VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS



A violência está cada vez mais presente nas escolas, tornando-se parte do cotidiano e um grande problema social. Segundo pesquisa do Instituto Cidadania e da Fundação Perseu Abramo, a violência é o tema mais que preocupa os brasileiros entre 15 e 24 anos. De acordo com as pesquisas da ABRAPIA, onde foram consultados, 5428 alunos de aproximadamente 13 anos, 28,3% admitiram ter sido alvo de bullying no período pesquisado; 15% sofreram bullying várias vezes por semana; os tipos mais freqüentes da violência foram: apelidar (54,2%); agredir (16,1 %); difamar (11,8%); ameaçar (8,5%); pegar pertences (4,7%). E 60% das crianças pesquisadas admitiram ter sofrido bullying na sala de aula.
O que possibilita pensar e refletir sobre o que está acontecendo com a escola, que já é vista como um palco de cenas de violência ao invés de um lugar seguro e espaço de socialização. A violência é praticada de todas as formas tanto por alunos quanto por professores. Hoje são comuns os freqüentes casos de violência envolvendo a escola divulgadas pela mídia, que por outro é apontada pelos alunos e professores como umas das causas dessa violência por expor cenas de criminalidade e atos violentos praticados por jovens e crianças. Cada vez com índices crescentes, pode-se notar que essa violência é movida por diversas causas e conseqüências, e no espaço escolar acontecem dois tipos de violência: a simbólica, como o preconceito, autoritarismo, desigualdade social e a violência explícita vista como depredações, agressões físicas, ameaças entre tantas outras, e nem sempre essa violência vem de fora, ela também surge dentro da escola, segundo Abramoway (2002, p. 84):

[...] Podemos afirmar , com uma ponta de esperança que, apesar das situações encontradas, o estudo mostra que a violência é construída e, logo, pode ser também descontruidas, com estratégias que protejam as escolas de violências , tanto as que vem de fora para dentro, como as interiores, aquelas que fazem parte do contexto escolar[...]

Algo urgente precisa se feito para acabar com a violência e a criminalidade que envolve o meio escolar. Dessa forma cabe a escola e a família sendo como bases de educação das crianças e dos adolescentes tentar diminuir e acabar com a violência que hoje domina o espaço escolar. A escola tem uma grande responsabilidade e um papel importante diante da formação de indivíduos preparando-o para a vida social, não convém fechar os olhos para um assunto que afeta toda a sociedade, faz-se urgente a necessidade de desenvolver projetos e medidas de conscientização envolvendo todos: poder público, sociedade, alunos, professores e principalmente a família abrindo espaço para o debate e tentando achar soluções o problema.


Desenvolvimento: Não há uma resposta definitiva sobre o por que da violência crescente que afeta todas as camadas sociais, mas o fato é que existe cada dia com mais força e mais presente na vida do cidadão. Mas, buscando uma definição, o que é violência? Iniciando pelas definições dos dicionários, pode-se começar pelo "Aulete Digital (2004), onde se entende como "a qualidade do que atua com força ou grande impulso; força, ímpeto, impetuosidade; força que abusivamente se emprega contra o direito; opressão, tirania; constrangimento exercido sobre uma pessoa para obrigá-la a fazer ou deixar de fazer um ato qualquer; coação." No Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa (2001, p.752), a violência está ligada ao uso da força física ou mesmo moral, e também à coação. Violência significa "qualidade de violento; ato violento, ato de violentar; constrangimento físico ou moral; uso da força; coação."
