A Responsabilidade Social Como Estratégia Inovadora Para A Atividade Turística



Centro Universitário de Belo Horizonte

Pró-reitoria de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão

Especialização “lato sensu” em Marketing e Comunicação

A responsabilidade social como estratégia inovadora para a atividade turística[1].

Pollianna Gerçossimo Vieira[2]

Luiz Antônio Godinho[3]

Resumo

O projeto reconhece o turismo como uma atividade econômica em êxito, que gera empregos e renda e pode ser um grande articulador social através de estratégias para a solidificação e manutenção dos atrativos turísticos e do bem social.

Ele teve como objetivo identificar, por meio de pesquisas bibliográficas em artigos acadêmicos, livros e projetos do Ministério do Turismo, da Embratur, Abav, Instituto Estrada Real, entre outros órgãos competentes do turismo, que o estudo e a prática do turismo podem desenvolver mais em sua base, a responsabilidade social como um fator essencial e de inovação que incentive o setor, para a implementação de um planejamento que consiga unir os órgãos competentes, a comunidade e fazer com que, o turismo tenha um ciclo de sustentabilidade.

Palavras-chave

Responsabilidade Social; Turismo ; Sustentabilidade.

1 INTRODUÇÃO

O turismo vem despontando como um grande articulador da economia, da cultura, da historia e da sociedade brasileira. A atividade turística tem-se mostrado como uma das principais causas do desenvolvimento de regiões, cidades, estados e países. Esse setor é um fenômeno que tem envolvido não somente os profissionais da área (turismólogos), como toda uma série de atores sociais que interferem no contexto.

Por ser um grande articulador, existe a necessidade da compreensão do turismo como fenômeno não apenas econômico, mas também social e cultural. Êxito econômico e compromisso social devem caminhar juntos rumo a uma melhor qualidade de vida do ser humano e do planeta. O turismo possibilita uma relação compartilhada, cujos serviços devem evidenciar muito mais do que a simples realização de tarefas: são realizações pessoais e bem-estar público, na medida em que o profissional de turismo se assume como agente social.

A Responsabilidade Social tem sido constantemente o alvo de análises no mundo dos negócios. E o compromisso com as causas sociais, está sendo incorporado ao modelo de gestão das grandes empresas sintonizadas com um mundo globalizado e cada vez mais exigente em relação à dinâmica de seus negócios e a sustentabilidade.

Existem muitas empresas que adotam em suas estratégias de desempenho empresarial, ações relacionadas à vida social e à preservação do meio ambiente. Na área do turismo é imprescindível que este enfoque seja também valorizado, aprofundando estudos que contribuam de maneira consistente no desenvolvimento do “turismo sustentável”, evitando com estas ações o desenvolvimento desenfreado e sem planejamento da exploração do turismo, que em muitos casos visam apenas o lucro e satisfação do turista, sem medir as conseqüências.

O turismo quando bem planejado, dentro de um modelo adequado, em que as comunidades participam do processo, possibilita a inclusão dos mais variados agentes sociais. Os recursos gerados pelo turista circulam a partir dos gastos praticados nos hotéis, restaurantes, bares, nas áreas de diversões e entretenimento. Todo comércio é beneficiado. Jornaleiros, taxistas, camareiras, cozinheiras, artesãos, músicos, barqueiros, pescadores e outros profissionais passam a ser agentes do processo de desenvolvimento. O envolvimento abrange toda a comunidade receptiva.

Neste modelo, a grande maioria do setor é constituída pela comunidade, fazendo com que o desenvolvimento da atividade possa naturalmente contribuir como fator de distribuição de renda e solidificação de uma responsabilidade social.

2 O TURISMO E A RESPONSABILIDADE SOCIAL

Turismo é um sistema de serviços que tem como finalidade única e exclusiva, o planejamento, a promoção e a execução de viagens, para isso faz-se necessário a existência de infra-estrutura adequada para recepção, hospedagem, consumo e atendimento às pessoas e/ou grupos. E pelo turismo envolver vários setores do comércio, comunidade, órgão públicos e lidar com culturas, costumes e meio ambiente é de grande importância incluir em sua teoria e prática a responsabilidade social.

