HOMENS QUE NÃO QUEREM MORRER



HOMENS QUE NÃO QUEREM MORRER

(Marcelo Rissato)

O mito do homem imortal existe desde os primeiros registros históricos da humanidade. Aquilo que transcende a racionalidade se torna um atraente caminho em busca da liberdade do espírito sobre o peso dos dogmas pré-estabelecidos. Alguns dos livros mais antigos da humanidade, como a Bíblia e as Mil e Uma Noites, que misturam registros verídicos com ficção citam personagens que viveram uma existência incalculável.
A crença em vampiros é universal, nasceu milênio de anos atrás, quando o homem descobriu que o sangue era a fonte de vida e se espalhou pelo mundo todo. Em muitos lugares como a Romênia, a pátria de Drácula, ela sobrevive até hoje.
A imagem de vampiros habitando velhos cemitérios abandonados nos foi legada na idade média, quando esses seres temiam ser encontrados pela Santa Inquisição e queimados na fogueira. A espécie não foi extinta porque é provável que muitos deles se escondessem atrás da própria Igreja, assumindo o lugar de Padres, Bispos e até Papa. Essa afirmação pode ser absurda, tomando-se em conta que os vampiros temem os símbolos sagrados, porém na verdade é que apenas os vampiros do ramo fariseu e aqueles que foram contaminados por acaso temem a força dos objetos consagrados por Deus, os outros e mais fortes se livram de qualquer influência mística desses símbolos sagrados.
No entanto vale dizer que os vampiros têm feito tanto bem quanto mal a humanidade. Existem muitos tipos de vampiros e alguns trilham apenas os caminhos sanguinários e não deixam nada de positivo, enquanto outros se utilizam a longa vida para ensinar novas alternativas para a humanidade. O importante é saber que todos são feitos das trevas e são criaturas com grande carga negativa.
De acordo com a antiga crença semita, no "Talmude", livro das leis dos costumes e das tradições judaicas, e com o Zohar, o livro dos rabinos, a primeira mulher na terra foi "Lilith". Conta-se que Adão teve uma mulher antes de Eva, chamada Lilith. Mas ela foi desobediente a Adão, desafiando sua autoridade. Lilith não aceitava ser submissa ao seu homem e queria ter os mesmos direitos que ele. Tomada de raiva, ela o abandonou, embora três anjos, "Sanvi; Sansavi e Samangelaf", enviados pelo Senhor, tentasse convencê-la a ficar, entretanto de nada adiantou. Os anjos ainda ameaçaram: "Se desobedeces e não voltas será a morte para ti." Lilith, todavia em sua sapiência demoníaca, sabe que seu destino foi estabelecido pelo próprio Jeová-Deus. Ela está identificada com o lado demoníaco e não é mais a mulher de Adão, uma vez que se transformou no lado mau da humanidade, tornando-se no símbolo da maldade do mundo.
Lilith seguiu para o deserto e foi até imediações do Mar Vermelho, região onde habitavam os demônios e espíritos malignos, tornou-se noiva de Samael (serpente insinuante), o senhor das forças do mal e deu a luz a outros espíritos malignos. Lilith não era a única esposa de Samael, suas três irmãs, "Aggarath, Nahemah e Mochlath" também se casaram com ele, todavia no final dos tempos somente Lilith e Samael dividirão a punição de ter seduzido Eva e Adão no Paraíso.
Eva então entrou na história e se uniu a Adão, foi moldada exatamente como as exigências da sociedade patriarcal. A mulher feita a partir de um fragmento de Adão. É o modelo feminino permitido ao ser humano pelo padrão ético judaico-cristão. A mulher submissa e voltada ao lar. Assim, enquanto Lilith era força destrutiva, extremamente ciumenta decidiu vingar-se matando os filhos de Adão e Eva. Como todos os homens são descendentes de Adão e Eva, deve defender-se contra os ataques dessa "vampira".
