PEQUENOS GRUPOS



Examinando os Fundamentos dos Pequenos Grupos
Por: Amilton Cunha

"Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo".2

O sucesso de qualquer empreendimento passa por uma clara percepção da visão, missão e objetivos da iniciativa. A declaração de visão responde à seguinte questão: o que queremos nos tornar? Ou seja, o que seremos? A missão assinala a razão pela qual o empreendimento existe e o que ele fará. Os objetivos são as tarefas específicas a serem feitas em um período de tempo determinado, destinadas a cumprir a missão.
No contexto dos Pequenos Grupos não é diferente, mas também, o êxito depende, dentre outros aspectos, de uma fulgente intuição dos aspectos teológicos, históricos, sociológicos e organizacionais desse ministério, e a Bíblia apresenta amplas evidências desses fundamentos,

As evidências teológicas ensinam que a essência de Deus é comunidade, e como Deus não existe sozinho, Seu povo também não pode existir.3 Ademais, Deus espera que Seus filhos vivam em comunidade, Jesus sonha com a unidade para todos os cristãos, motivo pelo qual devemos fazer com que a igreja acosse incansavelmente esse ideal.4

As evidências históricas revelam que o pequeno grupo é um programa de Deus para todos os tempos. Ao longo das eras, encontramos fortes evidências desse plano. Não obstante, é no Novo Testamento que encontramos o arquétipo supremo da vida em comunidade; Jesus nos apresentou o modelo ideal ao estabelecer o PG apostólico.

As evidências sociológicas indicam que o homem é um ser social, foi formado para viver em comunidade, contudo, o mundo atual vive o drama da solidão, dos relacionamentos partidos. A interdependência humana está mergulhada em profunda crise, logo, Aquele que não pode errar, apresentou os pequenos grupos como um plano para restaurar a vida em comunidade.

As evidências organizacionais mostram que a maneira como Deus orientou a organização de toda nação de Israel no deserto, permanece como um método inconfundível por sua eficiência e objetividade. Josué; o sucessor de Moisés, Jesus; durante o Seu ministério, a igreja primitiva e os pioneiros adventistas, também, fizeram uso dessa metodologia.
A compreensão desses quatro fundamentos é de extraordinária importância para a subsistência dos pequenos grupos, mas também, é imprescindível o conhecimento das razões, e dos propósitos, desse ministério.

As razões respondem à seguinte questão: Por que fazer? ? Observe a seguir cinco razões persuasivas para implantar o ministério dos pequenos grupos:

1. É Plano de Deus.
Está assinalado tanto no Velho como no Novo Testamento, e também no Espírito de Profecia. É, sem dúvida, o plano de Deus para a Sua Igreja no Tempo do Fim.5

2. Facilita o Pastoreio.
O modelo tradicional de pastorear é ineficaz para atender todas as necessidades de um distrito pastoral com uma média de 8 igrejas e 1.000 membros.6 Sem a estrutura dos pequenos grupos, a tarefa, o pastoreio torna-se impossível.

3. O Sacerdócio é de Todos os Crentes.
No Sinai, Deus estabeleceu oficialmente Israel como um reino de sacerdotes,7 no Novo Testamento, renovou a Sua promessa e delegou o sacerdócio para todos os crentes.8 Portanto, o sacerdócio não é responsabilidade e privilégio apenas dos ministros ordenados, "a cada um foi determinada sua obra, e ninguém pode substituir a outrem".9

4. Fomos Criados para Viver em Comunidade.
Fomos gerados com a tendência e desejo de viver em intensa comunhão e proximidade com Deus e uns com os outros, porém, o pecado maculou e alterou essa relação. Logo, consta, em todas as Escrituras, a revelação do plano de Deus de restaurar a comunidade e reestabelecer a comunhão do homem com Deus e com seu próximo.

5. Foi o Método de Jesus.
"Devemos procurar seguir mais estritamente o exemplo de Cristo, o grande Pastor, ao trabalhar com Seu pequeno grupo de discípulos [...]".10
"Qualquer que seja o processo de avaliação, a evidência dos fatos atesta que a organização fundada por Jesus é a mais bem-sucedida de todos os tempos".11

Os propósitos indicam a "intenção original" do Criador e responde à seguinte questão: Para que foi criado? ? Note os propósitos básicos desse plano divino:

1. Comunhão.
"Que pequenos grupos se reúnam ao anoitecer ou de manhã cedo para estudar a Bíblia por si mesmos. Tenham um período de oração a fim de que sejam fortalecidos, iluminados e santificados pelo Espírito Santo".12
Este conselho enfatiza os aspectos da comunhão com Deus, o estudo da Bíblia, a oração e a busca do batismo diário do Espírito Santo.

2. Missão.
"[...] Convém que as igrejas se organizem em pequenos grupos a fim de trabalhar, pelos membros da própria igreja, e também pelos incrédulos [...]. Mantenham indissolúvel seu laço de união, apegando-se uns aos outros com amor e unidade, animando-se mutuamente para avançar, adquirindo cada qual ânimo e força do auxílio dos outros".13
Nesta segunda declaração ficam enfatizados os aspectos relacionais e evangelísticos dos pequenos grupos.

