PAISAGEM E ECOTURISMO: A TRILHA DO MONTE CRISTA/ANTIGO CAMINHO TRÊS BARRAS, GARUVA, SC



RESUMO

Refletir sobre a ação da atividade ecoturística sobre a paisagem é algo complexo tendo em vista que neste processo são presentes diferentes conceitos que vão desde o fenômeno de mutação e apropriação do espaço pelo homem até a sua transformação em lugar de vivencia composto por definições bases tais como topofilia.
Tendo em vista a amplitude deste tema delimita-se como espaço de analise deste artigo e como delimitação do tema uma discussão sobre as possibilidades da prática de ecoturismo na Trilha do Monte Crista, Antiga Estrada Três Barras, área esta que percorre a Serra do Quiriri na porção nordeste do Estado de Santa Catarina, no município de Garuva, sendo o último trecho de Serra do Mar do Brasil, SC.

INTRODUÇÃO
A ocupação humana no ambiente do litoral nordeste do Estado de Santa Catarina e na serra que o margeia, ocasionou mudanças espaciais significativas na paisagem, tais como a urbanização em áreas de manguezais e criação de loteamentos clandestinos em morros, transformando o meio ambiente da região.
Contudo, a região nordeste do estado de Santa Catarina ainda apresenta características peculiares em suas paisagens tais como a presença de diversos ecossistemas com diferentes características físicas que compreendem desde a grande área de estuário da Baía da Babitonga composta por extensos manguezais até a Serra do Mar, sendo essa região possuidora de dimensão considerável da Floresta Atlântica preservada no Sul do País. Com uma extensa área de manguezais e uma exuberante mata de planície costeira e de encosta na Serra do Mar esta área é recortada por uma série de trilhas, sendo que um dos locais mais procurados pelos excursionistas, montanhistas e também ecoturistas na região é a Trilha do Monte Crista, no município de Garuva.
Na análise da Trilha do Monte Crista, a bibliografia sobre a área foi o aspecto mais difícil de ser levantado, pois a não ser por um certo número limitado de obras que contenham partes da história da região, não há fontes bibliográficas que tratam especificamente do local, assim como há pouca produção de referencial geográfico e biológico. Foram realizados vários trabalhos de campo buscado conhecer o ambiente e verificar os diversos usos da área e as alterações na paisagem, principalmente aquelas antrópicas decorrentes da prática do ecoturismo e do excursionismo.