A primeira vítima de Lilith foi Eva, pois apareceu no Paraíso em forma de cobra (cobra tortuosa) e a induziu a comer do fruto proibido, depois fez com que Adão também provasse do mesmo fruto e desde aí a humanidade nunca mais seria a mesma. Lilith Alegou ter poderes vampíricos sobre bebês, mas como os anjos "Sanvi; Sansavi e Samangelaf" a queriam impedir, fizeram-na prometer que, onde quer que visse seus nomes, ela não faria nenhum mal aos humanos. Então, como não podia vencê-los, ela fez um trato com eles: concordou em ficar afastada de quaisquer bebês protegidos por um amuleto que tivesse o nome dos três anjos (Sanvi, Sansavi e Samangelaf). Não obstante, esse ódio contra Adão e contra sua nova (e segunda) mulher, Eva, resultou, para Lilith, no desabafo da sua fúria sobre os filhos deles e de todas as gerações subseqüentes. Fez com que Caim matasse Abel e daí por diante nunca mais parou.
Lilith foi a primeira vampira que se teve notícias e continua a fazer vítimas até os dias de hoje. A idéia de vampiro supõe o conceito original do eterno retorno, ninguém é realmente destruído, mas volta vezes sem fim em reencarnações. Muitas são as teorias sobre essas criaturas da noite e a mais conhecida é a que os vampiros tiram o sangue dos viventes, misturam o seu sangue ao de sua vítima e essa pessoa se torna um morto vivo, sobrevivendo a morte comum.
Devido a isso, as práticas ortodoxas de excomunhão reforçam a crença nos vampiros, quando os padres ou bispos ortodoxos cristãos expedem uma ordem de excomunhão, acrescentam a maldição "e a terra não receberá seu corpo". Isso significa que o corpo da pessoa excomungada permanecerá "incorrupto e inteiro". Sua alma não descansará em paz. Nesse caso, a não-decomposição do corpo é um aviso do mal, acreditando que ao se aceitar a escuridão da heresia, candidata-se a se tornar um morto-vivo, ou seja, um vampiro.
A Romênia do século XV e XVI acreditava ser a época desses seres da noite. Para eles o vampiro é um ser demoníaco que dorme durante o dia, voa à noite e pode se tomar a forma animal de um lobo, um cão ou um pássaro e chupa o sangue de pessoas e animais. Entre os romenos os vampiros são sempre o mal. Sua jornada para o outro mundo foi interrompida e eles são condenados a vagar entre os vivos por um tempo.
Era o ano de 1517 em numa pequena cidade da região da Valáquia onde hoje se localiza a Romênia, nasceu uma pequena garotinha que se chamava Catherina Vilary, descendentes dos "Vilarys" que era uma tradicional família de nobres húngara. Ano em que o alemão Martinho Lutero se desentendeu com a Igreja Católica e fundou a Luterana. Vincent Vilary e Janet Vilary eram os pais da garotinha e se converteram ao protestantismo, pois entraram em desacordo com as práticas exercidas pelo catolicismo da época. A menina era muito bela e mais parecia um anjo. Janet sofreu muito durante sua gestação, mas ela nasceu uma criança muito saudável. Era a terceira filha, depois de Louise e Anne, suas irmãs.
Certo dia, Catherina estava passeando com sua mãe pelas ruas do vilarejo onde viviam e uma cigana as abordaram. A cigana colocou a mão sobre a criança, disse que ela será uma mulher muito poderosa e fez uma revelação, disse ainda que é a reencarnação de Lilith. Janet sua mãe nunca havia ouvido falar em Lilith e pergunta a cigana quem é essa mulher. Ela lhe conta a história, que foi a primeira mulher de Adão e que era uma pessoa muito má. Janet tomou sua filha em seus braços e saiu daquele lugar sem dar mais ouvidos ao que a cigana estava falando, mas ficou muito pensativa sobre o acontecido.
Algum tempo depois, em 1524, Catherina completava seus sete anos de vida e morava no castelo Varanno com seus pais que eram de uma família de nobres. Vincent era irmão de Radhu, o atual imperador da Valáquia, e resolveram comemorar o aniversário da pequena Catherina. No momento da festa, apareceu um grupo de ciganos pedindo para entrar no castelo para animar o ambiente. No início houve certa resistência, mas acabaram concordando e um dos convidados acusou os ciganos de venderem crianças aos turcos. Houve certa confusão e o cigano acusado foi levado a julgamento, considerado culpado e sentenciado à morte por Radhu, como era de costume naquela época.
