HOMEOPATIA NO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE



1. INTRODUÇÃO

A homeopatia foi desenvolvida por Samuel Hahnemann, após vários estudos e experimentos clínicos, onde sintetizou princípios filosóficos e doutrinários da homeopatia em suas obras "Organon da Arte de Curar e Doenças Crônicas" (NECKEL, 2010).
No raciocínio clínico a terapêutica homeopática se diferencia do Sistema alopático (cura no sistema diferente da doença, ou seja, toma-se o medicamento com o intuito de desviar para este local a ação dos anticorpos, diminuindo ou eliminando a doença) e do enantiopático (consiste em tratar uma doença através dos contrários, exemplo está em estado febril se toma um antifebril) devido ao tipo e a preparação do medicamento utilizado (VIEIRA, 2008). A sustentação filosófica da homeopatia é a mesma substância que experimentada no homem são provocados sintomas neste indivíduo é o mesmo medicamento que irá curar a sua enfermidade, porque para a homeopatia o semelhante cura o semelhante. Para Hahnemann, a responsabilidade pelo equilíbrio é a energia vital (MONTEIRO; IRIART, 2007).
A homeopatia foi introduzida no Brasil em 1840, por Benoit Mure (ex- comerciante e militante socialista). Era utilizada de uma forma liberal, por ambulatórios católicos que prestavam Assistência aos desassistidos. Existia-se da elite sócio econômica da época, muita resistência em aceitar a terapêutica homeopática, pois acreditavam que a mesma era charlatanista. Ela só foi reconhecida como especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina em 1980 (BRASIL, 2006).
Hoje a Homeopatia se expandiu por várias regiões do mundo, principalmente nos países da Europa, das Américas e da Ásia (SALLES, 2008).
Desde a criação do Sistema Único de Saúde (SUS), os homeopatas lutam para o atendimento no SUS. Este objetivo foi alcançado apenas parcialmente, pois o atendimento ainda é reduzido, existindo poucas experiências de serviços em homeopatia nos Municípios Brasileiros (BRASIL, 2006).
Em 1998, havia médicos homeopatas atendendo no SUS em apenas 20 municípios brasileiros, onde estas consultas pela rede pública eram iniciativas dos próprios médicos, com o apoio do gestor local, nas equipes do (PSF) Programa Saúde da Família (MONTEIRO; IRIART, 2007).
Em 2006, foi publicado a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, o qual inclui a homeopatia. Alguns Municípios implantaram serviços de atendimentos com homeopatia, onde esta sendo bem avaliado pelos pacientes (BRASIL, 2006).
A consulta homeopática tem longa duração, porém resgata a importância de uma boa relação médico e paciente, uma vez que as indagações do médico vão além das queixas orgânicas, porém o médico investe um tempo maior na consulta e no acompanhamento do paciente devido a isso necessita de mais especialistas na área (FIGUEIREDO, 2007).
Há também a vantagem no custo, pois o tratamento homeopático tem menor necessidade de exames complementares para diagnosticar o paciente, além, do medicamento homeopático, ser mais barato, pois o processo envolvido na sua descoberta e a fabricação é muito simples e o medicamento não traz nenhum efeito adverso (BRASIL, 2006).
Portanto, tendo a homeopatia no SUS é uma forma de acrescentar mais uma área de atendimento para a população que é tão necessitada, uma vez que é questão de cidadania, já que a Constituição reza que a saúde é um direito de todos e um dever do Estado (FIGUEIREDO, 2007).

2. OBJETIVO

Este trabalho teve como objetivo, através de uma revisão bibliográfica, conhecer a história, princípios e fundamentos da Homeopatia e avaliar sua implantação no Sistema Único de Saúde (SUS).


3. MATERIAIS E MÉTODO

A metodologia empregada para a realização desse trabalho foi o levantamento bibliográfico de livros e artigos relacionados ao assunto, e a compilação de informações sob a forma de texto de revisão.
Foram consultados bancos de dados como Scielo, Pubmed, Biblioteca APH (Associação Paulista de Homeopatia), BVS (Biblioteca virtual de Saúde), Biblioteca IHB (Instituto Hahnemanniano do Brasil) com as seguintes palavras-chaves: Homeopatia no SUS, Consulta homeopática, Farmacologia da homeopatia, Fundamentos da homeopatia.







