O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL




O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
SUBSÍDIOS PARA LEITURA E ESCRITA.

Luiz Carlos marinho de Araújo

JUSTIFICATIVA

A educação infantil assim como qualquer outra modalidade de ensino deve ter como princípio norteador a qualidade do processo de ensino- aprendizagem, contribuindo para um aprendizado significativo, que alicerçará toda e longa caminhada escolar de uma criança. Muitos educadores que lecionam na educação infantil não aplicam atividades lúdicas em sala de aula por não acreditar que no momento da brincadeira, do jogo, da descontração, também tem grande relevância no aprendizado, não acreditando na importância que tem o lúdico no espaço escolar acabam não promovendo um ambiente alegre, diversificado, colorido e rico de materiais que fortalece o aprendizado da leitura e da escrita. Diante dessa realidade levantamos o seguinte questionamento: Por que muitos educadores ainda apresentam resistência em trabalhar com o lúdico em sala de aula?
A ludicidade no ambiente escolar tem como base a promoção da socialização, a integração e principalmente a promoção de um aprendizado prazeroso. A autora Regina Celia Adamuz, (2008, p. 158) enfatiza que "A brincadeira é a melhor maneira de a criança comunicar-se, relacionar-se com outras crianças. Brincando, ela aprende sobre o mundo que a cerca e procura integrar-se a ele". Sabendo dessa realidade esta proposta de pesquisa agrega uma nova e específica perspectiva às investigações sobre como estão sendo desenvolvida a leitura e a escrita na educação infantil tendo como principio a ludicidade.
Promovendo uma análise sobre o processo de aplicação do lúdico na educação infantil fortalecendo assim a aquisição da leitura e da escrita com técnicas lúdicas que promoverá na sala de aula um espaço diversificado capaz de favorecer um aprendizado verdadeiro. Este projeto é de grande relevância para a educação infantil porque irá proporcionar aos educadores que lecionam nesta etapa um conhecimento teórico sobre a contribuição que o lúdico oferece para qualidade e melhoria da aquisição da leitura e da escrita.


REFERENCIAL TEÓRICO

Paulo Freire nos diz que (2008, p. 11) "A leitura do mundo precede a leitura da palavra". Nesse contexto podemos afirmar que mediação entre a leitura e a escrita nos possibilita entender que o indivíduo leitor faz uma significação da leitura de mundo surgindo à linguagem da escrita a partir da língua oral. Segundo Sylvain Auroux (aput ZACHARIAS):





