CORRELAÇÃO DO DIABETES TIPO2, HIPERTENSÃO ARTERIAL E OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES



RESUMO

CORRELAÇÃO DO DIABETES TIPO 2, HIPERTENSÃO ARTERIAL E OBESIDADE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES.

INTRODUÇÃO: Nos últimos anos, a obesidade infantil, vem prevalecendo mundialmente, e apresentou um grande aumento, se tornando uma epidemia mundial. A obesidade pode ser originada por diversos motivos, sendo que os principais indicadores são os genéticos, fisiológicos e os metabólicos. OBJETIVO: Observar a correlação existente entre a obesidade, hipertensão e diabetes em crianças e adolescentes e identificar as complicações que podem ocorrer durante o desenvolvimento até a fase adulta. DESENVOLVIMENTO: A obesidade é definida pelo acúmulo excessivo de massa corporal, que é medido através do índice de massa corporal. A leptina é um hormônio importante que regula o apetite e a saciedade, é um hormônio sintetizado pelas células gordurosas e a sua secreção é estimulada quando a quantidade de gordura armazenada é abundante, o excesso de leptina estimula a atividade física, produção de calor e gasto energético. A hipertensão arterial é um fator de risco tanto em crianças como em adultos é a obesidade, comparando indivíduos com peso normal com aqueles que apresentam sobrepeso observa-se que estes apresentam um risco maior de desenvolver outras síndromes metabólicas como diabetes mellitus, dislipidemia e hipertensão arterial, que favorecem para o aparecimento de doenças cardiovasculares. O diabetes mellitus é um distúrbio do metabolismo que se caracteriza pelo aumento da glicemia decorrente da deficiência de insulina, a maior parte dos indivíduos com diabetes apresentam sobrepeso ou obesidade aumentando o risco de acometimento de uma doença cardiovascular. O tratamento das três patologias é ter uma abordagem multidisciplinar, constituída por uma equipe de atendimento formada por pediatra, nutricionista, psicólogo, e um educador físico para o controle de ganho de peso. CONCLUSÃO: O estudo realizado demonstra que as três patologias estão relacionadas, o que mostra a importância de manter o controle do peso, uma vez que a obesidade pode desencadear a hipertensão e o diabetes mellitus. Durante a infância deve-se ter o controle alimentar juntamente com a prática de atividades físicas.
Palavras chave: obesidade infantil, hipertensão arterial em crianças, diabetes mellitus tipo 2

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos, a obesidade infantil vem prevalecendo mundialmente, e apresentou um grande aumento, se tornando uma epidemia mundial. Este acontecimento é muito preocupante porque algumas doenças, como as cardiovasculares, que há alguns anos eram observadas com mais frequência nos adultos, hoje atingem cada vez mais os jovens. Além disso, distúrbios metabólicos, que aparecem por consequência da obesidade, como a dislipidemia, a hipertensão e a intolerância à glicose são indicadores de risco para o Diabetes Mellitus tipo 2 (DM 2) (OLIVEIRA; FISBERG, 2003).
A obesidade está relacionada também com as doenças coronarianas, representando um grande risco para que ocorra doença isquêmica coronariana e morte súbita, sendo que o risco é maior para homens com menos de 50 anos. A hiperinsulinemia tem se mostrado como a grande responsável pela predominância da hipertensão na obesidade, resultante da resistência à insulina que ocorre em pessoas obesas, especialmente quando existe acúmulo de gordura na região do tronco. A hiperinsulinemia provoca o aumento da pressão arterial, por estimular o sistema nervoso simpático e a reabsorção tubular de sódio ocasionando um aumento à resistência vascular periférica (CARNEIRO et al., 2003).

OBJETIVO

A presente revisão de literatura tem como objetivo observar a correlação existente entre a obesidade, hipertensão e diabetes em crianças e adolescentes e identificar as complicações que podem ocorrer durante o desenvolvimento até a fase adulta.

