Abordagem Ética pelos Profissionais de Enfermagem no Contexto da Saúde Mental



Abordagem Ética pelos Profissionais de Enfermagem no Contexto da Saúde Mental
Alinne Angélica de Souza da Silva1, Camila Carvalho de Oliveira2, Carolina de Souza Santos3, Layme Rebeca Barbosa Lino4, Leiane Santos de Castro5, Ronne Rielk Carvalho Rêgo6

RESUMO
A saúde requer uma ética sadia para que seu papel de tratar o doente seja completo. As doenças mentais sofreram grandes avanços nas descobertas cientificas e na aérea que desrespeita aos direitos éticos do pacientes portadores de doenças mentais. Este estudo baseia-se na retrospectiva de artigos, com abordagem qualitativa do tipo exploratória bibliográfica. Tem como objetivo expor a abordagem ética pelos profissionais de enfermagem no contexto da saúde mental, conceituando a ética, avaliando a postura e a assistência prestada dos profissionais de enfermagem frente a doença mental. Nesse sentido verifica-se importância de intervenções que respeitem os direitos e valores morais desta classe ainda tão discriminada.

PALAVRAS-CHAVES: Ética, Enfermagem, Doença Mental.


ABSTRACT
The health requires a sound ethics for its role in treating the patient is complete. Mental illnesses suffered great scientific discoveries and advances in the air that violates the ethical rights of patients with mental illness. This study is based on retrospective articles, with exploratory qualitative approach to literature. Aims to expose the ethical approach by professionals in the mental health context, conceptualizing ethics, evaluating the position and the assistance of nursing staff in mental illness. In this sense there is need of interventions that respect the rights and moral values of this class still so broken

KEYWORDS: Gonorrhea, Women, STD, Incidence.

_________________________________
1Discente do Curso de Enfermagem Bacharelado ? Faculdade São Francisco De Barreiras- FASB
2Discente do Curso de Enfermagem Bacharelado ? Faculdade São Francisco De Barreiras- FASB
3Discente do Curso de Enfermagem Bacharelado ? Faculdade São Francisco De Barreiras- FASB
4Discente do Curso de Enfermagem Bacharelado ? Faculdade São Francisco De Barreiras- FASB
5Discente do Curso de Enfermagem Bacharelado ? Faculdade São Francisco De Barreiras- FASB
6Discente do Curso de Enfermagem Bacharelado ? Faculdade São Francisco De Barreiras- FASB




INTRODUÇÃO
As doenças mentais sempre existiram na sociedade. Os gregos tratavam seus familiares que manifestavam comportamentos anormais, com paciência e compreensão. Para o cristianismo os comportamentos de desordem social apresentado pelo doente eram considerados ligação diabólica. Por muitos anos os portadores de doença mental foram tratados com métodos desumanos, choques elétricos, camisa de força, isolamento social, afastamento da família, preconceito, desrespeito aos valores éticos e morais desconhecendo sua contribuição na sociedade. Depois da reforma psiquiátrica em 1980 algumas praticas desumanas foram extintas, mas ate hoje a reforma persiste em alterações não se concretizadas e que estão em processo de adaptação da pratica real.¹
Todo ser humano é dotado de uma consciência moral, que o faz distinguir entre o certo e o errado, justo ou injusto, bom ou ruim, com isso é capaz de avaliar suas ações praticando a ética, exercendo os valores, que se tornam os deveres, incorporados por cada cultura expressos em ações. Nesse ponto de vista a ética pode ser conceituada como o estudos dos juízos de apreciação que se referem a conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal seja relativamente á determinada sociedade, seja de modo absoluto.A ética é a ciência do dever, da obrigatoriedade, a qual rege a conduta humana.²
A saúde requer uma ética sadia para que seu papel de tratar o doente seja completo. As doenças mentais sofreram grandes avanços nas descobertas cientificas e na aérea que desrespeita aos direitos éticos do pacientes doentes mentais. O tratamento oferecido não esta somente relacionada ao uso da fármaco terapia, mas também o exercício da ética no dever de respeitar os princípios morais dos doentes. A enfermagem por ser a classe diretamente ligada aos princípios e deveres éticos da sociedade em relação às doenças, é responsável pela aplicação e reconhecimento da importância da ética no tratamento e reabilitação do doente mental na sociedade. ³
A assistência de enfermagem prestada as distúrbios mentais exigem dedicação, conhecimento cientifico e a presença dos princípios éticos que deve existir nos profissionais que regem a ordem social da sociedade. O enfermeiro não deve oferecer ao seu paciente apenas as medicações, deve resplandecer no seu paciente a importância significativa que ele tem para sociedade. ¹
Mesmo com todas as restrições que o doente mental apresenta, com sua desordem de consciência ele tem o direito de ser oferecido à oportunidade do exercício da ética, ate por que a doença mental é uma patologia que pode ser tratada e controlada.³
A presente pesquisa instiga na retrospectiva de artigos. Para tanto, o objetivo do estudo é expor a abordagem ética pelos profissionais de enfermagem no contexto da saúde mental, conceituado a ética, avaliando a postura e a assistência prestada dos profissionais de enfermagem frente a doença mental, revendo os valores e direitos dos portadores de distúrbios psíquicos.