O MONTE CRISTA E O ECOTURISMO
O espaço analisado nesse artigo contempla a discussão sobre as possibilidades da prática de ecoturismo na Trilha do Monte Crista no município de Garuva, SC.
A Trilha do Monte Crista, Antiga Estrada Três Barras, percorre a Serra do Quiriri na porção nordeste do Estado de Santa Catarina, sendo o último trecho de Serra do Mar do Brasil.
Contemplada por grande beleza paisagística, havendo referencias históricas na paisagem como a antiga Estrada Três Barras (com uma escadaria de aproximadamente 6 km que ligava o Porto de São Francisco do Sul com o planalto catarinense e paranaense), a área é composta pelo bioma da Floresta Atlântica em um relevo montanhoso com altitudes que variam de 100 metros a 1.300 metros do nível do mar, apresentando ecossistemas de montanha extremamente sensíveis às alterações, como os campos de altitude. Nas vertentes leste e sul domina a paisagem à Floresta Ombrófila Densa apresentando ecossistemas em estágio secundário avançado de regeneração.
Até o início do século XX quando se falava em patrimônio cultural, este logo era associado às obras monumentais, propriedades de grande luxo e pinturas consagradas, associadas às classes dominantes. O patrimônio cultural não é apenas isso são também as trilhas e caminhos de períodos históricos distintos produzidos por comunidades de diferentes culturas com os mais variados objetivos.
As trilhas são equipamento e atrativo que tem papel essencial na qualidade de experiência de revisitação dos espaços, sendo fundamentais para o contato e uma apreciação direta com a natureza o que desperta conseqüentemente uma sensibilização ambiental baseada na autocompreensão de atitudes e comportamentos do seu praticante. (FENNELL, 2002).
Ao tratar de trilhas um conceito atual que surge associado a essa prática humana é o Ecoturismo, sendo esse, o segmento da atividade turística que procura utilizar com sustentabilidade o patrimônio natural e cultural, incentivando a sua preservação através de ações conservacionistas em um processo de interpretação do ambiente e buscando promover o bem-estar das populações envolvidas. (EMBRATUR, 2003; SANTA CATARINA, 2001).
Na compreensão e articulação do ecoturismo Fennell (2002) propõe as definições de Goodwin onde as práticas ecoturísticas contribuem para a manutenção dos habitats e das espécies destes, produzindo renda às comunidades locais e proporcionando uma valorização do ambiente. Para Fennell (2002: 53) o ecoturismo
"(...) é uma forma sustentável de turismo baseada nos recursos naturais, que focaliza principalmente a experiência e o aprendizado sobre a natureza; é gerido éticamente para manter um baixo impacto, é não predatório, sendo localmente orientado (controle, benefícios, e escala). Ocorre tipicamente em áreas naturais e deve contribuir para a conservação ou preservação destas".
Identificar, delimitar e possibilitar em um determinado espaço para prática do ecoturismo, exige uma compreensão essencial do meio desse espaço, ou seja, como se dá à relação entre os diferentes objetos que ali se encontram e de como o homem sobrevive e altera esses objetos. Tratar das alterações humanas no espaço é percorrer um caminho do entendimento, sobretudo das questões culturais. (CLAVAL, 1999).
A apreciação estética de uma paisagem depende de uma articulação entre a cultura do observador e sua capacidade de apreender e entender a cultura e o ambiente observado. Em se tratando do olhar do turista ocidental há uma pressa em receber informações históricas e de estender a visão à paisagem, sobretudo paisagens naturais. Evidentemente que não é a paisagem por ele já vivenciada que o atrai, ou seja, ele quer ver o que não há em seu lugar de existência. Sendo assim, o diferencial da paisagem que atrai o turista tem que estar referenciado à comunidade (como as pessoas vivem e produzem sobre essa paisagem).
Um problema enfrentado na idealização de espaços para a prática do ecoturismo está na atual massificação da cultura, onde apesar das diferentes paisagens as pessoas estão construindo referências comuns de outros lugares. É evidente que para a prática turística é necessário observar a construção e adequação de estruturas para receber o turista e para atendê-lo em suas mais diversas necessidades, no entanto, em uma avaliação menos apurada do atual estágio do turismo no planeta verifica-se que o que se procura hoje é a diversidade pautada nos regionalismos e nas comunidades.
Objeto desse trabalho, a trilha do Monte Crista, segue pelo Rio Três Barras e sobe a Serra do Mar até o alto da serra, tendo existência atada a um histórico de ocupação e utilização ainda não bem definida, pouco estudada e entremeada por muitas lendas.
Como em todo Sul do Brasil e na região sudeste, muitas lendas ligam os caminhos à existência de Peabirús, ou seja, um caminho indígena que pretensamente levaria as civilizações do interior do continente até o Oceano Atlântico, sendo que, apesar de ainda não haver uma comprovação científica sobre o tema, muitos estudiosos e curiosos procuram a Escadaria do Monte Crista para estudar essa hipótese.
O que se pode apresentar de concreto pelos documentos encontrados em arquivos históricos são referências a uma trilha que provavelmente era utilizada pelos indígenas da planície litorânea em percurso para o planalto e vice-versa, talvez para troca de produtos, talvez para caçar ou ainda para colheita do pinhão (há grande existência do fruto no planalto).
Uma outra lenda bastante difundida na região, é que o caminho foi construído pelos Jesuítas que trabalharam catequizando o sul do Brasil. Muitos caminhos foram abertos por esses missionários em todo o país, mas não há relatos de calçamentos feitos por esses ou por escravos para essa tarefa, além da exigência de muitos trabalhadores para o mesmo não há um propósito palpável para essa construção (os relatos de calçamento com esse propósito são atribuídos a caminhos das proximidades das Missões Jesuítas no interior do Rio Grande do Sul e Paraguai).
O escritor e pesquisador catarinense Cyro Ehlke (1973: 162) escreveu que (...) "o caminho de Três Barras já foi chamado de Caminho dos Jesuítas (Jesuitenweg), segundo a expressão dos agricultores alemães colonizadores, por supor-se que houvesse tal caminho sido aberto por missionários jesuítas espanhóis, que, em priscas eras, por ele tinham passado, em demanda às Missões do Paraguai, por terra. Não há, seguramente, nenhuma base histórica para tal suposição."
Historicamente podemos afirmar que existem relatos sobre uma Estrada Três Barras que permeiam o século XVI, apresentando esta como uma ligação entre São Francisco do Sul e o planalto de Curitiba. O nome da Estrada está ligado a seu início, em um ponto de reunião de três rios que se unem e deságuam no Canal do Palmital (que deságua na Baía da Babitonga), sendo que em meados do ano de 1730 principalmente tropeiros usavam esporadicamente o caminho para ir do Rio Grande do Sul a São Paulo e conheciam o acesso por "Caminho Velho". Também no ano de 1730 uma escritura pública criou um projeto de abertura de uma estrada entre Santa Catarina e os Campos de Ambrósios, no planalto norte de Santa Catarina e sul do Paraná. (TERNES, 2001)
Segundo Cyro Ehlke apud Ternes (2001) este documento datado de 27 de dezembro de 1730 poderia ser a escritura referente ao primeiro documento oficial, relatando sua construção. Nada, porém prova a sua real implantação, sendo o caminho de difícil acesso, onde as mercadorias eram transportadas entre o litoral norte catarinense (São Francisco do Sul) e Curitiba, eram conduzidos nas costas pelos tropeiros ou em lombo de animais.
Ehlke cita que não se tem como determinar o tempo que as diligências demoraram a abrir a picada que ligava São Francisco do Sul a Curitiba, porém sabe-se que "a Estrada São Francisco a Ambrósios", "(...) serviu para a retirada das forças portuguesas de Santa Catarina, quando a ilha foi conquistada pelos espanhóis, em 1777" (EHLKE apud TERNES, 2001:40). Sabe-se também que em meados de 1783 a estrada já tinha uma abertura e trânsito tendo em vista ordem dada pela Real Junta da Cidade de São Paulo para o impedimento do Caminho de São Francisco haja vista reclamações do contratador de impostos de pedágio que estava tendo prejuízos com desvios de renda. (TERNES, 2001)
Denominava-se como "Estrada Três Barras", ou "Caminho de Ambrósios" uma via de comunicação que ligava o litoral catarinense desde o então chamado Rio de São Francisco, e deste através do Canal das Três Barras até a Serra do Mar, varando os Campos de Ambrósio, passando próximo a São José dos Pinhais até Curitiba, pela qual eram realizados comboios de gado, e ainda eram transportados em lombo de burro a carne seca, toucinho, sal, farinha e mate, sendo o nome "Caminho Três Barras" dado porque o caminho tinha como seu ponto final o canal do "Rio Três Barras" ou "Rio de São Francisco", que culmina na Baía da Babitonga.
O tempo áureo deste comércio foi período que se estendeu de 1870 a 1911, entrou em declínio devido as característica do relevo na Serra, sendo que havia um difícil trajeto de cerca de meia légua (3 quilômetros) onde as cargas tinham de ser carregadas nas costas por auxiliares, também contribuiu o estado ruim de conservação do acesso, e, sobretudo a construção da "Imperial Estrada Dona Francisca" e da ligação ferroviária entre São Francisco do Sul e Porto União da Vitória.
Ehlke (1973:163) expõe:
"É difícil, se não temerário, afirmar, com precisão, desde quando passou a ter existência, ainda que na forma primitiva de simples picadão, a posteriormente Estrada Três Barras". Sabe-se "(...)que já pelos anos de 1600, segundo documento que o referido Major (Major Manoel Joaquim d?Almeida Coelho) tinha presente, inédito, achava-se aberta, ainda que quase intransitável, a picada primitiva, que punha São Francisco do Sul e Paranaguá, em ligação com o planalto Curitibano. São Francisco do Sul, entretanto, teria sido oficialmente fundada, segundo versões oficiais, cerca dos anos de 1645, ou 1658 e é difícil assim , poder-se aceitar a versão daquele nobre historiador, sem a ajuda de outros documentos que comprovem a assertiva."
Do antigo caminho da "Estrada Três Barras" ainda existem vestígios, como é o caso da escadaria feita de rochas que conduzem ao topo do morro Monte Crista, que atravessam a Serra do Mar e continuam sobre a montanha em direção ao Estado do Paraná, sendo que hoje muito do caminho se perdeu principalmente devido à erosão.
Dos documentos que falam da construção da antiga estrada muitos se perderam, o que restou, em sua maioria, está arquivado no Museu Nacional no Rio de Janeiro e em Santos no museu de Imigração.
Após a construção da Imperial Estrada Serra Dona Francisca que passou a ligar a planície litorânea ao planalto catarinense e paranaense, e principalmente após a construção da BR 101 a Estrada Três Barras foi abandonada. A partir desse momento, em meados do século XX, o caminho passa a ser utilizado como trilha para excursionismo, ou seja, há uma nova utilização do espaço, o que era estrada (um caminho propriamente) passa a ser uma trilha.
Com o avanço do interesse nas questões sócio-espaciais pautada principalmente por uma mudança na perspectiva ambiental, onde os seres humanos passam a reverenciar a natureza e a buscar um contato direto com esta, são apresentadas diretrizes mundiais para o estabelecimento de medidas protetoras ao meio ambiente (como a Conferência da ONU em 1972 em Estocolmo e a Conferência de Tbilissi em 1977). (GONÇALVES, 2000).
Neste sentido para conciliar a relação entre os espaços de criação humana com os espaços naturais tem-se o surgimento de várias definições dentre as quais está o conceito de conservação dos recursos naturais, que está muito ligado ao conceito de natureza o qual é próprio de cada sociedade, o que é evidenciado na afirmação de Gonçalves (1996, p. 23): "Toda sociedade, toda cultura cria, inventa, institui uma determinada idéia do que seja a natureza. Nesse sentido, o conceito de natureza não é natural, sendo na verdade criado e instituído pelos homens. Constitui um dos pilares através do qual os homens erguem as suas relações sociais, sua produção material e espiritual, enfim, a sua cultura".
Com esses novos pressupostos a problemática ambiental no Monte Crista toma uma nova forma de modificação e de interferência na paisagem, pautada principalmente na prática do excursionismo e do ecoturismo.
Essa nova modalidade de uso e apropriação da paisagem é o que vem causando atualmente maior impacto no ambiente do Monte Crista.

