Utilização e implementação da Escala de Coma de Glasgow pela equipe de Enfermagem.



A avaliação e a aplicação do cuidado ao paciente com problema neurológico constituem um dos maiores desafios para a equipe de enfermagem. A formação acadêmica dada ao profissional enfermeiro não o assegura confiança na prestação do cuidado direcionado ao sistema neurológico, onde o mesmo é submetido no período acadêmico à aquisição de conhecimentos científicos do sistema nervos, mas com menor profundidade se comparado aos demais sistemas orgânicos (GALLO, 2007).
A Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente com alterações no nível de consciência incluem a aplicação de quatro objetivos, com o intuito de identificar um problema real ou potencial ao paciente em questão. Como afirma Gallo (2007, p. 761), os quatros objetivos incluem primeiramente, a união dos dados sobre o funcionamento do sistema nervoso do paciente de modo ordenado e objetivo favorecendo a identificação de alterações nos achados dos pacientes; em seguida a correlação e verificação da tendência dos dados no decorrer do tempo, mantendo uma relação com da historia, exame físico e exames diagnósticos do cliente; nas outras destacam-se a análise do exame neurológico para o desenvolvimento de uma lista de diagnósticos potenciais ou reais, o que permite a identificação precoce da alteração na gravidade do quadro do paciente; e finalizando a avaliação neurológica de enfermagem, consistindo na determinação da função de vida diária do paciente assim como a sua capacidade de auto-cuidado.
A intensificação da avaliação neurológica foi objetivada após a criação de uma escala que permitia a avaliação objetiva e segura quanto ao nível de consciência do paciente. Foi em 1974, dois anos após a sua elaboração a Escala de Coma de Glasgow (ECGI), implementada para a prática da médica clinica após sua publicação por Graham Teasdale e Brian Jennett, professores de neurologia da University of Glasgow, pela revista Lancet, onde simplificaram uma análise rápida e mais abrangente da avaliação do estado e nível de consciência do indivíduo com trauma craniano e/ou lesão cerebral.
A avaliação precoce do estado e o nível de consciência do paciente para a equipe de enfermagem concedem respostas favoráveis à avaliação, identificação, planejamento e sistematização da assistência a ser prestada. Em unidades de Terapia intensiva e Unidades essa prática tem sido constante pela equipe de enfermagem, quando comparada as demais unidades hospitalares. A sua aplicação obedece a três comandos: a avaliação ocular, verbal e motora (ver tabela 1).
Tabela 1. ESCALA DE COMA DE GLASGOW (ECGI)


Abertura ocular AVALIAÇÃO PONTUAÇÃO
Espontânea 04 pontos
Por Estimulo Verbal 03 pontos
Por Estimulo A Dor 02 pontos
Sem Resposta 01 ponto

Resposta verbal Orientado 05 pontos
Confuso (Mas ainda responde) 04 pontos
Resposta Inapropriada 03 pontos
Sons Incompreensíveis 02 pontos
Sem Resposta 01 ponto


Resposta motora Obedece Ordens 06 pontos
Localiza Dor 05 pontos
Reage a dor mas não localiza 04 pontos
Flexão anormal ? Decorticação 03 pontos
Extensão anormal - Decerebração 02 pontos
Sem Resposta 01 ponto
Pontuação mínima referente a 03 e máxima referente a 15 pontos.
Fonte: Gallo, p. 763, 2007.

Kiozumi e Araujo (2005) confabulam que, a utilização da ECGI tem sido mundialmente utilizada em trauma, trauma crânio-encefálico (TCE) e em pacientes críticos com disfunção do sistema nervoso central, choque ou outros fatores que deprimem o nível de consciência.
Baptista (2003), Compreendendo a complexidade da resposta neurológica a diversas alterações, como: hipertermia, dor, distúrbios de outros sistemas orgânicos, coma diabético, insuficiência hepática e hemorrágica, podem levar a variabilidade do estado e/ou nível de consciência do individuo.
Kiozumi e Araujo (2005), em sua pesquisa fazem ressalva quanto à importância da aplicação e da uniformização na equipe de enfermagem e na equipe multiprofissional de saúde, para aplicação de códigos universalmente adotados para diagnósticos precisos de gravidade, evolução e prognostico dos pacientes. Para Souza, 1997, o paciente que apresenta escore d 8, na ECGI, trata-se de um paciente crítico das alterações de nível de consciência, onde apresenta uma pontuação que define um individuo em estado de coma. O que contribui para a aplicação da utilização de uma via aérea avançada.
O que conclui-se nesse trabalho é a importância da elaboração e da ampliação de estudos relacionados a essa temática, pois devido a escassez do mesmo, tem levado a necessidade de objetivar informações quanto a análise e implementação da Escala de Coma de Glasgow para equipe de Enfermagem, onde, a aplicação desse escore permite ao enfermeiro e a equipe multiprofissional avaliar e interpretar o estado e o nível de consciência do paciente, permitindo-o segurança na tomada decisões da equipe direcionando a conduta a ser aplicada.




Referência:
BAPTISTA, Ruri Carlos Negrão. Avaliação do Doente com Alteração do Estado de Consciencia ? Escala de Glasgow. Referência, p. 77-90, n. 10. Maio. 2003.
KNOBEL, Elias. LASELVA, Regina. JÚNIOR, Denis Moura Faria. Terapia Intensiva: enfermagem. São Paulo: Atheneu, 2006, 636p.
MUNIZ, Elaine Cristina S. THOMAZ, Marcia Cristina Aparecida. KUBOTA, Marcia Yassumi. ET AL. Utilização da Escala de Coma de Glasgow e Escala de Jouvet para avaliação do nível de consciência. Rev. Esc.enf. USP, v.31, n.2, p287-303, ago. 1997.
KOIZUMI, Maria Sumie and ARAUJO, Giane Leandro de. Escala de Coma de Glasgow: subestimação em pacientes com respostas verbais impedidas. Acta paul. enferm. 2005, vol.18, n.2, pp. 136-142.

Autor: Verena Caldas Velame


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