A COMÉDIA NACIONAL



A COMÉDIA NACIONAL

Eu me lembro que lá pela década de 50, no rádio ou no cinema, atuavam os nossos maiores comediantes, os quais rivalizavam em qualidade com os franceses (Fernandel, Jacques Tati, Louis de Funès) e italianos (Pepino, Aldo Fabrizi, Totó).

Nessa época Chico Anysio estava recém começando como ator e fazia eventuais aparições em papéis secundários em filmes da Atlântida, enquanto Procópio Ferreira, Zé Trindade, Renata Fronzi, Oscarito, Ankito, Dercy Gonçalves e Grande Otelo já eram atores consagrados.

Hoje vemos uma nova safra de atores e atrizes tentando fazer hilaridade com a enfadonha repetição dos mesmos quadros, o que perde inteiramente a graça, não apenas por culpa deles, mas pela falta de criatividade do autor do texto, do produtor ou do diretor, e mesmo bons atores, como Miguel Falabella, Paulo Silvino, Lúcio Mauro, Marco Nanini e Mateus Nachtergaele, em alguns papéis estão botando o seu talento fora por culpa da mediocridade da produção ou da direção.

Mas voltando aos tempos do Zé Trindade, este ator baiano que primeiro foi comediante de rádio e depois no Rio de Janeiro se consagrou na comédia nacional, as anedotas nessa época não eram feitas em cima da política, mas de fatos, quaisquer que fossem, sem dar margem a que ninguém tirasse vantagem -- a sátira política, em vez de moralizar, beneficia os safados, consoante àquela máxima ?falem mal, mas falem de mim? -- ou pegasse carona em seus quadros de humor.

Hoje, para entender uma piada ou anedota, deve-se ter conhecimento prévio de um fato gerador esportivo ou de um novo escândalo parlamentar acontecido durante a semana, porque certamente ela o estará satirizando de alguma forma. Se por exemplo, você não sabe que o jogador fulano de tal tomou uma borracheira e quebrou a cara ou que o deputado beltrano foi flagrado cometendo um delito, então você não entende a piada e, pelo menos pra você, não tem nenhuma graça.

Nos tempos da antiga comédia nacional a situação era diferente, você ria de uma anedota que tinha a sua origem e o seu final dentro do próprio quadro que estava sendo apresentado, sem nenhuma conotação com um fato externo, e para rir era só prestar atenção.

E se hoje temos, depois do Paulo Gracindo, o Chico Anysio, o Lima Duarte, o Lucio Mauro (pai), o Agildo Ribeiro, o Diogo Vilela, o Osmar Prado, o Miguel Falabella, o Marco Nanini e o Mateus Nachtergaele como comediantes de valor (embora com seus talentos eventualmente mal aproveitados), certamente devem a sua formação à escola antiga, do Procópio Ferreira, do Mazzaropi, do Zé Trindade, do Ankito, do Oscarito, da Dercy Gonçalves, da Renata Fronzi e do Grande Otelo, que ninguém relembra ou homenageia, mas que foram os grandes mestres e precursores da comédia nacional.

Luciano Machado


Autor: Luciano Machado


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