Na antiguidade já era utilizado o ensino do alfabeto na Grécia dando origem a palavra alfabetizar que ficou durante séculos sendo vinculada ao sistema de sinais que compõem o código da escrita. Com os avanços, a escrita suméria chegou ao povo egípcio, criando os hieróglifos compostos por 24 sinais para as consoantes. A comunicação entre os povos do Mediterrâneo com o Egito e a Mesopotâmia utilizando um alfabeto formado por 22 sinais oportunizou que os fenícios levassem esse sistema de escrita aos gregos da Jônia (ZACHARIAS, 2005 p. 87). Os povos egípcios, hebreus e fenícios, entre outros contribuíram para a evolução da escrita, mas foram os gregos que criaram o atual alfabeto.
Em fins do século XII as escolas deixaram de ser oferecidas só para preparar os sacerdotes para igrejas ou instruir indivíduos para formar o corpo de funcionário do Império e chega para os nobres que queriam ler e escrever. Por isso, a igreja teve uma grande influência na expansão da leitura e da escrita porque para se ter acesso as sagradas escrituras era preciso saber ler. A partir dos séculos XV e XVI com a invenção da imprensa por Gutenberg e a Reforma Protestante iniciada por Martinho Lutero foi favorecido o acesso aos livros, ainda que só para os nobres e burgueses que aprendiam a ler e escrever em suas casas com suas famílias (ZACHARIAS, 2005. p. 87).
Toda essa evolução da escrita e da leitura consagrou uma nova relação entre as pessoas, porque as condições ficaram mais propícias para que os indivíduos redigissem em papéis os seus sonhos, as suas visões de mundo, sua cultura e sentimentos; com isso, seus aprendizados (vivências) poderiam chegar a outros povos e principalmente em outros tempos sem que o autor estivesse presente para contar oralmente as suas experiências.
Segundo Ximenes (2000. p 577), ler: "é percorrer com a vista o que está escrito, inteirando-se do conteúdo". Quando o indivíduo começa a se apropriar do código da leitura ele passa a identificar símbolos, transmitindo para o conceito intelectual. O processo mental não é só a compreensão das idéias, mas a sua interpretação, esses dois processos de identificação e transmissão devem andar juntos. Portanto, ler não é simplesmente decodificar os símbolos (letras), mas entende - lá e interpreta ? lá. Sendo assim a leitura e a escrita não devem ser compreendida separadamente uma necessita da outra para se desenvolver já que leitura é a identificação do escrito e a escrita é a transcrição do som.
Emilia Ferreiro e Ana Teberosky apontam que devemos deixar as crianças escreverem ainda que seja com seu próprio sistema diferente do nosso sistema alfabético, não para criar o seu próprio sistema, mas para que eles percebem a diferença da sua hipótese com a nossa e ele mesmo vá encontrando as razões e as diferenças. Esse processo de construção de hipótese proporcionará a criança um desenvolvimento intelectual percebendo que ler e escrever são dois processos distintos, mas inseparáveis, a leitura seleciona informações na língua escrita construindo a sua significação e a escrita é relacionada com a fala. A pedagogia tradicional contribuiu para o bem ou para o mal no desenvolvimento da leitura e da escrita?
"Tradicionalmente, conforme uma perspectiva pedagógica, o problema da aprendizagem da leitura e da escrita tem sido exposto como uma questão de método" (FERREIRO e TEBEROSKY 1991, p.18). Com isso, surgem questionamentos a respeito do método mais eficaz para alfabetizar, levantando assim, uma polêmica em torno dos métodos Sintéticos e o método Analítico.
A abordagem sintética é o método mais antigo e era apropriado para aquela sociedade que na época tinha a preocupação só da mecânica, através da memorização repetitiva das letras, mesmo porque os textos eram utilizados sem pontuação, as palavras eram escritas praticamente unidas e a ortografia não era utilizada porque não tinha sido normalizada (ZACHARIAS, 2005. p. 92)
No século XIX o método foi dividido em: Alfabético no qual os alunos deveriam aprender as letras para ir juntando, o Fonético ou Fônico partindo do som das letras, unindo o som da consoante com o som da vogal e no Silábico o ensino parte das sílabas formando as palavras. Essa tendência era processada por meio da decodificação. O método analítico começou a ser utilizado no Brasil no final do século XIX por influência dos europeus e dos americanos que já desenvolviam esse tipo de abordagem desde o século XVII, mas só teve força mesmo no início do século XX, com Decroly.
No século XX a educadora Margarida Mccloskey, se apropria de materiais didáticos com contos, tendo como objetivo desenvolver no aluno a capacidade de compreensão, habilidade para seqüenciar idéias, relacioná-las entre si e memorizá-los. Desse modo, o processo de alfabetização passa a ter mais significado, o aluno passa a fazer análise das palavras e não mais só copiam ou memorizam. Todas essas abordagens viam as crianças como um ser que só servia para depositar os sons, as letras, as sílabas como se fosse uma gaveta para guardar objetos, chegando a ser chamada por Paulo Freire de "Educação bancária". Com isso, deixavam de lado as capacidades cognoscitivas e colocava todo o aprendizado das crianças nas habilidades perceptivas (ZACHARIAS, 2005, p. 87).
Para Weisz foi a partir dos estudos de Emilia Ferreiro (WEISZ apud MONTEIRO, 2004. p. 77), sobre a aquisição da leitura e da escrita que mudamos o alvo em relação sobre a investigação do "como se ensina" para "como se aprende", com isso o aluno passa de simples personagem para personagem principal tendo a oportunidade de incluir em seu aprendizado acontecimentos do seu cotidiano social.
Partido essas concepções, a vida fora do ambiente escolar da criança passar a fazer parte do processo de ensino aprendizagem. E com isso os educadores entendem que a criança ao ingressar na escola já traz consigo um arsenal de conhecimento adquirido nas diversas relações, como por exemplo, a relação nas brincadeiras com seus amigos.
Por isso que o autor Airton Negrine (NEGRINE apud FERREIRA, 1994) afirma que "quando a criança chega à escola, traz consigo toda uma pré-história, construída a partir de suas vivencias, grande parte delas através de atividades lúdicas". Sabendo da importância das atividades lúdicas os profissionais envolvidos com o ensino não devem se omitir em criar meios que seja promovido o momento lúdico no espaço escolar, proporcionando aos educandos um aprendizado mais prazeroso, mais tranqüilo, ou seja, o processo de ensino aprendizagem fica mais divertido sem perder a sua essência. Que segundo Montessori (MONTESSORI apud ANTUNES, 2008. p.61) "educar significar favorecer o desenvolvimento, a liberdade e a infância, período de rica aprendizagem com necessidades e interesses específicos".
Atividades lúdicas oportunizam as crianças o desenvolvimento prazeroso de exercícios oferecidos pelas escolas que muitas vezes são cansativos não despertando nos pequenos a vontade de executá-los, além disso, práticas lúdicas favorecem a interação de saberes, a socialização e principalmente o desenvolvimento pessoal, social, cognitivo e psicomotor.

