Processos de modernizações globalizantes no interior do Nordeste: Suas configurações e conseqüências.



Hykaro de Sousa Brígido¹
Marcos Allan Gonçalves de Araujo²

O presente trabalho pretenderá abordar os processos desencadeados, pela onda que atinge o mundo, a globalização, focando os estudos nas mudanças provocadas, nas regiões interioranas nordestinas, tendo como exemplo a região do cariri, ou para ser mais preciso o triangulo crajubar. Serão debatidos e posto em analises algumas de suas dinâmicas como também processos que dizem respeito a abertura de meios para que elas aconteçam, com isso focaremos uma abordagem sobre o deslocamento das grandes indústrias para as localidades no interior e os principais motivos que explicam tal deslocamento, analisando também aspectos de degradação ambiental. Com algumas analises feita em pesquisas bibliográficas de autores como, Santos, Ianne e Bauman como também observações de campo, fora feita uma investigação sobre implantações e sedimentações de indústrias no Cariri como a Grendene, ampliando uma visão crítica que venha possibilitar mais uma veia de entendimentos e debates das configurações que compreendem o espaço do interior nordestino, organizando assim, uma compreensão dos arcabouços existentes na já, mal implementada globalização, que aparece neste espaço com suas macroestruturas multinacionais, marcas agricultáveis em moldes modernos e globais voltados a exportação e entre outras situações; todo esse processo é orquestrado por facilitações das estruturas políticas. Há pouco mais de sessenta anos o mundo se encontrava disposto a desenvolver uma nova forma de interagir em sentido global, fato que consegue, mas esse processo diz respeito a somente a alguns aspectos da vida humana, como a união consumista e dinamicidade industrial entre continente. Por traz da globalidade, existe uma série de processos que fazem existir essas caracterizações e dentre elas Milton Santos vêm elencar "unicidade técnica a convergência dos momentos, o morto único, a violência do dinheiro e da informação" e dentre outras; são processos que vieram tendo um enorme aperfeiçoamento durante o período pós-guerra e tudo em prol do capitalismo. Ianne em capitalismo, violência e terrorismo 2004, diz que a globalização é o mundo com qual se forma o novo ciclo de expansão do capitalismo, constituindo o globalismo, o novo palco da história. (2004, p. 17). A análise feita aqui tem como objetivo geral compreender o movimento dinâmico da globalização na visão de alguns autores e observar suas influencias no interior nordestino. Os objetivos específicos constam: análise sobre a globalização e seus processos de voracidade, observar os motivos que levam as multinacionais a se deslocarem para cidades interioranas, buscar um entendimento sobre a implantação de processos que mobilizam a espacialização interiorana e sua exploração. Ao longo do período do pós-guerra, o movimento de maximização do capital, facilitado pelo processo de globalização, veio implementar-se no mundo como uma mega estrutura, inerente ao amplo desenvolvimento técnico-científico-informacional, configurando-se assim, como um período em prol do sistema capitalista. Os espaços de interior refletem amplamente essa estrutura de combinações de vários vetores que, representam situações globais, caracterizando forças de mega- estruturas, que por muitas vezes não apresentam uma homogeneidade nos espaços, mas configuram-se de modo a estarem em ligações que caracterizam processos globalizantes. Com isso vemos que no Nordeste brasileiro essa forma de combinação de diversos vetores não ocorre compreendendo o verdadeiro termo de implantação da globalização no mundo, ou seja, ocorre de maneira tardia e dispersa; isso está ligada ao processo de produção desigual amplamente instituído no país ao longo do seu processo de desenvolvimento capitalista, com isso, constata-se que o nordeste só vai entrar efetivamente no processo amplo de globalização no período compreendido dos anos finais da década de noventa e afirmando-se por completo durante a primeira década dos anos 2000. Com esse processo acima citado, o nordeste pode sentir as transformações que a globalização traz para alguns; as transformações vêm com a visão de melhorias, devido à classe social que as programam e as impõem, essas pessoas se situam em relação ao acesso global com outras localidades através do meio financeiro e das tecnologias. Não podemos deixar de ver o outro lado, os problemas que a globalização traz para os povos interioranos. Esses problemas vêm com o analfabetismo tecnológico e informacional, fazendo com que assim as classes inferiores não tenham nenhuma informação, às transformando em objeto desse sistema impiedoso do capital. Em uma analise sobre o desenvolvimento do Nordeste, fazer referência a