NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO E O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO COM APROFUDAMENTO NO USO DO HÍFEN EM DIFICULDADE



NOVO ACORDO ORTOGRÁFICO E O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÃO COM APROFUDAMENTO NO USO DO HÍFEN EM DIFICULDADE

Maria do Amparo Carvalho Santos

RESUMO

O presente artigo, que foi apresentado como trabalho de conclusão de curso, traz uma análise sobre o Novo Acordo Ortográfico com aprofundamento no uso do hífen, discorrendo sobre suas transformações e dificuldades ortográficas no Brasil, demonstrando através da história da escrita portuguesa, a evolução da ortografia e a transformação da língua portuguesa detectando as diferenças da escrita do Brasil e dos demais países que falam a língua portuguesa. Através de uma pesquisa de campo com alguns professores que ensinam a língua portuguesa foram expostos os resultados obtidos. Fazendo uma analise sobre o uso do hífen em palavras compostas visto que em algumas palavras houve diferenças, pois em alguns casos tirou o tracinho e em outros acrescentou, devido a essas mudanças existe dificuldades para se compreender e por em pratica essas novas regras, e para que as pessoas possam adequar-se a essa nova sistematização o uso do hífen deveria limitar-se a ser distintivo semântico ou morfológico, pois essas transformações implicam em uma necessidade de esclarecer o sentido em definir sua classe gramatical.


PALAVRAS-CHAVE: Acordo Ortográfico. Transformação. Dificuldade. Diferenças.



ABSTRACT

The present article, which was presented as an end of course, brings an analysis of the New Spelling Agreement with deepening the use of the hyphen, talking about their transformations and spelling difficulties in Brazil, demonstrating through the history of Portuguese written and the evolution of spelling and transformation of the Portuguese language by detecting the differences in writing from Brazil and other countries that speak Portuguese. Through field research with some professors who teach the Portuguese language were exposed to the results. Doing an analysis on the use of the hyphen in compound words as there were differences in some words, because in some cases the dash was kmoved and other added, due to these changes there is difficulty to understand and put into practice these new rules, and that people can adapt to this new systematic use of the hyphen should be limited to distinctive morphological or semantic, since these changes imply a need to clarify the sense in your set of speech.

KEY WORDS: Spelling Agreement. Transformation. Difficulty. Differences.



1. INTRODUÇÃO

Este artigo consiste no propósito de fornecer informações sobre as mudanças propostas no Novo Acordo Ortográfico, fazendo dessa pesquisa um fator primordial em entender as novas regras. Sabe-se que o assunto em epígrafe é fundamental na aprendizagem, pois este proporciona ao educando uma base de conhecimento que fundamentará todo seu desempenho não só escolar, mas para toda vida, porque ortografia é gramática e gramáticas são as regras da norma culta que fazem com que todos tenham acesso a conhecimentos e cultura.
Neste trabalho pretende analisar as mudanças do Novo Acordo, e também qual a importância de ler e entender as novas regras como fonte de informação, via de acesso ao mundo criado para formação de leitores capazes de recorrer aos materiais propostos a diferentes regras ortográficas tornando prazeroso o aprendizado.
Tomando como base o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa e o processo de transformação com aprofundamento no uso do hífen, para alcançar o objetivo aqui proposto neste trabalho cientifico será feito uma abordagem qualitativa, obtendo informações indispensáveis em pesquisas bibliográficas, fazendo leituras, fichamentos e entrevistas com alguns professores de língua portuguesa, relatando que pode ser considerado como uma transformação na ortografia em dificuldade de transcrição gráfica no uso do hífen no novo acordo, tornando possível a todos o esclarecimento de suas dúvidas.


