ESTUDO DE CASO - SAÚDE DO IDOSO



SAÚDE DO IDOSO

ESTUDO DE CASO COM APLICACAO EM PARTE DO PROCESSO DE ENFERMAGEM

HISTÓRICO DE ENFERMAGEM
1) IDENTIFICACAO
- Nome: F. B.
- Data de nascimento: 20/01/1935
- Sexo: Masculino
- Estado civil: Divorciado
- Religião: Acredita em Deus, porém relatou não ter religião
- Escolaridade: Segundo grau completo

2)COMPOSIÇÃO FAMILIAR
O paciente relatou ter 6 filhos que não sabe onde estão, foi casado duas vezes e se separou, pois o casamento não deu certo e não sabe das ex esposas.

3)CONDIÇÕES DE MORADIA
O Sr F.B. morava no Rio de Janeiro e após o divórcio veio para Foz do Iguaçu, onde morou na Vila Portes em uma casa alugada. Relatou ter nascido no Líbano, vindo para o Brasil com 18 anos. O mesmo não soube relatar as condições da casa onde morava antes de ser institucionalizado.

4)PERFIL ECONÔMICO
Refere ser aposentado, porém não recebe o benefício (relata a responsável pela Instituição).

5) PERCEPÇÕES E EXPECTATIVAS
Relatou gostar muito da instituição e das condições em que vive hoje, se sente muito bem e sem queixas de saúde (apesar de apresentar sintomas patológicos), nega tomar medicações e recusa consultas médicas. Refere nunca ter tido nenhum problema de saúde, internações e tratamentos anteriores. Relaciona-se com os colegas da instituição, porém não recebe visitas. Queixa-se muito de ter perdido sua dentadura e não consegue se alimentar bem.