Percebe-se que o termo definido nesses dicionários não denota somente um sentido negativo. É um termo ambivalente, permitindo que seu significado sofra variação, inclusive com relação ao seu oposto. Uma ação violenta, portanto não se define por si, mas pelo seu significado no contexto que ocorre. Segundo o Dicionário do Pensamento Marxista, de 1998, entende-se por violência "a intervenção física voluntária de um indivíduo ou grupo contra outro indivíduo ou grupo, cuja finalidade seja destruir, ofender e coagir." (apud Marra, 2007, p. 34). Essa violência pode ser direta, quando atinge imediatamente o corpo da pessoa que sofre; ou indireta, quando opera através da alteração do ambiente físico no qual a pessoa se encontra; ou também quando se subtraem, se destroem ou se danificam os recursos materiais. Tanto a forma direta como a forma indireta prejudicam a pessoa ou grupo alvo. Essa menção à destruição ou danificação aos recursos materiais é considerada em função do prejuízo causado ao indivíduo, Marra (2007) também observa que, este enfoque, difere da definição dos outros dicionários, que incluem não só o constrangimento físico como também o moral e o psicológico. Outras considerações sobre a violência abarcam desde a agressão física e morte, como prescreve o código penal, até uma visão ampliada do conceito, que inclui a violência simbólica, camuflada sob aspectos aparentemente não violentos, que não causam a morte física, mas outros tipos de danos e sofrimentos. O limite entre a violência e não-violência é uma linha indefinida, e a dificuldade de definir violência se torna ainda maior quando observamos alguns posicionamentos legais em que a lei permite certas "violências" em condições bem definidas. A violência tem um sentido muito amplo no imaginário das pessoas, e formas variadas de acordo com os pontos de vista, mas um ponto há em comum, entre todas as perspectivas: violência é tudo aquilo que não é desejado por outro, mas que lhe é imposto de forma simbólica ou concreta. O tema Violência, tão presente no nosso dia-a-dia, tem se tornado muito amplo, por isso, é importante essa conceituação, como ponto de partida para nos localizarmos quando adentrarmos no contexto escolar.

A questão da violência, que vem preocupando a sociedade brasileira, especialmente à partir da década de 1980, é também fonte de preocupação na Europa e em alguns países da Ásia e América, notadamente nos Estados Unidos. Os diferentes segmentos da sociedade ? família, escola, as instituições públicas e particulares ? estão sendo vitimados com formas violentas de manifestação de seus membros. Paradoxalmente, ao mesmo tempo em que contribuem para essa situação, esses mesmos segmentos vêm tentando achar soluções para resolver o problema. (MARRA, 2007, p. 36)


Como apresentado anteriormente, o conceito de violência varia de acordo com a cultura, o tempo e as perspectivas pessoais do interlocutor.
Assim, na Europa, Debardieux e Blaya (2002) organizadores da obra Violência nas escolas: dez abordagens européias, consideram as venturas e desventuras dessa palavra quando também se coloca diante de um impasse para considerar o que é ou não violência. questionam, do ponto de vista epistemológico, o uso abusivo do termo para denominar fenômenos que são altamente díspares. Mencionam ainda que o conceito passou a simbolizar além da agressão física, extorsão e vandalismo, o que é conhecido para eles como incivilidade, ou seja, falas ofensivas, linguagem de baixo calão, empurrões, xingamentos e humilhações, o que consideram de grande abrangência, e, portanto geradora de confusão semântica e léxica.
Na literatura portuguesa, José Pereira Miguel nos diz que, violência é "a falta de respeito pelos sentimentos, direitos, propriedade e corpo dos outros." (apud MARRA 2007, p. 37)
Nos Estados Unidos, usa-se o termo delinqüência juvenil, que corresponde aos "atos que vão contra a lei, ou potencialmente sujeitos a uma medida penal". (ABRAMOVAY 2002, p. 35)
Na Inglaterra, segundo Abramovay (2002), esse termo é pouco usual porque tem como indicador a violência física, sendo por isso recusado pelo discurso acadêmico, que o considera inadmissível para qualificar o comportamento de adultos e crianças no meio escolar, sendo mais empregado o termo "agressividade".