Catherina se lembrava do choro do cigano lamentando a sua sentença e isso a impressionou. Na madrugada da condenação do cigano, Catherina escapou à vigilância de sua ama, correu para fora do castelo e presenciou a execução. Ficou horrorizada quando presenciou um cavalo deitado no chão e algumas pessoas abrindo-lhe a barriga. Outros soldados pegaram o cigano e o puseram vivo dentro da barriga do cavalo, deixando-o apenas com a cabeça para fora e em seguida coseram a barriga com agulha e linha, o cigano chorava e um dos soldados cortou-lhe a cabeça, matando-o.
Alguns dias depois da execução do cigano, um grupo de pessoas uniram-se aos ciganos e invadiram o castelo onde morava Catherina para se vingar da execução de um de seus homens. A maior parte deles foram destruídos e muitas pessoas que lá viviam, inclusive os pais de Catherina, que foram torturados, violados e posteriormente mortos.
Catherina e suas irmãs Louise e Anne foram levadas por suas amas para se esconderem na floresta. Catherina se refugiou numa árvore, mas presenciou suas irmãs e amas serem violadas e torturadas até a morte, depois retornou para sua casa e ao chegar, presenciou os assassinos sentados numa mesa, com fogo ao fundo de uma lareira e um caldeirão que estava fervendo e dentro dele estavam os restos mortais de seu pai e sua mãe.
A única sobrevivente dessa chacina foi a pequena e linda Catherina que foi morar com um tio, Jeremy, que sentenciou os assassinos daquela chacina a morte.
Catherina foi muito bem educada e sua inteligência ultrapassava até mesmo a de muitos homens. Ela era excepcional, tornou-se fluente em húngaro, latim, alemão e italiano, quando a maior parte dos nobres húngaros nem sequer sabia ler e escrever. Até mesmo o príncipe regente da Transilvânia nesse tempo tinha pouca educação.
Os anos passaram, era 1531 e Catherina já completava seus 14 anos. Apesar de muito jovem, Jeremy acertou seu casamento com Friedrich Szentos, filho de um príncipe húngaro.
Friedrich tinha 25 anos, nasceu no seio de uma família que por direito de nobreza era tão prestigiada como a dos Vilarys, seu pai era o príncipe Dan III que governava a Hungria neste ano. Sua educação foi meticulosamente documentada por sua mãe Madeleine. Fried, como era mais conhecido, não foi um bom estudante, freqüentou a escola de Viena, aprendeu a escrever húngaro, latim e alemão. Embora tivesse adquirido pouca educação acadêmica, era certamente popular entre os colegas. Para os húngaros, o trono era hereditário, porém não pela lei do primogênito. Os nobres tinham o direito de escolher entre os membros da família real quem seria o sucessor. Após a morte de seu pai, Dan III, Friedrich acreditava ser o escolhido para herdar o trono, mas num conselho real, seu irmão mais novo, Mircea de 18 anos foi o escolhido. Fried ficou revoltado, pensou em ir embora, mas após a posse do irmão Mircea ao trono húngaro, Friedrich se casou com Catherina e foram morar num castelo na região da Valáquia.
O casamento que juntou as duas proeminentes famílias realizou-se no castelo Varanno, onde o jovem Conde Friedrich juntou o nome da Condessa Catherina Vilary ao seu. Mas Catherina, naquela altura já emancipada, escolheu permanecer uma Vilary, já que o seu nome era mais antigo e iriam moram na região em que sua família havia vivido muitos anos.
Friedrich se revoltou com o irmão e preferiu a guerra como carreira, herdou o trono na Valáquia após um golpe de estado no atual Imperador Radhu, que por sinal era irmão de Vincent, o pai de Catherina. Iniciou uma batalha contra seu próprio irmão Mircea que governava a Hungria e já não permanecia muito tempo em sua casa, deixando assim Catherina no castelo Varanno reinando e especialmente disciplinando os criados. A Condessa levava essa disciplina a um ponto hoje considerado sadismo.
Certo dia, Catherina saiu para passear de carruagem pelas ruas escuras do reino em que vivia, foi verbalmente abusiva com uma senhora idosa, pois a Condessa achou que o comportamento da velha senhora era repulsivo. A senhora respondeu: "Cuidado, ó vaidosa, em breve ficará como eu, velha, feia e enrugada e depois o que farás?".