4. DESENVOLVIMENTO

4.1. A História da Homeopatia

Hipócrates, o pai da medicina, tinha por base da terapêutica o poder curativo à natureza, onde a doença devia ser interpretada considerando cada caso individualmente. A homeopatia se alicerça no anunciado de Hipócrates "A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à saúde" (FONTES et al., 2009).
Esta Lei foi reconhecida e utilizada por vários médicos antes de Hahnemann um exemplo disso foi Sydenham (Séc. XVII), que verificou o mesmo efeito da quinina, que Hahnemann em seu experimento, onde o mesmo utilizava em pacientes com febre alta (BARBOSA NETO, 2006).
Um excelente médico alemão chamado Samuel Hahnemann (1755-1843) desgostoso com as práticas médicas do seu tempo, desenvolveu um tratamento baseado na cura pelos semelhantes de Hipócrates. Esse método baseava-se a respeito dos efeitos da Casca de Quina em um homem são que produzia o mesmo efeito da malária, sendo assim tendo o princípio que o semelhante cura o semelhante, devido à estimulação do mecanismo de defesa do corpo para entrarem em ação, o mesmo começou a tratar um paciente doente com base na capacidade da droga produzir esse efeito, no que deu certo (KINKER, 1997).
Este medicamento passa por uma técnica de preparo chamada dinamização, utilizada para liberar a energia terapêutica latente na substância que vai agir restabelecendo a energia vital do paciente. A dinamização permite ainda diminuir os efeitos tóxicos ou agressivos da substância original e aumentar o seu poder curativo, sem causar mal ao paciente (SALLES, 2008).
A Homeopatia no Brasil foi trazida pelo médico francês Benoit Jules Mure em novembro de 1840, onde o mesmo se dispôs de sua fortuna pessoal para difundí-la direcionando o tratamento para escravos e excluídos pela sociedade. Em 1844 Dr. Mure fundou a Escola de Homeopatia do Rio de Janeiro, onde foi embrião do futuro Instituto Hahnemanniano do Brasil, oficialmente fundado em 1859 (ROSENBAUM, 1998).
Somente em 1980 a homeopatia foi reconhecida como especialidade médica no Brasil pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), pelo decreto n° 1.000/80, sendo uma prática médico-terapêutica de ampla aplicabilidade, como princípios bem determinados e grande aceitação por parte do pacientes. Após o seu reconhecimento oficial, apenas profissionais com condições de avaliar clinicamente um paciente, podiam determinar a terapêutica a ser prescrita (RIBEIRO FILHO, 2007).
Em 09 de julho de 1986 foi criada a Associação Paulista de Farmacêuticos Homeopatas (APFH), primeira Associação Estadual de Farmacêuticos Homeopatas. Em 1988 foi criada a Associação Brasileira de Farmacêuticos Homeopatas (ABFH), entidade que participam cerca e 600 associados farmacêuticos. Além da elaboração da 2ª edição do Manual de Normas Técnicas (MNT) para Farmácia Homeopática, esta associação criou também, em 1997, o exame de Título de Especialista em Farmácia Homeopata (CÉSAR, 1999).
Em 2006, o Ministério da Saúde publicou a Portaria 971, instituindo a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS), proporcionando o direito da população em optar pelo tratamento homeopático (ARAÚJO, 2007).