A obtenção de um diagnóstico mais amplo da estrutura dos PGs passa, ainda, pela avaliação das práticas de implantação e manutenção desse ministério.

1. Implantação.
A aquisição da visão do ministério dos PGs é o primeiro passo no processo de implantação. Compartilhar a visão, propagar os valores, os fundamentos e as melhores práticas desse ministério são os próximos. O pequeno grupo protótipo, comprovadamente, é o melhor ambiente para multiplicação desses conceitos.

2. Manutenção.
Alguns elementos são de grande valia para a manutenção dos PGs, ? participação; atmosfera agradável; evangelismo, cuidado, paixão, visão, missão, celebração, etc., ? e o desempenho das atribuições dos pastores, coordenadores, líderes, anfitriões, e membros são determinantes para o sucesso ou fracasso desse ministério.


Considerações finais

Como vimos, a estruturação, revitalização e solidificação dos PGs compreendem várias perspectivas: a visão, a missão e os objetivos, os aspectos teológicos, históricos, sociológicos e organizacionais, as razões, os propósitos, e as melhores práticas de implantação e manutenção; estas são as palavras-chave para o sucesso desse ministério. O conhecimento desses fundamentos é de extraordinária relevância, porém, a aplicação desses princípios, é de fato, o maior desafio.
É senso comum que o pequeno grupo reaviva a vida espiritual dos membros, estimula o estudo da Bíblia, o louvor e o testemunho pessoal. Fomenta a integração e o companheirismo entre os membros; gera elevada qualidade de amor fraternal; organiza a igreja para cumprir a missão; institui uma metodologia mais dinâmica de evangelização e envolve a maioria dos membros no trabalho; identifica e prepara novos lideres; fortalece a conservação dos novos membros e propicia muitos outros benefícios.
O momento é de voltar às raízes, retornar ao modelo bíblico, onde a vida em comunidade é o centro da vida para a igreja. Retornar ao modelo bíblico significa levar a igreja a experimentar o sentido de comunidade criado por Deus no Éden (Gên. 2:18); e vivido intensamente na igreja cristã primitiva (Atos 4:34). Voltar às raízes significa tornar cada membro da igreja um discípulo (Mat. 28:18-20); descobrir e desenvolver os dons espirituais de cada membro do corpo de Cristo (I Ped. 2:9); compartilhar o ministério pastoral e multiplicar-se pela duplicação dos grupos.
Este é o momento de restaurar os Pequenos Grupos!



"A longa viagem começa por um passo"
Provérbio Chinês.








Referências
1 Amilton Costa Cunha é Bacharel em Administração e Bacharelando de Teologia pelo Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia - IAENE
2 I Coríntios 3:11 Almeida Revista e Atualizada
3 Burrill, Russell ? Como reavivar a igreja do século 21, Pág. 26 ? São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2005
4 Ver João 17:11-21
5 White, Ellen G. ? Evangelismo, Pág. 115 ? Tatuí SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007; RH, 21 de julho de 1896; Êxodo 18; Marcos 3:13-19; João 17.
6 Rosa, Edson [Organizador] ? Esperança viva: nossa missão é servir, Pág. 110 ? Tatuí São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2009. (Média de membros de um pastor na DSA da IASD)
7 Êxodo 19:5 a 8. Veja também Lv 11:44,45; Nm 15:40.
8 1 Pedro 2:5 e 9.
9 White, Ellen G. ? Serviço Cristão, Pág. 10 ? Tatuí SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007.
10 White, Ellen G. Evangelismo, Pág. 203 ? Tatuí SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007.
11 Briner, Bob. ? Os métodos de administração de Jesus Bob Briner, Pág. 10 ? São Paúlo: Mundo Cristão, 1997.
12 White, Ellen G. ? E recebereis poder: Meditações Matinais, Pág. 149 ? São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1999.
13 White, Ellen G. Testemunhos Seletos, vol. 3, Pág. 84 ? Tatuí SP: Casa Publicadora Brasileira, 2007.



Bibliografias Consultadas
Cox, David ? Pense grande, pense em pequenos grupos ? Portugal: Publicadora Atlântica, S.A. 2000.
Donahue, Bill ? Edificando uma igreja de grupos pequenos / Bill Donahue, Russ Robinson; São Paulo: Ed. Vida, 2003
Johnson, Kurt W. ? Grupos pequenos para el tempo del fin ? Buenos Aires: Aces, 1999.
Santana, Heron [organizador] ? Pequenos Grupos Teoria e Prática ? São Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 2007.
Schwarz, Christian A. ? Realce as cores do seu mundo com o desenvolvimento natural da Igreja ? Curitiba, PR: Editora Evangélica Esperança, 2010.
Torres, Milton [organizador] ? Pequenos grupos, grandes soluções ? Guarulhos, SP: Parma, 2007.
Warren, Rick ? Uma igreja com Propósitos ? São Paulo: Editora Vida, 2008.

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Autor: Amilton Costa Cunha


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