METODOLOGIA


Trata-se de uma revisão da literatura, uma vez que é ajustada para descrição, discussão e análise da literatura publicada sobre o tema que versa abordagem ética pelos profissionais de enfermagem no contexto da saúde mental.
Para tanto, foi pesquisada a literatura publicada nas bases de dados BDENF, BIREME e SciELO, com base nas palavras-chave: "Ética em Enfermagem", "Saúde Mental e Ética" e "Doença Mental".
Primeiramente realizou-se a leitura dos resumos das publicações, no intuito de verificar a responsabilidade profissional em seus aspectos éticos pautados ao exercício da enfermagem em saúde mental na realidade brasileira.
A partir da análise dos artigos selecionados foram identificados os aspectos relacionados á ética e á saúde mental. Perante disso, foi realizada uma reflexão sobre abordagem ética dos profissionais de enfermagem em Saúde mental.


DISCUSSÃO:
1. Abordagem Ética na Enfermagem
A ética deriva-se do termo Grego antigo ethos, que significava assentamento comum (ilíada de Homero), por conseguinte hábito, temperamento, modo de pensar. Já Aristóteles denominou o adjetivo ético como uma classe particular de virtudes humanas e a ética como a ciência que estuda essas virtudes. 4
No começo dos tempos civilizados não existia uma ética direcionada às ciências humanas ou às da vida. As regras gerais é que ditavam o comportamento social humano, e como a ética está relacionada à vida, estas se confundiam com a ética médica. O progresso dos conceitos de ética se deu através dos tempos, permitindo a identificação de alguns termos conceituais e históricos que caracterizam diferentes momentos da ética geral e sua evolução para uma ética direcionada para as ciências médicas e enfim, para a bioética. Em sua procedência no Brasil as discussões éticas, no campo da enfermagem, têm se pautado numa postura que pode ser caracterizada como conservadora por privilegiar aspectos como a religiosidade, autoritarismo, obediência, hierarquia, subserviência e outras. Primordialmente, a instrução da ética se ocupava quase que excepcionalmente em tratar dos direitos e deveres profissionais. 5
Em todos os grandes padrões éticos do pensamento ocidental, direta ou indiretamente, a natureza ética, própria do ser pessoa se distingue por um cuidado que, enquanto tal, não é uma atitude ou um ato, mas um a priori existencial de onde derivam as atitudes, os atos, as vontades, os sentimentos e as situações, portanto o pressuposto é que a ética e o cuidado estão na base da prática profissional e não o contrário, ou seja, a prática profissional deve estar orientada tendo em consideração o respeito pela natureza humana e não o cuidado perfilado em função dos contextos e das suas funcionalidades.5