2.1 A história do turismo

O fator viagem sempre foi uma atividade comum à maioria dos povos do mundo. Podemos colocá-lo como uma necessidade de deslocamento, tanto do ponto de vista da conquista (guerras, invasões, etc.) como do lazer e da curiosidade de algumas pessoas em conhecer e, ao mesmo tempo, explorar as paisagens naturais ou geográficas existentes em outros pontos, não só do seu próprio território, mas de localidades bem distantes.

Segundo Lage e Milone (1996), na Antigüidade Clássica, os gregos faziam deslocamentos constantes para assistir, participar e, concomitantemente, usufruírem de espetáculos culturais, cursos, festivais e jogos que eram, para os cidadãos, uma prova do seu destaque perante as outras categorias sociais existentes na sua região e, principalmente, dos escravos. Todos sabem que os jogos olímpicos tiveram seu início no mundo grego sendo ainda hoje uma referência mundial. De uma determinada época até a atualidade este evento movimenta milhões e milhões de dólares, não só durante a realização, mas também, na fase de preparação e organização, fazendo convergir para o local realizador um fluxo altamente rentável de turistas.

Outra civilização do período clássico foi a romana. Segundo a historiografia, os romanos foram os primeiros povos a criarem locais exclusivamente destinados ao repouso, com finalidades terapêuticas, religiosas e desportivas. As arenas, palco dos maiores espetáculos populares, as termas para resolver problemas de saúde, e as práticas esportivas variadas, atraiam e concentravam inúmeros integrantes da sua civilização em diversas partes do império.

No entanto, Trigo (2000) defini como marco para uma modelagem e representação turística mais organizada, a fase renascentista, visto que o incentivo à ciência e às artes, provocou uma revolução nos hábitos e no comportamento do europeu mais abastado, que em função do seu status passou a utilizar as viagens como uma forma de explorar novos lugares e, na mesma dimensão, demonstrar maior capacidade econômico-financeira, além de um maior cabedal de conhecimentos em relação às pessoas que não podiam realizar as mesmas proezas devido ao baixo poder aquisitivo, quando comparado aos burgueses, classe social que já despontava hegemonicamente na Europa nesse período e disputava o poder temporal com a Igreja.

Desta forma, num processo cada vez mais irreversível, a idéia de se organizar viagens para fins comerciais, bélicos ou não, já era uma realidade na sociedade européia. De acordo co Trigo (2000), em 1552 (segunda metade do século XVI), foi elaborado na França, por Charles Estiene, o primeiro guia de estradas, com roteiro e descrição de vários espaços atrativos para a prática turística. Quase 60 anos depois, no início do século XVII, por volta do ano de 1612, apareceram outras publicações direcionadas para sensibilizar e orientar aqueles que tinham interesse por viagens. Dentre elas podemos citar o primeiro manual de guia turístico, denominado Of Travel, escrito por Francis Bacon, com roteiros e indicações para viajantes de todas as modalidades e tipos. Essas inovações associadas à nova estruturação urbana provocaram mais facilidades para os deslocamentos de diversas pessoas gerando mais contatos entre os povos e uma maior troca de informações.

Entretanto, o grande divisor de águas na história da humanidade, foi a Revolução Industrial ocorrida, aproximadamente, por volta de 1760 (segunda metade do século XVIII) na Inglaterra, quando houve verdadeiras e definitivas transformações na qualidade de vida e, acima de tudo, nos meios de comunicação e transportes trocando-se a carruagem pela locomotiva, tornando mais rápidas as viagens e oferecendo mais tranqüilidade, conforto e proteção para os viajantes.

De acordo com Lage e Milone (1996), a história do turismo, nos moldes atuais, começa, efetivamente, na segunda metade do século XIX, a partir do ano de 1841, quando foram organizadas as primeiras atividades turísticas, devido à intervenção de personalidades exponenciais da sociedade inglesa, como: Thomas Cook, Henry Wells, George Pullmann, Thomas Bennett, Louis Stangen e Cesar Ritz.

O turismo é reconhecido hoje como uma das atividades de grande destaque no desenvolvimento econômico mundial.