2. BREVE HISTORICO SOBRE O ASSUNTO

O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa que foi aprovado em 1990 pela Academia Brasileira de Letras, pela Academia de Ciências de Lisboa e pela delegação dos países que falam oficialmente a língua portuguesa, os chamados países lusófonos que são eles Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, e Timor-Leste, entrou em vigor no Brasil em janeiro de 2009 sendo que os brasileiros terão até 2012 para se adequarem a reforma mais recente do vocabulário ortográfico da Língua Portuguesa, nessa nova reforma estão grafadas as novas palavras com regras, durante esse tempo, ou seja até a data acima citada, tanto a grafia anterior como a nova serão aceitas oficialmente.
Portanto, essas novas regras ortográficas que constam no acordo serão obrigatórias inicialmente em documentos dos governos. Nas escolas, o prazo será maior, devido ao cronograma de compras de livros didáticos pelo Ministério da Educação (MEC).
Silva (2008) diz que para um idioma que, segundo recentes estimativas, é falados por cerca de 240 milhões de pessoas, em pelo menos oito países - sendo considerado, portanto, a sexta língua mais falada no mundo -, uma reforma ortográfica não é algo tão simples e sem consequências profundas.
Embora a quantidade de palavras da escrita que será alterada de maneira bem mais profunda não exceda 2% das palavras da língua, trata-se de um plano extenso e de diversas implicações no qual as consequências devem ser sentidas no meio editorial, nas escolas, na imprensa, enfim, em todos os âmbitos da vida social em que a grafia é um elemento imprescindível.
Isso sem contabilizar com a eliminação do trema e as mudanças que aconteceram com o hífen.
Diante dessas mudanças, que alteram a acentuação de algumas palavras, eliminando definitivamente o uso do trema e modificando a grafia em decorrência das normas sobre o emprego do hífen, trazem algumas dificuldades em relação a transformação da nova ortografia.

Bochese; Cunha; Moreira (2009, p. 13) entende que:


As poucas mudanças que ocorrem na ortografia brasileira correspondem a alguns casos da acentuação gráfica, a alguma simplificação no uso do hífen e outras simplificação no uso obrigatório de letras iniciais maiúsculas, simplificando o sistema anterior nos três casos e tornando-o mais racional. Não chega a atingir uma em cada duzentas palavras


Mesmo que no Brasil essas alterações atinjam aproximadamente 0,5% das palavras no mercado editorial, essas simples alterações deverão acontecer de acordo com dados do Sindicato Nacional dos Editores de Livros e da Câmara Brasileira do Livro em mais de 320 milhões de livros, portanto, o MEC (Ministério da Educação) já iniciou o processo de adoção da nova ortografia. Entre 2010 e 2012 é o período de transição estipulado pela pasta para a nova ortografia passar a ser obrigatória nos livros didáticos para todas as séries e nos demais países que adotam a ortografia da língua portuguesa as alterações serão mais profundas do que em outros como Portugal, que o percentual é de 1,6% em seu vocabulário mesmo não havendo mudanças na acentuação das palavras.
Brasil Portugal e os demais países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que ratificaram o acordo firmaram o mais recente instrumento de unificação ortográfica.

Winter (2009, p. 24) entende que:


Esse Acordo é na verdade, mais importante do ponto de vista político do que do linguístico, uma vez que deve facilitar a redação de documentos internacionais, em uma única versão do português, e, consequentemente, permitir o ingresso da língua portuguesa nos organismos internacionais, como por exemplo, torna-se a sétima língua oficial da ONU, juntamente com o árabe, o chinês, o espanhol, o Frances, o inglês e o russo.


Mas, em primeiro lugar, por que o acordo? Isso traz alguma vantagem à língua escrita trocada entre as nações que compõem a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa? Alguém já ouviu dizer que, sem esse acordo, governantes e diplomatas teriam amplos problemas de comunicação, se é que já tiveram algum em especial por causa disso? Por causa de um acento ou de um trema? Ora, a língua é mais do que mera ortografia; e, por isso, dada a menor importância desse capítulo da gramática.
A importância dessa unificação é proporcionar em termos políticos e diplomáticos para os países de língua portuguesa a uniformidade de a escrita viabilizar a língua, a se tornar um dos idiomas oficiais das Organizações das Nações Unidas.