6) EXAME FÍSICO
6.1 Sinais vitais: PA ? 150/90 mm/Hg; T: 36.5°C.
6.2 Peso e altura: 60kg, 1.76 m (relatado pelo paciente, já que na instituição não possui balança)
6.3 Alergias: relatou nunca ter apresentado reações alérgicas à medicamentos, alimentos, ou qualquer outro tipo de alergia.
6.4 Imunizações: não possui carteira de vacinação, porém refere ter tomado vacinas na infância.
6.5 Boa aparência, vestimentas velhas, porém limpas, expressa cansaço e tristeza, apesar de relatar estar ótimo e feliz.
6.6 Higiene corporal, odor do corpo: passa vários dias sem tomar banho e só toma com ajuda dos funcionários da instituição (relatou a funcionária da casa), porém não apresenta odores.
6.7 Alimentação: Sem restrições alimentares, porém refere não ter muita fome, pois perdeu a prótese dentária e isso dificulta a mastigação. Faz as refeições sozinho.
6.8 Hidratação: relata não ter sede e por isso ingere pouquíssimo líquido.
6.9 Atividade físicas: não pratica atividades físicas.
6.10 Recreação, lazer, passatempos: Relata, as vezes, assistir televisão.
6.11 Sono e repouso: refere dormir bem, porém observamos que dorme em péssimas condições, já que não gosta de dormir na cama e prefere repousar em uma cadeira reclinável ou no sofá.
6.12 Pele e mucosas: pele integra e hidratada com pouca perda de elasticidade, presença manchas senis hipercrômicas, principalmente nos membros superiores, névuos na parte posterior do tórax e mucosas normocoradas.
6.13 Unhas: unhas das mãos: cortadas, limpas e com bom aspecto, formato e coloração normal. Unhas dos pés: apresenta sujidade, pele ressecada e joanete no pé direito.
6.14 Musculatura: flácida, força muscular mantida no teste bilateral de apreensão e tremores contínuos.
6.15 Rede venosa: normal, não apresenta varizes e flebites
6.16 Membros inferiores e superiores: amplitude dos movimentos dos membros inferiores diminuído e tremores de média amplitude nos membros superiores. Musculatura hipotrófica, hipotônica e pele hipoelástica nos membros inferiores e superiores.
6.17 Atividade motora, marcha, postura e mobilidade: atividade motora diminuída, marcha parkinsoniana; postura sofrível e mobilidade alterada.
6.18 Cabeça: simétrica, de tamanho normal, ausência de massas, nódulos e pontos dolorosos à palpação, sem lesões na pele; ausência de tiques durante os movimentos, couro cabeludo limpo, sem alterações. Cabelo hidratado, limpo, não apresenta alopecia e calvície. Apresenta canície.
Olhos: pupilas isocóricas, sem presença de secreções, ptose palpebral, esclerótica com coloração normal, com boa acuidade visual.
Ouvidos: pavilhão auditivo simétrico e sem alterações à inspeção, ausência de nódulos, secreções e áreas dolorosas à palpação. A orelha interna não foi inspecionada, pela falta do ostoscópio.
Nariz: simétrico, não apresenta lesões, ausência de secreções, mucosa íntegra. Olfato preservado
Boca: paciente fazia uso de prótese dentária, porém à perdeu. Não apresenta halitose e sialorréia. Mucosa oral e gengivas preservadas, sem lesões, com coloração rósea. Lábios e língua sem deformidades.
Garganta: sem deformidades, relatou ter realizado amidalectomia quando criança.
Pescoço: simétrico, ausência de nódulos à palpação, glândula tireóide com volume normal e sem dor à palpação, veias jugulares se apresentam um pouco distendidas.
6.19 Tórax e dorso: paciente tabagista, relata já ter fumado 3 maços por dia e hoje o consumo diminuiu para cinco cigarros/dia; não relata dor torácica nem tosse. Caixa torácica se apresenta simétrica, sem lesões, presença de nevos na pele na parte posterior do tórax. Ausculta Pulmonar: presença de murmúrios vesiculares, sem ruídos adventícios em ápices e bases dos lobos pulmonares direito e esquerdo.
6.20 Mamilos e axilas: sem alterações da pele, não apresenta nódulos glandulares.
6.21 Genitais e anus: não foram avaliados.
6.22 Funcionamento intestinal: refere normalidade na freqüência das evacuações, diariamente.
6.23 Funcionamento urinário: apresenta incontinência urinária, hematúria e disúria, sic da auxiliar de enfermagem responsável da tarde.
6.24 Abdome: plano, flácido e simétrico, pele com algumas manchas hipercrômicas e nevos na região inguinal direita. Ausculta: ruídos hidroaéreos positivos. Percussão: som timpânico e indolor a palpação.
6.25 Atividade sexual: não foi relatado pelo paciente.
6.26 Sinais e dor : não refere algias, porém demonstra cefaléia e disúria.
6.27 Estado espiritual: relata estar bem e feliz. Acredita em Deus, porém não tem religião.
6.28 Estado cognitivo: paciente consciente, mantendo diálogo, com boa resposta verbal, orientado no espaço e desorientado no tempo, pois se perdeu quando foi perguntado em que ano estamos. Apresenta déficit de memória recente (fizemos a entrevista com o paciente na sexta e na segunda o mesmo não se lembrava de nós.), no entanto tem boa memória remota.
6.29 Calmo, refere ser feliz e sorri bastante quando conversamos com ele, apesar disso, quando observamos de longe, aparenta tristeza, indiferença afetiva, apatia, desesperança e baixa auto-estima.
6.30 Relações interpessoais: relata conviver bem com os outros institucionalizados, mas durante o dia está sempre sozinho, sentado na poltrona onde dorme.
6.31 Maneirismos, gestos: está sempre com as mãos na região do abdome, no entanto não relata ser por dor.
6.32 Modo e conteúdo da comunicação: mantém diálogo com simpatia e atenção com bom equilíbrio perceptivo, porém demonstra esquecimentos (memória recente).
6.33 Linguagem falada: disfasia devido a falta de prótese dentária.
6.34 Linguagem escrita: perda da capacidade escrita pela falta de controle motor devido os tremores.
6.35 Queixas gerais: somente se queixa da dentadura que perdeu e não consegue se alimentar direito.
6.36 Vícios: tabagista e relata fumar 5 cigarros por dia.
6.37 Estado sensorial
-Audição ? todos os sons (X)sim ( )não
-Visão ? completa.
-Paladar ? presente.
- Olfato ? presente.
-Tato ? presente
6.38 Aparelhos auxiliares ? usava prótese dentária, porém relata ter perdido.
6.39 Medicamentos atuais ? nega qualquer medicação e com isso não existe prescrição médica (refere a responsável pela instituição).
6.40 Diagnósticos atual de doenças: o paciente apresenta diagnóstico provável para Câncer de Próstata, Mal de Alzheimer ou doença pré-senil e Parkinson. Não existe confirmação para os possíveis diagnósticos, sendo baseados nos sinais e sintomas que o mesmo apresenta, pois nega atendimento médico e realização de exames confirmatórios.