No Brasil esse é um assunto recente, e que tem muito que melhorar e aprimorar, porém ele é um dos setores que mais movimenta a economia Brasileira. Percebemos isso, de acordo com dados divulgados em abril de 2008 pela Embratur, US$ 518 milhões ingressaram na economia do país no último mês por meio do gasto de turistas estrangeiros. O valor, 19,44% superior aos US$ 434 milhões registrados em março de 2007. Com o último resultado, o acumulado do ano chega a US$ 1,608 bilhão – sendo esta a primeira vez em que a barreira de um bilhão e meio de dólares é ultrapassada logo no primeiro trimestre do ano. (www.turismo.gov.br)

2.2 Turismo receptivo

O turismo receptivo é o conjunto de bens, serviços, infra-estrutura, atrativos, prontos a atender as expectativas dos indivíduos que adquiriram o produto turístico. Corresponde a oferta turística, já que se trata da localidade receptora e seus respectivos atrativos, bens e serviços a serem oferecidos aos turistas lá presentes.

O turismo receptivo, para se organizar de modo que seja bem estruturado, deve ter o apoio de três elementos essenciais para que esse planejamento seja executado com sucesso. São eles:

§ Relação harmônica entre turismo e governo;

§ Apoio e investimento dos empresários;

§ Envolvimento da comunidade local.

A partir da inter-relação entre esses elementos é que pode nascer um centro receptor competitivo.

É entre esse três elementos essenciais é que está a base da formulação de um planejamento com o foco de responsabilidade social.

2.3 Importância econômica, social e impactos negativos gerados pelo turismo

2.3.1 Geração de empregos

É importante compreender que o turismo é um setor que tem grande capacidade de geração de empregos direta e indiretamente. O turismo além de fazer parte do setor de serviços, necessita de diversas organizações para ser realizado. Tem também a capacidade de gerar empregos para as pessoas de baixa qualificação.

De acordo com o Ministério do Turismo, entre os anos de 2003 a 2005 o setor gerou 263 mil empregos diretos e 789 mil indiretos, totalizando mais de 1 milhão de novos postos de trabalho.

Gráfico 1 Evolução no Número de Empregos na Atividade Turística – Formais e Informais

(em milhões de pessoas ocupadas)

Fonte: Plano Nacional de Turismo – Ministério do Turismo(2006,p.22)

O novo plano Nacional de Turismo tem como metas aumentar os postos de trabalho, gerando mais emprego.

Quadro 1 Metas de criação de novos empregos e ocupações

200820092010

400 mil449 mil516 mil

Fonte: Plano Nacional de Turismo – Ministério do Turismo (2006, p.48)

Com este cenário vê-se que o turismo é um grande influenciador social, fato que o torna responsável por um planejamento de forma que abranja todos os setores nele envolvidos.

2.3.2 Influência do turismo na economia

O turismo é um setor que tem muito cooperado para o crescimento de divisas no Brasil, e consequentemente aumento do PIB. Um destaque para este setor é o ministério do turismo, que formulou o Plano Nacional do Turismo 2007/2010. Que tem como objetivo apresentar o Brasil não só para estrangeiros mas também para os próprios brasileiros, incentivando-os a viajar. A receita cambial turística aumentou em US$ 2051,00 dólares, de acordo com o Banco Central do Brasil.

Gráfico 2 Receita cambial turística (milhões US$)

Fonte: Banco Central do Brasil

Já em 2008, de acordo com dados divulgados dia 26 de maio pelo Banco Central, US$ 439 milhões ingressaram na economia do país e isto somente com gastos de turistas estrangeiros.

O Plano Nacional de Turismo ainda quer aumentar as divisas através do turismo.

Quadro 2 Metas de gerar divisas (bilhões US$)

200820092010

5,8 bilhões 6,7 bilhões7,7 bilhões

Fonte: Plano Nacional de Turismo – Ministério do Turismo (2006, p. 54)

Conclui-se a partir destes dados que o Brasil possui grande potencial turístico e atrai cada vez mais turistas aumentando a renda do país.

2.3.3 Impactos negativos do turismo

O crescimento da atividade turística não afeta apenas a economia urbana, mas também o meio ambiente natural (ar, água, solo, flora, fauna, clima ,condições geológicas), sociocultural (valores, comportamentos, relações familiares, expressões criativas, cerimônias tradicionais, estilos de vida) e físico (edifícios, monumentos, tecido e mobiliário urbano, espaços abertos, parques artificiais) das cidades. Todavia, tais impactos podem ser tanto positivos quanto negativos.

