participavam, e havia uma relação de igualdade e ajuda mútua, segundo Marx. Mas, quando os meios de produção são de propriedade privada, os burgueses se apropriam do produto do trabalho dos proletários, o que origina a divisão de classes sociais e a desigualdade. Para Marx, a origem da desigualdade social é a propriedade privada dos meios de produção.

4. MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA
O modo de produção capitalista é caracterizado pela PROPRIEDADE PRIVADA DOS MEIOS DE PRODUÇÃO, o que gera duas classes sociais: a BURGUESIA (proprietária) e o PROLETARIADO (maioria da população, que vende sua força de trabalho em troca de salário).
A burguesia pode ser chamada de classe dominante, já que detém o poder econômico e político. O objetivo do capitalista burguês é obter LUCRO, ou seja, acumular mais dinheiro do que o investido na produção de mercadoria (O Capital).
Este processo ocorre da seguinte maneira: o capitalista investe dinheiro (D) para comprar mercadorias (M) necessárias à produção (máquinas, matéria prima, etc.), ou seja, adquire os meios de produção. Investe, também, na força de trabalho (o trabalhador é, assim, considerado mercadoria, segundo Marx). Com a posse da mercadoria produzida, o capitalista a vende por um valor superior ao investido (DD), o que lhe proporciona o LUCRO.
Desta forma, pode-se representar este processo por: D-M-D.
O dinheiro utilizado para adquirir mercadorias e gerar lucro é denominado CAPITAL. No livro "Capital", Marx comenta:
"A primeira distinção que notamos entre dinheiro que é apenas dinheiro e dinheiro que é capital está na sua forma de circulação. (...) A forma de circulação D-M-D transforma dinheiro em mercadoria e mercadoria novamente em dinheiro, ou, comprar para vender. O dinheiro que circula nesta forma é, por conseguinte, transformado em capital, torna-se capital e já é potencialmente capital." (v.1, p. 164)

5. A MAIS VALIA
A quantidade de trabalho socialmente necessária à produção de uma mercadoria é medida pelo tempo de duração deste trabalho (em horas, dias, etc.), e esta situação determina o valor desta mercadoria.
Os meios de produção em que o capitalista investe são mercadorias produzidas por outrem, e Marx denomina o trabalho intrínseco a elas de TRABALHO MORTO, e o capital utilizado em sua compra de CAPITAL CONSTANTE. A força de trabalho, como mercadoria, tem um valor específico, o SALÁRIO. Mas a força de trabalho, por se tratarem de pessoas, é denominada por Marx de TRABALHO VIVO, e neste modo de produção, gera ao capitalista mais dinheiro do que o que lhe pagou no salário.
Assim ocorre a MAIS VALIA: se para produzir o valor do seu salário o trabalhador precisa trabalhar, por exemplo, quatro horas por dia, mas ele é obrigado a trabalhar oito,, então as quatro horas excedentes são o valor a mais produzido por ele e não retornam na forma de salário. Este valor excedente é denominado Mais Valia.
Para Marx, não há capitalismo sem mais valia, e por isso o capitalismo é fundamentado na exploração do trabalho e geração de desigualdade. Por isso, no livro "capital", Marx compara o capital a vampiros, que "vive apenas de sugar trabalho vivo, e vive tanto mais quanto mais trabalho suga." (v. 1, p. 257).

6. IDEOLOGIA
O capitalismo é fundamentado na exploração do trabalho da maioria proletária pela minoria burguesa. Por que a maioria se submete a esta exploração? A classe capitalista domina a produção econômica, política e também das ideias que circulam nesta sociedade.
Marx e Engels, no livro A Ideologia Alemã, afirmam que "Os pensamentos da classe dominante são também (...) dominantes. (...) A classe que dispõe de meios de produção material dispõe igualmente dos meios de produção intelectual" (p. 29).
Ainda no mesmo livro, que "Cada classe no governo é obrigada (...) a representar o seu interesse como sendo o interesse comum a todos os membros da sociedade" (p. 30).
Desta forma, IDEOLOGIA é um sistema de ideias e de conceitos que corresponde aos interesses de uma classe social. Esta classe é constituída por pessoas que tendem a elaborar discursos que justifiquem a sua superioridade econômica. Assim, a ideologia ajuda a preservar a organização social segundo a vontade da classe dominante e é formada por ideias da classe burguesa, que tendem a impor como universais os valores de apenas uma parcela da população.
O papel da ideologia é, segundo Marx e Engels, produzir uma visão disforme da realidade, afirmando serem universais os interesses particulares da classe dominante, com o fim de legitimar e perpetuar as relações de produção capitalistas.

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O homem produz instrumentos de trabalho, que são os meios de produção, e, após a Revolução Industrial, passou a trabalhar nas indústrias e a tornar-se força de trabalho, que não deixa de ser um tipo de mercadoria.
A burguesia obtém lucro ao utilizar o capital para comprar meios de produção e força de trabalho, produzir mercadorias e vendê-las a um valor maior do que o capital investido. O capital é comparado a um vampiro, por viver sugando trabalho vivo da classe proletária. Este sistema de exploração se sustenta por meio da ideologia pregada pela classe burguesa.
Marx, ao estudar estes aspectos, concluiu que a história é um processo dialético guiado por forças econômicas e não por um Espírito Absoluto, como afirmavam outros filósofos alemães ? idealistas. Por isso, a teoria de Marx é chamada de MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO.

8. REFERÊNCIAS
BERGMAN, G. Filosofia de Banheiro. Trad. Caroline Kazue R. Furukawa. São Paulo: Madras, 2004.
MARX, K. Capital: A Critique of Political Economy. Traduzido por Paulo Miceli et al. Disponível em: obra=3498>. Acesso em 11 de janeiro de 2010.
MARX, K. O Capital. Parte III, cap. 7: Processo de trabalho e processo de produção da mais valia. Disponível em: select_action=&co_obra=2433>. Acesso em 11 de janeiro de 2010.
MARX, K e ENGELS, F. A Ideologia Alemã. Disponível em: . Acesso em 11 de janeiro de 2010.
Autor: Andressa S. Silva


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