A partir desse encontro e de ouvir essas palavras, Catherina mudou a forma de tratar suas criadas e começou a ter um comportamento diferente. Todo o dia olhava no espelho e se imaginava mais velha. As palavras daquela senhora parece que se repetia por sua imagem no espelho. Sua pele era linda e sem nenhuma mancha, mas ao se refletir no espelho, seus olhos viam a imagem de uma velha toda enrugada e isso foi revoltando a jovem e bela Catherina que começou a fazer maldades com suas criadas.
Bater nas criadas com um cassetete era a menor dessas punições e freqüentemente ela espetava alfinetes na parte superior e inferior dos lábios das raparigas...na sua carne...e debaixo das unhas.
Os anos se passaram e Catherina teve três filhos, Louise e Anne que preferiu chamar assim em homenagem a suas irmãs que foram assassinadas e um terceiro, Mark. Catherina apesar das atrocidades que cometia com suas criadas era considerada uma boa esposa e boa mãe, a julgar pelas cartas que escrevia a uma tia que morava em Constança, ao leste da Transilvânia, visto que os nobres dessa época costumavam tratar sua família imediata muito diferente dos criados mais baixos e classe de camponeses.
Mas achava que seus filhos precisavam de uma boa educação e os mandou para um colégio interno em Viena, na Áustria. Os jovens não podiam opinar e aceitavam o que seus pais acreditavam ser o melhor para eles. Para Catherina foi a melhor coisa que aconteceu, pois ficava sozinha em casa e podia cometer suas atrocidades sem que seus filhos presenciassem.
Friedrich sabia das maldades cometidas por sua esposa, mas não tinha conhecimento das atividades homicidas dela e quando ele viajava para suas batalhas, Catherina se transformava em uma pessoa mais cruel do que já era.
Completamente em pânico, algumas das moças tentavam escapar do castelo, embora poucas conseguiam. Aquelas que escapavam eram logo encontradas e punidas de maneira cruel.
Um dia, Paola tentou escapar das garras da malvada e foi capturada. Ao retornar para o castelo, Catherina obrigou a entrar numa jaula em forma de uma esfera, onde não se conseguia ficar em pé, apenas sentada. Uma vez colocada lá dentro, a jaula era erguida por uma roldana e dezenas de lanças ressaltavam de dentro dela. Paola tentou escapar das lanças, mas a jaula girava por todo lado, fazendo a criada rolar e sua carne foi triturada e acabou toda desfeita, deixando Catherina com um ar de felicidade em seu rosto.
Catherina queria descobrir uma maneira de se tornar jovem para sempre, pois apesar de muito bela, acreditava que estava ficando velha e que sua juventude estava se desfazendo até que um dia uma criada acidentalmente puxou o cabelo da Condessa enquanto a penteava. Com muita raiva bateu na moça que começou a sangrar fazendo com que o sangue espirrasse na mão da Condessa. Ao princípio, a Condessa ficou enraivecida, apanhou uma toalha para limpar o sangue de sua mão e a medida que o sangue ia secando, sua pele parecia ter retomado a mesma brancura e jovialidade da pele das jovens camponesas.
A partir daí, começou a executar suas criadas, escoando todo seu sangue numa banheira e ficava horas e horas tomando banho daquele sangue acreditando assim que se tornaria cada vez mais jovens e a cada banho, olhava no espelho e sua pele parecia mais bela, fazendo sua crueldade aumentar cada vez mais.
Friedrich certo dia, retornou de uma de suas batalhas e encontrou sua esposa dentro de uma banheira de sangue. Atitude que ele não imaginava que seria capaz, mas ao invés de repudiá-la, a beijou e tomou um pouco daquele sangue o fazendo se tornar uma pessoa tão cruel quanto ela.
Friedrich começou a matar as pessoas que se aproximavam de seu castelo e os corpos eram deixados ao ar livre apodrecendo. Corpos eram estacados com uma lança e seu sangue todo escoado. Algumas partes de seus corpos eram decapitadas e deixadas ao ar livre, causando certa revolta por parte do povo valaquiano que repudiava as ações daqueles dois sanguinários.