A falta de coordenação do processo de desenvolvimento das atividades turísticas normalmente resultará em uma série de problemas urbanos, gerando problemas internos que podem vir a tornar essa indústria insustentável a médio e longo prazos. Em tais circunstâncias, as próprias atividades turísticas causariam impactos negativos, seja no meio natural, social ou físico. Com um cenário depreciado, visitantes não teriam as suas expectativas satisfeitas, o retorno financeiro seria minimizado, comunidades urbanas se oporiam ao crescimento das atividades turísticas e o próprio patrimônio turístico se veria ameaçado.

Segundo Ruschmann (1997, p. 63/64 e 83) alguns impactos negativos seriam:

§ Descaracterização dos costumes e tradições das comunidades receptoras, cujos ritos e mitos, muitas vezes, são transformados em shows para os turistas;

§ Sentimentos de inveja e ressentimento diante de hábitos e comportamentos diferentes dos turistas e da ostentação de tempo e de dinheiro, muitas vezes escassos para os moradores das comunidades;

§ Aumento dos preços das mercadorias e dos terrenos;

§ Migração de pessoas originárias de regiões economicamente debilitadas para os novos pólos turísticos, em busca de empregos, provocando excedente na oferta de mão-de-obra e escassez de moradias;

§ Marginalização daqueles que não são incluídos no processo;

§ Acúmulo de lixos nas margens dos caminhos, das trilhas, nas montanhas, nos rios, nos lagos, nas cachoeiras e no próprio centro da cidade;

§ Contaminação das fontes e dos mananciais de água doce e do mar perto dos alojamentos, provocada pelo lançamento de esgoto e lixo in natura nos rios e no oceano;

§ Poluição sonora e ambiental;

§ Coleta e quebra de corais no mar e de estalactites e estalagmites das grutas e cavernas para serem utilizados como souvenirs;

§ Alteração da temperatura das cavernas e grutas e aparecimento de fungos nas rochas, causados pelo sistema de iluminação;

§ Pinturas e rasuras nas rochas ao ar livre, dentro das cavernas e grutas, onde os turistas querem registrar sua passagem;

§ Coleta e destruição da vegetação às margens das trilhas e dos caminhos nas florestas;

§ Erosão de encostas devido ao mau traçado e à falta de drenagem das trilhas;

§ Turistas que alimentam os animais mais dóceis com produtos que contém conservantes, que provocam doenças e até a morte;

§ Caça e pesca ilegais, em locais e épocas proibidas;

§ Incêndios nas áreas mais secas, provocados por cigarros, fogueiras.

De acordo com estes itens, entende-se que a atividade turística pode ter um grande dano sobre o ambiente, e por estas conseqüências é que os envolvidos pelo setor devem pensar em um planejamento responsável.

2.4. Responsabilidade Social

A responsabilidade social é um termo novo que vem sendo usado pelas empresas e pelos indivíduos a respeito de cumprirem certas obrigações em relação à sociedade, gerando assim o bem estar.

Responsabilidade social é uma forma de conduzir os negócios que torna a empresa parceira e co-responsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, governo e meio ambiente) e conseguir incorporá-los ao planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos, não apenas dos acionistas ou proprietários. (www.ethos.org.br).

O papel da responsabilidade social nos meios administrativos, torna-se um elemento base do desenvolvimento sustentável das sociedades de hoje. É uma estratégia chave que envolve todos os setores da comunidade.

A responsabilidade social busca estimular o desenvolvimento do cidadão e fomentar a cidadania individual e coletiva. Sua ética social é centrada no dever cívico (...). As ações de Responsabilidade Social são extensivas a todos que participam da vida em sociedade – indivíduo, governo, empresas, grupos sociais, movimentos sociais, igreja, partidos políticos, e outras instituições. (MELO NETO e FROES, 2001, p. 26-27).

Responsabilidade social inclui um amplo leque de questões como as relações com a comunidade e funcionários, o desenvolvimento e responsabilidade pelos produtos, políticas de às minorias e muitas outras ações. Hoje, a responsabilidade social é um dos quesitos mais importantes para o posicionamento social das empresas, instituições e profissionais no mercado. Ao participar de ações sociais, a organização, além de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento econômico, atua na dimensão social do desenvolvimento sustentável, melhorando a qualidade de vida de seu país, estado ou município.