7) AVALIAÇÃO GERIÁTRICA AMPLA ? AGA
Foi realizada a AGA com o paciente, proposta por FREITAS em seu livro TRATADO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA. Segunda edição, páginas 900 ? 908, foi desenvolvido o estudo dos seguintes intens:
? Escala de avaliação do equilíbrio e da marcha de Tinetti. Pontuação do equilíbrio ? 8/16 e pontuação da marcha ? 6/12 com total de 14/28. Quanto menor a pontuação, maior o problema. Pontuação menor que 19 indica risco 5 vezes maior de queda. FREITAS, 2006.
? Escala de atividades básicas da vida diária de Katz, com total de 4 pontos. Um total de 6 pontos significa indep6endencia para AVD; 4 pontos dependência parcial; 2 pontos dependência importante. FREITAS,2006.
? Escala de depressão geriátrica abreviada de Yesavage com total de 2 pontos. Pontuação maior que 5 ? suspeita de depressão. FREITAS, 2006.
? Mini-exame do estado mental de Folsteins et al. ? MEEM com total de 24 pontos. O escore do MEEM pode variar de 0 pontos, o qual indica maior grau de comprometimento cognitivo dos indivíduos, até um total de 30 pontos, o qual, por sua vez, corresponde a melhor capacidade cognitiva. Pode ser usado como teste de rastreio para perda cognitiva. Não pode ser usado para diagnosticar demência. FREITAS, 2006.

8) DESCRIÇÃO DE UM DIA TÍPICO PELO CLIENTE
Paciente relatou que acorda as 7:00 hs, faz o desjejum e volta para repousar, fuma um ou dois cigarros no período da manhã e aguarda o almoço sentado em sua poltrona. Após o almoço fuma mais um cigarros e repousa. Não gosta de caminhar pela dificuldade e os tremores que apresenta. Passa a maior parte do tempo sentado e se distrai fumando. Á noite vai até o refeitório para jantar e dorme as 22:00 hs. Refere se relacionar bem com os companheiros, porém durante o estágio não observamos nem uma vez o paciente em contato com os outros membros da instituição.

9) DIAGNOSTICO DE ENFERMAGEM
9.1 Problemas de enfermagem levantados

? Hematúria, poliúria e incontinência urinária;
? Desorientado no tempo;
? Apetite e hidratação diminuídos;
? Risco de queda;
? Pressão arterial elevada no momento do exame físico;
? Falta de prótese dentária;
? Vários dias sem tomar banho;
? Sedentarismo;
? Falta o lazer;
? Más condições de repouso;
? Tabagista;
? Não aceita tratamento médico;
? Tremores contínuos;
? Massa muscular diminuída;
? Nega medicamentos.