4.2 A Farmacologia da Homeopatia

Há aspectos filosóficos (força vital) e científicos (experimentos e análises) no modelo homeopático onde Hahnemann em seus experimentos constatou que as substâncias quando administradas provocam duas fases distintas: o efeito primário e secundário (NECKEL, 2010).
O efeito primário é a modificação de maior e menor duração provocada por toda a substância na saúde do indivíduo e o efeito secundário é a reação do próprio organismo ao estimulo que o altera (HAHNEMANN, 2008).
Por meio do efeito primário, as drogas são capazes de modificar as funções orgânicas, já no efeito secundário é ocasionando o efeito rebote, onde é a neutralização do primeiro efeito do medicamento. A razão de ser utilizado o medicamento diluído e dinamizado para potencializar a enfermidade, é para que o efeito primário passe despercebido e desperte o efeito secundário do organismo (FONTES et al., 2009).
Por Hahnemann foi estabelecidos 4 princípios universais da Homeopatia: 1°- Lei da semelhante que cura o semelhante; 2°- A experimentação no homem são; 3°- doses infinitesimais, onde o medicamento é diluído inúmeras vezes onde o poder curativo é melhor sucedidas de sucções e 4º- Medicamento Único (TEIXEIRA, 2008).
A Lei do Semelhante consiste em provocar com a substância em uma pessoa sadia sintomas iguais ao de uma pessoa doente (BARBOSA NETO, 2006).
A experimentação em animais é falha, devido à sensibilidade dos animais e seres humanos serem distintas, também sendo uma incógnita sua linguagem, uma vez que não saberiam descrever suas sensações. Não poderia utilizar-se de seres humanos doentes porque não conseguiriam descriminar se a reação seria da substância ou da doença. Devido a tudo isso as pesquisas farmacológicas da homeopatia são realizadas em seres humanos sadios, porém sem provocar comprometimentos sérios no estado de saúde do experimentador, devido às doses ser muito diluídas (FONTES et al., 2009).
O seu 3º princípio é o da diluição onde Hahnemann escolheu diluir em cada etapa na proporção de uma porção da substância ativa para cada cem partes de diluente (água) e para conservação da solução dinamizada e finalizada o álcool etílico, sendo que cada diluição, vinha precedida de cem agitações para dinamizá-la (CÉSAR, 2008).
O medicamento único constitui o 4º princípio que é um dos fundamentos mais importantes da homeopatia, porém na prática é muito difícil de ser encontrado, pois é o medicamento específico para o paciente, onde todo o seu quadro sintomático será curado. Este medicamento diferenciado para cada paciente é conhecido como Simillium (MONTEIRO, 2008).





4.3 Medicamento Homeopático

O que dá equilíbrio ao corpo e a mente é a força ou energia vital e estando em desarmonia descoordena um ou três níveis dinâmicos: físicos, emocional e mental (MONTEIRO; IRIART, 2007).
Por isso a doença não é lesão, e sim um enfraquecimento dos mecanismos fisiológicos normais de adaptação e compensação onde há o desequilíbrio (TEIXEIRA, 2007).
É muito importante o diagnóstico da doença, porém o tratamento depende de como o paciente vive sua doença e o que ela tem a ver com sua história de vida (KINKER, 1997).
A homeopatia propõe que o médico trate o paciente como um todo e não apenas seu sintoma específico. Ela também defende a dosagem mínima, com o objetivo de simplesmente de estimular as propriedades curativas do próprio corpo. Os remédios são muitas vezes administrados em soluções bastante diluídas. As substâncias que compõem os medicamentos mais potentes são tão diluídas que a possibilidade de que mesmo uma só molécula do constituinte ativo esteja presente é desprezível (WINSTON, 1990).
O medicamento homeopático efetua sua cura através de sua capacidade dinâmica de atuar sobre a vitalidade e não por meio de átomos e moléculas.
"Ele é ministrado segundo o princípio de similitude, com as finalidades preventivas e terapêuticas, obtida pelo método de diluições, seguida de sucções e/ou triturações sucessivas" (FARMACOPÉIA BRASILEIRA II).

A palavra dinamização está relacionada à idéia e força; sempre inclui uma diluição. As diluições homeopáticas facilmente ultrapassam o número de avogadro, e portanto torna-se estatisticamente improvável encontrar uma única molécula da substância inicial nos medicamentos (LIMA; BEM, 2010).
O remédio único constitui um dos fundamentos mais importantes da homeopatia, porém na prática é muito difícil de ser encontrado, pois é o medicamento específico para o paciente, onde todo o seu quadro sintomático será curado. Este medicamento diferenciado para cada paciente é conhecido como Simillium (FONTES et al., 2009).
Devido a isso, dois pacientes com históricos e personalidades diferentes, porém com a mesma doença receberão medicamentos distintos (KINKER, 1997).
Os medicamentos homeopáticos têm origem vegetal, mineral e animal, des produtos de origem química, farmacêutica e biológica, bem como dos preparados especiais desenvolvidos por Hahnemann. Os fungos, bactérias e protozoários também são empregados para preparação de medicamentos homeopáticos, porém, são classificados à parte (FONTES et al., 2009).
O medicamento proveniente do reino animal ou vegetal, geralmente é preparado com uma parte da substância fresca e outra de álcool que pode ser substituído por soro fisiológico nas primeiras diluições para que não perca o seu efeito medicamentoso. Esta substância é chamada de Tintura Mãe. Já o de origem mineral deve ser triturado e posteriormente diluído (CESAR, 2008).
A diluição decimal recebe a letra D e o número que vem em seguida nada mais é quantas vezes a substância foi diluída, já a diluição centesimal, recebe a sigla C, seguida do número que lhe dá a ordem e existe outra diluição, a cinquenta milesimal, que é representada pela letra L (maiúscula), ou pela associação L e LM (maiúsculas), que corresponde a uma diluição elevadíssima (FONTES et al., 2009).

