O Monge e o Executivo: Uma história sobre a essência da liderança



Resenha

O Monge e o Executivo: Uma história sobre a essência da liderança
James C. Hunter.
Rio de Janeiro, Sextante, 2004.

Por meio do livro O Monge e o Executivo, James Hunter apresenta conceitos essenciais na melhoria da capacidade de liderança e no convívio com os demais, auxiliando a nos transformar em pessoas melhores e assim alcançando sucesso permanente, permitindo uma reflexão sobre a essência da liderança.
Para tanto o autor utiliza uma narrativa, que permeia a história de Jonh Daily, homem de negócios, casado, com dois filhos e gerente geral de uma fábrica de vidro, que mesmo bem sucedido, se vê fracassando como pai, marido e chefe. A fim de resolver seus problemas decide participar de um retiro sobre liderança em um mosteiro, estimulado por sua esposa e pelo desejo de encontrar Len Hoffmam, um conhecido e respeitado executivo, que largou a carreira e tornou-se monge, sendo que o mesmo, conhecido como Simeão é o responsável pelo retiro.
Jonh e seus companheiros de retiro, Lee, Greg, Teresa, Chris e Kim são apresentados a uma nova forma de ver a liderança, por meio dos ensinamentos de Len, que devido sua experiência bem sucedida no mundo dos negócios, transforma-as em exemplos. E é a partir desses ensinamentos que o autor nos transmite sua visão sobre a essência da liderança, seus princípios que não são novos e a importância de lideres preparados na sociedade.
O papel do líder é extremamente exigente, pois há muita coisa em jogo e seus liderados contam com ele, e saber ouvir é uma das habilidades mais importantes que o líder pode escolher para desenvolver, pois demonstra a pessoa ouvida uma atenção e interesse.
Mas é preciso diferenciar gerência e liderança, pois gerência não é algo que se faça a outras pessoas, mas sim se gerencia coisas, já a liderança pode ser entendida como a habilidade de influenciar pessoas para trabalharem entusiasticamente visando atingir aos objetivos identificados como sendo para o bem comum. Sendo que tal habilidade pode ser aprendida e desenvolvida por aqueles que tenham o desejo e pratiquem as ações adequadas.
No entanto a liderança está relacionada ao poder e a autoridade, que se diferenciam, sendo que o poder é a faculdade de forçar ou coagir alguém a fazer sua vontade, por causa de sua posição ou força, mesmo que a pessoa preferisse não o fazer, podendo tal faculdade ser vendida, comprada, dada ou tomada. Já a autoridade é a habilidade de levar as pessoas a fazerem de boa vontade o que se quer por causa da influência pessoal, pois está ligado a quem a pessoa é, seu caráter e a influência que estabelece sobre as pessoas.
Sendo preferível a liderança com autoridade, já que o poder muitas vezes corrói relacionamentos. Mas quando se faz necessário exercer o poder, o líder deve refletir quais as razões que o obrigaram a recorrer a tal artifício.
Para desenvolver a autoridade com pessoas, são necessárias qualidades como honestidade, confiabilidade, bom exemplo, compromisso, saber ouvir, tratar as pessoas com respeito, encorajando-as com atitudes positivas e entusiásticas. Mas ambas as qualidades são comportamentos que não nascem conosco, e o desafio do líder é escolher os traços de caráter que precisam ser trabalhados, desafiando a mudar hábitos, caráter e sua natureza, por meio da escolha e de muito esforço.
Liderar é conseguir que as coisas sejam feitas através das pessoas, por meio de duas dinâmicas, a tarefa e o relacionamento, sendo que a chave para a liderança é executar as tarefas enquanto se constroem os relacionamentos, pois tudo gira ao seu redor. E os líderes verdadeiramente grandes são os que possuem a capacidade de construir relacionamentos saudáveis entre os responsáveis da organização e todos os envolvidos com a mesma, sendo a confiança o elo de ligação.
Nesse sentido o progresso contínuo é fundamental tanto para as pessoas como para as organizações, pois nada permanece igual na vida, e agarrar-se a paradigmas ultrapassados pode os deixar paralisados enquanto o mundo passa por eles, por isso que os padrões psicológicos e os modelos usados devem ser modificados. Mesmo que não seja fácil já que a mudança desinstala, tira da zona de conforto e força a fazer as coisas de forma diferente, e isso muitas vezes é desconfortável.