A escola, é uma instituição que reúne indivíduos advindos de diferentes grupos, voltados para objetivos que devem ser comuns. Para se atingir tais objetivos, a escola está organizada de acordo com leis e normas reguladoras que devem ser acatadas, mas quando aceitamos que a escola também é um ambiente de violência, já estamos contribuindo para romper com a idéia de que a escola deve ser um espaço resguardado, que destina-se ao aprendizado e formação da pessoa, ao exercício da ética e do diálogo e à formação da cidadania, oposto portanto, da violência.
Para Spósito (1998, p. 30), a violência escolar, é aquela que "nasce no interior da escola, ou como modalidade de relação direta com o estabelecimento de ensino."Muitas controvérsias encontramos também no conceito específico de violência escolar, entendendo alguns autores como, violência na escola, da escola ou da sociedade perpetrando os muros da escola. Neste trabalho adotou-se a perspectiva de Spósito (1998), para evitar a generalização e conseqüente abstração deste fenômeno.
O fato do autor, designar violência escolar dessa forma, não significa que acredita que acrita que deva haver um isolamento local, para compreendermos o fato. Pelo contrário, o mesmo autor nos diz que (apud MARRA 2007, p. 61), a violência que eclode no interior da escola pode não dizer respeito especificamente ao universo escolar. Acontece na escola o que poderia ter acontecido em qualquer outro lugar. Trata-se de situações de violência social que atingem os estabelecimentos de ensino, mas que também podem expressar modalidades de ação que nascem no ambiente pedagógico.
A violência hoje é um dos grandes problemas sociais tornando-se um tema do cotidiano e que preocupa não só os brasileiros, como já vimos, pode ser vista estampada nas ruas das cidades e nas mais diferentes formas. Atualmente, a sociedade Brasileira está perplexa com o aumento crescente e significativo da violência no contexto escolar, a qualidade de ensino já não é mais tão preocupante, o que mais preocupa hoje são os casos de violência nas escolas que freqüentam as manchetes de jornais e noticiários são comuns cenas de violência protagonizadas por alunos, que muitas vezes ocorrem até casos de morte dos mesmos, relatos de professores que não sabem como lidar e agir diante de tal situação, segundo Abramoway (2002, p. 13): "[...] A violência escolar tem numerosas causas e conseqüências e o papel de uma análise sociológica é conhecer e se interrogar sobre as categorizações de um dado problema social [...]" .
As instituições de ensino deixaram de ser um espaço seguro e de socialização , os pais acabam ficando preocupados ao levarem seus filhos para a escola, e abre uma importante reflexão de como caracterizar a violência escolar , como ela ocorre e quem são seus principais personagens. Para não hiperinflacionar o conceito, nem reduzi-lo a aspectos que prejudicariam uma ação preventiva e corretiva dos fatos, estas percepções são analisadas por Marra (2007, p. 104) sob a ótica de três categorias que sejam: a violência como desrespeito aos outros; a violência como ameaça e agressão seguida de lesão corporal; e a violência como depredação de bens e materiais e roubo.
Na categoria desrespeito aos outros, a autora agrupa os fenômenos de violência implícita (simbólica ou institucional) e violência banal (microviolência ou incivilidade), ou mesmo o que denominamos popularmente "violência sutil", porque convive no lado não iluminado do social. Ou seja, não se vê, a não ser que procure, as conseqüências dela.
Na categoria ameaça e agressão, seguida de lesão corporal foram agrupados os fenômenos explicitados de forma mais lesiva, passíveis de serem penalizados em lei.
Na categoria depredação de bens materiais e roubo, foram agrupados os atos de vandalismo contra o patrimônio público e dos outros, as invasões e as pichações.
Em todas as categorias, encontramos inúmeros exemplos dentro da instituição escolar, seja entre os alunos, de aluno para professores e vice-versa ou do poder público para com a instituição e por conseqüência para o aluno.
