O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ÉTICO: OS DESAFIOS DA CONTEMPORANEIDADE



O PAPEL DA ESCOLA NA CONSTITUIÇÃO DO SUJEITO ÉTICO: OS DESAFIOS DA CONTEMPORANEIDADE



RESUMO:
O presente texto pretende discutir o papel da escola na constituição do sujeito ético, apontando para os desafios da contemporaneidade. Resgataremos a idéia apontada por Freud para a compreensão da origem da civilização, para melhor entendermos o papel da educação nesse processo civilizatório, como também adentraremos na idéia de paidéia, como os gregos viam a educação e por fim, refletiremos sobre a crise ética da atualidade e os caminhos possíveis para o construto de um sujeito ético na contemporaneidade, apontando ainda para o papel da escola nesse processo.
Palavras-chave: Educação. Freud e a Cultura. Ética. Sujeito ético.

ABSTRACT:
This paper discusses the role of schools in the constitution of the ethical subject, pointing to the challenges of contemporaneity. Redeem the idea mentioned by Freud to understand the origin of civilization, to better understand the role of education in this civilizing process, as had crossed into the idea of paideia, as the Greeks saw education and ultimately reflect on the ethical crisis of our time and possible ways to construct an ethical subject in the contemporary, with emphasis on the role of schools in this process.
Keywords: Education. Freud and the Culture. Ethics. Ethical subject.


INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea experiencia uma grande crise ética, ou um niilismo ético, como é chamado por alguns teóricos. O niilismo é abarcado por uma série de conseqüências drásticas em todos os setores da vida humana. Tal niilismo é perigoso porque tende a ser, ou se já não o é, um círculo vicioso. Haja vista que, os sujeitos éticos são formados em uma estrutura já existente; e como formar se a estrutura carece de eticidade?
A escola, como sabemos, é uma agência formadora, surge como uma necessidade social de educar ou introduzir os sujeitos no convívio com os demais. É ela a garantia da cultura. Mas, mesmo sendo uma agência que se propõe a formar, ela não estar inerte em relação aos problemas que perpassa na sociedade. A escola, bem como a família e a igreja tem um peso ético muito grande sobre os indivíduos que por ela passam, e ainda mais: a constituição do sujeito, se dá também sob a via escolar.
A nossa experiência nos estágios têm demonstrado que a escola nem sempre tem clareza desse papel, que me parece ser fundamental para a mesma. A falta de compromisso de alguns educadores por questões subjetivas, constitutivas do homem, me leva a acreditar que é urgente a necessidade de refletir sobre as mesmas e oferecer à escola reflexões plausíveis a um reencontro com a ética.
Nosso objetivo é evidenciar a crise existente nas instituições sociais formativas, dando uma atenção especial a escola, sendo esta, o nosso campo específico de reflexão. Refletir caminhos possíveis para pensar uma ética na atualidade, buscando para isso as contribuições da Psicanálise, sobretudo no pensamento de Freud e Lacan, que pensa em uma ética do desejo, que parte do sujeito. Pensar em ética é pensar no sujeito que traz em si a capacidade de viver em sociedade.
Por fim, refletiremos tendo como prisma fundamental a influência da escola na constituição do sujeito ético, como se dá e se a estrutura a qual se encontra corresponde com as necessidades vigentes.

