Logo que chegou reparou aquela estranha visão
Ficou em pé parado na beira da lagoa analisando qual a distancia que lhe balançava aquela mão. Uns trezentos metros? Era horrível na noção de distância, mas sabia o quanto estava longe, o espaço deserto e parado ao redor valorizava o encontro com o aceno. Foi entrando na água preta e transparente da lagoa preta, uma transparência que a tornava um pouco rubra. Ia pisando no fundo da água tateando com os pés o fundo lamacento e repulsivo, tanto o fez que pulou de cabeça na água gelada, leve para nadar. Sabe nadar bem embora nade de forma errada com a cabeça o tempo todo fora da água, sem tirar os olhos da mão dando tchau. Nadou e nadou, a distancia era maior do que esperava, porém a vontade de descobrir o quê era aquilo o fez nadar cada vez mais rápido. Já conseguia ver até o anel do dedo.
Cada vez mais perto e ainda sem saber do que se trata aquela mão balançando, já não era só uma mão, reparou o antebraço fora d?água. Parou de nadar a alguns metros do acenar. Esticou o corpo fora d?água tentando ver a silhueta do dono da mão, não conseguiu ver nada no espelho negro da lagoa. Estava perto, e ficou com medo de mergulhar para tentar tocar o que estivesse lá embaixo. Parado boiando na água começou analisar a mão, era delicada, feminina e com as linhas bem desenhadas, se fosse cigano conseguiria ler tudo em suas linhas fortes, mesmo assim tentou decifrar qual a situação nos signos da mão. Imaginou uma deusa lhe convidando para um mundo novo, era um escolhido e tem a oportunidade única de penetrar no além, deu um impulso para cima puxando ar e mergulhou de encontro à mão. Chocou-se com uma grade, tipo uma gaiola, bateu com os braços esticados na porta de ferro abrindo-a sem querer, uma sucção o arrastou para o fundo da grade, foi o suficiente para a porta se fechar novamente prendendo-o na gaiola ao lado de um corpo de metal, com uma engrenagem de oscilação que movimentava o balanço repetitivo de uma haste de metal com uma prótese de braço perfeitamente igual ao de um humano. E o oxigênio foi acabando. Sabe que o desespero consome mais ar, por isso colocou o braço para fora d?água e começou acenar com a mão. No mesmo ritmo do aceno de metal.
Mateus Guimarães Alves,
13 de outubro de 2006
Autor: Mateus Guimarães Alves
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