Oração ao sujeito de pesquisa
Incógnito sujeito de pesquisa,
Que dignamente contribui com fé
Às duras lides de extensas pesquisas
Científicas, técnicas, empíricas,
Com o alto tributo de seu sangue,
Com o padecer constante por moléstias,
Com a cessão de secreções e soro,
De seus órgãos, tecidos - com seu corpo,
Sem jamais ter visto um sóbrio prêmio
Nem para si nenhum laurel foi dado,
Nenhuma glorificação lhe concederam
Ou muito menos citação fizeram
A não ser como doente inominado,
O portador da doença no relato,
O diabético, o cardíaco, o aidético,
O indivíduo, o assistido, o enfermo,
O mórbido cliente em rápida consulta,
Um numeral entre dezenas, centenas ou milhares
Um componente de taxa, índice ou escore,
Só um valor no contexto intervalar.
Esse doente e esquecido ser usado,
Despojado dos científicos louvores
Auferidos aos laboriosos autores,
Não cobrou, entretanto, à humanidade,
Dentre os supinos patrimônios desta,
Talvez os mais valiosos ou de mais valia
? A saúde, a cura ou o alívio em tantos males.
Possa este simples acervo de razões somadas
Trazê-lo à lembrança da classe devedora
Que ora goza os benefícios do labor alçados.
Mas, se não forem os próprios investigadores,
Façam-lhe ao menos mérita homenagem
As próprias descobertas e invenções trazidas.
E, desse pódio, com reflexiva face,
Em nome de todos nós doutores
Diga-lhe amém ao menos com apreço ? o povo.
Autor: Simônides Silva Bacelar
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