Desenvolver programas sociais apenas para divulgar a empresa, ou como forma compensatória, não traz resultados positivos sustentáveis ao longo do tempo. Porém, nas empresas que incorporarem os princípios e os aplicarem corretamente, podem ser sentidos resultados como valorização da imagem institucional e da marca, maior lealdade do consumidor, maior capacidade de recrutar e manter talentos, flexibilidade, capacidade de adaptação e longevidade.

Este planejamento é feito para se obter um a longa duração, visando à participação de todos os envolvidos e consequentemente o lucro, pois a responsabilidade social não é uma filantropia.

3 Metodologia

Para o presente trabalho foram feitas pesquisas em artigos já produzidos por professores e alunos do curso de turismo da USP, pesquisas de livros e projetos feitos pelo Ministério do Turismo e pela Embratur.

Foram realizados questionários com 20 perguntas abertas para respostas rápidas e objetivas. Os questionários foram enviados por e-mail para, Cristiano Araújo Coordenador de formatação de Roteiros da Embratur, Alex Souza da assessoria de comunicação da ABAV nacional, Rodrigo Aguiar do Instituto Estrada Real e para o setor de ouvidoria do Mistério do Turismo.

Questionário:

1. Nome da Empresa ou Instituição:

2. ramo de atividade:

3. Descrição da atividade que realiza:

4. Endereço (da sede no caso de contar com mais de uma unidade):

5. Contato (telefone, fax, e-mail e nome dos responsáveis):

6. A empresa possui parceiros? Quais?

7. O que é de competência das parcerias que possui?

8. A empresa realiza planejamento turístico? Em qual âmbito (regional, nacional, internacional ou ambos)?

9. Como é feito o planejamento turístico?

10. Qual critério é usado para a escolha de uma região para planejamento?

11. Este planejamento turístico visa somente o aumento do turismo local?

12. Quais são os objetivos do planejamento turístico?

13. Nesse planejamento existem planos de Responsabilidade Social?

14. Como é feito esse projeto de Responsabilidade Social no planejamento?

15. No projeto de Responsabilidade Social, quais são os atores envolvidos?

16. É feita uma pesquisa para saber onde deve melhorar e para quem deve se dar mais atenção em um projeto de responsabilidade social?

17. A comunidade participa ativamente, debatendo e reivindicando suas necessidades quando se faz esse projeto?

18. O que a empresa pensa sobre Responsabilidade Social?

19. Caso ainda não exista nenhum planejamento turístico que tenha um projeto de responsabilidade social, a empresa visa desenvolve-lo a longo prazo?

20. A responsabilidade social seria uma vertente para a sustentabilidade do turismo?

4 Resultados e Discussão

O turismo pode ser um campo privilegiado para a promoção da Responsabilidade Social devido ao seu potencial inclusivo e democratizante. Ele pode contribuir decisivamente para o desenvolvimento sustentável e para a inclusão social, porque agrega um conjunto favorável para a integração social. Opera pela ruptura do isolamento, deixando diferentes culturas em contato com outras e possui um forte poder de criação e ampliação de oportunidade de trabalho e geração de renda. O amplo leque aberto pelo turismo tem a capacidade de absorver pessoas com qualificações diferentes e de diferentes níveis.

Todas essas potencialidades não se realizam sozinhas o turismo necessita de uma ampla rede de processos logísticos que abrangem desde aqueles relativos às vias e meios de transporte, estabelecimentos diversos, suprimentos variados de energia e alimentação, acomodações, equipamentos, até aqueles que dizem respeito à oferta de atividades, como, por exemplo: místicas, esportivas, recreativas, culturais, artísticas, naturais etc.

No Brasil, poucas são as instituições que estimulam o turismo sadio com base na responsabilidade social e ainda existem poucos artigos e pesquisas sobre o assunto. O Ministério do Turismo juntamente com a Embratur, são os que mais incentivam e proporcionam o desenvolvimento do turismo de forma responsável, apesar de não terem um plano elaborado de um projeto de responsabilidade social.