Escolas em más condições evidenciam muitas vezes, o descaso do poder público é uma manifestação de violência não explícita. Por exemplo, uma comunidade carente, onde as crianças comemoram a chegada de computadores, e estes jamais são configurados para que sejam utilizados. Todos os dias as crianças passam pelos corredores e visualizam aquelas máquinas que lhes causam tantas fantasias e sonhos, abandonadas em um canto com uma mensagem que pode ser traduzida de formas muito infelizes. E as crianças compreendem muito bem o que são mensagens não verbais. Então, segundo Marra (2007, p. 111), as aulas interessantes que os alunos puderam sonhar por alguns instantes não acontecem, e continuam presos a um sistema tradicional de ensino, a submissão a que são obrigados, provoca insubordinação por meios não aceitáveis.
Em algumas escolas que visitou, o nível de tensão é tão alto que os atores envolvidos, segundo Marra (2007, p. 125), encontravam-se em estado de defesa permanente diante do que poderia acontecer a qualquer momento. Segundo a autora, todos, alunos, professores, e a comunidade, demonstravam o medo pelo que ainda poderia acontecer e depositavam, mas somente um pouco, a confiança nas mãos da polícia que montava guarda dentro da instituição.
A violência tem crescido, não só nas instituições escolares, mas em toda sociedade, tornando-se difícil dizer de onde ela surge e em que momento. No contexto social, a causa e efeito são determinantes, um aluno agride o outro, depois é agredido pelo pai da vítima, que é agredido pelo pai do primeiro agressor, e assim por diante, evidenciando o caos em que vive a sociedade.
Nas comunidades carentes, segundo Marra (2007, p. 126), muitos dos alunos vivem ameaça constante por parte da própria família, e também por parte dos envolvidos com o tráfico de drogas, ou até mesmo por parte das "galeras", formadas por jovens que se unem numa relação solidária e disputam palmo a palmo o poder entre eles. Como podemos ver, está em toda a parte.
Estudar a violência é uma atividade que abrange muitos ramos das ciências humanas, e é um fenômeno tão antigo quanto a humanidade. Esses estudos, procuram geralmente entender sua dinâmica, onde ela se origina, oferece indicadores de redimensionamento, sempre com fins construtivos, então é importante estarmos atentos, a esses trabalhos para que possamos nos orientar na direção da solução desses conflitos. Nesse aspecto destaca-se, entre outros estudioso, Michel Maffesoli.
Para Michel Mafesoli (apud MARRA, 2007, p. 40-45), segundo a autora, o sociólogo dá importância a pequenos detalhes do dia-a-dia para compreender a violência nas escolas, considera a violência como uma centralidade subterrânea que é sempre aquilo que se coloca na gênese da existência, e destaca três modalidades de violência e suas variadas formas de expressão.
A primeira, a "violência dos poderes instituídos", ou seja, dos órgãos burocráticos do Estado e do serviço público, que obedece a lógica do "dever-ser" e é analisada por ele em sua obra A Violência Totalitária (1981), constitui um tipo de violência racional, que não se importa com o ódio provocado pela obediência, cria a norma social, onde existem duas classes: o centro e as periferias, os que a acatam e os que se colocam à margem, gerando tensões constantes, até que chegue ao limite, quando as periferias já não suportam a opressão e reagem com violência.
A segunda, a "violência anômica" (1987), cuja função básica é construtiva, porquanto seja um "não" ao conformismo, uma reação à sujeição e a dominação. É o segundo momento, após a opressão mencionada como primeira modalidade. Impera a desordem e se instala o crime, o que o autor chama de "potência social", é quando o sociólogo considera a violência construtiva, pois está buscando o que é melhor para um grupo: a satisfação do desejo de liberdade, por exemplo, ele diz que a violência anômica é antecipatória e "seu prazer de destruir é sempre uma garantia de um desejo de construção" de uma nova ordem.
