Assombrações



Num canto da sala de jantar o olhar frio e indiferente de papai. Perto da porta de mãos na cintura mamãe rege o vai-e-vem do meio-dia.
Mesa posta para o almoço em família!
Silenciosamente a casa respira o passado que existiu um dia.

E novamente as cadeiras todas estão vazias!
E outra vez ressoa uma canção pesada de desamor e abandono.
Maria não veio! João desapareceu! José onde está?
No sino da igreja são doze tristes badaladas.
Rogai por nós, Senhor, que temos tantas assombrações.

Maria mudou-se de país com seu amor marginal.
João elouqueceu e vive trancado na casa verde de Niterói.
E agora, José? Que triste destino! Que sina infeliz!

Num canto da sala de jantar acendo outro cigarro.
E a fumaça que sobe desenha minhas últimas impressões.
Morre o dia lentamente e já a noite se anuncia!
Recolho meus fantasmas numa caixa de papel.

- Apronta, Elvira, aquele meu lindo vestido vermelho que eu vou sair pra dançar!

Autor: Nara Junqueira


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