2.1 As fases da Língua Portuguesa

Sobre a história das línguas pode-se dizer que a história da língua portuguesa é uma das mais fascinantes tendo se desenvolvido na Península Ibérica entre os séculos XIV e XV com o latim imposto pelos romanos que aos poucos misturou-se com os falares regionais, originando as línguas neolatinas como o português, espanhol, francês, italiano, romeno, galego e outros, sua historia divide-se em três diferentes fases:
Fase pré-histórica: Entre os séculos V e IX onde houve a mistura do latim vulgar com os falares regionais.
Fase proto-histórica: Entre os séculos IX XI, época em que se encontram documentos escritos em latim bastante transformado, misturado com palavras portuguesas.
Fase histórica: Fase do português arcaico: século XII onde aparecem os primeiros documentos inteiramente redigidos em português. O primeiro texto escrito em nossa língua foi a poesia "Cantiga da Ribeirinha", de Paio Soares de Taveirós, em 1189 ou 1198. Passando por o Período do português moderno: que se estendeu até nossos dias. Sob a influência dos autores humanistas e clássicos, houve um progresso lingüístico muito grande, datando dessa época a obra-prima da língua portuguesa, Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.
Segundo alguns escritores a língua portuguesa é atualmente a quinta ou a sexta língua mais falada no mundo, com mais de 300 milhões de falantes.

2.2 História do acordo ortográfico
Silva (2008, p. 56) entende que:


Ao longo dos séculos, a historia da ortografia portuguesa foi procurando aperfeiçoamentos progressivos de legibilidade, tentando tornar a escrita tanto quanto possível, um verdadeiro retrato da língua. Lamentavelmente, dizem seus críticos, a nova proposta não reduz o número de regras, além de continuar mantendo várias exceções. Para piorar ainda mais o quadro, as poucas modificações realizadas teriam sido formuladas de modo relativamente complexo, além de, em quase todos os casos em que se sugerem alterações gráficas, o novo Acordo Ortográfico reproduziu praticamente as mesmas regras usadas nos acordos e reformas anteriores, como os de 1945e 1971. As poucas modificações que há nele são formuladas de tal maneira que poderão confundir ainda mais os usuários já acostumados com a ortografia vigente.


A ortografia da língua portuguesa iniciou no século XX em Portugal e no Brasil com a intenção de estabelecer o modelo de ortografia que pudesse ser utilizada como referencia nas publicações oficiais e no ensino de ambos os países.
Em 1943, realizou-se em Lisboa um encontro entre os dois países com o objetivo de uniformizar os vocabulários já publicados, o da Academia das Ciências de Lisboa do ano de 1940 e o da Academia Brasileira de Letras de 1943. Através deste encontro deu-se início ao acordo ortográfico de 1945 que vigorou apenas em Portugal, pois no Brasil não foi implementado e o mesmo continuou a guiar-se pelas regras expostas no Vocabulário Ortográfico de 1943, sendo que em 1986 foi feito no Brasil uma nova uniformização da ortografia sem que se tivesse chegado a acordo.
Nos anos seguintes, depois de um longo trabalho desenvolvido pelas duas Academias, os representantes oficiais dos oitos países que adotaram a lusofonia assinaram o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990.
Com essas transformações ocorridas no atual acordo que deverá entrar em vigor até 2012, poderão perturbar ainda mais as pessoas que estão habituadas com as grafias anteriores.
Devido a essa mudança os usuários do português terão que se situarem com essas novas regras para que se possível compreender a nova forma da escrita.