indústria faz-se necessário, pois, ela apresenta-se como um dos principais, se não o principal meio de entrada da região nos processos de modernizações. Os processos inerentes à industrialização do nordeste como todo, se dá em meio a um amplo espaço, em que a mão de obra é imensamente desvalorizada em relação ao país. Essas indústrias vêm se instalando no interior, mais agressivamente nos últimos anos, visando todas essas regalias estruturais intencionalmente orquestradas. Esses processos industriais desenvolvimentistas vêm buscando cada vez uma maior desvalorização dos seus funcionários que se tornam completamente dependentes de tais indústrias. Isso vem ocorrendo com muita violência por parte dessas indústrias, as quais estão fazendo nada mais, nada menos que o jogo do processo capitalista globalizado, que por sua vez compreende uma grande gama de consequências para a população que não está a par e muito menos no domínio da situação atual, para um melhor entendimento substancial dos arcabouços do sistema. Muitas das transformações no espaço são aparentemente relevantes para a grande maioria das populações, pessoas "leigas" de entendimento dessa estrutura amplamente perversa e das demagogias e falácias políticas. Essas são compreendidas como bonança de uma industrialização e modernização amplamente global, porém essas bonanças não são as primazias dessas estruturas. Os incentivos fiscais oferecidos pelos governos são os ditadores de regras na indústria nordestina, ou seja, para que essas indústrias e tais modernizações instalem-se nos espaços vazios, vazios industrialmente falando e desinformados do interior nordestino é preciso que governos de estado e prefeituras deem o máximo de regalias possíveis para muitas indústrias e empresas comerciais; podemos ver no caso das indústrias gaúchas que Pereira (2000) ressalta em seu trabalho. "A migração das empresas calçadistas para o Nordeste começou há pouco menos de 20 anos, após uma visita do então governador do Ceará, Ciro Gomes, ao Vale dos Sinos, pólo calçadista gaúcho. O objetivo era atrair empresas altamente empregadoras ao interior do Estado, um dos mais pobres do país na época." Com o excessivo crescimento da globalização e das técnicas modernizadoras, o mundo passa a ser altamente explorado e expropriado por grandes empresas e pela estrutura do sistema propriamente dito, com isso no interior estas práticas não são diferentes, necessitando assim um melhor entendimento por parte das sociedades inserida nesse contexto. Tendo em vista novamente a questão dos incentivos é necessária uma análise mais profunda destes acontecimentos numa esfera mais local. Podemos levar em conta também a questão da mão de obra barata e ressaltar a empresa Grendene no interior do Ceará mais especificamente na cidade de Crato; ela sai de sua matriz no Rio Grande do Sul e vem se alojar-se no nordeste, ocorre com essa mobilização a ocupação dos espaços de interior, tudo isso gira em torno dos incentivos fiscais que elas não pagam ou pagam quase nada e por muitas vezes nenhum tipo de aluguel ou qualquer satisfação a sociedade para com suas ações. Mas o que devemos abordar com mais significância são os baixos preço da mão de obra que elas vêm explorar, é preciso debates cada vez mais elevados, propiciando ganhos gerais aonde esses possam discutir melhorias e direitos destas pessoas exploradas por essas "estruturas modernizadoras". A metodologia utilizada para o desenvolvimento da pesquisa compreende-se no uso das literaturas que, propiciou um maior conhecimento sobre o assunto, para que assim fosse feito o trabalho de campo, trabalho de campo esse que, empreendido em uma espacialização local e em um desenvolvimento industrial forte como também uma degradação ambiental traz muitos objetos de analises. Um melhor e maior entendimento sobre o assunto foi constituído e desse modo empreendido uma análise. A pesquisa por sua vez está em andamento, porém já foi possível observar na cidade de Crato-Ce as influências causadas pelo alojamento de empresas de cunho internacional ou não e como elas afetam o espaço social e o espaço ambiental. Nestas circunstâncias faz-se preciso uma maior investigação sobre essas poucas analises aqui deferida, pois só então um caráter que busca melhorias na espacialização estará sendo verdadeiramente exercido em meio ao espaço do interior nordestino e das principais cidades afetadas com essa onda desenvolvimentista do capital. É necessário um debate mais instigativo e investigativo da academia e das áreas atingidas com tais movimentos, pois as estruturas mandam e desmandam nas espacializações sem nenhum tipo de indagações sobre suas ações.
Palavras Chaves: Globalização, influência, interior, Nordeste.


Autor: Marcos Allan Gonçalves De Araujo


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