4.4 Escolas Homeopáticas

A homeopatia é baseada na Lei de Similitude, com uma visão holística do doente, isto é, levando em conta os aspectos físicos, orgânicos e mentais. Devido à imprecisão dos sintomas, a inexistência de patogenias completas capazes de cobrir todos os sintomas observados no doente, criou-se diversas formas de prescrição do medicamento homeopático. Motivo este pelo qual originou a diversidade de escolas homeopáticas (FONTES et al.,2009).

4.4.1 Escola Organicista

São chamados Organicistas, médicos que prescrevem medicamentos visando aos órgãos doentes, considerando as queixas mais imediatas do paciente. Essa conduta é bem próxima da medicina alopática, que fragmenta o ser humano em órgãos e sistemas. Os organicistas são subdivididos em Complexistas, Alternistas e Pluralistas (TOMONARI, 2007, FONTES et al., 2009).

4.4.2 Escola Complexista

Na escola complexista, os medicamentos homeopáticos são de usos não ortodoxos, sendo muitas vezes uma mistura de três a dez medicamentos em potências, normalmente, muito baixas. Usa-se a similitude com a doença e não se considera o doente. Não são isentos de efeitos colaterais, trata-se de uma homeopatia de baixo nível onde a individualização fica em segundo plano (MORAES, 2005).

4.4.3 Escola Alternista

Nesta categoria, se alterna dois medicamentos ingeridos pelo mesmo paciente, numa mesma situação clínica, onde a dúvida e a falta de conhecimento do caso, ou da matéria médica, acarretariam no uso de dois remédios com a finalidade de fechar um universo maior de sintomas (FONTES et al., 2009).
Esse método muito utilizado por homeopatas franceses e europeus, onde seu uso se baseia em utilizar um medicamento principal de ordem mental ou repertorial, (é o modo pelo qual o homeopata transforma a anamnese em linguagem formal para se obter um número maior de medicamentos ordenados pelos sintomas característicos), agregando juntamente outros medicamentos (TOMONARI, 2007).

4.4.4 Escola Pluralista

É uma variante da escola alternista, que prescreve um medicamento para um tipo de sintoma, outro para outro sintoma e assim sucessivamente. Os europeus descrevem bons resultados, usando um remédio principal até de ordem mental e associam, muitas vezes com fitoterápicos (FONTES et al., 2009).

4.4.5 Escola Unicista

A homeopatia unicista é conhecida como escola ortodoxa de Hahnnemann e Kent. Ela prescreve um único medicamento, à maneira de Hahnemann, com base na totalidade dos sintomas do doente (o simillium). O homeopata unicista segue linhas vitalistas universais. Nesta escola, são os caminhos do holismo e do vitalismo que fazem compreender a dinâmica vital do enfermo, onde é mais indicado altas potências para sintomas mentais crônicos e mais baixos para doenças agudas (CESAR, 1999).