1. A ORIGEM DA CIVILIZAÇÃO NO PENSAMENTO FREUDIANO
A explicação freudiana para a origem da civilização estar vinculada ao evento totêmico, transcrito por ele na sua obra Totem e Tabu. Freud faz uso desse evento para explicar num primeiro momento a presença da figura do pai, e a esta presença estar vinculada a origem da civilização, da religião. Podemos fazer uso dessa idéia também para dizer da origem da educação, enquanto agência de garantia à sociabilidade.
Para o nosso autor, a cultura nasce de um ato criminoso, segundo nos é relatado no "mito da horda primeva, onde os irmãos por se sentirem indignados com o Pai, pelo fato deste usufruir todas as mulheres do clã, matam o pai. O sentimento de culpa e a ausência deixada pelo pai, portanto a insegurança leva-os a fazerem entre si um pacto, daí surge a Lei (simbólica), no lugar do pai, como garantia da sociabilidade, da convivência. É importante notar, portanto, que a ausência não se encerra com a pretensa Lei. Desse assassinato coletivo do Pai da horda, comemorado com a refeição totêmica surge à organização social e o fundamento da cultura (FRANÇA, p. 165.).
"O parricídio e o devoramento de um pai despótico levam Freud a observar que ?o pai morto se torna mais forte que o vivo", pois no lugar de uma lei tirânica do pai onipotente surge um acordo entre os irmãos culpados, ou seja, cria-se uma lei simbólica, à qual todos se sujeitam, "o poder do indivíduo é substituída pelo poder da coletividade" (FRANÇA ,1997, p. 165).
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No mito da horda observamos que há uma culpa, proveniente de uma ausência deixada pelo pai. Nesse contexto de ausência podemos entender o que seja o desejo, pois este se remete sempre a uma falta (LAJONQUIÈRE, p.158). A ausência do pai se perpetua na história da humanidade e é dessa que se funda a religião.
"Assim, seu anseio por um pai constitui um motivo idêntico à sua necessidade de proteção contra as conseqüências de sua debilidade humana. É a defesa contra esse desamparo infantil que empresta suas feições características à reação do adulto ao desamparo que ele tem de reconhecer ? reação que é, exatamente, a formação da religião"(SANTOS, 2007).
A nossa reflexão acerca do parricídio passa pela religião, como já o fizemos, até porque não podemos excluí-la, haja vista que ela é também uma agência formativa e também grande responsável por aquilo que chamamos de processo civilizatório, mas não se limita a ela, visto que, temos que direcionar o nosso discurso para educação. Nessa perspectiva, podemos dizer que, nasce a cultura, com ela a religião, ambas com um único objetivo: adaptar o sujeito ao convívio social, nesse intuito surge também a educação.
Para Malinowski apud Santos, a descrição de uma existência em qualquer civilização requer que se vincule as atividades dos indivíduos com o esquema social de vida organizada, ou seja, com o conjunto de instituições sociais vigentes nessa cultura. É essencial, também, a idéia de que a ordenação de cada uma das instituições, bem como de seu conjunto, se apóia em um conjunto de valores e acordos, implicando satisfação de necessidades dos sujeitos e do todo social (Cf. SANTOS, 2007).

2. A idéia de Paidéia: a formação do homem grego
Dentro da cultura ocidental a educação sempre foi vista como processo de formação do homem, graças ao grande legado nos deixado pelos gregos. Para os gregos a idéia de Paidéia estava vinculada a Arete e sua finalidade era a inserção do homem na polis, pois "só na polis se pode encontrar aquilo que abrange as esferas da vida espiritual e humana e determina de modo decisivo a sua estrutura" (JAEGER (2001) p. 107). Há na perspectiva greco-clássica uma conexão entre a idéia de Paidéia e cultura. Abbagnano aponta para dois modos, que se encontram intimamente relacionados, de conceber a formação do sujeito: uma estreita conexão com a filosofia, na qual se incluíam todas as formas de investigação; e uma estreita conexão com a vida social (1998: p. 225). Ele nos explica tais conexões;
"Em primeiro lugar, para os gregos, o homem só podia realizar-se como tal através do conhecimento de si mesmo e de seu mundo, portanto mediante a busca da verdade em todos os domínios que lhe dissessem respeito. Em segundo, o homem só podia realizar-se como tal na vida da comunidade, na polis".
A formação do homem grego, neste sentido, passa por dois momentos intrinsecamente relacionados. O homem se autocompreende enquanto sujeito dotado de virtudes e se constitui como tal no convívio com os outros, ou em outras palavras, "o homem precisa da virtude para inserir-se na sociedade" (SEVERINO, 2006).
Embora exija do homem e dele se constitua ou seja ele o provedor, a educação a educação não é uma propriedade particular, mas pertence a comunidade (JAEGER, p. 4). Nesse intento, é necessário agregar na discussão a dimensão política, pois esta se encontra
inteiramente derivada da qualidade ética dos sujeitos pessoais. É por isso mesmo que, desde Sócrates, a ética é a força motriz de todo investimento pedagógico. Trata-se de levar o aprendiz a incorporar uma típica atitude espiritual, dar-lhe consistência e permanência de modo que possa tornar-se fonte reguladora de seu agir, que passará a qualificar-se como agir moralmente bem. E se todos os indivíduos se tornarem pessoas éticas, a cidade, a pólis, será igualmente uma comunidade justa. O político decorre do ético, nele encontrando seu fundamento [...]. Virtude e bem são os efetivos critérios e guia para toda ação pessoal e, conseqüentemente, também para a vida na cidade.(SEVERINO, 2006).
O homem é compreendido em sua estrutura corpórea e espiritual. Para atender as necessidades de ambas, surge a educação, cujo papel seria criar condições especiais para que o sujeito viva bem consigo mesmo e com a polis.