Finalmente a terceira, a "violência banal", ativa na resistência da massa, tal como uma máscara, que evita o confronto direto, mas usa a ritualização da violência, o riso, a zombaria como formas de reação à dominação, sendo, portanto propectiva. Nesse tipo de violência tem lugar a pichação, a tagarelice, o silêncio e a comicidade.
Nas três modalidades, podemos encontrar um duplo movimento de destruição e reconstrução e um estreito relacionamento entre eles, colocando-se na base, como elemento ativador da sociedade.
Nos casos acima, a violência existiria como fator organizacional de uma sociedade, em contante transformação.
A violência tem suas origens na vontade e necessidade e no confronto entre as diferenças. A sociedade é um número de pessoas lutando por objetivos particulares , o que torna "viável" a luta, seja pelo uso da negociação, do convencimento, diplomacia, regulação, como de confronto, e outras tendências desfavoráveis.
Segundo Michel, por ser a sociedade, um grupo que reúne múltiplas diferenças, a sociedade pode gerar violência, por outro lado, esse conflito tira a sociedade da estagnação, desbloquearia a criatividade e vendo por esse ângulo, a violência aparece como estruturante do coletivo.
A violência é herança comum a qualquer civilização, e tem um papel na vida em sociedade. Para que haja ordem no meio social, é necessário que seja ritualizada e não reprimida, negada, tão pouco superestimada. Certamente, negar a existência é negar a oportunidade de compreendê-la e tentar resolver.
Nos casos onde se destrói um bem público, uma atitude bem próxima de nós, pois diferentes segmentos da sociedade, embora por razões diversas, cometem tal ato. Podemos encontrar pessoas que não quebram nada dentro de suas casas, mas o fazem na rua, por diversão, de uma forma antipática e anti-social; enquanto outros quebram porque não sentem o público como sendo deles, uma vez que não possuem o mínimo para viver com dignidade. Entra na lista dos bens públicos depredados por essa visão, as escolas. As mesmas que recebem computadores que jamais são configurados para o uso de seus alunos, que não recebe o dinheiro da merenda escolar, ou distribui alimento de qualidade imprópria para o consumo humano, intermediando a difícil relação do oprimido e dominador. Guimarães (2005, p.25), cita isso em um de seus livros. Segundo o autor o que significa hoje, freqüentar uma escola com professores mal remunerados, um número insuficiente de funcionários e instalações precárias? Ser aluno, segundo o autor, de uma escola desse tipo é um indicador social, pois pertencer a ela é mostrar as condições a que está submetido.
O quebra-quebra tem como objetivo, ser reconhecido, ouvido. Este ato violento, pretende anunciar voz. A voz dos excluídos.
Há também casos de agressões de alunos contra alunos, e agressões que são repetidas, constituindo assim o bulliyng. No Observatório da Infância, um canal informativo sobre os direitos da criança e adolescente, editado pelo Dr. Lauro Monteiro, pediatra, há uma cartilha entitulada Cartilha Sobre Bulliyng, de acordo com essa cartilhas temos:
Bulliyng, é uma palavra de origem inglesa que significa intimidação e refere-se a todas as formas de intimidação, perseguições e agressões sofridas e praticadas por estudantes repetidamente no ambiente escolar, sem motivação aparente. É um problema mundial, ocorrendo em toda e qualquer escola. No bulliyng, o agressor e o agredido são sempre os mesmos e a violência sempre se repete. Sabe aquela brincadeira que faz todo o mundo rir, e a maioria das vezes, quem está por perto está achando engraçado demais para perceber que alguém está profundamente entristecido? Isso pode marcar para sempre a vida de uma pessoa, hoje, toda sociedade precisa lidar também com o cyber-bulliyng, que não é menos grave, pelo contrário, possibilita que a vítima seja atingida também em seu lar, onde deveria estar protegida. O bulliyng atrapalha o rendimento escolar de uma criança e traumatiza emocionalmente, causa depressão e angústia. O sujeito que pratica o bullyng, tem como objetivo se impor sobre o outro, através de agressões, ameaças, insultos, humilhações etc., e assim dominá-lo, algumas vezes por anos. A vítima, na maioria dos casos, sofre em silêncio. E as constantes humilhações o fazem sentir dor física e sofrimento emocional de tal porte, que algumas vezes conduz ao suicídio.
