As Antenas Da Raça



Vou tentar ir direto ao ponto. Como é que eu não encontro nos jornais nenhuma menção, por mais breve que seja, ao caso CPEM nestes dias de Denise Abreu? Pra quem não lembra do caso, sugiro o ótimo livro do jornalista Luiz Maklouf Carvalho, "Já vi este filme", onde as reportagens e todo o rebuliço ocorrido na época são organizadas de forma cronológica. Para os mais ansiosos, basta forçar um pouco a memória (ou pesquisar no Google) para lembrar do escândalo denunciado pelo economista Paulo Venceslau, que na época trouxe a público o esquemão de alavancagem de ICMS das prefeituras petistas. Na época, Paulo Venceslau acusava ninguém menos do que Roberto Teixeira de ser um dos responsáveis pelo golpe aos cofres municipais. Adivinhem qual era a acusação? Acertou em cheio quem pensou em tráfico de influência.

Naquela época, os jornais já falavam das relações íntimas entre Lula e Teixeira. Além do já tão citado apartamento onde Lula viveu de graça por cerca de nove anos, existem também acusações de vendas de carros e terrenos em condições de pai pra filho. Sem contar com um monte de notícias estranhas sobre a venda de um terreno da Transbrasil antes da falência ser declarada. Todas essas estranhezas tem o mesmo pano de fundo, uma relação íntima e fraterna entre Teixeira e Lula, onde um aparentemente está sempre disposto a ajudar o outro. A parceria vinha indo muito bem até o momento. No lugar do Paulo Okamoto — vulgarmente conhecido dentro do PT como o "homem da capa preta", por suas ações obscuras e eficazes no levantamento de recursos para campanhas petistas — parece estar a própria Valeska Teixeira. O papel representado pelo próprio Lula daquela época, parece ter sido delegado à Dilma, que repete as mesmas desculpas usadas na época pelo nosso glorioso presidente. Aliás, porque ela não repetiria, se deu tão certo?

O que vivo me perguntando todos os dias, é como o nosso governo consegue não quebrar. Se fosse uma empresa privada quebrava. O estado sempre aparenta não ter o menor talento para qualquer tipo de gestão. Fraudes primárias como a dos cartões corporativos são os maiores exemplos disso. Em qualquer empresa de grande porte existem regulamentos para uso de cartões corporativos, e o não cumprimento destes regulamentos é punido gravemente. Como é que um estado incapaz de administrar um simples cartão de crédito se atreve a querer ser intervencionista? Como tem coragem de criticar a iniciativa privada como fez Lula no último "comício" do BNDES? Não me engano, a iniciativa privada não está lotada de santos e almas puras, mas dentro do mercado a corrupção tem um preço, cada escândalo é punido com a perda de credibilidade. E esta é a maior razão do governo não quebrar. Credibilidade não afeta o cenário político, cada vez mais nossos partidos parecem ter as mesmas "ideologias", os mesmos objetivos ocultos, são cada vez menos ocultos. A preocupação principal é o levantamento de recursos, para campanhas ou para pequenos impérios particulares, tanto faz, a questão é apenas dinheiro. Como alguém tem coragem de tentar defender a remota possibilidade de honestidade em casas onde boa parte responde ou já respondeu na justiça pelos mais variados tipos de processo, desde assassinatos até as mais diversas fraudes. Não sei vocês, mas eu nunca chamaria um acusado de assassinato ou formação de quadrilha armada para fazer um negócio. Qualquer negócio que seja. Talvez eu seja preconceituoso, ou talvez o estado seja muito leniente.

Todos sabem quais são os nomes sujos, e se não sabem é por que não querem saber. Até poderíamos ordenar os nomes de acordo com a frequência que se envolvem em escândalos públicos, mas preferimos fingir que sempre foi assim, que nunca se pode mudar nada. Que todos são iguais… Eu me confesso estar de saco cheio de viver em um país de extremos tão reacionários, mas que no entanto são tão inúteis. Se fala muito, mas não se faz nada. Não temos cultura de protesto, não temos coragem. Somos uma sociedade de reacionários e covardes. Somos capazes de reunir uma turba para xingar e atirar lixo em um casal que supostamente matou uma criança, mas somos covardes demais para repetir o gesto com alguém responsável pela morte de centenas de crianças. Linchamos os Nardoni antes do tempo, mas não temos o mesmo rigor na hora de julgar Álvaro Lins, Garotinho, Bob Jefferson, Paulinho da Força, Jerominho, Natalino, Teotônio Vilela, Quércia, Maluf, Romero Jucá, só pra citar alguns.

As discussões são sempre ideológicas demais. Mas o pior de tudo disparado, não é ter que ficar ouvindo a repetição de desculpas esfarrapadas. Mas sim ficar ouvindo essas reclamações vazias, protestos patéticos, e acusações ridículas (como esta talvez). Cada vez mais, penso que as pessoas não conseguem esquecer do passado "revolucionário" da nossa esquerda por um único e triste motivo. Não se fez mais nada contra nada desde então. É fato notório e conhecido que parte considerável atos revolucionários não eram a favor da democracia, como hoje tentam insinuar alguns membros da "esquerda festiva". A triste verdade no entanto é esta: antes pelo menos haviam causas ruins, hoje nem isso temos. Somos cada vez mais, um povo vazio. Para facilitar a conclusão meio radical, encorajo qualquer um a me lembrar o que se criou no país desde a anistia? Ezra Pound, dizia que os artistas são a antena da raça. Para onde nossas antenas tem apontado nesses tempos tão abjetos?


Autor: Conselheiro Acácio


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