2.3 mudanças que serão adotadas na nova ortografia

O acordo incorpora tanto características da ortografia utilizada por Portugal quanto a brasileira. O trema, que já foi eliminado na escrita dos portugueses, desaparece de vez também no Brasil. Palavras como "lingüiça" e "tranqüilo" passarão a ser grafadas sem o sinal gráfico sobre a letra "u". pois, há muito, já se convencionou entre os falantes o seu não uso. A exceção são nomes estrangeiros e seus derivados, como "Müller" e "Hübner". Seguindo o exemplo de Portugal, paroxítonas com ditongos abertos "ei" e "oi" --como "idéia", "heróico" e "assembléia"-- deixam de levar o acento agudo. O mesmo ocorre com o "i" e o "u" precedidos de ditongos abertos, como em "feiúra". Também deixa de existir o acento circunflexo em paroxítonas com duplos "e" ou "o", em formas verbais como "vôo", "dêem" e "vêem".
Os portugueses não tiveram mudanças na forma como acentuam as palavras, mas na forma como escrevem algumas delas. As chamadas consoantes mudas, que não são pronunciadas na fala, serão abolidas da escrita. É o exemplo de palavras como "objecto" e "adopção", nas quais as letras "c" e "p" não são pronunciadas. Com o acordo, o alfabeto passa a ter 26 letras, com a inclusão de "k", "y" e "w". A utilização dessas letras permanece restrita a palavras de origem estrangeira e seus derivados, como "kafka" e "kafkiano".
2.4 Dupla grafia
Bechara (2008, p. 72) entende que:
Na representação dos sons da fala (fonemas) por grafemas, utilizaram-se dois princípios fundamentais: O etimológico e o fonético. O primeiro atende à origem; no caso das línguas ocidentais modernas, a tradição clássica grego-latina, que onos legou o alfabeto. O segundo, com visível intenção simplificadora, substitui os grupos, duplicações gráficas e o ph, th, ch, nn, sc, y, etc". pelos grafemas representativos desses som da fala.
A unificação na ortografia não será total. Como privilegiou mais critérios fonéticos (pronúncia) em lugar de etimológicos (origem), para algumas palavras será permitida a dupla grafia.
Isso ocorre em algumas palavras proparoxítonas e, predominantemente, em paroxítonas cuja entonação entre brasileiros e portugueses é diferente, com inflexão mais aberta ou fechada. Enquanto no Brasil as palavras são acentuadas com o acento circunflexo, em Portugal utiliza-se o acento agudo. Ambas as grafias serão aceitas, como em "fenômeno" ou "fenómeno", "tênis" e "ténis".
A regra valerá ainda para algumas oxítonas. Palavras como "caratê" e "crochê" também poderão ser escritas "caraté" e "croché".

2.5 Hifen mudanças em dificuldade

As regras de utilização do hífen também ganharam nova sistematização. O objetivo das mudanças é simplificar a utilização do sinal gráfico, cujas regras estão entre as mais complexas da norma ortográfica.
"São igualmente significativas as alterações que o Acordo Ortográfico introduziu nas normas que regem o emprego do hífen. A mudança mais significativa diz respeito à unificação das normas com relação aos verdadeiros e falsos prefixos". (Ledur, 2009,p. 18)
O sinal será abolido em palavras compostas em que o prefixo termina em vogal e o segundo elemento também começa com outra vogal, como em aeroespacial (aero + espacial) e extraescolar (extra + escolar), sendo assim vogais diferentes ficaram sem hífen e vogais iguais serão hifenizadas.
Winter (2009, p. 103) entende que:


Tais iniciativas devolviam ao contexto escrito ? o que constituíra prática antiga no sistema ortográfico da língua portuguesa ? a tarefa de desfazer possíveis duplicidades de interpretação motivadas pelas homografias entre palavras. O Acordo estendeu, por coerência, à participação elucidadora do contexto, o mesmo papel de desfazer ambiguidades, quando propôs a supressão do hífen nas locuções de quaisquer naturezas, eliminando ainda, com a providencia, para o homem comum, a razão, nem sempre ao seu alcance, de perceber artificialismos gráficos do tipo, por exemplo, do emprego de à toa (sem hífen), quando locução adverbial ("viajou à toa"), de à-toa (com hífen), quando locução adjetiva ("problema à-toa"), praticas então vigentes entre brasileiros.