No cenário da liderança nos é instigado uma mudança de paradigma, onde a administração de estilo piramidal, do poder de cima para baixo, com a preocupação de satisfazer o chefe, deve ser modificado para uma forma de administração focada principalmente em servir ao cliente, invertendo a pirâmide, onde o papel do líder não é impor e dar ordens a camada seguinte, mas sim servir, identificando a satisfazendo as necessidades legítimas de seus liderados e removendo todas as barreiras para que possam servir ao cliente.
O líder deve estar preocupado com as necessidades e não com as vontades de seus liderados, pois a vontade é um anseio que não considera consequências físicas ou psicológicas daquilo que se deseja, enquanto que a necessidade é uma legítima exigência física ou psicológica para o bem estar do ser humano. Devendo o líder ser flexível, pois pessoas diferentes possuem necessidades diferentes, por isso é preciso incentivar e dar condições para que as pessoas se tornem o melhor que elas possam ser.
A liderança começa com uma escolha, e tais escolhas incluem responsabilidades assumidas em alinhar ações com boas intenções, e tais ações são determinadas por forças inconscientes dos quais nunca nos damos conta.
No entanto a liderança com autoridade e a influência exercida se constrói sobre serviço e sacrifício, e tais sacrifícios devem estar baseadas sobre o amor, não como sentimento, mas sim como comportamento, como nos comportamos em relação aos outros. E esse amor pauta-se sobre a vontade que resulta de nossas ações e intenções, pois quando nossas ações estiverem de acordo com nossas intenções é que nos tornaremos pessoas harmoniosas e líderes coerentes.
A liderança e o amor estão ligados à essência, o caráter pessoal, tendo como qualidades construtoras a paciência, bondade, humildade, abnegação, respeito, perdão honestidade e compromisso. Sendo que tais qualidades precisam ser desenvolvidas e amadurecidas por líderes que buscam o sucesso e a vitória no teste do tempo.
Para ser considerado líder, é preciso amar os outros, tratando-os como gostaríamos de ser tratado, doando-se a eles, servindo e satisfazendo suas necessidades, mesmo que isso resulte sacrificar suas próprias necessidades e vontades, para então construir autoridade e influência sobre as pessoas.
O líder é responsável pelo ambiente que existe em sua área de influência devendo cumprir com suas responsabilidades. Portanto tem o poder de determinar o comportamento de seus supervisores e supervisionados, criando um ambiente saudável para as pessoas crescerem e terem sucesso, ao passo que são elas próprias que devem fazer suas próprias escolhas para mudar, já que todos querem mudar o mundo, mas não querem mudar a si mesmo.
Nesse sentido é necessária muita disciplina a fim de ensinar-nos a fazer o que não é natural. Passando por quatro estágios para adquirir novos hábitos ou habilidades, no primeiro ignoramos o comportamento e não nos interessamos a aprender, no segundo tomamos consciência do comportamento, mas não desenvolvemos a prática, no terceiro estamos cada vez mais experientes e nos sentimos mais confortável com o novo comportamento e no quarto estágio já incorporamos o comportamento aos hábitos e à própria natureza.
Disciplinar a liderar com autoridade é uma declaração de missão pessoal, é arriscar-se, mas tal disciplina trará ganhos e benefícios, como a satisfação interior e a convicção de saber que se está em verdadeira sintonia com os princípios profundos e permanentes da vida.
Podendo ao final dessa análise constatar que o autor nos apresenta um estilo de liderança mais liberal, que demonstra mais interesse e atenção aos seus subordinados, a partir do momento que defende que o líder deve servir, reconhecendo as necessidades de seus liderados, e as satisfazendo, mesmo que disso resulte sacrificar suas próprias necessidades, mas tal sacrifício resultará em recompensas, como a alegria de saber que se cumpriu com as responsabilidades assumidas no momento da escolha de ser um verdadeiro líder.

Marcos André Schons
Graduando do curso de Administração pela
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)
Centro de Educação Superior Norte - RS (CESNORS)


Autor: Marcos André Schons


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