Como investir no Brasil se o custo de captação de recursos é alto?



Qualquer investidor que se preze sabe qual o melhor momento de possuir um papel ou vendê-lo. Existem duas fórmulas simples que o orientam na tomada de decisão: a que calcula o montante e a que representa o valor presente. É notório perceber que ambas são definidas pela taxa de juros e são inversamente proporcionais.

Assim sendo, imaginemos um determinado papel que a taxa de juros é maior do que àquela que o investidor estima como "ótima", ele prefere manter o investimento que reter moeda, pois seu valor presente é menor do que o montante gerado pelo capital aplicado. No caso inverso, uma taxa de juros menor do que a taxa "ótima" ele descontará o título, pois o valor presente é maior do que o montante gerado pelo capital aplicado.

Quem detém capital pensa nas melhores taxas atrativas para investir seu capital. Desta forma, existe o mercado de capital que atraí recursos para ampliação de projetos, cuja finalidade é ampliação do capital física das empresas. Ou seja, dinheiro que geram resultados econômicos e financeiros para empresas e investidores. Que ganha com isso? Toda economia, pois as empresas ampliam seu parque produtivo, melhoram salários, contratam novos trabalhadores, elevam a oferta econômica e reduz os preços de bens comercializáveis.

Em teoria é tranqüilo demonstrar o resultado de ações práticas de funcionamento do mercado. Quando transportamos ao mundo real, vemos que existem outras variáveis que impactam a relação econômica e financeira de funcionamento dos mercados.

No Brasil o dinheiro é canalizado ao financiamento do estado. Como a taxa de juros é alta, os títulos de longo prazo são atraídos por capitais internos e externos. Isto amplia a dívida bruta do setor público. Sendo assim, quando se deve investir para ampliar a oferta econômica e a circulação de riqueza no país? Fica a cargo de o estado definir diretrizes para investimento, já que o custo de capitalização das empresas é alto (devido à relação valor presente e montante explicado no primeiro parágrafo). Se o governo é grande o suficiente para inibir projetos de investimento, a infraestrutura do país é penalizada e com ela toda sua economia.

O Brasil não possui folgas no orçamento para cortes que reduza a taxa de juros em curto prazo e amplie investimento privado. Se essa política não é simples, a forma encontrada pelo governo são as parcerias público-privadas (PPP?s). O único problema das parcerias é que ela não é inovadora, já que muitas empresas são parceiras do governo há anos, devido a sua grandeza e influencia. As empresas marginais não resistem ao sistema e vão à bancarrota.

O que influencia a elevação da taxa de juros? Além do tamanho dos gastos de custeio do estado, sem pouca margem para redução, têm o fator de crescimento da demanda agregada pressionado os preços dos bens internos, gerando um fluxo inflacionário.

Outro peso que eu coloco na inflação é a variável negociação salarial influenciado pela força dos sindicatos em negociações da data base de carreiras. Sempre o valor é reajustado pela inflação passada, gerando desempregos aos trabalhadores desqualificados e pressionando os preços dos bens administrados, já que serão repassados aos consumidores. Para se alterar isso, os preços deveriam ser competitivos entre as empresas e os próprios trabalhadores negociarem com os patrões um preço de mercado diferenciado para manter os negócios em plena atividade. Tem que se ter em mente que o trabalhador é um insumo produtivo e é pago pelo crescimento econômico da empresa com a geração de seu trabalho.

Voltando a todos os fatores que pressionam o nível de investimento econômico, o Brasil ao manter uma taxa de juros elevada, pouco espaço para redução de gastos fiscais e autoridades com ansiedade para intervir no câmbio, como o país pode melhorar seu portfólio de investimento com as variáveis postas neste artigo? É complicada a resposta, ainda mais que o Brasil carece de investimento em infraestrutura básica e complexa e tem pela frente os dois maiores eventos esportivos do mundo. Não é tarefa fácil e o debate necessita de amplitude!
Autor: Sérgio Ricardo Da Silva Farias


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