É desgastante ficar discutindo se aquele termo tem hífen ou não por isso, que as reformas anteriores já nos aproximaram bastante do novo acordo. As regras sobre acentuação gráfica, hífen, sobre o uso do "h" inicial e final, entre outras, já existiam. Um resumo das mudanças das normas ortográficas trazidas pelo acordo nos mostra que quatorze foram reformuladas. Em oito delas, admite-se dupla grafia. Apenas quatro foram criadas e dezoito foram mantidas como já usamos no Brasil.
Lima (s-d, p. 61) entende que:


Percebo com certo desconforto que nunca gastamos tanto tempo com uma reforma. Pior que reformar a casa, a edícula e a casa de praia, tudo junto e de uma vez só. Pessoas que já compraram livros pretensamente capazes de orientar as modificações do Acordo, como também dicionários, sabem, a esta altura, que investiram mal na bolsa do saber, pois só com a publicação do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, pelo menos até a próxima reforma, é que ficam definidas as regras que serão válidas em todo território nacional daqui para diante.


É possível dizer que, quanto ao emprego do hífen, várias regras foram reformuladas de modo mais claro, resumido e simples. Todavia não se chegou ainda à racionalização desejada pelos usuários. Visto que o hífen deveria limitar-se a ser um distintivo semântico ou morfológico, pois colocar ou tirar o tracinho implica não um gosto pessoal ou uma estética, mas uma necessidade de aclarar o sentido do termo, definir sua classe gramatical.
Quanto à simplificação do hífen, este assunto está gerando muita incerteza para os usuários do português devido a modificação que vai depender em alguns casos do contexto.
Viana (s-d, p. 22) entende que:


A atual confusão no emprego do hífen deve-se em parte ao texto do Acordo Ortográfico, que é lacunoso e nem sempre lógico em suas determinações, e em parte aos acréscimos feitos pela comissão que elaborou o novo Formulário Ortográfico. No intuito de suprir as lacunas do texto oficial, ela por vezes se afastou do bom senso. A indecisão entre legislar (por critérios nem sempre claros) ou aceitar grafias consagradas pelo uso terminou criando regras obscuras, nas quais o número de casos se aproxima da quantidade de exceções.


A forma de empregar o hífen não está bem claro na nova ortografia pois deve-se analisar cada caso, o que deixa os falantes da língua portuguesa na dependência de estudar novamente sobre a nova ortografia.
Já quando o primeiro elemento finalizar com uma vogal igual a do segundo elemento, o hífen deverá ser utilizado, como nas palavras "micro-ondas" e "anti-inflamatório".
Essa regra acaba modificando a grafia dessas palavras no Brasil, onde essas palavras eram escritas unidas, pois a regra de utilização do hífen era determinada pelo prefixo.
Machado (2006, p. 57) entende que:


Todas as pessoas que escrevem com algum cuidado já tiveram dúvida sobre se uma palavra ou expressão leva ou não o infernal hífen. A dúvida, aliás, é tão freqüente, mesmo entre especialistas, que até dicionaristas de alto nível divergem sobre seu uso em certas palavras compostas. De modo que dicionários diferentes grafam algumas delas com hífen e outros, não. Alguns contrariam até o que parecem ser seus próprios princípios.


A exceção é quando o primeiro elemento terminar em "r" e o segundo elemento começar com a mesma letra. Nesse caso, a palavra deverá ser grafada com hífen, como em "hiper-requintado" e "inter-racial".
Nessas mudanças o que mais dificulta o nosso entendimento e a transformação no uso do hífen.
Junior (2009, p. 32) entende que:


Um equívoco no uso do hífen não e o tipo de tropeço que atrapalha a compreensão ou afete a imagem da pessoa. Ninguém será tomado por ignorante nem deixará de ser entendido ao escrever "água -de ?coco" com ou sem hífen. Antes de dar vazão à ânsia normativista, talvez fosse o caso de fazer como idiomas em que o hífen é, quando não ignorado, deixado ao gosto do freguês. Mas o Brasil escolheu outro caminho. Quem quiser que o siga.


Portanto devido a essa confusão em compreender o uso do hífen as pessoas que faz uso da língua portuguesa terão que seguir as novas normas ortográficas.