IMPACTOS AMBIENTAIS DO EXCURSIONISMO E ECOTURISMO NO MONTE CRISTA
Em geral o excursionismo e o ecoturismo geram uma série de impactos que devem ser observados, analisados e revelados como forma de facilitação no processo de elaboração de um planejamento que leve em conta aspectos que primem para o desenvolvimento de atividades, indicando uma valorização das paisagens e melhoria na prática de revisitação dos espaços.
A Trilha do Monte Crista em Garuva apresenta como um dos seus maiores problemas a falta de controle e infra-estrutura no local. Não há qualquer tipo de fiscalização ou política de planejamento para esta área, não havendo uma delimitação de uso adequado do espaço.
Mesmo sendo um importante remanescente florestal, não há uma delimitação específica para a proteção da área, como uma Unidade de Conservação. Se não há um processo de fiscalização e de administração do ambiente não há como se esperar uma apropriação adequada do espaço à prática turística. Contudo, o ecoturismo assim como a prática excursionista são praticadas de forma desordenada no Monte Crista gerando graves problemas na paisagem.
O excesso de visitantes no local, principalmente nos finais de semana e feriados (o local chega a receber mais de 400 pessoas em algumas datas específicas) vem acarretando modificação na estrutura da vegetação e do próprio relevo, principalmente nas trilhas e nos locais de acampamento.
O acesso ao local é realizado somente por uma trilha principal o que acaba causando problemas de erosão contínua nas trilhas e desbaste constante da vegetação, tendo em vista que essa estrutura não suporta o atual número de visitantes, não possuindo nenhum estudo sobre o limite aceitável de câmbio ? LAC (definido por Takahaschi (1998) um manejo no qual estejam adequados aspectos naturais e práticas de uso do espaço), sendo atualmente necessário que se promova um estudo de manejo no qual seja realizada uma reestruturação da trilha, bem como a delimitação deste limite de pessoas em relação à atividade exercida no meio (LAC).
Outro problema observado em campo e em arquivos documentados referem-se as queimadas que ocorrem principalmente de forma mais intensa nas áreas compostas pelos campos de altitude, muitas destas causadas por fogueiras de acampamento mal extintas, e ainda, por incêndios intencionais. Como a maioria dos acampamentos ocorre no período de outono e inverno, e como a vegetação dos campos de altitude se caracteriza por uma vegetação baixa de gramíneas e de espécies arbustivas isoladas que possuem alto poder de combustão, a probabilidade de incêndios é maior neste período.
O lixo acumulado na montanha também é um impacto considerável no Monte Crista, seja em sua trilha, seja nos locais onde são montados acampamentos. Em alguns locais onde há grutas naturais ou fraturas na rocha, alguns visitantes depositam seu lixo de forma contrária a todos os princípios componentes da prática ecoturística. A explicação que muitos dão como justificativa a este fato é o tempo de percurso aliado ao grau de dificuldade da trilha. São seis horas de caminhada em aclives e declives com inclinação média acima de trinta graus.
Recentemente outro problema surge. Além de todas as alterações à paisagem natural inicia-se um aumento de criminalidade na área, assaltos começam a ser freqüentes nas trilhas, principalmente visando o roubo de equipamentos de montanhismo.