Plano Nacional de Turismo 2007/2010 é desenvolvido pela Embratur, pelo Ministério do Turismo, juntamente com o BNDES, ele é um instrumento de planejamento e gestão que coloca o turismo como indutor do desenvolvimento e da geração de emprego e renda do país. O plano é fruto do consenso de todos os segmentos turísticos envolvidos no objeto comum de transformar a atividade em um importante mecanismo de melhoria do Brasil e fazer do turismo um importante indutor da inclusão social. O PNT avança na perspectiva de expansão e fortalecimento do mercado interno com especial ênfase na função social do turismo, promover o turismo como fator de desenvolvimento regional, assegurar o acesso de aposentados, trabalhadores e estudantes a pacotes de viagens a condições facilitadas, investir na qualificação profissional e na geração de emprego e renda e assegurar ainda mais condições para a promoção do Brasil no exterior. O PNT se divide em vários programas e macroprogramas, para que assim o plano tenha uma dinâmica. Os principais são:

§ Macroprograma de Planejamento e Gestão – SNPTur:Esse macroprograma articula os diversos setores, públicos e privados, relacionados à atividade, no sentido de compartilhar decisões, agilizar soluções, eliminar entraves burocráticos e facilitar a participação de todos os envolvidos no processo de crescimento do setor. A SNPTur cria então uma interface de planejamento e de gestão no ambiente interno e externo – incluindo as esferas federal, estadual, municipal, regional e macrorregional, os organismos internacionais, além das entidades privadas e organizações não-governamentais – para fortalecer os canais representativos da gestão compartilhada do turismo.

§ Macroprograma de Informação e Estudos Turísticos: A informação é uma ferramenta estratégica para o desenvolvimento de qualquer atividade. E no turismo a informação assume um papel fundamental, tanto no que se refere à gestão programática para decisão dos investimentos junto aos destinos e mercados internos e internacionais, como no que se refere ao próprio funcionamento da cadeia produtiva.Nesse sentido, é necessário um programa contínuo que não só pesquise a estruturação dos destinos na ótica da oferta e da demanda, mas que constitua um sistema que possibilite a avaliação dos impactos socioeconômicos, culturais e ambientais da atividade e auxilie na tomada de decisões, criando condições para o fortalecimento da sustentabilidade do setor.

§ Macroprograma de Infra-Estrutura Pública: Desenvolver o turismo nas regiões onde exista oferta e demanda pressupõe prover os municípios de infra-estrutura adequada para a expansão da atividade e melhoria dos produtos e serviços ofertados. Essa é uma condição fundamental para a qualidade dos produtos turísticos e dos serviços prestados pela iniciativa privada. A execução de projetos de interesse e a relevância para a melhoria dos destinos turísticos só serão viabilizadas com investimentos em infra-estrutura de apoio ao turismo e infra-estrutura turística propriamente dita.

§ Macroprograma de Qualificação dos Equipamentos e Serviços Turísticos: A qualidade dos produtos turísticos está intrinsecamente associada à qualificação dos serviços prestados. O padrão de qualidade desejado deve estar referenciado na satisfação dos consumidores e nos pressupostos do turismo sustentável, o que implica estabelecer uma política que estimule a melhoria contínua da qualidade e segurança dos serviços prestados. Este macroprograma busca a excelência nos serviços, a garantia de acessibilidade para pessoas portadoras de deficiência em todos os equipamentos e serviços turísticos do País, o combate ao trabalho infantil e a exploração sexual de crianças e adolescentes, o compromisso com a sustentabilidade dos destinos turísticos brasileiros,em especial no que tange a proteção e conservação de patrimônio histórico e natural e a promoção e valorização das manifestações artísticas e culturais como patrimônio das populações locais.

§ PRODETUR - Fortalecimento da Capacidade de Gestão do Turismo: O objetivo do PRODETUR é garantir que o governo local e a população disponham de instrumentos adequados e desenvolvam a capacidade para manter e incrementar as atrações turísticas e os serviços do município turístico.Financiam os municípios dos Pólos Turísticos, por meio de convênios as áreas de Gestão: Administrativa e Fiscal; Turismo; Resíduos Sólidos, Proteção e Conservação de Recursos Naturais e Patrimônio Cultural e Urbanização de Áreas Turísticas.