4.5 Consulta Homeopática

A homeopatia consiste em buscar alterações físicas, sintomáticas e sinais que caracterizem o paciente em sua totalidade para que descubra a sintomática do doente e não apenas da doença (BARBOSA NETO, 2006).
A maioria das consultas homeopáticas se dá pela busca de uma solução para um problema de saúde para o qual o tratamento alopático se mostrou ineficaz, indicados pó amigos, familiares, ou conhecidos que obtiveram êxito com o tratamento homeopático (RODRIGUES et al., 2007).
O médico homeopata busca os sintomas associados aos fatores que melhoram ou pioram a doença. Os fatores emocionais do paciente com relação à doença e sua vida, seu relacionamento familiar e ambiente em que trabalha, sua personalidade, como se sente, suas frustrações e etc. Na consulta o homeopata pergunta, observa, escuta e examina o paciente, para obter o maior número de informações de sinais e sintomas para que ele possa elaborar a história biopatográfica, e tenha o melhor aproveitamento científico do caso clínico. Utiliza-se interrogatórios que não induzam respostas de opção (FONTES et al., 2009).
Após fazer a anamnese com todas as informações possíveis do paciente, tem de ser verificado o melhor medicamento indicado para cada caso na busca pelo Simillium de cada paciente. O medicamento é escolhido de acordo com associações que se identificam com os sintomas do paciente (MONTEIRO; IRIART, 2007).
Para classificar a prioridade dos sintomas é utilizada uma hierarquia onde se ordena da seguinte forma: I Sintomas Constitucionais (personalidade), II Individualizantes (mentais, gerais e locais) e III Comuns (transtornos funcionais), onde em um repertório os sintomas recebem uma pontuação de acordo com suas importâncias e verifica-se a melhor opção de medicamento para ser utilizado; posteriormente confere-se na matéria médica se as indicações na totalidade da substância têm a ver com a imagem na totalidade do paciente (BARBOSA NETO, 2006).
O tratamento homeopático é favorável, uma vez que as substâncias empregadas são muito diluídos não havendo alterações que o estomago sofra, mais atenção em suas consultas, sem problemas de contra indicações nos medicamentos devido os mesmos não terem nem moléculas das substâncias, medicamento mais barato (CASTRO; 2005).

4.6 A Homeopatia no SUS

Em 1986 na VIII Conferência Nacional de Saúde foi recomendada a introdução da homeopatia na rede pública associada às práticas médicas alternativas, onde houve iniciativas de alguns gestores a implantar a homeopatia no setor público (NOVAES; MIRANDA, 2007). A definição das diretrizes em 1998 veio para implantar e implementar o atendimento médico homeopático nos serviços SUS (DANTAS, 2007).
A Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) descrita na Portaria 971 do ano de 2006, do Ministério da Saúde, só veio reafirmar a Resolução 04/88, porém normatizando as formas mais detalhadamente, condizendo melhor com a nossa realidade (DANTAS, 2007).
Em 1998, havia médicos homeopatas atendendo pelo SUS em aproximadamente 20 municípios do Brasil. As consultas eram iniciativas dos médicos juntamente com os gestores locais, onde permitiam o exercício da homeopatia (MONTEIRO; IRIART, 2007). No Brasil há várias possibilidades de atuação médica. Infelizmente, a homeopatia ainda é uma atenção secundária, porém vem crescendo na rede pública (DANTAS, 2007).
Segundo Estrela (2010) a formação média em homeopatia ainda é pequena, tendo baixa procura nas residências nesta especialidade, fato importante que fragiliza a implementação da mesma no SUS.
Afinal, as principais deficiências na formação do especialista para trabalhar no SUS é a falta de prática supervisionada por doutores da área com aptidões para o ensino (GALHARDI; BARROS, 2008).
Na Faculdade de Medicina de Jundiaí em apoio ao SUS as consultas também têm função didática, devido a presença além do médico homeopático, mais ou menos de 1 a 3 estagiários da especialidade médica aprendendo na prática e os pacientes na grande maioria gosta, pois a atenção dada é redobrada (GALHARDI; BARROS, 2008).
No período de 2003 a 2005, 109 municípios brasileiros referiram consultas em homeopatia realizadas pelo SUS, onde a grande maioria foi no sudeste totalizando 74,4% das consultas. Segundo dados do SUS levantados na pesquisa de Sandra Salles, doutora do Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP, os estados com maior número de municípios com consultas desse tipo foram São Paulo (38), Rio de Janeiro (29) e Minas Gerais (11), sendo que sete estados do norte-nordeste não acusaram nenhuma consulta homeopática no SUS nesse tempo (SALLES, 2008).
Segundo o Ministério da Saúde (2010) o investimento federal em consultas homeopáticas tem sido incrementado ao passar dos anos, apresentando um crescimento em 383%. Segundo este mesmo órgão, em 2000, o MS aplicou R$ 611.367,00 no custeio de consultas, enquanto que em 2008, investiu R$ 2.953.480,00.
No Sistema Único de Saúde (SUS) de Belo Horizonte em Minas Gerais, nos locais que a homeopatia já está implantada, a consulta homeopática é marcada de preferência uma vez por mês, com distribuição de senhas para os interessados, devido a ocorrência de muitos pacientes ficarem dormindo em filas ou ficarem na espera, uma vez que há poucos centros de saúde com médicos homeopatas disponíveis (NOVAES; MIRANDA, 2007).
Parte dos pacientes dos SUS opta pela homeopatia devido à atenção que o médico dá aos pacientes quando comparadas com as consultas médicas convencionais. O detalhamento da consulta, para se ter o melhor conhecimento do paciente e o interesse do profissional para a resolução do problema do paciente, também são motivos que fortalecem a escolha desta terapia (GALHARDI; BARROS, 2008).
Pela falta de políticas específicas para o setor, o serviço público se torna o mais carente no atendimento e quando o profissional homeopático dá atenção ao paciente onde o mesmo pode falar tudo que o aflige e o especialista o escuta dando atenção e respeito de forma semelhante, ele acredita que está sendo valorizado pelo profissional como acontece em consultórios particulares (MONTEIRO; IRIART, 2007).
A homeopatia esta ainda, aliada ao alto grau de resolução com baixo custo de investimento, uma vez que seu medicamento é muito mais barato com relação aos medicamentos alopáticos, tendo-se assim, uma economia considerável com os poucos exames que os pacientes necessitam realizar em comparação a medicina alopática (NOVAES; MIRANDA, 2007).
A maioria dos pacientes que utilizam a homeopatia pelo SUS desconhece a origem dos medicamentos homeopáticos, eles acreditam que sejam parecidos com os medicamentos fitoterápicos, devido os medicamentos em sua grande maioria ser feito de substâncias naturais, e isso é visto pela população como saudável e não prejudiciais a saúde (MONTEIRO; IRIART, 2007).
Em 2007, através da Portaria número 3237, o Ministério da Saúde, incluiu os medicamentos homeopáticos que integram a Farmacopéia Homeopática Brasileira na rede SUS (Sistema Único de Saúde), em conformidade com o que recomenda a PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares).
Para a população de baixa renda foi um grande avanço a homeopatia no SUS, por proporcionar mais uma alternativa terapêutica para a solução do problema do paciente (MONTEIRO; IRIART, 2007).