DESENVOLVIMENTO

A obesidade é definida pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, que é medido através do índice de massa corpórea (IMC), estabelecido como opção clínica para avaliação do grau de adiposidade no corpo do individuo. Assim, indivíduo obeso é aquele que apresenta IMC maior ou igual que 30 kg/m². O IMC é calculado pela divisão do peso (em quilogramas) pela altura ao quadrado (em metros) (NEVES et al., 2009).
Aproximadamente 60% das crianças são obesas e 70% a 80% dos adolescentes obesos tornam-se adultos obesos (CARVALHO, 2009).
Estudos realizados em famílias obesas revelaram que se ambos os pais forem obesos, 2/3 dos filhos serão obesos. Se somente um dos pais for obeso, o risco do filho se tornar obeso cai 50%. Se ambos os pais forem magros, seus filhos terão um risco menor que 10% para a obesidade (BORBA, 2006).
Nos EUA, cerca de 40% da população adulta está acima do peso e são obesos e 15% a 25% das crianças e adolescentes são obesos. (DALCASTAGNÉ et al.,2008). Embora o problema de obesidade seja um fator importante em outras partes do mundo, nos EUA o problema é muito mais agravante do que na Europa (DALCASTAGNÉ et al., 2008).
Na Europa, a prevalência de excesso de peso e obesidade varia entre 3% e 35% aos 13 anos de idade e entre 5% a 28% aos 15 anos de idade. Os países do sul da Europa são os que apresentam o maior aumento da prevalência de excesso de peso que varia de 20% a 35% e no norte da Europa a prevalência de excesso de peso nas crianças é de 10% a 20%. Estima-se que na Europa 14 milhões de crianças possui excesso de peso e 3 milhões são obesas (SOUSA; LOUREIRO; CARMO, 2008).
A obesidade infantil é considerada mais grave que a obesidade no adulto, pois provem do aumento do número de células do tecido adiposo, enquanto que a obesidade que surge na idade adulta decorre principalmente pelo aumento do tecido gorduroso e do volume celular (KAUFMAN, 1999).
A obesidade é uma doença causada pelo desequilíbrio calórico proveniente de uma ingestão de calorias maior do que o consumo corporal, no entanto sua patogenia é bastante complexa e ainda não é totalmente compreendida(ROBBINS; COTRAN, 2010).
Normalmente, a pressão arterial está relacionada como uma doença crônica que atinge a população adulta e geriátrica, porém nos últimos 30 anos esta doença vem atingindo de forma crescente a faixa etária infanto-juvenil em todo o mundo. Estudos nacionais e internacionais demonstram a prevalência de pressão arterial elevada em crianças e adolescentes que variam entre 1% e 12% em crianças e 2% e 10% em adolescentes (SILVA et al., 2010).
Um grande fator de risco para a HA tanto em crianças como em adultos é a obesidade, comparando indivíduos com peso normal com aqueles que apresentam sobrepeso observa-se que estes apresentam um risco maior de desenvolver outras síndromes metabólicas como Diabetes Mellitus, dislipidemia e hipertensão arterial, que favorecem para o aparecimento de DCV. A hiperinssulinemia que ocorre pela resintência à insulina em indivíduos com obesidade, principalmente naqueles que apresentam excesso de gordura na região do tronco, é a maior causadora da HA na obesidade, pois ela provoca ativação do sistema nervoso simpático e também a reabsorção tubular de sódio e isso contribui para aumentar a resistência vascular periférica e a pressão arterial, a resistência a glicose e a hiperinsulinemia também estão associadas a outros fatores de risco para as DCV, como intolerância a glicose e dislipidemia (CARNEIRO et al., 2003).
A designação de fator de risco é utilizada para indicar uma variável que se acredita estar relacionada á possibilidade de um indivíduo desenvolver uma doença. Inúmeros deles justificam a presença de alteração na pressão arterial como, por exemplo: obesidade, hereditariedade, tabagismo, consumo de bebida alcoólica, ingestão elevada de sódio e sedentarismo (CHAVES et al., 2009).
O diagnóstico da pressão arterial é feito através de sua aferição. Atualmente, sugere-se que a pressão arterial seja medida anualmente a partir dos três anos de idade. Além da avaliação rotineira em consultas pediátricas ambulatorial, sugere-se a aferição da pressão arterial no âmbito escolar (COSTA; MACHADO, 2010).
Diabetes Mellitus é um distúrbio do metabolismo que se caracteriza pelo aumento da glicemia decorrente da deficiência de insulina, combinada com a resistência à insulina, sendo classificada em dois tipos, o Diabetes Mellitus tipo 1 (insulino dependente) e o Diabetes Mellitus tipo 2 (não insulino dependente) (PLÁCIDOS; FERNANDES; GUARIDO, 2009).
O Diabetes Mellitus tipo 2 representa aproximadamente 90 a 95% dos diagnósticos de diabetes, trata-se de um distúrbio metabólico de causas múltiplas, que se caracteriza por hiperglicemia crônica, com distúrbios no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas, que ocorrem por uma defeituosa secreção e ou ação da insulina nos tecidos alvo. Os indivíduos com diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 apresentam mortalidade muito superior que a população em geral, chegando a ser três vezes maior, a maior parte está relacionada ao aumento do risco por doença do aparelho circulatório (VASQUES et al., 2007).
A maior parte dos pacientes com Diabetes Mellitus apresenta sobrepeso e ou obesidade, um IMC e 25,0 kg/m² aumenta o risco de acometimento por DCV. (VASQUES et al., 2007).
Existem duas disfunções metabólicas que caracterizam o diabetes tipo 2, a resistência à insulina, que é a resposta diminuída dos tecidos periféricos à insulina, e a disfunção da célula ², que se manifesta como secreção inadequada de insulina diante da resistência à insulina e da hiperglicemia. (ROBBINS; COTRAN, 2010).
A prevalência do DM 2, nos últimos anos tem demonstrado um crescente aumento entre crianças e adolescentes. Anteriormente essa forma representava a 1-2% dos casos de diabetes na adolescência. Atualmente, nota-se que de 8-45% dos novos casos de diabetes diagnosticadas durante a juventude nos EUA, não tem a etiologia auto-imune demonstrada (GABBAY; CESARINI; DIB, 2003).

