Teoria Literária I



OS CONCEITOS DE LITERATURA
Um dos mais antigos textos sobre o conceito de Literatura é a Poética, de Aristóteles (que inaugurou a longa série de estudos). Nesse texto, o filósofo grego afirma que "arte é imitação (mimésis em grego)". E justifica: "o imitar é congênito no homem (e nisso difere dos outros viventes, pois de todos, é ele o mais imitador e, por imitação, apreende as primeiras lições), e os homens se comprazem no imitado". O que ele quer nos dizer é que o imitar faz parte da natureza humana e os homens sentem prazer nisso; em síntese, arte como recriação.
A distinção entre literatura e as demais artes vai operar-se nos seus elementos intrínsecos, a matéria e a forma do Verbo. De que se serve o homem de letras para realizar seu gênio inventivo? Não é, por natureza, nem do movimento como o dançarino, nem da linha como o escultor ou o arquiteto, nem do som como o músico, nem da cor como o pintor. E sim ? da palavra. A palavra é, pois, o elemento material intrínseco do homem de letras para realizar sua natureza e alcançar seu objetivo artístico.
A Literatura obedece a leis inflexíveis: a da herança, a do meio, a do momento.
A Literatura é como as demais formas de arte, tem a capacidade de provocar no leitor um estranhamento diante da realidade, como se a víssemos pela primeira vez, sob um prisma diferente.
A Literatura é a expressão da sociedade, como a palavra é a expressão do homem. Quando a sociedade está feliz, o espírito dela se reflete nas artes e, na arte literária, com ficção e com poesias, as mais graciosas expressões da imaginação. Se há apreensão ou sofrimento, o espírito se concentra grave, preocupado, e então, histórias, ensaios morais e científicos, sociológicos e políticos, são-lhe a preferência imposta pela utilidade imediata.
Afrânio Coutinho, em suas "Notas de Teoria Literária", contribui com este magnífico conceito: A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada, através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio.
Literatura pode ser definida como a arte de criar e recriar textos, de compor ou estudar escritos artísticos, A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras". Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. Literatura é sistema de signos fundado na palavra. Contudo, ainda que se debruce sobre a linguagem natural, a literatura ''fala'' uma linguagem que não coincide com a linguagem natural.

LÍNGUA, FALA SIGNIFICADO, SIGNIFICANTE, SINCRONIA E DIACRONIA.
O fundador da linguística moderna chama-se Ferdinand de Saussure.
Saussure trouxe novos caminhos para a linguística, graças ao seu estudo sobre a língua e a fala. Para Saussure a língua foi imposta ao indivíduo, enquanto a fala é um ato particular.
A soma língua + fala resulta na linguagem.
Outro aspecto básico da doutrina saussuriana é a do signo linguístico.
O signo é o resultado de significado mais significante.
Signo = significado + significante
Significado: conceito
Significante: forma gráfica + som
Toda palavra que possui um sentido é considerada um signo linguístico.
Exemplo:
"Livro" é um signo linguístico.
Quando observamos o signo "livro" percebemos que ele é a união de som, conceito e escrita, ou seja, significado e significante.
Outros exemplos de signos linguísticos:
Mar, cadeira, ventilador, cachorro, casa...

A linguística pode ser: sincrônica ou diacrônica.
Sincrônica: estuda a língua em um dado momento.
Diacrônica: estuda a língua através dos tempos.

CARACTERÍSTICAS DO SIGNO LINGÜÍSTICO
Arbitrariedade: uma das características do signo linguístico é o seu caráter arbitrário. Não existe uma razão para que um significante (som) esteja associado a um significado (conceito). Isso explica o fato de que cada língua usa significantes (som) diferentes para um mesmo significado (conceito).
Linearidade: Os componentes que integram um determinado signo se apresentam um após o outro, tanto na fala como na escrita.

A literatura como a "colocação em primeiro plano" da linguagem
A rima marca convencional da literariedade, faz com que você repare no ritmo que estava ali desde o começo. Quando um texto é enquadrado como literatura, ficamos dispostos a atentar para o desenho sonoro ou para outros tipos de organização linguística que, em geral, ignoramos.

Literatura como construção intertextual ou auto reflexiva.
Teóricos recentes argumentaram que as obras são feitas a partir de outras obras: tornadas possíveis pelas obras anteriores que elas retomam, repetem, contestam, transformam. Essa noção às vezes é conhecida pelo nome imaginoso de "intertextualidade". Uma obra existe em meio a outros textos, através de suas relações com eles.

