Cálculos Radiculares Supra e Sub-Gengivais



Cálculos Radiculares Supra-gengivais, Sub-gengivais e Correlações Na Clínica Diária

Autor: Luciano Deluca
Cirurgião-Dentista/ Estomatologista/ Imaginalogista Oral/ Mestrando Em Periodontia

Definição:

Os cálculos radiculares denominados popularmente de "tártaros", hoje já dimensionados e conhecidos como cálculos radiculares não somente cientificamente, mas também, termo difundido no meio "popular" mesmo, com a vasta gama de informações que a população vivencia, devido à expansão e desenvolvimento da informática na Terceira Revolução Industrial e Científica que hoje presenciamos.
É relevante ressaltar que o termo cálculo como muitos profissionais ainda colocam, pode refletir certa confusão, pois a expressão correta é cálculo radicular supra-gengival e cálculo radicular sub-gengival e a não utilização da palavra certa acarreta conceitos conflitantes; existindo outras patologias como o cálculo salivar que é o depósito de cálcio encontrado dentro de ductos de glândulas salivares maiores (parótidas, submandibulares e sublinguais) em maior proporcionalidades em relação às glândulas salivares menores. Existe ainda, o cálculo renal que é outra condição patológica. Esta morbidade tem como conseqüência a insuficiência renal e distúrbios sistêmicos agravantes. Por conseguinte, as pessoas acabam por confundir, criando associações infundadas. Para isso, o esclarecimento bioético, científico e filosófico com a utilização da semântica adequada é de fundamental importância na diretriz para produção do saber.
Os cálculos radiculares são depósitos específicos microbianos e restos exógenos alimentares acrescidos de células epiteliais que descamam a todo o momento do epitélio bucal, o qual é renovado aproximadamente em sete dias. Estes depósitos estão fortemente aderidos ao dente por reações enzimáticas específicas decorrentes de pré-adesões de glicoproteínas advindas da saliva.




Localização:

Podem ser supra-gengivais, quando observados acima da gengiva do dente ou sub-gengivais, quando abaixo da região gengival, "escondidinho", sendo de difícil visualização. Estes depósitos de cálcio externo na superfície dentária, os cálculos radiculares, geralmente se encontram em áreas de dentes inferiores anteriores, os incisivos centrais e laterais, embora possam ser vistos em toda a extensão da boca. Encontram-se sempre muito aderidos às estruturas dos dentes. A localização preferencial é observada, devido à saída dos ductos das glândulas sublinguais (são vários ductos, adicionados à condição de bilateralidade que esta possui) e também aos ductos das glândulas submandibulares (localizados bilateralmente também) por onde chega grande quantidade de saliva à cavidade bucal.
Apesar de distribuídos por diferentes áreas da boca, um outro sítio predileto é encontrado na região de molares superiores, graças à proximidade do canal de Stensen da glândula parótida, e, portanto, saída também, de fluxo salivar, geralmente 20% , conseqüentemente, de cálcio, pois este mineral encontra-se em níveis elevados na saliva de determinadas pessoas e contribui para formação de cálculo radicular.



Formação e Composição do Cálculo Radicular

Os cálculos radiculares se formam a partir de um biofilme, ou seja, placa ou película adquirida, aderida à estrutura dentária. O endurecimento e conseqüentemente, a mineralização ocorrem nas colônias de bactérias aderidas ao dente formando a placa.
São compostos por quatro diferentes minerais: a hidroxiapatita (substância presente também no esmalte, dentina, cemento e osso), o fosfato de cálcio, o fosfato octacálcio e a bruxita.
Os cálculos radiculares novos, juvenis são formados basicamente pela bruxita (CaH(PO4) ? 2H2O); o antigo formado por hidroxiapatita (Ca5(PO4)3 ? HO). Os cálculos radiculares localizados mais externamente são compostos por fosfato de octacálcio (Ca4H(PO4)3 ? 2 H2O); e os encontrados mais internamente são de hidroxiapatita.



Importância Clínica e Tratamento

Os cálculos radiculares quando não removidos trazem problemas à saúde de uma forma gera, nela compreendida o periodonto.
São considerados fatores retentivos para aderência de patógenos específicos, contribuindo para o aparecimento do mau hálito, da gengivite e ainda podendo levar à periodontite. Esta, uma doença mais grave que envolve as estruturas de suporte dentário, ocasionando à perda dentária.
É necessária a sua remoção por profissional qualificado, o dentista, em consequência da grande retentividade que possui ao dente. Sua retirada em casa por escovação e limpeza usual não deve ser realizada e é desaconselhada por causa da dificuldade imposta anatomicamente mesmo, ocasionando lesões na boca.
Hoje em dia, com a evolução tecnológica e com os conhecimentos científicos, se tornou procedimento rotineiro em consultórios odontológicos.
Não se observa desconforto do paciente, pois existem aparelhos ultra-sônicos de pouca vibração e silenciosos, trazendo otimização extrema à clínica diária e conforto ao paciente, além de serem procedimentos que exigem a utilização de anestesia local, dependendo do caso. Apesar disso, o refinamento final da estrutura dentária deve ser realizada manualmente.
Para a raspagem e o alisamento radicular utiliza-se instrumental manual. E estudos comprovam, melhor definição da superfície lisa radicular dentária e melhoria na condição da inserção epitelial. Com isto, atende-se a um requisito fundamental da clínica odontológica à satisfação do paciente e facilita um procedimento técnico, adicionando ao profissional cirurgião-dentista e periodontista conhecimento atuais científicos integrando-os à clínica profissional.






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Autor: Luciano Deluca


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