O Pronome De Cada Dia



Se fossemos contabilizar qual a palavra que mais falamos durante o dia, qual seria a campeã? – Ora, depende de cada pessoa, de sua ocupação, de sua instrução e preferências, muitos diriam. Mas será mesmo?

Apesar das diferenças, as pessoas sempre possuem algo em comum. Pode ser a rua onde mora, o livro, as músicas ou filmes preferidos ou até mesmo a repetição constante de algumas palavras. Essas palavras por serem repetidas inúmeras vezes se alojam na fala das pessoas e reinam no cotidiano humano: "onde está meu CD""Quero conquistar meu espaço""Este é o meu filho""Ela é minha esposa""Meu marido está viajando", "é meu", "é minha", "meu", "minha".

A lista poderia continuar e teriam muitas outras ocasiões em que usamos o pronome possessivo meu e minha para demarcar pertences, familiares e os que amamos. Mas, esses pronomes não servem apenas para determinar e demarcar palavras, eles invadem o campo emocional. Aqueles que são invadidos pelos pronomes possessivos e pelo sentimento de posse que eles provocam pensam ser donos de pessoas. E qualquer pessoa está sujeita a esta invasão e quando ela acontece envolve e machuca o sujeito e quem o circunda.

Atenção para os sintomas: 1) constante repetição da palavra meu, minha; 2) ataques agudos de posse ; 3) sentir-se proprietário de pessoas. Cuidado para não alcançar o 3º sintoma, pois este é o estágio mais crítico.

A primeira medida de prevenção é substituir o meu e minha, por nosso e nossa, pois para utiliza-lo, no mínimo, você deverá estar perto de alguém. Perto de alguém podemos perceber que não somos únicos, nem donos da verdade e quando menos ainda donos de pessoas.

Por isso, reflita se a palavra mais repetida no seu dia-a-dia é o pronome meu e minha. Se for, pense. Não deixe que estes pronomes façam parte de sua vida e de seus sentimentos, pois, caso contrário, você poderá ter uma amarga surpresa: o meu e o minha, com o tempo, se transformarão em eu e ia. Não entendeu! Calma, explicarei: o eu é como ficará quem for invadido pelo pronome eu, sozinho. E o ia representa como agirá quem for sufocado pelo pronome minha: ia amar, ia ficar, ia ser feliz, mas o sentimento de posse não deixou.

Hérika Ribeiro.


Autor: Hérika Ribeiro Costa de Lima


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