3. A crise ética da atualidade e os desafios para a constituição do sujeito ético na contemporaneidade
A crise atual talvez seja a não correspondência de alguns valores éticos e a não aceitação de outros, por parecerem contrários aos já existentes, ou por serem opostos à tradição. Reporto-me aqui as questões pertinentes da atualidade como a situação do homossexualismo, que tanto no campo social como no religioso, sofre ferrenhas contraposições em nome de uma ética moralista. Isso se dá sobretudo, no campo religioso, que desconsidera, no campo ético, muitas vezes, a subjetividade do sujeito.
A crise ética provém e varia de acordo com cada contexto em que se encontra a sociedade da qual ela circunda. Segundo Rocha (2007, pp. 115-131), "sempre haverá crise, quando a tradição se encontrar em conflito com o progresso, ou vice-versa". É natural porque a cada dia descobre-se novos valores que substituem outros tidos como ultrapassados ou que não correspondem com as necessidades do tempo vigente. Ou ainda de acordo com o autor acima citado, "a ética entra em crise quando as particularidades de seu ethos cultural e histórico não encontram mais uma justificação racional na tradição que as vinha sustentando e legitimando" (Ibid).
O problema da cultura, portanto dessa religião e dessa ética, provindos de uma tradição, já fora evidenciado por Freud, em "O Mal estar na Civilização", onde nosso autor contesta esse nosso processo civilizatório, embora dar nuances duvidosos acerca da possibilidade de que seríamos mais felizes se abandonássemos tudo e retornássemos ao estado primevo (cf. FREUD, O mal estar na Civilização, cap. III). O preço que o homem paga em nome de um projeto civilizatório é muito alto. Rouanet nos explica melhor:
Para Freud, esse mal-estar, Unbehagen, é o desconforto sentido pelo individuo em conseqüência dos sacrifícios pulsionais exigidos pela vida social. No plano erótico, ele abre mão do incesto em benefício da sexualidade exogâmica, da "perversidade polimorfa" em benefício da genitalidade, e da promiscuidade em benefício da monogamia. E abdica da gratificação dos seus impulsos agressivos (Ibid.).
Freud não somente evidenciou, como também constatou que a promessa civilizatória fracassou por não corresponder mesmo com os anseios do homem, ou aquilo a que se propunha. Os pensadores da Escola de Frankfurt fazem essa mesma constatação, em relação a falsa promessa da racionalidade, que tem se evidenciando com uma crise do Iluminismo, da razão tecnicista. Herrero (1999) aponta para quatro vergonhas político-morais que afetam gravemente a nossa existência e que já fora observado por Adorno e Horkeheimer em A Dialética do Esclarecimento, como conseqüência da falsa promessa do pensamento iluminista, quais sejam: "a fome e a miséria que conduz à inanição e a morte de um número cada vez maior de seres humanos e de nações; a tortura e a contínua violação da dignidade humana; o crescente desemprego e disparidade na distribuição de renda e riqueza; a ameaça de destruição da humanidade pelo perigo, de uma guerra nuclear e pelo desequilíbrio ecológico".
A cultura nasce do desejo, e este é a força motriz da subjetividade humana, é dele que tudo se funda e é para ele que todo agir humano emerge. De fato, as ações humanas estão direcionadas para a satisfação desse desejo, que é insaciável. O homem é um ser de desejo, como já sabemos, mas o curioso é que é um desejo para morte, ao retorno do estado primitivo. Para França, Freud apresenta um elo entre desejo e pulsão de morte, pois é um desejo além do bem-estar que marca o sujeito em um registro ambivalente e conflituado por um mal-estar estrutural (FRANÇA, 166-167).