Nos casos de bulliyng normalmente, existem muitas testemunhas, porém, se calam, com medo de serem as próximas vítimas. Apesar de não sofrerem as agressões diretamente, os alunos que vêem as agressões podem se sentir incomodados e inseguros sobre como agir, por isso acabam se prejudicando também no ambiente escolar. Como se pode ver, de um jeito ou de outro, acabam todos sendo vítimas. Além disso, quem não é agressor, pode acabar se tornando um, devido à impunidade e ao status que pode lhe trazer em meio a outros colegas.
Também é bastante normal, o aluno que é vítima de bulliyn, calar-se. Como toda criança que sofre violência, a vítima normalmente tem medo de entregar seu algoz e sofrer represálias ou ser mais ridicularizado.
De acordo com programa realizado pela ABRAPIA em 2003/2003, no município do Rio de Janeiro, não há uma solução fácil e rápida para se acabar com o bulliyng, mas há um conjunto de medidas que podem ser de grande valor, para se obter sucesso nessa empreitada. É fundamental o envolvimento de todos: pais, professores, funcionários para garantir o sucesso. Esse programa visou diagnosticar e implementar ações para redução da violência em 11 escolas localizadas no Município do Rio de Janeiro. O programa dividiu-se em sete etapas, a saber: pesquisa; buscar parcerias; formar grupo de trabalho; ouvir opiniões; definir compromissos; divulgar o tema e informar os pais.
A organização e envolvimento de todos, foi o fator determinante para o sucesso deste projeto. A equipe elaborou e aplicou questionários (sabiamente, escolhendo inclusive o momento adequado e a melhor forma de distribuí-los) á fim de saber exatamente quantos eram vítimas, testemunhas ou algozes e como estariam envolvidos; calcularam todas as taxas; contaram com a colaboração de todos, elucidando todas as questões envolvidas na situação que se pretendia combater; realizaram muitas reuniões para esclarecer todas as dúvidas e criar planos de ação bem elaborados onde todos estivessem de acordo, o que deixa clara a importância do comprometimento de todos, inclusive dos pais.

Considerações Finais: Vimos que são diversas as modalidades de violência encontradas no ambiente escolar, como diversas são suas causas, e que essas causas nem sempre são oriundas do próprio ambiente escolar, constituindo um reflexo da sociedade em que vivemos, da família, de experiências pessoais de cada criança.
Vimos também, que são muitos os conceitos e teorias sobre as causas e que não importa quais sejam, uma coisa é fato: a violência tem uma dinâmica cíclica, não importa onde se origine, ela se multiplica e volta ao próprio ambiente que se originou, causando mais destruição.
Não podemos negar, depois dessa breve análise, que a melhor maneira de lidar de fato com a violência é unir esforços, e se tratando de crianças em ambiente escolar, esses esforços partirão dos pais, equipe escolar, todos os adultos envolvidos e também das próprias crianças e adolescentes, de forma organizada e sensível. Em um trabalho de conscientização da dor do outro, das conseqüências que sofre quem é vítima de violência: socialmente, cognitivamente, emocionalmente e comprometedora de todo o futuro desse ser. Esse trabalho somado ao conhecimento científico, para que a problematização gere pesquisas sérias e soluções reais, números, ao invés de percepção abstrata. Unindo a isso os esforços para entender o que comete violência, pois há de ter uma origem, todo o comportamento inadequado de uma criança, que ainda está em formação, o que nos faz entender que ainda há tempo para transformação interior.

















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Autor: Valeria Pedro Da Silva


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