CONSIDERAÇÕES
Esses impactos relatados tornam evidente que somente com o planejamento, a identificação e o conhecimento dos ambientes é possível tornar prático e ideal o conceito de ecoturismo.
A compreensão que os visitantes e as comunidades locais têm da paisagem e seus diversos objetos espacializados são fruto de um histórico de ocupação, e de caracterização cultural que não pode ser observado isoladamente, mas sim regionalmente e principalmente hoje em um contexto de cultura de massa, onde somente um trabalho de treinamento ou adestramento ambiental (BRÜGGER, 1999) não vai solucionar os problemas.
Uma caracterização das paisagens que leve em conta a integração entre os fatores históricos, culturais, ecológicos e principalmente institucionais pode ser determinante para o entendimento do espaço, gerando uma valorização e promovendo atitudes mais preservacionistas para com o ambiente e por fim viabilizando a prática ecoturística.
A experimentação dos objetos presentes na paisagem representa papel fundamental na construção de uma nova aprendizagem da relação homem/meio ambiente, seguindo um fio condutor da experimentação para a valorização do meio. Essa valorização é construída pela percepção e pelos conceitos adquiridos. Os aspectos metodológicos de percepção ambiental transpassam por uma busca pela experimentação espacial de uma pessoa, uma busca dos sentidos, do significado que ela dá ao espaço tornando-o lugar. (TUAN, 1983)
Há muito tempo a comunidade nordeste do Estado de Santa Catarina vem discutindo a preservação e a conservação da Serra do Mar, sem, no entanto estruturar ações que realmente contribuam para o esclarecimento da sociedade sobre a importância dos ecossistemas de montanha e da preservação da sua biodiversidade.
Assim, considera-se que é preciso um envolvimento do poder público em ações práticas para a preservação da Serra do Mar, tomando decisões mais efetivas na proteção e controle na área do Monte Crista, podendo propor, em acordo com a legislação vigente, a criação de uma Unidade de Conservação, na categoria Proteção Integral, do tipo Parque Estadual ou Parque Natural Municipal na região.
Quanto à gestão e a administração da área não há dificuldade em se estabelecer normas que possibilitem estruturar e conduzir os trabalhos na unidade, sendo relevante em todo o processo de criação da unidade de conservação o respeito à legislação ambiental e as instâncias definidoras das políticas públicas, sobretudo com a participação da comunidade, definindo para a população que as Unidades de Conservação não são praças públicas ou parques urbanos, mas sim áreas as quais podem conter equipamentos de lazer, buscando, sobretudo constituir-se em espaços para a preservação e conservação do patrimônio natural e histórico. Entende-se que, somente com um projeto diferenciado e democrático de discussão podem ser realizados os encaminhamentos de propostas que viabilizem a administração da Unidade a qual esta se propondo, gerando uma relação saudável entre a comunidade e o espaço a ser protegido gerando uma redução nos impactos na paisagem.