Mircea reuniu seus soldados e resolveram invadir a Valáquia para tentar acabar com o seu maior inimigo, seu irmão Friedrich. Mas ao entrar nas imediações do castelo Varanno, os soldados saíram horrorizados, pois se depararam com milhares de cadáveres, alguns mortos recentemente e outros já em fase de decomposição. A batalha nem chegou a acontecer, pois seus soldados foram vencidos pelas atrocidades cometidas por seu inimigo.
A maior parte das atrocidades associadas ao nome de Friedrich foi durante o tempo em que lançou o maior ataque contra os húngaros. Seu ataque foi relativamente bem sucedido inicialmente. Suas habilidades como guerreiro e sua bem conhecida crueldade fizera dele um inimigo temido.
Mas os plebeus valaquianos, cansados das depredações do Imperador abandonaram-no à sua própria sorte. Friedrich foi forçado a lutar contra os húngaros com pequenas forças à sua disposição, algo em torno de menos de dois mil homens.
Friedrich foi morto em batalha contra os húngaros perto da pequena cidade de Budapeste em novembro de 1543. Algumas fontes indicam que ele foi assassinado por burgueses valaquianos desleais, numa forma de traição pelos crimes que havia cometido no momento que estava preste a varrer os húngaros do campo de batalha.
O corpo de Friedrich foi decapitado pelos húngaros e sua cabeça enviada à Budapeste onde o Príncipe Mircea a manteve em exposição em uma estaca como prova de que o Imperador da Valáquia estava morto. Ele foi enterrado próximo ao seu castelo na Valáquia sem a cabeça.
Catherina não se deu como vencida após a morte de seu esposo e isso não a afetou em nada, continuou e cometer seus crimes. Seu comportamento sádico parece que aumentou e se sentiu mais forte ainda. Seus banhos de sangue eram freqüentes e acreditava que nunca iria envelhecer.
Mircea, o governador da Hungria após a morte de seu irmão Friedrich, invadiu a Valáquia e tomou o trono. Catherina não se deteve e apesar de suas maldades, era a mulher mais poderosa de sua época e temida por todos.
Sob pressão dos Freis da Inquisição, um de seus cúmplices testemunhou que Catherina deitava suas escravas nuas no chão de seu quarto e torturava-as de maneira que o chão ficava inundado de sangue e que na maioria das vezes, as criadas não agüentava tal tortura e acabavam morrendo. Outra denúncia foi de que Catherina levantava de sua cama como um cão raivoso, abria a boca e mordia suas criadas na face e os seios, depois seguia para os ombros e rasgava um pedaço de carne com os dentes.
Ao longo do reinado como "Condessa Sanguinária", após a morte de seu marido, outros de seus propósitos foi fazer com que o rei húngaro Mircea pagasse as dívidas que seu marido havia feito, de modo que pudesse continuar sua vida sem preocupações.
O rei não pagou a dívida e Catherina teve que vender dois castelos pertencentes a sua família nos arredores da Transilvânia. Essas ações chamaram a atenção do tio dela, o Conde Jeremy que reuniu o resto do clã Vilary e planejaram exilar Catherina num convento em Praga onde findaria os seus dias.
A Santa Inquisição na época tomou conhecimento das atrocidades que a Condessa havia cometido e resolveu intervir.
Designa-se pelo nome de Inquisição os tribunais estabelecidos em certos países, na idade média e nos tempos modernos para perseguir e punir os hereges. Teve princípio no século XIII e em alguns lugares tomou o nome de Santo Ofício. Criou fortes raízes e tornou-se instituição poderosíssima, que deixou lúgubres recordações.
Durante três séculos do seu exercício naquela região, a Inquisição queimou cerca de milhares de pessoas e a jurisdição desse tribunal, estendia-se ainda para além túmulo: os mortos podiam ser acusados e julgados e os cadáveres exumados e queimados nos auto-da-fé.
No caso de Catherina, as atrocidades cometidas por aquela Condessa chegaram aos ouvidos dos inquisitores, que resolveram investigar a vida daquela mulher e descobriram que ela era muito pior do que o que ouviram dizer dela e a condenaram a morte.
Seus filhos ficaram sabendo da condenação e voltaram de Viena para a Valáquia para assistir a mãe sendo sacrificada.
O clã da família dos Vilarys reuniram-se novamente para tentar evitar que Catherina fosse queimada em praça pública e queriam que ela fosse enviada para o exilo, mas os Freis Inquisitores já haviam decidido e a sentença já estava dada, causando muita tristeza para seus jovens filhos.