É também na atividade lúdica que pode conviver com os diferentes sentimentos que fazem parte de sua realidade interior. Na brincadeira a criança aprende a se conhecer melhor e aceitar a existência do outro, organizando, assim, suas relações emocionais e estabelecendo relações sociais (ADAMUZ, 2008. P. 158).

Nas instituições onde acontece um aprendizado sistematizado os momentos lúdicos não têm muito efeito se for oferecido pelo educador sem um objetivo claro, para simplesmente preencher uma lacuna de alguma atividade que acabou antes do tempo previsto. Infelizmente muitos educadores que atuam na educação infantil têm a visão de que quando a criança está brincando ela não aprende e por isso, tem receio em aplicar atividades lúdicas com medo que suas aulas se tornem uma baderna ou até mesmo perderam sua autoridade diante dos discentes.
O educador que vem a ludicidade como um passa tempo contribuem para a separação entre o momento de brincar e o momento de aprender; como se os dois não pudessem caminhar juntos. Expondo sobre esse tema Celso Antunes esboça:

Houve um tempo em que era extremamente nítida a separação entre o brincar e o aprender. Os momentos de uma atividade e os momentos de outra eram separadas por rígido abismo e não se concebia que fosse possível aprender quando se brincava (ANTUNES, 2009, p. 30).

Na aquisição da lecto-escrita e da leitura é de grande relevância a implementação de metodologias diversificas, pois é o momento que o educador tem de oferecer aos pequenos, atividades com caráter lúdico sem perder o objetivo que é o desenvolvimento da leitura e da escrita, mas para esse desenvolvimento não é necessário a aplicação de tarefas cansativas, rotineiras e sim um momento rico de aprendizado.
Por tanto para a aquisição da leitura e da escrita na educação infantil não é preciso de atividades decorativas, desmotivadas, descontextualizada; e sim, um momento divertido, livre para troca de experiência, sem muita rigidez e sem perder um aprendizado verdadeiro que a criança fará uso em toda sua caminhada escolar.