A instrução da ética abrange a aplicação de seus princípios à vida e não simula apenas uma norma de etiqueta. 6
A ética do cuidado Implica relações humanas no interior das equipes de saúde respeitando as especificidades técnicas de cada profissional e colocando as questões morais para meditação de forma aberta e social, classes indispensáveis para que se possam construir consonância nas situações concretas onde os dilemas morais sucedem. 5

Relacionando os dilemas éticos próprios dos seres humanos, tanto os profissionais, quanto os clientes/pacientes compartilham de uma condição comum e inevitável que situa a bioética do cuidar no âmbito das relações humanas, circunscritas no campo da enfermagem. Todavia, nem sempre os profissionais se colocam na posição de pacientes, quando isto sucede evidencia-se uma tomada de consciência, que se mostra desgastante, por exigir uma inversão de valores éticos e morais nos espaços sociais individualizados e moralmente heterogêneos. 7

É fato que, a ética de enfermagem realmente precisa ser otimizada porque implica em transmitir valores universais e essenciais para a existência digna da profissão perante a sociedade. Claro que todo movimento e ocorrências do macro cenário da realidade brasileira refletem e tem decorrências diretas para o exercício da enfermagem. 8

O direito à verdade caracteriza como dilema ético o fato de comunicar ou não ao paciente o seu estado de saúde ou seu diagnóstico, seja no âmbito da saúde física ou mental. Privar o paciente do direito ao diálogo envolve privá-lo das informações a respeito do tratamento, dos efeitos colaterais e também dos benefícios.