Quando iniciamos um discurso acerca do sujeito ético e do papel da cultura na constituição desse sujeito, nos deparamos com uma mão dupla, pois a medida que o sujeito é formado pela cultura, ele também é parte essencial na garantia de construção dessa mesma cultura. É interesse da cultura formar o sujeito, pois é o conjunto de sujeitos que formam a cultura. Ocorre uma espécie de contrato feito entre um e outro. O sujeito se abstém de seus desejos, reprimindo-os até, para garantir a sua boa convivência e a dos co-participes. Nesse sentido, parte sobretudo de um interesse pessoal, pois o que cada um espera é que lhe seja assegurado as condições mínimas de sobrevivência, em outros termos, parte de uma realidade narcísica, bastante egocêntrica mesmo.
O desafio é pôr fim às máscaras, as quais o sujeito se submete e dar espaço para que o sujeito em sua verdadeira subjetividade se mostre, o que de certa forma parece ser impossível, pelo fato de que o sujeito não se forma apenas mediante a fatores internos.
Vivemos em uma cultura da "inautenticidade", e essa inautenticidade perpassa todas as áreas ou instituições que formam o conjunto da sociedade, de um modo particular insere-se numa realidade subjetiva e inconsciente do sujeito. Todos os campos estão doentes e não conseguem dar um respaldo ético ao sujeito. Isso talvez explique o caos em que se encontra a política, a educação, a religião, a família. Todos os campos interligam-se numa grande rede, o que traz para o sujeito um grande prejuízo, pois este se vê sem referência. Até aquelas instituições que deveriam trabalhar para a construção de um sujeito autêntico, a dizer, família, escola e igreja tendem a refletir o mal social e é natural que assim seja, haja vista que nenhuma destas instituições agem aleatoriamente. Todas as instituições estão doentes, por isso, é natural que o sujeito esteja igualmente doente.
Em se tratando da autenticidade do sujeito, numa perspectiva psicanalítica, podemos nos apoiar em Frankl, apud Tepe (1966, 351)
"O homem, pode pois, ser ?autêntico? naquilo em que é inconsciente; por outro lado, porém, é ?autêntico? tão somente quando não está impulsionado, tão somente quando é responsável. O autêntico ?ser humano? começa, portanto, somente ali onde já não existe um ser impulsivo e termina ali onde finaliza o ser-responsável. O autêntico ser-humano só pode, pois, realizar-se ao deixar o homem de ser impulsionado pelo ?Id?, passando a ser um Eu que toma decisões".
Partindo dessa constatação de Frankl, a nossa pesquisa não somente pretende como deve adentrar na estrutura psíquica elaborada por Freud, buscando nas idéias de Id, Ego e Super-ego, uma compreensão mais elaborada do sujeito, que tem sua fonte no inconsciente.
Uma via favorável a crise ética, é a que leve em consideração o sujeito como construtor ético, partindo de sua subjetividade, levando em consideração esse homem que é ser de desejo, e buscando nesse desejo as razões que fundamente o agir ético humano em consonância com os seus co-participes, pois entendemos que um discurso ético, que não leve em consideração o sujeito está fadado ao fracasso. Fazer com que o homem tome consciência de sua própria verdade e de sua liberdade, e como sujeitos livres e filhos do desejo, exerçam sua capacidade de amar.
Entendemos que sem uma empreitada ética, o homem tende à barbárie. E é isso que presenciamos no cotidiano, violência em todos os graus possíveis, contra o homem, contra a natureza, enfim, contra o nosso ethos, enquanto morada.
Bauman (1997, p.43), aponta para um reencantamento, "o reencantamento pós-moderno do mundo traz a oportunidade de encarar a capacidade moral humana sem rebouços, tal como é realmente, sem disfarces e sem deformações; de readmiti-la no mundo humano vindo de seu exílio moderno; de restaurá-la em seus direitos e sua dignidade; de apagar a memória da difamação, o estigma deixado pelas desconfianças modernas".