9.2 Diagnósticos de enfermagem ? NANDA
? Perda da urina involuntariamente relacionada à incontinência urinária;
? Obstrução do trato urinário relacionada à provável patologia de CA de próstata;
? Alteração na eliminação urinária relacionada à incontinência urinária
? Alterações sensorial-perceptivas: perda da noção do tempo, relacionada ao envelhecimento e/ou falta de atividades diárias e/ou sintomas do Mal de Alzheimer;
? Alterações sensorial-perceptiva: dor relacionada à provável patologia, evidenciadas durante as observações do paciente não sendo relatada verbalmente;
? Déficit no volume de líquidos relacionado à ingestão hídrica diminuída;
? Risco para o déficit no volume de líquidos relacionado à dificuldade ao acesso de absorção de líquidos pelo paciente;
? Alteração na nutrição: menos que o corpo necessita relacionado à falta de apetite;
? Risco de constipação relacionada à dieta inadequada e a falta de apetite e sedentarismo;
? Mobilidade física prejudicada relacionada à instabilidade do andar;
? Alimentação alterada relacionada à ausência de dentes;
? Risco de alteração da mucosa oral relacionada à falta de higiene oral adequada;
? Mastigação e Deglutição prejudicadas, relacionada à falta de prótese dentária;
? Comunicação verbal prejudicada, relacionada à falta da prótese dentária.
? Higiene corporal alterada relacionada à falta de banho freqüente;
? Distúrbios no padrão do sono relacionado às más condições de repouso;
? Fadiga relacionada à incapacidade de realizar tarefas rotineiras;
? Mobilidade física prejudicada relacionada à massa muscular diminuída;
? Intolerância a atividades, relacionada aos sintomas presentes e a tristeza.
? Risco para prejuízo da integridade da pele relacionado à imobilidade e pressão sobre a pele;
? Isolamento social relacionado à ausência de apoio de familiares;
? Risco para solidão relacionado a isolamento social;
? Tristeza relacionada ao envelhecimento;
? Processo familiar alterado relacionado à falta de comunicação com a família;
? Déficit nas atividades de lazer relacionado à dificuldade de acesso ao lazer;
? Manutenção da saúde alterada relacionada a conseqüências do envelhecimento e a negação quanto aos tratamentos médicos;
? Risco de CA de próstata, relacionado aos sinais e sintomas observados no paciente;
? Risco de queda e fraturas relacionado aos tremores contínuos;
? Risco maior para problemas cardiovasculares e doenças neuro-degenerativas relacionado ao hábito de fumar;
? Risco elevado para HAS relacionado à pressão arterial aumentada, evidenciada na verificação dos sinais vitais.
? Risco de morte relacionado ao envelhecimento e a negação quanto ao atendimento médico.

10) PLANO DE CUIDADOS ? orientações, cuidados prestados
INCONTINÊNCIA URINÁRIA
? Encorajar o paciente a provocar micção a cada 3 horas;
? Proporcionar o uso de uropen ou fraldas.
DESORIENTADO NO TEMPO
? Proporcionar conversas onde mantenha a pessoa orientada em tempo e espaço;
? Nunca concordar com declarações confusas, e corrigir as informações erradas;
? Discutir assuntos atuais;
DEFICIT DE INGESTA HÍDRICA
? Monitorar a ingesta hídrica, garantindo no mínimo 1000 a 1500 ml por dia;
? Proporcionar líquidos favoritos dentro da dieta adequada a ele;
FALTA DE ATIVIDADE FÍSICA
? Auxiliar o paciente durante sua caminhada ou proporcionar apoios;
? Manter o ambiente espaçoso e livre de obstáculos;
DEFICIT DE HIGIENE CORPORAL
? Promover a higiene corporal, através de adequações do banho, como: temperatura da água, uso de uma cadeira em baixo do chuveiros se necessário;
? Encorajar o paciente para o banho;
ISOLAMENTO SOCIAL
? Revisar a história social do paciente.
? Disponibilizar momentos de lazer na instituição: jogos, danças, pinturas, etc;
? Entrevistá-lo sobre sua cultura e religião.
? Questioná-lo sobre sua história familiar (comportamentos na infância, acontecimentos, limitações)
? Estimular o paciente a falar sobre barreiras que encontra em situações sociais.
? Propor dinâmicas de grupo e estimular o paciente a participar.
INTOLERÂNCIA A ATIVIDADES
? Avaliar os limites e fraquezas do paciente ( fadiga, dor, insônia, sinais vitais).
? Observar o que lhe causa estresse (atividades).
? Propor alguma atividade de sua preferência.
? Observar fatores relacionados ao tratamento, como efeitos colaterais.
? Observar se há fraturas, lesões ou qualquer limite de movimento.
? Auxiliar o paciente a realizar as atividades que tem dificuldades.
? Relacionar os sintomas da doença às suas dificuldades.
HEMATÚRIA
? Encaminhar ao Médico Clínico Geral.
HIPERTENSÃO
? Encaminhar ao Cardiologista;
? Controlar pressão 2 vezes ao dia;
? Diminuir o sódio de sua dieta nutricional.
? Proporcionar-lhe repouso para a diminuição do estresse, se houver.
? Aconselhar a evitar álcool e tabaco.
? Aconselhar a realizar atividades de lazer.
MÁS CONDIÇÕES DE REPOUSO
? Providenciar quarto e cama para repouso e conforto do paciente
? Questionar sobre os motivos de estar dormindo sempre na poltrona e não no leito (dor, desconforto,mal cheiro, anatomia do colchão, medo de cair ou problemas com parceiros do quarto).
PRÓTESE DENTÁRIA
? Encaminhar o paciente para uma consulta odontológica para pedido de prótese dentária.
? Oferecer dieta pastosa de fácil deglutição.