Literatura como ficção
Criação imaginosa, fantástica; FANTASIA, cinema, literatura, teatro, televisão. Ramo de criação artística, literária, cinematográfica, teatral, etc. baseada em elementos imaginários.



Literatura como objeto estético
Em termos práticos, isso significa que considerar um texto como literatura é indagar sobre a contribuição de suas partes para o efeito do todo, mas não considerar a obra como sendo principalmente destinada a atingir algum fim, tal como nos informar ou persuadir.

Metáfora, Mimésis e Catársis
A vergonha queimava-lhe o rosto.
As suas palavras cortaram o silêncio.
O relógio pingava as horas, uma a uma, vagarosa mente.
Ela se levantou e fuzilou-me com o olhar.
Meu coração ruminava o ódio.

Tanto Platão quanto Aristóteles viam na mimésis, a representação da natureza. Contudo, para Platão toda a criação era uma imitação, até mesmo a criação do mundo era uma imitação da natureza verdadeira (o mundo das ideias). Sendo assim, a representação artística do mundo físico seria uma imitação de segunda mão.
Já Aristóteles via o drama como sendo a "imitação de uma ação", que na tragédia teria o efeito catártico. Como rejeita o mundo das ideias, ele valoriza a arte como representação do mundo. Esses conceitos estão no seu mais conhecido trabalho, a Poética (estudo das obras literárias).
Amor é um fogo que arde sem se ver (Poema), de Luís Vaz de Camões.
Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,

Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
O poeta buscou analisar o sentimento amoroso racionalmente, por meio de uma operação de fundo intelectual, racional, valendo-se de raciocínios próximos da lógica formal. Mas como o amor é um sentimento vago, imensurável, Camões acabou por concluir pela ineficácia de sua análise, desembocando no paradoxo do último verso. O sentir e o pensar são movimentos antagônicos: o sentir deseja e o pensar limita, e, como o poeta não podia separar aquilo que sentia daquilo que pensava o resultado na prática textual, só podia ser o acúmulo de contradições e paradoxos. Essa feição contraditória e o jogo de oposições aproximam Camões do Maneirismo e, no limite, do Barroco.

Idade Média
A Sociedade medieval
Clero (padres, bispos, papa), Nobres (reis, condes, duques, cavaleiros), Servos (camponeses).

A vida dos servos
Obrigações (impostos e taxas).

Os Cavaleiros medievais
Eram: corajosos, justos, honestos e guerreiros.

O poder da Igreja Católica
- poder econômico, político e cultural.
- o teocentrismo (explicação religiosa para todas as coisas)
- dificultou o avanço da ciência

Excluídos e Perseguidos na Idade Média
- Bruxas eram perseguidas, torturadas e queimadas.
- Leprosos eram isolados nas florestas

Maneirismo
Turbulência na arte
Após o aparecimento de Leonardo Da Vinci, Rafael e Michelangelo, muitos artistas italianos tentaram buscar uma nova arte, contrária aos princípios da alta renascença.
Trata-se de uma arte mais turbulenta, em que se buscavam ideias novas, invenções que surpreendessem insólitas, cheia de significados obscuros e referências à alta cultura.
Acredita-se que tenha sido influenciada ainda pela contrarreforma católica e pelo clima de inquietação do momento.

Ligação entre a Renascença e o Barroco
O estilo artístico que daí decorre recebe o nome de maneirismo e faz a passagem entre a alta renascença e o barroco, apresentando alguns elementos ora mais próximo de uma escola, ora de outra.
Seu período estende-se de mais ou menos 1520 ao fim do Século 16.
O termo maneirismo, derivando da palavra italiana maneira (estilo), pode nos dar mais informações sobre esse tipo de arte.
Ele era utilizado pelo pintor, arquiteto e teórico de história da arte da época, Vassari, no sentido de graça, sofisticação, estabilidade, elegância.
Por extensão, a denominação prosseguiu para a arte análoga à realizada pelo artista.
De aceitação difícil
Entretanto esse novo estilo foi visto com desconfiança pelos críticos até o nosso século.
Eles consideravam-na uma arte menor, uma falha de compreensão por parte dos artistas da época sobre a arte dos grandes mestres, imitações sem alma. O próprio termo maneirismo era relacionado ao mau gosto e excesso.
Entretanto, mais ou menos no período entre as duas guerras mundiais, os artistas de então passaram a ser mais bem compreendidos e admirados pelos críticos.



Autor: Silvio Pereira


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