3. ANÁLISE DOS RESUTADOS


Com base na coleta de dados através de entrevistas aplicadas foram feitas análises descritivas. De início seriam entrevistados quatros professores da área de Língua Portuguesa, mas só dois aceitaram responder a entrevista baseada no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
As entrevistas contêm nove perguntas sendo uma sobre a formação dos entrevistados e oito referentes ao Novo Acordo Ortográfico (ver apêndice A). As respostas levam aos seguintes resultados.
Na primeira pergunta os professores discorreram sobre suas formações e tempo de ensino na área de língua portuguesa sendo uma professora especialista que trabalha com o ensino da língua portuguesa há 31 anos, que foi entrevistada em 20 de outubro de 2010, e outro doutor que trabalha na área de ensino da língua portuguesa há 30 anos, que foi entrevistado em 25 de outubro de 2010 sendo todos professores da Faculdade Atlântico
Em se tratando da segunda pergunta da entrevista os professores comentaram que as diferenças estão nas limitações do novo acordo ortográfico devido às eliminações de alguns acentos como os circunflexos (em palavras homógrafas e dos derivados dos sufixos ? mente), do trema dos hiatos mas, onde houve mais diferenças foi com relação ao hífen e ainda comenta que o resultado não foi satisfatório, porque trouxeram além das dúvidas e da falta de uniformização, toda sorte de dificuldades, que, no sistema anterior, eram menos atordoantes e também menos numerosas.
Em relação a terceira pergunta os professores entrevistados falaram que entre essas mudanças na nova ortografia a mais complicada e a mudança do hífen, pois em alguns casos não ficou bem claro, principalmente nas locuções adverbiais, substantivas e adjetivas.
E ainda discorreram que a nova lei ortográfica não avança em problemas contextuais. Só o contexto dará a diferença em casos de locução que não levam mais hífen. Porque caiu o acento diferencial, só o contexto da frase determinará. Nesse sentido, o uso do hífen e do acento diferencial constituem algumas das mudanças no novo acordo que têm causado dificuldades na escrita dos usuários.
Sobre a quarta pergunta um dos professores afirmou que não há, no geral, melhorias significativas concernentes à nova escrita ortográfica. Apenas alguns avanços tímidos/ pequenos como é o caso do trema.
E outro respondeu que houve melhoras na nova escrita ortografia como a eliminação do trema e de alguns acentos, pois assim facilitou a escrita.
De acordo com a quinta pergunta com os entrevistados a exclusão do trema foi essencial, pois assim os leitores não terão que se preocupar com essa regra.
Na sexta pergunta da entrevista um dos professores disse que não há dificuldade com relação à nova ortografia, com exceção do hífen que, em alguns casos há duvidas, principalmente com palavras que seguem uma determinada regra, pois deveria ficar mais claro, e o que resta é estudar para não errar.
E o outro disse que de início, os usuários enfrentam algumas dificuldades que podem ser consideradas normais. A familiaridade com as regras do novo acordo demanda, de certa forma, um tempo, o quê com isso, tais dificuldades, aos poucos, vão sendo eliminadas.
Em relação a sétima pergunta os professores entrevistados responderam que em alguns casos complicou e em outros ficou mais fácil.
Sobre a oitava pergunta da entrevista os professores disseram que nas formas prefixais o uso do hífen ficou bom, principalmente nas mesmas vogais que separam como exemplo a palavra micro-ondas, em vogais diferentes que se juntam como autoapredizagem e nos compostos que designam espécies botânicas e zoológicos como erva-doce e bem-te-vi também ficou interessante e o que mais complicou foi com relação as locuções, só que precisa e verificar bem as regras em vigor.
Com relação à última pergunta da entrevista os professores de língua portuguesa responderam que essa mudança não trará consequência para a nova escrita e que no início tudo é difícil, mas a partir do momento em que os livros se adequarem as novas regras tudo vai melhorar.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nas mudanças ocorridas em torno da nova ortografia de fato está causando muitas dúvidas nos falantes de língua portuguesa, pois se deve fazer um estudo mais aprofundado sobre essas novas regras com objetivo de esclarecer as dúvidas dos usuários da língua portuguesa.
Portugal e Brasil vêm tentando aperfeiçoar os seus sistemas convencionais de ortografia, para chegar a resultados satisfatórios. A tarefa inicial, a partir do Séc. XX, foi passar de uma rígida tradição etimológica a um sistema simplificador fonético que mais aproximasse a escrita da realidade da pronúncia. Foi proposto, à época, um sistema de grafia simplificadora em termos fonográficos, que não alcançou adeptos. Resolvida a primeira tarefa a racionalização no emprego da etimologia ? partiu-se para o teor mais complexo, que é a unificação ortográfica entre Portugal e Brasil, incluindo as cinco nações africanas independentes, contando mais recentemente com a inclusão de Timor ?Leste e Macau. Segundo, Antônio Houaiss em seu livro A Nova Ortografia da Língua Portuguesa (1991), o Brasil começou a se distanciar da norma adotada por Portugal, porque a que está em vigor até hoje foi estabelecida em 1943, pela Academia Brasileira de Letras, com pequenas alterações adotadas em 1971. Enquanto isso, em Portugal a ortografia vigente é resultado de um acordo elaborado e negociado, entre Brasil e Portugal em 1945e nunca ratificado pelo uso ou por lei no Brasil. Se o objetivo era unificar e simplificar a língua escrita dos países que falam e escrevem o português, o resultado não foi satisfatório, porque trouxeram além das dúvidas e da falta de uniformização, toda sorte de dificuldades, que, no sistema anterior, eram menos atordoantes e também menos numerosas.
Com os dados do resultado da pesquisa é possível dizer que as várias regras foram reformuladas de modo mais claro, resumido e simples, mas que não se chegou ainda à racionalização desejada pelos usuários da língua portuguesa, considerando que o hífen deveria limitar-se a ser um distintivo semântico ou morfológico, pois colocar ou tirar o tracinho implica não um gosto pessoal ou uma estética, mas uma necessidade de aclarar o sentido do termo, definir sua classe gramatical.