Cada vez mais os enfermeiros conquistam seus espaços e assumem suas atribuições com mais autonomia. Equivalente a isso, avanços e progressos na área da saúde, levantam dúvidas quanto ao respeito da responsabilidade profissional em seus aspectos legais.9
A assistência enfatizada na tecnologia restringe o encontro entre sujeitos, de modo a ampliar uma obsessão pelo objeto de intervenção: o órgão doente ou a patologia.10 Logo a preocupação maior em entender o que acontece fisiopatologicamente nesses pacientes sobrepõe em alguns casos, o que seria de maior relevância: atendimento biopsicossocial.
Nesse contexto para que haja uma assistência de enfermagem de qualidade é imprescindível que o mesmo abandone muitos dos pressupostos teórico-práticos do modelo biomédico, para que assim exclua preconceitos antigos e, ancore num modelo mais arrojado, sem no entanto desrespeitar os fundamentos éticos- legais, permitindo- lhes reconhecer seus esforços, de modo a planejar estratégias para o cuidado individualizado ao doente mental. ¹¹
Portanto os profissionais de saúde podem estar tecnicamente preparados para utilizar métodos e procedimentos inovadores, só que isso não é suficiente para diminuir sofrimento e dor dos clientes portadores de doença mental, já que é necessário o cuidado ético, humano e respeitoso.7
Ainda há muita escassez de preparo dos profissionais de saúde relacionada à escuta dos anseios, tensões e sofrimento dos pacientes, refletindo numa comunicação insatisfatória entre o paciente e os profissionais, principalmente no que tange a saúde mental. ¹²
A classe da enfermagem, após o novo paradigma de cuidado, ajustado pela atenção psicossocial no ângulo da inclusão e reabilitação, desempenha atividades de assistência individuais e coletivas com intercessões diretas e indiretas. ¹³
Ressalva- se que de forma geral, a responsabilidade profissional remete ao atuar ético, cujas repercussões legais dos atos não são comumente divulgadas e discutidas durante a formação acadêmica, cogitando no cotidiano inadequado da prática.9
Os estudantes de enfermagem possuem forte tendência a levar consigo preconceito e estereótipos em relação aos portadores de doença mental. ¹³ Isso de fato não poderia deixar de ser mencionado neste estudo, já que os mesmos serão os futuros enfermeiros, os profissionais que irão atuar frente esta classe tão discriminada. Desse modo, o atendimento aos doentes mentais serão superficiais, sem o respeito adequado, traduzido por atitudes negativas. Vale então ressaltar que diante de uma situação tão problemática, deve ser implementado pelas instituições de ensino a valorização destes pacientes.
No que se refere às responsabilidades éticas do profissional de enfermagem, cabe mencionar que este deve estar atento a toda e qualquer alteração no comportamento do paciente, comunicando e registrando essas observações. Precisa ainda saber distinguir as que indicam riscos de vida com as que demandem medidas imediatas. Caso o profissional perceba e não registre, pode-se considerar ato de negligência profissional.14
Na realidade da saúde mental os deveres éticos do enfermeiro ultrapassam o que estiver codificado, já que a qualidade da assistência não depende apenas da visão regulamentada, mas da consciência profissional desenvolvida com ênfase no respeito e comprometimento com os direitos humanos9.
O papel do enfermeiro no campo psiquiátrico sintetizava-se ao fazer burocrático e administrativo, sob o controle da conduta médica, com objetivo de controlar o tempo, o espaço e a ordem institucional. Para o campo psicossocial, o projeto de intervenção, faz- se necessário atitudes de integração com a equipe e respeito às necessidades individuais e coletivas dos usuários, buscando contribuir na organização do serviço para que tais necessidades sejam inteiradas. Assim, pondera-se que o conhecimento organizacional é um dos pontos fortes do trabalho dos enfermeiros nos serviços substitutivos. 15
O artifício de enfermagem empregado adequadamente na abordagem ao doente mental depara ordem e direcionamento ao cuidado prestado, constituindo-se na essência da prática da enfermagem, como instrumento e metodologia para auxiliar na tomada de decisões, uma vez que propicia avaliar e antecipar as conseqüências das intervenções, proporcionando desse modo, o que é de competência e responsabilidade da profissão ao doente mental ¹¹
Um aspecto relevante na assistência da enfermagem psiquiátrica é a questão da abordagem. Para que isso ocorra de forma notável, é necessário que o profissional entenda as reações de cada paciente, conheça- os e ganhe sua confiança.¹ Dessa forma estará mais próximo do seu cliente, o qual não hesitará em expor seus sentimentos e inquietações, contribuindo desta maneira numa melhora do seu quadro psicológico.
Assim sendo, é indispensável pelo enfermeiro manter uma comunicação dinâmica com o doente mental, estabelecendo vínculos para um relacionamento fundamentado na segurança e confiança. De tal modo, o paciente portador de doença mental pode falar de si e de seus problemas, com leveza e tranqüilidade, depositando cada vez mais credibilidade na assistência de enfermagem. ¹¹
Como essa relação, muitas vezes não é mantida, advém de profissionais de enfermagem se mostrarem impacientes e não considerarem os motivos que levam o portador de transtorno mental, em algumas situações, a manifestar comportamentos agressivos. ¹²
Nesse sentido o art. 47, referente à Lei das Contravenções Penais, presume que "exercer profissão ou atividade econômica, ou anunciar que a exerce, sem preencher as condições a que por lei está subordinado seu exercício", institui uma infração penal sujeita à pena de prisão simples ou multa. 14
Infração ética a ação, omissão ou conivência, alude diante do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, desobediência e/ou inobservância às disposições nele normatizadas. E como penalidades, verifica-se advertência verbal, multa, censura, suspensão e cassação do direito ao exercício profissional a serem consagradas pelos Conselhos Federal e Regional de Enfermagem. 9
Perante todas as questões voltadas para a conduta ética do enfermeiro, considera-se que a mesma pode marcar intensamente a vida dos pacientes, acarretando satisfação ou contrariedade dos mesmos. Para evitar o resultado negativo, o profissional deve estabelecer um diálogo, uma relação enfermeiro- paciente. 9
É imprescindível retomar no que se refere a compreensão de cuidado além da atenção à saúde ou procedimento técnico, com ações de integralidade com acepções e sentidos volvidos à promoção da saúde como um direito, expresso pelo respeito e acolhimento ao ser humano na ocasião de fragilidade social ou de sofrimento, cuja interação entre pessoas torna-se característica fundamental deste cuidado. ¹²
Por todo o exposto, infere-se que no âmbito da saúde mental há um redirecionamento do modelo assistencial, com evidência no resgate da cidadania dos sujeitos em sofrimento psíquico, permitindo a construção de novos métodos, amparados a partir do comprometimento, compromisso e sugestão. Tais práticas implicam no cuidar da saúde de um ser, cujo foco vai além da intervenção sobre o paciente, tem-se na realidade o desígnio de ser capaz de acolher, dialogar, produzir novas subjetividades, exercitar a capacidade crítica, transformar criativamente os modos de ver, ouvir, sentir e, pensar. 16
Logo pontua-se a necessidade do profissional estar apto a conhecer intimamente o portador de doença mental, para que, diante disso, seu desempenho seja criativo, flexível, maduro, seguro, objetivo e principalmente ético.¹¹