11) PROGNÓSTICO DE ENFERMAGEM
Prognóstico ruim, já que o paciente se nega a realizar consultas médicas e exames para a confirmação do diagnóstico de CA de Próstata.
Sem o tratamento adequado o quadro tende a se agravar, tendo em vista também a idade avançado do paciente, o que pode levá-lo a morte precocemente em virtude da piora dos sintomas.

12) DESCRIÇÃO DA PATOLOGIA

CANCER DE PRÓSTATA
É um tumor que acomete uma glândula chamada próstata, localizada abaixo da bexiga, em frente ao reto, cercando a uretra, responsável por produzir a maior parte da secreção que acompanha o líquido seminal. Este tipo de câncer é mais comum na Europa e nos EUA também mais comum em homens negros e menos comum entre os asiáticos. É um câncer de homens idosos normalmente a partir de 50 anos de idade. É a segunda causa de morte por câncer no mundo, e o adenocarcinoma é a forma mais comum, localizado na porção posterior e periférica da próstata.
Segundo o Ministério da Saúde: "o Câncer de Próstata é a quarta causa de morte por neoplasias no Brasil, com taxa de mortalidade em crescimento, representando 12% do total das mortes esperadas por câncer em homens."

ETIOLOGIA
A etiologia do carcinoma prostático ainda é desconhecida. A única comprovação é o fator de risco para pessoas com casos na família, principalmente com parentesco de primeiro grau, neste caso, a doença tem um risco duas vezes maior que o normal.
Segundo (SOARES, J.T., 2006): "o próprio organismo masculino já é programado para desenvolver o câncer de próstata, pois já traz em seu código genético os oncogenes, responsáveis por ordenar uma célula a crescer e se multiplicar, sua ação é controlada por um grupo de genes supressores que promovem apoptose, no caso de alterações irreversíveis no material genético da célula. Sabe-se também que homens que migram de lugares com menor incidência (Japão) para áreas com maior incidência desenvolvem a doença com maior freqüência."

FISIOPATOLOGIA
Alguns fatores de risco para o CA de Próstata são:
? Alimentação rica em gorduras saturadas;
? Idade superior a 40 anos;
? Fatores hormonais ? a testosterona está diretamente ligada a iniciar ou promover o carcinoma de próstata;
? Fatores genéticos ? casos na família, principalmente no caso de parentesco de primeiro grau
? Consumo excessivo de álcool, tabagismo e vasectomia
Essa doença se desenvolve lentamente. Quando lesões primárias se disseminam além da próstata, elas invadem a cápsula prostática e então se propagam ao longo dos ductos ejaculatórios, no espaço entre as vesículas seminais ou a fáscia perivesicular.
O diagnóstico precoce aumenta as chances de cura, além de permitir um tratamento menos invasivo e mutilante, além de reduzir os custos com o tratamento em estádios avançados ou da doença metastática. Em contrapartida, ao detectar-se precocemente o câncer de próstata microscópico pelo rastreamento, não há dados que permitam determinar o seu prognóstico.

