Irreversível a mudança no mundo árabe



É decepcionante, a revolução árabe. Porque esperamos que seja a mais rápida, a mais nítida ou a mais decisiva. Os egípcios levaram menos tempo que os tunisianos para se livrar de seu presidente, reflexos de fuga tímida dos Generais argelinos e um reino de Marrocos apenas sacudido ou da dinastia síria a terra, as réplicas deste seísmo se esperam em Teerã.

Pois não! Mesmo em marcha, a história não apaga o passado de um golpe de uma esponja. Embora o movimento, a história não escreve o futuro do dia a noite. Ela avança em salto e as vezes em forma de caranguejo, esperando assim a iminência de uma revolução, sem podermos ver a sua realidade, tão óbvia que ela seja.

Há menos de um mês, o mundo árabe foi congelado. Nada parecia capaz de se mover, enquanto o medo é omnipresente e « Statu quo » das ditaduras parecia preferível à ascensão de regimes islâmicos. Em seguida houve a ruptura de Tunís, esta ascensão política de uma juvetude sedenta de liberdade, como sendo uma terceira força reclamando a democracia, consequência de um transbordamento imediato. O mundo árabe reconheceu logo o levantamento da Tunísia. Em todas as suas capitais, a mesma juventude oculta, moderna, aberta sobre o mundo, estremeceu pela esperança e desafiou os poderes para as concessões, enquanto muitos povos dos países árabes, do Egito, e de seus epicentros se levantam por sua vez.

Então, sim, o regime egípcio resistiu a duas semanas de manifestações ininterrumpidas. Contrário ao presidente, Ben Ali, não entrou em colapso rapidamente, perguntando porque não se ignorou, portanto, a rápida cadência de goples?

Apesar da violência, da repressão, dos mortes, dos feridos e das arrestações e o encarceramento arbitrário de suspeitos e perseguidos, o medo diminuiu e o povo se livrou a um pluralismo de fato, emergido sobre os escombros de monolítismo de ontem. Tal velho presidente que se prepara para organizar uma sucessão dinástica, passando a tocha o poder a seu filho, atribui apenas o título ao presidente. Ele foi obrigado a ceder, de fato, às rédeas para o seu vice-presidente, ex-chefe de inteligência, Omar Suleiman. Ele abriu a clima de negociações para todas as forças de oposição, incluindo os islamistas, visando encontrar uma solução política para esta crise.

Enquanto isso, o Partido Democrático Nacional, espinha dorsal do regime, trocou seus herarquicos pelos chefes de uma nova liderança, mais aberta e, até então marginalizada por causa das denúncias de fraude eleitoral. O Presidente foi obrigado a se livrar. O partido mudou de mãos. Manter-se popular exige paciência e vontade para recusou a participar a ofensiva, onde o exército é agora o único poder do Egito e, ao mesmo tempo, os partidos da oposição se tornam, cada vez mais parceiros do regime.

Ontem, eles foram ou ilegais ou ainda reduzidos ao papel de figurantes em uma trela. Hoje, eles são convidados aos palácios oficiais, obrigados a ajudar o poder para impedir as manifestações, em troca de emendas constitucionais. Elas permitem a organização de eleições livres. Mas o regime insiste envolve-los em seu próprio resgate. Porque o sistema se curva, mas não se quebra. O Egito quer ser no meio, porque ninguém pode prever o resultado, mas o que não quer se ver a que ponto este país já tinha mudado?

Egito não é o que era. Não é apenas uma insurreição pacífica que criou novas relações de poder, o que é impensáveis há três semanas. Vale reslatar que essa mudança permitiu de ver o outro Egito, a verdade é que a metade da população tem menos de 24 anos. Um egípcio sobre dois nasceu com a revolução tecnológica. Internet e televisão pan-árabe mudaram completamente; a relação, aqual este país tem com o mundo exterior. Este regime datado de antes do fim da Guerra Fria e onde os Estados Unidos não se consideram mais o seu suporte para a sua sobrevivência e importante para sua segurança. Eles o empurram para a mudança porque os democratas e republicanos acreditam que os interesses dos Estados Unidos deixarão de ser associados a um poder exaustivo. eles, portanto, apoiam a nova geração, com olhos voltados para a liberdade.

E, por fim a terceira mudança de fundo envolve as Irmandades Muçulmanas - minoria, e não a maioria ; elas desempenham o papel da democracia, porque elas vêem bem que ela presenta diferentemente mais atrativos do que a « sharia » para os jovens egípcios, representando os islamitas turcos, sobretudo, aqueles que se comportam melhor que os aiatolás da teocracia do Irã ou Al-Qaeda da Jihad. Estas três mudanças não são somente egípcias. Eles são obra do mundo árabe inteiro e por isso que esta revolução, a primavera árabe, está num estágio que corresponde a fase inicial.

Lahcen EL MOUTAQI
Consultor-professor, pesquisador na Universidade Mohmmed V em Rabat, Marrocos
Autor: Lahcen El Moutaqi


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