2. O Exercício de Enfermagem diante dos Pacientes Portadores de Doença Mental
Devido ao convívio com diferentes profissionais, clientes e familiares, a enfermagem pode se deparar com uma variedade de problemas causadores de conflitos éticos e dilemas morais. Desse modo, esses profissionais podem se encontrar em situações de conflito ético quando adotam a maneira mais correta de agir, contudo parece não se sentir seguros e apoiados o suficiente para agirem de acordo com seus conhecimentos, crenças e valores, mesmo sendo por pressões institucionais ou outros motivos. 17

Os profissionais de saúde muitas vezes se deparam com situações complexas e emergenciais, inseridos em serviços designados ao cuidado à saúde mental, expressando muitas vezes cenas em que usuários em crise praticam a agressividade, o intenso sofrimento psíquico, atitudes de auto-mutilação e extrema angústia.16

A doença mental é distinguida por sua multidimensionalidade e multideterminação, por isso deve ser abrangida em todos os campos: biológico, psicológico, individual, familiar e social, portanto o trabalho em equipe multidisciplinar é de suma importância devido a uma diversidade de saberes, permitindo assim, os profissionais terem uma visão ampliada do fenômeno da loucura. 18

A saúde mental é idealizada por fatores e atitudes das pessoas em explanar sua capacidade de amar, de enfrentar a realidade e descobrir o sentido da vida. Não é suficiente apenas ter necessidades humanas básicas para alcançar a saúde mental e senti-la. Ela está enraizada à falta de adaptação social e cultural em que sujeitos inadaptados podem sugerir a presença de transtorno mental. ¹²

O cuidado na saúde mental não se comprime mais em uma atividade caridosa ou em execução de tarefas, agora é exigido um trabalhador disposto em transformar política e afetivamente os modos de cuidar e de se relacionar com a loucura, sendo diretamente proporcional ao aumento de responsabilidade e compromissos das equipes de trabalho. 19

É importante salientar que essas transformações que se concretizou no campo da saúde mental tendo com objetivo a reabilitação psicossocial, procuram resgatar a cidadania dos sujeitos, a partir do desenvolvimento da consciência do paciente de acordo com seus problemas e autonomia afetiva e social. 16

As atuais práticas em saúde mental no Brasil são devido às grandes transformações incididas a partir do movimento de Reforma Psiquiátrica desde o final da década de 1970. A assistência psiquiátrica antes disso concretizava-se através de ações saturadas de preconceitos, violências, estigmas, provocando agravos ao invés de promover a reabilitação do indivíduo. 20

Atualmente, os enfermeiros exercem atividades de assistência individuais e coletivas com intervenções diretas e indiretas. Várias dessas atividades já faziam parte do processo de trabalho de enfermagem no modo manicomial e obtiveram um novo significado nesse novo modo, com a finalidade de responder à complexidade do adoecimento psíquico. 15

Assim, a equipe de enfermagem deve aplicar o modelo tecnicista-biologicista, repensar e inovar sua prática para que o cuidado não seja fragmentado, além disso, é preciso ênfase na doença, direcionando-se para os potenciais de promoção da saúde, prevenção e reabilitação. Existe uma dificuldade oriunda desse modelo, que é a falta de preparo dos profissionais de saúde relacionada à escuta dos anseios, tensões e sofrimento dos pacientes, trazendo como conseqüência uma carência de compreensão e de comunicação entre pacientes e profissionais. ¹²