SINAIS E SINTOMAS
No início não há sintomas, por isso é aconselhado que homens a partir de 45 anos faça exames de toque retal e PSA. Os sintomas comuns são a disúria, polaciúria, hematúria, disfunção erétil, dificuldade em manter o jato urinário, ejaculação dolorosa, sensação de não esvaziar a bexiga. No caso de metástase, pode causar dores ósseas, assim como anemia e perda de peso.

MÉTODOS DIAGNÓSTICOS DO CA DE PRÓSTATA
A biópsia da próstata é o exame diagnóstico de certeza, feito pelo estudo histopatológico do tecido obtido no exame, sendo considerado sempre que o toque retal ou o PSA apresentam anormalidades. A biópsia consegue detectar o estágio da doença e com isso determinar o melhor tratamento para o paciente. Quanto mais diferentes das células normais forem as células do câncer, mais agressivo será o tumor e mais rápida será sua disseminação.
A escala de graduação do tumor de próstata varia de 1 a 5, sendo o grau 1 a forma menos agressiva:
? Grau 1 - as células são, geralmente, uniformes e pequenas, formando glândulas regulares com pouca variação de tamanho e forma, densamente agrupadas.
? Grau 2 ? as células variam mais em tamanho e forma e as glândulas já se mostram menos agrupadas com bordos irregulares.
? Grau 3 ? as células variam ainda mais em tamanho e forma, as glândulas se apresentam bem pequenas e individualizadas, podendo formar também massas fusiformes.
? Grau 4 ? presença de grande massa amorfa, exibindo infiltração irregular e invasão do tecido adjacente.
? Grau 5 ? Tumor anaplásico. Grandes massas que invadem os órgãos e tecidos vizinhos.

Toque Prostático (TP)
É recomendável e fundamental para detecção precoce da doença e definição do tipo de tratamento que será realizado.

Antígeno Prostático Específico (PSA)
É aceito como valores limites normais até 4ng/ml, porém alguns tumores se apresentam com PSA abaixo desse valor. Em caso de PSA acima de 10ng/ml é indicado a biópsia. Para PSA entre 4-10 ng/ml leva-se em consideração a velocidade do PSA e a relação PSA livre/total.

Ultrassom Transretal
É útil para avaliar a extensão local da doença, bem como a determinação do volume prostático. Podendo também ser utilizado para guiar a biópsia.

Pesquisa de Metástase ? Cintilografia Óssea
É fundamental para os achados de metástase, sendo altamente sensível, porém pouco específica. É indicada em paciente portador de câncer de próstata com PSA maior que 20ng/ml

TRATAMENTO SEGUNDO, BRASIL (2002)
Deve ser individualizado para cada paciente levando-se em conta a idade dos pacientes, o estadiamento do tumor, o grau histológico, o tamanho da próstata, as co-morbidades, a expectativa de vida, os anseios do paciente e os recursos técnicos disponíveis.
TRATAMENTO DO CARCINOMA LOCALIZADO DA PRÓSTATA (T1-T2)
Dentre as opções para o tratamento da doença localizada incluem-se a cirurgia radical, a radioterapia e a observação vigilante.

OBSERVAÇAO VIGILANTE
É uma opção frente à doença localizada, porém deve ser empregada apenas em pacientes acima de 75 anos, com expectativa de vida limitada e tumores de baixo grau histológico.

CIRURGIA RADICAL
A prostatectomia radical retropúbica (PTR) é o procedimento padrão-ouro para o tratamento de câncer da próstata localizado. Cerca de 85% dos pacientes submetidos à PTR não apresentam evidência de doença após cinco anos e 2/3 após 10 anos. Os fatores determinantes do sucesso pós-PTR são: ausência de margens cirúrgicas comprometidas, ausência de infiltração das vesículas seminais, ausência de infiltração linfonodal, nível sérico de PSA indetectável após 3 meses da cirurgia. O tratamento cirúrgico apresenta algumas complicações como: incontinência urinária, disfunção erétil, estenose de uretra ou colovesical, lesão de reto e as complicações decorrentes de cirurgias de grande porte.