Catherina havia sido levada para a masmorra, um calabouço no castelo na Valáquia onde Mircea havia montado seu governo depois de ter vencido Friedrich.
Jeremy tentou entrar no calabouço para soltar Catherina, mas foi pego e numa luta com os soldados acabou sendo morto.
Catherina após a morte de seu tio foi encaminhada para a praça pública no centro da cidade e em sua volta, pessoas a rodeavam com tochas na mão. Uma fogueira foi feita e na frente de todos os Valaquianos e de seus filhos e parentes, Catherina foi queimada viva. Era o fim daquela que havia feito tanto mal para aquele povo, e em meio às pessoas que assistiam o fim da Condessa, uma mulher com uma roupa longa parecendo uma cigana saiu gritando e dizendo que aquela era Lilith, uma bruxa que agora estava morta.
Essa atitude fez com que os Freis da Inquisição condenassem aquela mulher a fogueira também, pois foi considerada uma cigana e vidente e pessoas como ela era considerada bruxas e bruxas eram queimadas pela Inquisição.
O castelo onde Catherina morava ficou isolado e começaram a comentar que ela e seu marido eram vampiros e vampiros como se sabiam, eram serem que não morriam, pois já estavam mortos e que mesmo sendo considerados mortos, poderiam voltar a condição de vivos a qualquer momento.
A Inquisição resolveu exumar o corpo de Friedrich, pois ele também foi considerado um vampiro. O corpo foi retirado da tumba e estava intacto como no dia do sepultamento, mas sem a cabeça. Em seu peito foi enfiada uma estaca de oliveira, seu corpo foi queimado e as cinzas foram devolvidas para sepultura.
Muitos romenos acreditam que a vida após a morte será bastante parecida com a vida na terra. Como não há muita fé num mundo puramente espiritual, parece razoável que após a morte o vampiro possa andar pela terra do mesmo modo que uma pessoa viva.
A crença em mortos ambulantes e vampiros bebedores de sangue talvez nunca desapareça. Na Romênia, os camponeses acreditam que os vampiros e outros espectros encontram-se na véspera do dia de Santo André, num lugar onde o galo nunca anuncia a nova aurora, onde o cuco não canta e o cachorro não ladra. Os vampiros têm medo da luz e, por isso, é necessário fazer um bom fogo para afastá-los, assim como tochas devem iluminar o interior das casas. Mesmo que tranque toda a casa, não se está salvo dos vampiros, uma vez que eles podem entrar pelas chaminés e fechaduras, assim deve-se esfregar alho nas chaminés e fechaduras, nas portas e janelas para afugentar essas criaturas noturnas e essas práticas foram tomadas por toda a região da Valáquia após a morte de Catherina.
Os vampiros são aquilo que muitos querem ser. São o medo que muitos têm. Todos têm o desejo de serem vampiros, mas eles trazem o horror e o medo para todos aqueles que vêem sua verdadeira forma. Eles são os lobos em forma de cordeiro que muitas vezes passam uma imagem boa, mas no fundo são cruéis e assassinos.
Todos os seres tem um pouco de vampiro, pois todas as pessoas podem desenvolver o bem e o mal e mesmo aqueles que desenvolvem o bem dentro de si, sempre terá um pouco da maldade que a qualquer momento pode aflorar e vir a tona e se isso acontecer, essa pessoa poderá se tornar tão perigosa quanto o mais cruel dos vampiros que já se passou por essas terras.
Devemos nos prevenir contra tudo e todos e nunca devemos convidar um estranho para entrar em nossa casa, pois esse estranho pode ser um vampiro e uma vez convidado, ele sempre terá acesso e isso poderá nos tornar sua vítima e ele poderá acabar levando nossa alma para sempre, esses são "Os Homens Que Não Querem Morrer", mas que devem morrer e desaparecer para sempre da face da terra.
Por isso que hoje em dia, a Lilith, mais do que nunca está presente no mundo e está dentro de todos os seres humanos, e pode aflorar a qualquer momento, pois ela pode estar dentro tanto de mim, quanto de você e a qualquer instante pode vir a tona, pois agora neste exato momento, ela pode estar olhando dentro de seus olhos.




Autor: Marcelo Rissato


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