REFERÊNCIAS

BECHARA, Evanildo. O que muda com o novo Acordo Ortográfico. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

COSTA JUNIOR, Luiz Pereira. Revista Língua Portuguesa: Como a Academia de Letras preencheu as lacunas e contradições da lei ortográfica. São Paulo: Segmento, março 2009.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliografia, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. - 6 ed. - São Paulo: Atlas, 2001.

LEDUR, Paulo Flávio. Guia prático da nova ortografia: as mudanças do acordo ortográfico. Porto Alegre RS. Age, 2009.

LIMA, Roberto Sarmento. Revista Língua Portuguesa: Uma pedra no meio do caminho: O acordo Ortográfico, - Nº18 ISSN 1984-3682.

MACHADO, Josué. Revista Língua Portuguesa: Onde por o hífen, - ano I, Nº10, 2006.

MOREIRA, Maria Eunice; SMITH, Maria Magnus; BOCCHESE, Jocelyne da Cunha. Novo acordo ortográfico da Língua Portuguesa: questões para alem da escrita. Porto Alegre, Edipucrs, 2009.

PASSOUD, Cesar Luiz. Metodologia da comunicação nos trabalhos cientificos: Florianópolis: Conceito Editorial, 2007.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico: - 22. ed. rev. e ampl.
de acordo com a BNT. São Paulo: Cortez, 2002.

SILVA, Maurício. O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: o que muda o que não muda. 1ª Ed., 1ª reimpressão - São Paulo: Contexto, 2008.

VIANA, Chico. Revista Língua Portuguesa: O hífen em desacordo. Nº20. ISSN-1964-3682


WINTER, Neumar Carta. Reforma Ortográfica 2009: Adaptação à 5ª edição 2009 do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. 2ª Ed. Curitiba: Juará: 2009.

















Autor: Maria Do Amparo Carvalho Santos


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