5. CONCLUSÃO

Uma Política Nacional para o desenvolvimento da homeopatia no SUS, elaborada no âmbito do Ministério da Saúde, com o apoio dos Estados e Municípios e das instituições representativas da prática e do saber homeopático, vem, ainda que a passos lentos, oferecer uma assistência homeopática com mais segurança, eficácia e qualidade aos usuários, além de reforçar os princípios do SUS.
A homeopatia tem abrangência de ação generalista, uma alternativa na construção da integralidade. Assistindo a todas as faixas etárias, exige uma tecnologia simples com um custo de financiamento condizente com as condições socioeconômicas e culturais do país; pode estender-se das doenças agudas e epidêmicas às crônicas, não transmissíveis e às lesionais; em médio prazo, pode ser capaz de reduzir a demanda por intervenções hospitalares e emergenciais; contribuir com a diminuição dos gastos públicos com a saúde e tem se mostrado de grande adesão dos usuários nos locais onde já está implantada.
Ainda hoje é reduzido o seu atendimento os serviços em homeopatia no Brasil, a consulta homeopática pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se dá na maioria das vezes pela busca de uma solução para um problema de saúde para o qual o tratamento alopático se mostrou ineficaz, indicados por conhecidos que obteve êxito com o tratamento homeopático. O tratamento é favorável, uma vez que as substâncias empregadas são muito diluídas não havendo problemas com contra indicações, pois os mesmos não possuem moléculas das substâncias. O profissional homeopático prioriza a precisões das informações do paciente, pois ele necessita disso para poder medicar o paciente e, por conseguinte a busca do paciente é pela atenção médica que muitas das vezes pensa que já se extinguiu no decorrer dos anos e é uma coisa que não irá ocorrer na homeopatia, pois todo o tratamento homeopático gira em torno principalmente da atenção e o respeito ao paciente.






6. REFERÊNCIAS

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Autor: Graziela Pascoa Vitorino


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