Além da Embratur e do Ministério do Turismo, o Instituto Estrada Real também realiza programas de fomentação de roteiros dentro do estado de Minas Gerais, mas ele não possui um planejamento de responsabilidade social apesar de sempre reunir com as comunidades onde estão sendo implantados os roteiros. Por um lado o programa do Instituto é muito válido pois incentiva à comunidade a qualificar e assim elas estão sempre prontas para atender os turistas. Já por outro ângulo os roteiros podem atrair muitos empresários de grande porte, sufocando e diminuindo o trabalho do pessoal da comunidade, agindo assim de modo exclusivo.

Os outros órgãos entrevistados e pesquisados ainda não possuem um planejamento de responsabilidade social formatado de modo a incentivar o turismo para a sustentabilidade do setor, já que para uma atividade tenha longevidade a ação responsável é de extrema necessidade sendo como um processo que pensa no futuro e suas conseqüências.

É necessário que todos os setores ligados ao turismo, hotéis, agências, produtoras de roteiros, agências de transporte, restaurantes, órgãos públicos em geral e as Ongs, estejam cientes da importância da responsabilidade social para a atividade e adotem este planejamento como essencial para a vida do turismo, pois esta ferramenta poderá inovar o turismo e continuar fazendo com que ele proporcione a geração de renda e empregos, preservação dos bens turísticos e principalmente a inclusão social.

5 Conclusão E RECOMENDAÇÕES

O Brasil é um país que possui uma área de 8.514.876,599 Km² e é o maior da América do Sul. Ele possui grandes riquezas para a prática do turismo, como, praias, campos, natureza exuberante, rios, cidades históricas, movimentações artísticas e culturais intensas, enfim o Brasil possui grande diversidade de atrativos que movimenta muitos turistas.

Por essa razão e pelo crescimento do setor atraindo ainda mais turistas para o Brasil e incentivando os brasileiros a viajarem pelo país, que se fez necessário esse estudo sobre a responsabilidade social para o turismo.

O desenvolvimento do turismo só poderá ocorrer com a conscientização da responsabilidade de todos em promover ações sociais e englobar a comunidade para que possa desfrutar dos benefícios de forma mais igualitária, não comprometendo a destinação turística com a estagnação econômica e social.

Conforme apresentado neste artigo, ainda são necessários que mais órgãos, entidades e empresários do setor se envolvam pelo planejamento responsável, unindo todos a um bem comum que é a sustentabilidade da atividade, pois em um país de tamanha extensão se faz complexo o trabalho para apenas alguns órgãos.

Referências

BACEN. Banco Central do Brasil. Disponível em: www.bacen.gov.br. Acesso em: abril de 2008.

EMBRATUR – EMPRESA BRASILEIRA DE TURISMO. Notícias. 2007 e 2008. Disponível em: www.turismo.gov.br. Acesso em: novembro de 2007, março, abril e maio de 2008.

ETHOS — INSTITUTO DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. Guia de elaboração de relatório e balanço anual de responsabilidade social empresarial. 2001. Disponível em: . Acesso em: setembro 2007.

LAGE, Beatriz Helena G. & MILONE, Paulo César. Turismo: Teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.

MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, César. Gestão da responsabilidade social corporativa: o caso brasileiro. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Boletim de desempenho econômico do turismo. Disponível em: www.turismo.gov.br. Acesso em: abril e maio de 2008.

MINISTÉRIO DO TURISMO. Plano Nacional do Turismo. Disponível em: www.turismo.gov.br. Acesso em: abril e maio de 2008.

PRODETUR. Disponível em: www.embratur.gov.br/economia. Acesso em: maio de 2008.

RUSCHMANN, Dóris van de Meene. Turismo e Planejamento sustentável: A proteção do meio ambiente. Campinas, Sp: Papirus, 1997.

TRIGO, Luiz Gonzaga G. A Sociedade pós-industrial e o profissional em turismo. São Paulo: Papirus Editora, 2000.

[1] A responsabilidade social como estratégia inovadora para a atividade turística

[2] Aluna da Pós-graduação em Marketing e Comunicação ([email protected])

[3] Professor orientador, mestre em Administração pelo Cepead/UFMG

Autor: Pollianna Vieira


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