RADIOTERAPIA
A radioterapia pode ser dividida em externa e intersticial (braquiterapia). A radioterapia externa (RT) é uma ótima opção para o tratamento da doença localizada. Também pode ser indicada para pacientes que tenham contra-indicação de cirurgia. A dose de RXT mínima sobre a próstata deve ser de 72 Cy, respeitando-se a tolerância dos tecidos normais adjacentes. Apresenta como possíveis complicações: alterações gastrointestinais e cistite actínica.
A braquiterapia intersticial permanente com sementes radioativas está indicada isoladamente nos pacientes com bom prognóstico (T1-T2a, PSA < 10 ng/ml, ou complementar à RT externa para casos de pior prognóstico. Deve ser evitada nos casos de tumores volumosos ou submetidos previamente à ressecção prostática transuretral ou à prostatectomia convencional e em próstatas menores que 20 g. A braquiterapia intersticial de alta taxa de dose, em combinação com a RT de megavoltagem também pode ser utilizada no tratamento de tumores localizados. Suas possíveis complicações são: incontinência urinária, disfunção erétil e estenose de uretra ou colovesical.

TRATAMENTO DA DOENÇA LOCALMENTE AVANÇADA
A meta é a cura do paciente. As melhores opções de tratamento, neste caso, são uma combinação de bloqueio hormonal e cirurgia radical ou radioterapia externa, ou cirurgia radical seguida de radioterapia.

TRATAMENTO DA DOENÇA METASTÁTICA
Nessa doença a cura é improvável e o tratamento é baseado na supressão androgênica, tais como: orquiectomia bilateral (tto padrão-ouro); análogos do hormônio liberador do LH; estrógenos; antiandrôgenos puros ou mistos (flutamina, nilutamida, bicalutamida, ciproterona).
A terapia indicada no escape hormonal inclui o uso de glicocorticóides, cetoconazol e quimioterapia com mitroxantonas e taxanes.

MEDICAMENTOS USADOS NO CA DE PRÓSTATA
? Dietilebestrol: estrógeno sintético que reduz os níveis de testosterona.
? Flutamina: agente bloqueador de andrógeno que evita que a testosterona uma-se à célula prostática.
? Luprom ou zoladex: é um hormônio liberador de hormônio luteinizante, usado no CA de próstata em casos avançados, supre o estímulo gonadal de produção de testosterona.
? Outros: Ciclofosfamida,Metotrexato,Doxorrubicina,5-Fluorrouracilo,Cisplantina, Mitonicina C, Decarbazina.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM PARA O CÂNCER DE PRÓSTATA
? Identificar os pacientes em alto risco de CA de próstata.
? Avaliar as necessidades e os cuidados de enfermagem necessários ao paciente.
? Identificar os problemas de família e encaminhar para serviço social, SN.
? Auxiliar o paciente a identificar suas forças e seus limites.
? Desenvolver programas de prevenção ao CA quando há prevalência na família.
? Ajudar a aliviar o medo e a ansiedade, esclarecendo o que será feito.
? Discutir com o paciente suas duvidas.

BIBLIOGRAFIA

VIANA, Dirce Laplaca; PETENUSSO, Marcio. MANUAL PARA REALIZAÇÃO DO EXAME FÍSICO. Editora Yendis. 4° Edição. São Paulo; 2009.

BRASIL. EXAME FÍSICO GERAL. Disponível em:
www.medstudents.com.br/.../resumo_medstudents_20070604_02.doc

BRASIL. MANUAL DE CANCER DE PRÓSTATA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/manual_prostata.pdf

BRASIL. CÂNCER DE PRÓSTATA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/C%C3%A2ncer_de_pr%C3%B3stata

BRASIL. CÂNCER DE PRÓSTATA: DIAGNÓSTICO, TRATAMENTO E CUIDADOS DE ENFERMAGEM EM PACIENTES SUBMETIDOS AO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO DE PROSTATECTOMIA. Disponível em: http://analgesi.co.cc/html/t34670.html

Autor: Deborah Martins Da Costa Silveira


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