Cabe ressaltar que o enfermeiro é um profissional que possui uma visão sob uma perspectiva mais integral do individuo e do funcionamento da instituição, pelo fato dele se envolver com as diversas atividades oferecidas no serviço. Ele consegue olhar além da extensão psicológica do sujeito, discernindo essa extensão em um corpo físico e social. 15

No CAPS é realizado um trabalho intenso, com árdua demanda de múltiplos cuidados, fazendo com que o profissional experimente sentimentos intensos e contrários, sendo necessário dele e da equipe uma disponibilidade e abertura difíceis de manter constantemente, sobreveste para aqueles que ofertam seu trabalho para fortalecer o sentido da vida do outro. São os sentimentos de fraqueza, tristeza e exaustão que exige um melhor acolhimento e resolução de problemas difíceis de forma criativa e entusiasmada. 19

Esse acolhimento pode ser promulgo em um simples olhar ao cliente, em uma palavra dita da forma mais acolhedora, podendo está presente em um gesto que evidencie que o espaço do serviço constitui-se verdadeiramente como referência constante para os sujeitos. Além desse acolhimento, é importante compreender que a noção de vínculo implica no envolvimento e no encontro de sujeitos e de subjetividades, portanto sendo necessárias relações mais claras e próximas, sensibilizando com todo o sofrimento do outro, permitindo uma intervenção nem burocrática e nem impessoal. 16

Vale mencionar que a assistência de enfermagem psiquiátrica tem um aspecto bem importante que é a consistência de abordagem e para atingi-la, o profissional de saúde deve entender suas reações face a cada um dos pacientes; e a forma de conseguir isso é discutir seus sentimentos com um membro mais experimentado da equipe de tratamento, numa discussão de grupo com a equipe. E quando essa confiança aumenta, ele será capaz de falar com o próprio paciente sobre os sentimentos que lhe tenha despertado. ¹

É imprescindível relatar que trabalhar com paciente psiquiátrico é trabalhar com a realidade onde o mesmo passa sua vida, seja na família, com os amigos, parentes, colegas e outros. E esses profissionais vão levar essas pessoas de tais realidades a um encontro, a um trabalho em comum, ajudando a perceberem e se sentirem conexo a um aparelho psíquico grupal, abrindo espaço para fortalecer o "nós" em suas vidas. ²¹

Diante de toda a falta de humanização frente aos portadores de doença mental, é de fundamental importância mensurar os direitos humanos destinados a esses pacientes psiquiátricos, cujo primeiro relata que esses pacientes devem ser tratados com igualdade e com não-discriminação, o segundo diz que eles devem ter tratamento do tipo excepcional (com estada fora da família), o terceiro afirma que eles têm direito ao diagnostico da doença mental e por fim o quarto da direito à escolha e consentimento da terapia. ³


3. A Humanização frente aos Cuidados Éticos da Enfermagem

Os profissionais de saúde, no decorrer do exercício, no campo hospitalar, vêm desumanizando-se frente à atenção à doença, e não ao ser doente, à complexificação tecnológica crescente anexa ao crescimento de custos. A ética requer a implementação de um processo reflexivo acerca dos princípios, valores, direitos e deveres que regem a prática dos profissionais de saúde, inserindo-se, aí, a extensão de um cuidado percebido como humanizado. ²²
Um fator que emerge de imediatamente em relação ao profissional de enfermagem\cliente é a abertura ao outro, reconhecido e respeitado como uma pessoa singular, com sua história de vida e valores, seus medos e sofrimentos. 10
A constituição de um modelo mais humanizado na área de saúde implica no exercício de uma ética profissional mais autônoma, compromissada com o cliente, com a comunidade e com o trabalho e muito menos com a técnica e com a doença. Isto é, a ética do cuidar concentra sua base na promoção de saúde e prevenção das doenças. 7
Todo o cuidado com a diminuição da dor do outro é mais um aspecto desta dimensão. Por muitas das vezes algumas doenças não têm cura, porém, possamos ouvir o paciente e confortá-lo, a fim de diminuir a sua angústia e ansiedade. O objetivo é, mais uma vez, fazer com que o paciente sinta-se mais feliz, valorizado e se familiarize ao tratamento. 10
No acompanhamento terapêutico, há uma forte influencia na maneira do profissional assumir um lugar e de impor suas manifestações com o seu cliente. Isso significa que o profissional vai orientar suas concepções acerca do paciente para as características que o impedem de se inserir sozinho no devido tratamento.