4. O papel da escola na formação do sujeito ético
A educação é o processo integral de formação humana, pois cada ser humano ao nascer, necessita receber uma nova condição para poder existir no mundo da cultura. Esse processo inclui a aquisição de produtos que fazem parte da herança civilizatória e que concorreram para que os limites da natureza sejam transpostos. Entre eles se colocam os conhecimentos racionais que promoveram o desenvolvimento científico e cultural da humanidade, e a consciência de que o ser humano é o próprio produtor das condições de reprodução de sua vida e das formas sociais de sua organização e devem ser orientadas pelos princípios da solidariedade, do reconhecimento do valor das individualidades, respeito às diferenças, e pela disciplina das vontades.
O homem, por não receber qualquer determinação por natureza, pode construir o seu modo de vida tendo por base a liberdade da vontade, a autonomia para organizar os modos de existência e a responsabilidade pela direção de suas ações essa característica do ser humano constitui o fundamento da formação do sujeito ético. Este deve ser o objetivo fundamental da educação, ao qual devem ser submetidas toda e qualquer prática educativa, aí incluídas as escolares.
Deste modo, entendemos que, a tarefa de formação ética do sujeito estar associada à própria invenção da noção de escola, quer a entendamos em sua acepção mais ampla ? como agência consagrada a um tipo de educação que transborda o âmbito estritamente doméstico e que é confiada a "especialistas" ?, quer a concebamos na acepção muito especial que passou a possuir na modernidade ? quando à escola pública é imputada a responsabilidade quase que integral por uma formação antes confiada ao conjunto dos cidadãos.
A escola, entre outras instâncias da sociedade, como partidos políticos, sindicatos, igreja, movimentos sociais, associações de classe, ou seja, os estratos mais organizados da sociedade, tem um papel fundamental a desempenhar na formação do sujeito ético, do cidadão. Ela aparece como um "locus" privilegiado, na medida em que trabalha com conteúdos, valores, crenças, atitudes e possibilita o acesso ao conhecimento sistematizado, historicamente produzido, de forma que o aluno se aproprie dos significados dos conteúdos, ultrapassando o senso comum de maneira crítica e criativa.
O grande desafio, Segundo Monteiro, colocado às instituições que visam contribuir para a formação de cidadãos conscientes ? fazendo referência, sobretudo à escola* ? possibilitando a estes o exercício da cidadania ativa, é o de romper com a cultura escravocrata, clientelista e patrimonialista, que embasa a formação do povo brasileiro, e que permeia as diferentes relações no conjunto das instituições sociais. A escola não está isenta dessas influências. Educar nessa direção é compreender que direitos humanos e cidadania significam prática de vida em todas as instâncias de convívio social dos indivíduos. É trabalhar com a formação de hábitos, atitudes e mudanças de mentalidades, calcada nos valores da solidariedade, da justiça e do respeito ao outro, em todos os níveis e modalidades de ensino.
Assim, cabe à escola, na sociedade moderna, criar uma comunhão de idéias e sentimentos entre os membros de uma mesma sociedade, através da internalização na criança da tradição cultural dessa sociedade, dos valores do grupo ou dos grupos aos quais a criança está integrada, em suma, contribuir para a constituição do "eu" social, assegurando, desse modo, a sobrevivência da sociedade.




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Autor: Eudes Henrique Da Silva


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