REFERÊNCIAS

BRÜGGER, Paula. Educação ou adestramento ambiental? Florianópolis: Letras Contemporâneas, 1999.

CLAVAL, Paul. Geografia cultural. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999.

EHLKE, Cyro. A conquista do planalto catarinense: bandeirantes e tropeiros do "Sertão de Curitiba". Rio de Janeiro: Editora Laudes, 1973.

EMBRATUR. Instituto Brasileiro de Turismo. Encontrado em acesso em 20 de março de 2003
.
FENNELL, David A. Ecoturismo: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2002.

GONÇALVES, Carlos Walter Porto. Os (dês)caminhos do meio ambiente. São Paulo: Contexto, 2000.

SANTA CATARINA. Lei que institui o Sistema Estadual de Unidades de Conservação. Lei nº 11.986 de 12 de novembro de 2001. Encontrado em: , acesso em 21 de agosto de 2002.

TAKAHASCHI, Leide Yassuco. Caracterização dos visitantes, suas preferências e percepções e avaliação dos impactos da visitação pública em duas Unidades de Conservação do Estado do Paraná. Curitiba, 1998. (Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor em Ciências Florestais. Curso de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Setor de Ciências Agrárias, Universidade Federal do Paraná).

TERNES, Apolinário; VICENZI, Herculano. Imperial Estrada da Serra. Joinville: Editora Letra d´água, 2001.

TUAN, Yi-fu. Espaço e Lugar. São Paulo: DIFEL, 1983.

___________. Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. São Paulo: Difel, 1980.

Autor: Orlando Ednei Ferretti


Artigos Relacionados


A Importância Do Planejamento E Manejo De Trilhas

Riquezas Naturais Tianguaenses

Turismo, Aventura E Paisagens Deslumbrantes!

Sinal Verde Para O Ecoturismo

Ecoturismo – Uma Atividade Que Deve Implementar O Desenvolvimento Sustentável

Biodiversidade Ambiental

A Importância Da Disciplina De Gestão De Unidades De Conservação Na Graduação Em Turismo