Um rosto no retrovisor.



UM ROSTO NO RETROVISOR




É preciso transitar idéias e não somente carros que na beleza de seu designe escondem rostos que choram...e debatem-se em sua própria tessitura acabrunhada e carcomida.
É preciso transitar sentimentos e não carros portentosos que escondem no seu interior a impotência daqueles que jazem sob o império do medo.
Ignorando as tradições Filosóficas contrárias,recordemos Aristóteles e o seu ser ?em-ato. Aquele que tem em si potencialidades de se por em movimento.Perguntemo-nos:Onde jaz esta força que me trouxe ,não sem luta, até ao estágio de homo Sapiens?... Perdeu-se no trânsito;...Presa no engarrafamento do egoísmo;...Arrastada pelas multidões de erros ;... erros que repousam na fatalidade do irresponsável abandonar-se de-si-mesmo;entregue ao bafio do imediatismo e à insaciável sede de consumo;...Sem atinar acerca do local aonde me perdi...em que rua...em que via...em que mundo...em que casa...Sim,não tenho mais endereço...Não sei mais onde moro...aonde caio...aonde repouso...aonde me encontrar...Sem identidade...Sem ninguém...Só...sozinho.
Mas,no calor deste trânsito, ouço um barulho ensurdecedor que mim chega de todos os lados...Rostos que se oferecem à visitação,no entanto,ignoro-os...Finjo não ouvir...Elevo o som do rádio,e penso...:Fujo do silêncio por que é nele que escuto o grito...O fremido das almas...Que berram:EU SOU UM OUTRO DE TI...EU ME RECONHEÇO EM TI...;NO ENTANTO MIM VIRAS O ROSTO...OLHA!...SOU GENTE,SOU BICHO,SOU FERA,SOU VOCÊ...
Como pesadelo... escuto...fujo...Sou você...Sou você...Sou você...De repente paro...olho...busco...?!Um sentido...Uma direção...Uma placa que indique um rumo...um caminho...Sim,um caminho que não tenha passagem obrigatória por-mim-mesmo.Que não tenha que me olhar e ver que sou um grande vazio-de-mim-mesmo??.Que simplesmente não sou!...Que não tenha que reconhecer a minha indigência...?!Que não corra o risco de reconhecer-me fugitivo-de-mim-mesmo?!...De mim...de mim...de mim...Acordo?!Caio...Sei lá...Acho que me empurram...Será a vida a me importunar de novo?De novo...me movo...e me envolvo num rosto...Ah!PARE...Quero descer...Vou pular...Vou gritar...desesperadamente...mente...mente...men...te...men......te...?!

Corro...Procuro um espelho e vejo que- sou-EU...Alívio...
...suspiro...É meu rosto...é minha aparência...é minha men ...tira...ira...
É ...foi só um pesadelo...!!!Abraço minha mentira...Sorrio...E digo:Ainda bem que existem espelhos...rostos...Você...você...?????!!!!!!


Autor: Afonso Rocha Sombra


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