CONCLUSÃO

O presente estudo realizado demonstra que a obesidade é uma doença quem vem crescendo mundialmente nas crianças e nos adolescentes se tornando uma epidemia e como conseqüência suas complicações são a hipertensão arterial e diabetes mellitus tipo 2 que também são precursoras de doenças cardiovasculares e dislipidemia, que são as principais causas de óbito no mundo.
O controle da obesidade infantil pode ser feito através de um acompanhamento de uma equipe multiprofissional constituída por pediatra, nutricionista, psicólogo e educador físico.
O aumento da obesidade infantil vem ocorrendo através da má alimentação e sedentarismo. Durante a infância, deve-se ter o controle alimentar, uma vez que a obesidade infantil é considerada mais grave que a obesidade no adulto, juntamente com a prática de atividades físicas, pois ela é de extrema importância uma vez que utiliza as calorias que seriam armazenadas em forma de lipídeos, sendo fundamental para reduzir a massa corpórea e manter o equilíbrio energético. A melhoria na qualidade de vida deve ser adotada juntamente com o exercício físico para o tratamento das patologias.

REFERÊNCIAS

BORBA, P. C. S. A importância da atividade física lúdica no tratamento da obesidade infantil. Campinas: Unicamp, 2006.

CARNEIRO, G. et al. Influência da distribuição da gordura corporal sobre a prevalência de hipertensão arterial e outros fatores de risco cardiovascular em indivíduos obesos. Rev. Assoc. Med. Bras., 2003, vol. 49, no. 03, p. 306-311.

CARVALHO, S. G. Obesidade infantil, a epidemia do século XXI ? revisão da literatura sobre estratégias de prevenção. Porto: Portugal, 2009.
CHAVES, E. S. et al. Crianças e adolescentes com história familiar de hipertensão arterial: indicadores de risco cardiovasculares. Acta Paul Enferm., 2009, vol. 06, no. 22, p. 793-799.
COSTA, F. P.; MACHADO, S. H. O consumo de sal e alimentos ricos em sódio pode influenciar na pressão arterial das crianças?. Ciência & Saúde Coletiva, 2010, vol. 15, no. 01, p. 1383-1389.
DALCASTAGNÉ, G. et al. A influência dos pais no estilo de vida dos filhos e sua relação com a obesidade infantil. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento, Jan/Fev.2008, vol. 02, no. 07, p. 53-63.
GABBAY, M.; CESARINI, P. R.; DIB, S. A. Diabetes melito tipo 2 na infância e adolescência: revisão de literatura. Jornal de Pediatria, 2003, vol. 79, no. 03, p. 201-208.
KAUFMAN, A. Obesidade infanto-juvenil. Psicologia em Pediatria, 1999, vol. 35, p. 218-222.
NEVES, C. P. et al. A obesidade como fator predisponente da hipertensão nos moradores da cidade de barreiras ? Bahia. Revista Movimenta, 2009, vol. 02, no. 03, p. 102-107.
OLIVEIRA, L. C.; FISBERG, M. Obesidade na infância e adolescência ? uma verdadeira epidemia. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, Abr. 2003, vol. 47, no. 02, p.107-108.

PLÁCIDO, V. B.; FERNANDES, L. P. S.; GUARIDO, C. F. Contribuição da atenção farmacêutica para pacientes portadores de diabetes atendidos no ambulatório de endocrinologia da UNIMAR. Rev. Bras. Farm., 2009, vol. 90, no. 03, p. 258-263.
ROBBINS; COTRAN. Patologia das bases patológicas das doenças. 8.ed. Rio de Janeiro: Elservir, 2010.
SILVA, P. C. V. et al. Pressão arterial de adolescentes de escolas particulares de Fortaleza - CE. Acta Paul Enferm., 2010, vol. 23, no. 04, p. 512-518.
SOUSA, J.; LOUREIRO, I.; CARMO, I. A obesidade infantil: um problema emergente. Saúde & Tecnologia, 2008, no. 02, p. 5-15.
VASQUES, A. C. J. et al. Influência do excesso de peso corporal e da adiposidade central na glicemia e no perfil lipídico de pacientes portadores de diabetes mellitus tipo 2. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 2007, vol. 51, no. 09, p. 1516-1521.



Autor: Miriam Macedo Inácio


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