Com o intuito de estimular simbolicamente às possibilidades ao cliente de inserir-se nesse contexto terapêutico, o profissional tenderá a promover de diversas formas a inserção do mesmo e a se opor aos impedimentos. ²³

Todavia, a humanização precisa voltar-se, de forma crítica e reflexiva, para a questão dos conhecimentos dominantes na área da saúde, revendo os princípios de verdade atuantes no cotidiano dos serviços. A humanização deve ser concebida, portanto, como "uma prática ético-política", por insinuar o serviço ao outro, em quem repercute uma ação ou um discurso do profissional da saúde, e por se voltar para o modo de relação e de construção da vida das pessoas. ²²
Portanto esta extensão revela a necessidade urgente de (re) construção dos modos de pensar e praticar a questão da saúde. A humanização da assistência configura-se como uma sugestão atual vivenciada pelos pacientes no seu cotidiano, na qual o serviço estadual tende a fazer uma (re) construção na área de saúde mental, com o propósito de prestar uma assistência mais humanizada. 10
Complementando, o método assistencial humanizado, deve ser baseado no diálogo aberto com os portadores de saúde mental, em uma atenção individualizada, devem-se reiterar subsídios que envolva o mesmo numa dinâmica sócio-cultural, através de oficinas, planejarem eventos para que os mesmos possam interagir com a sociedade e assim se sentirem valorizados.

CONCLUSÃO

A pesquisa ao enfatizar a abordagem ética dos profissionais de enfermagem no contexto da saúde mental, verifica-se avanços e progressos, os quais refletem em dúvidas e conjunturas quanto aos aspectos éticos- legais ante as atribuições de autonomia conquistadas pelos enfermeiros. Diante dessa situação constata-se que a ética contribui significativamente para a prática humanizada aos portadores de problemas mentais, ressaltando, desta maneira, a importância de intervenções que respeitem os direitos e valores morais desta classe ainda tão discriminada.
Vale ressaltar, que mesmo com transformações ocorridas na área da saúde mental, há ainda uma deficiência muita grande de profissionais de enfermagem inseridos na assistência qualificada aos portadores de doenças mentais, fato este relacionado à diminuição da procura destes profissionais ao campo psiquiátrico, escassez de divulgação e valorização desta área no campo acadêmico, refletindo na prática posterior e, falta de preparação dos mesmos à escuta dos anseios e sofrimentos vividos pelos pacientes. Logo, necessita-se de uma abordagem cada vez maior da saúde mental pelas instituições de ensino, para dessa forma, surgir profissionais cada vez mais capacitados.
Diante do pressuposto, observa-se que a compreensão pelo conhecimento sobre a ética dos profissionais de enfermagem e saúde mental é importante para o exercício profissional, havendo necessidade de incorporação de um cuidado cada vez mais ético com estes pacientes. É inerente ao enfermeiro, desempenhar atividades de assistência individual e coletiva, inovar sua prática multidisciplinar e, atentar ao doente para os potenciais de promoção da saúde, prevenção e reabilitação.








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23- LERNER, R. Contra-Transferência: Discussão Ética Acerca do Acompanhamento Terapêutico e de Instituições de Saúde Mental. Estilos clin. v.12 n.22 São Paulo jun. 2007. Disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S141571282007000100005&lng=pt&nrm=iso.









































Autor: Ronne Rielk Carvalho Rêgo


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