METODOLOGIA

Para Dalberio as pesquisas podem ser classificadas de acordo com seus objetivos gerais. Comumente, são divididas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. Esta pesquisa será exploratória, pois buscará aprimorar as ideias ou descobrir as intuições. Para isso envolverá técnicas como levantamento bibliográfico, entrevista e análise de exemplos para estimular a compreensão (DALBERIO, 2009, p. 165). Desta forma, o procedimento para realização deste projeto se pautará em uma pesquisa bibliografia e de campo, ela será bibliografia porque localizará e consultará fontes diversas de informações escrita orientada pelo objetivo explicito de coletar materiais mais genéricos ou mais específicos a respeito do tema (LIMA, 2008, p. 48).
E será de campo por pressupor a apresentação dos fatos/variáveis investigados, exatamente onde, quando e como ocorrem, utilizando de recursos metodológicos quantitativos e qualitativos (LIMA, 2008, p. 70/71). Por ser uma pesquisa bibliográfica e de campo, demandará a observação da prática de professores que atuam na educação infantil. Realizar-se-á um estudo sobre a real importância que os educadores dão a aplicação de atividades lúdicas com crianças da educação infantil. Para isso terá como embasamento teórico autores como Celso Antunes, Emilia Ferreiro, Maria Montessori, Paulo Freire, Santa Marli Pires dos Santos, Sonia Kramer, Ana Teberosky, Airton Negrine. Durante o desenvolvimento desta pesquisa será realizada as seguintes etapas:

1. Coleta e leitura de material crítico, teórico que traga em seu esboço um estudo sobre o lúdico na educação infantil;
2. Identificação e leitura das obras selecionadas, a fim de um aprofundamento entorno da contribuição que tem a formação continuada dos educadores que lecionam na educação infantil;
3. Aplicação de questionários de entrevistas em escolas públicas a serem definidas, realizando uma análise critica do mesmo;
4. Produção do TCC.












CRONOGRAMA


AÇÕES 2011/2012
Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun
Leitura e análise dos textos das disciplinas estabelecendo relações com o projeto de pesquisa

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Realizar o levantamento bibliográfico de livros críticos e teóricos.

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Ler, fichar e analisar os materiais bibliográficos que serão utilizados no projeto.

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Pesquisa de campo em escola pública seleciona
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Análise dos dados coletados na pesquisa de campo

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Elaboração do TCC
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Revisão do TCC
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Entrega do TCC
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REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. 6 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes, 2009.

ANTUNES, Celso. Piaget, Vygotsky, Paulo Freire E Maria Montessori em minha sala de aula. Um olhar para educação. São Paulo: Ciranda cultural 2008

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da língua escrita. 4 ed. Porto Alegre: Artmed, 1991, p.28

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Prodil, 1994. http://www.webartigosos.com/articles/11903/1/A-Importancia-de-Brincar-na-Educacao-Infantil/pagina1.html. acessado em 25/04/2011. as 11:45
MONTEIRO, Mara M. Leitura e escrita: uma análise dos problemas de aprendizagem. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes. 2004.
SANTOS, Santos Marli Pires dos. Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. 6 ed. Petrópolis, Rio de Janeiro. Vozes. 2008.
KRAMER, Sonia. Alfabetização, leitura e escrita: formação de professores em curso. São Paulo. Ática. 2010.
KRAMER, Sonia. Com a pré-escola nas mãos uma alternativa curricular para a educação infantil. 14 ed, São Paulo. Ática. 2007.
TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista. Porto Alegre, Artmed, 2003, p. 60

TEBEROSKY, Ana; COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista. Porto Alegre, Artmed, 2003, p. 60

ZACHARIAS, Vera Lúcia Camara F. Revista Viver Mente e cérebro, Coleção Memórias da Pedagogia. Emilia Ferreiro a construção do conhecimento. São Paulo: Ediouro, edição especial, nº5, 2005, p.87.

XIMENES. Sérgio. Minidicionário Ediouro da Língua Portuguesas. 2ª ed.reformulada. São Paulo: 2000.



Autor: Luiz Carlos Marinho De Araujo


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