O ensino superior no Brasil é de fato superior?



A expansão econômica adquirida pelo Brasil nos últimos anos, somada a programas federais como o Prouni (Programa Universidade para Todos) e financiamentos estudantis, fez crescer significativamente o acesso ao ensino superior. Por outro lado, este novo panorama desencadeia o debate: apesar de mais democrático, o ensino oferecido é de qualidade? As instituições possuem estrutura adequada? E os alunos, estão de fato preparados?

O real papel de um curso superior não se resume a habilitar tecnicamente uma pessoa para aquela determinada profissão, existe algo mais importante: fazer com que o aluno possa ter um olhar crítico perante os fatos que ocorrem dentro do cotidiano da sociedade, além do fortalecimento da formação ética e cidadã. Em termos de Brasil, esse argumento referente ao papel de uma faculdade não se faz presente na totalidade das instituições de ensino superior.

Alguns fatores estão envolvidos nesse desvio de função que vitima algumas universidades. Dentre eles, talvez o mais grave seja uma inversão de valores: muitas vezes, o atual sistema educacional confunde-se com um produto mercadológico ? ou seja, quem possui maior renda estuda nas melhores instituições ou se prepara melhor para ingressar nas universidades públicas. Já aqueles com renda média ou baixa, quando conseguem, acabam estudando em locais que oferecem mínima infraestrutura técnica e operacional. Cancelamento de cursos em pleno andamento, gerenciamento de instituições muitas vezes precárias, além de mudanças constantes de campus, são alguns dos problemas enfrentados pelos estudantes.

No que diz respeito aos alunos, muitos deles não possuem condições de cursarem uma universidade, pois carregam marcas de uma formação defasada, sendo que em alguns casos sequer detêm os conhecimentos básicos transmitidos nos estágios de ensino anteriores.

O resultado da complexidade desse processo reflete-se no mercado de trabalho. A falta de mão de obra qualificada faz com que a qualidade do produto ou serviço seja limitada, tendo como consequência uma baixa remuneração. Outras vezes, sobram vagas em áreas mais técnicas, e as empresas acabam "importando" funcionários de outros estados e, até, de outros países.

O fato é que mesmo em passos de tartaruga, é inegável que o Brasil vem avançando quanto à questão do ensino superior. No entanto, ainda existe um longo caminho a ser percorrido: é preciso realizar investimentos na educação em todos os seus níveis, além de apostar na fiscalização e controle de qualidade dos cursos já existentes, desde a infraestrutura oferecida, até a titulação do corpo docente. Apenas dessa maneira o Brasil poderá ser verdadeiramente considerado o país do futuro e das oportunidades.

Alan Johnny é estudante de jornalismo do Centro Universitário Estácio Uniradial de São Paulo e escreve no blog Jornalismo em Primeiro Lugar: jornalismoemprimeirolugar
Autor: Alan Johnny Lima Macedo


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